14 de junho de 2012

Será Portugal a sair do €? Ou a Alemanha? Ou nenhum? (Parte 3)

Comentário / Resposta nº3: Tiago Mestre


Também estou de acordo com o que o Filipe disse.
Políticos gostam de: Gastar, gastar, gastar; adiar, adiar, adiar.

Se saíssemos do euro ou se a Alemanha saísse do euro, a moeda de referência para Portugal ficaria entregue à bicharada. As reformas dificilmente seriam executadas (concordo com o Filipe), porque entre reformar, que exige legislação aprovada no parlamento, e imprimir, que exige um telefonema ao governador do Banco Central, todos sabemos qual é a opção mais fácil.

O que busco nesta análise é isto: 

Só devemos ter aquilo que merecemos, nem um milímetro a mais nem um milímetro a menos.
Se destruirmos a credibilidade do Euro, teremos que sofrer as consequências:
Ou o € fica lixo e/ou retornaremos ao escudo.

E se retornarmos ao escudo e continuarmos a adiar as reformas e a imprimir, voltaremos a ter aquilo que merecemos.
O que é mesmo muito importante para mim é que as consequências dos erros sejam expostas tão depressa quanto possível e produzam efeitos rápidos na sociedade. Se for preciso batermos com a cabeça na parede que se chama realidade, então que batamos todo o santo o dia, porque só assim se evita o acumular de asneiras e minimizamos a ocorrência de grandes bolhas. É a tal teoria do cisne negro do Nassim Taleb. É preferível volatilidade e correções diárias para que a bolha não inche e depois de crescer muito não rebente à bruta e de uma só vez.

Mas também é verdade que se batermos todos os dias na parede dificilmente passaremos da cepa torta, mas mais uma vez digo, se é isso que mereceremos, então é o que teremos.

A Espanha, com a peseta, tinha taxas de juro de 12% nas obrigações a 10 anos poucos anos antes da adesão ao euro !! E vivia. E Como? Moderava-se mais a pedir emprestado, porque sabia o que custava pagar juros de 12%. E mesmo assim não foi suficiente porque ainda gerava défices elevados, algo que só o Aznar veio corrigir. Connosco era a mesma coisa. O juro de 12% representava o risco que o país representava aos olhos dos credores, e o preço a que estavam dispostos a emprestar o dinheiro.

Com o advento do €, a perceção do risco soberano sofreu a maior das ilusões: nivelou-se tudo por baixo, ou seja, preço do dinheiro entre 2 e 4%. Foi o maior erro na formação de preços da história recente da economia europeia: os credores enganaram-se COMPLETAMENTE porque:

- A Alemanha É a locomotiva e estava lá metida;
- Manipulação das taxas de juro pelo FED e BCE, que as baixaram artificialmente para 1%: mais uma vez por decisão política.
- Não perceberam que qualquer moeda exige integração a todos os níveis. A integração política e fiscal, e talvez bancária, ficaram pelo caminho.
- Acreditava-se que a Europa seria a locomotiva do crescimento do planeta. Inovação era sinónimo de crescimento com as tretas da agenda de Lisboa.

Os políticos foram esfregando as mãos, promoveram subsídios, auto-estradas, desvios de dinheiro, saúde de borla, défices astronómicos e, sempre caladinhos que nem uns ratos.
Cumprir o tratado de Maastricht e o pacto de estabilidade?? Com crédito de 3% a 10 anos? Só se fossem burros.

O resultado foi a criação de uma bolha de crédito soberano que está agora a rebentar. Mas ela rebenta agora e não mais tarde porque em 2009 pediu-se aos Estados para resgatar bancos e "estimular" ainda mais as economias para evitar a grande recessão, puxando os défices ainda mais para cima. o encontro com a nossa verdade foi antecipado uns anos.

Como se financiaram durante 6 - 7 anos a 3% de juro, endividaram-se de acordo com estas novas facilidades (à bruta). Bastou a subida para 6 ou 7% nos juros para DUPLICAREM os custos de financiamento. E como não acumularam nem riqueza nem reserva no orçamento para acomodar este acréscimo, tivemos e temos todos que ser resgatados.

A história revela-se das formas mais girar possíveis, e se confrontarmos com o que a opinião pública nos impinge, então aí é ainda mais caricato.

8 comentários:

Sérgio disse...

É revigorante ver como existem pessoas interessadas e sobretudo com uma extraordinária capacidade de comunicação e saudável debate como evidenciada por estes posts.

No entanto neste momento li uma noticia via outro blog (e o respectivo link para o ionline), sobre um tema diferente mas que me deixou alarmado com o caminho que isto leva: http://espectadorinteressado.blogspot.pt/2012/06/o-amanha-e-ja-hoje-e-e-horrivel-2.html
A DGS vai passar a vir a nossas casas ver se temos condições de segurança para os nossos filhos!

Vivendi disse...

Sérgio,

Já dei o meu contributo sobre o assunto no insurgente e portugal contemporâneo.


http://oinsurgente.org/2012/06/14/nacionalizem-as-criancas/

http://portugalcontemporaneo.blogspot.com/2012/06/exemplo.html

Sérgio disse...

Obrigado Vivendi, isto há coisas que não se percebe como podem ser verdade, vivemos cada vez mais num mundo profundamente ao estilo da obra de George Orwell! O estado de Indiana na América é que parece que teve um rasgo de inspiração, para grandes males, grandes remédios.
Ainda sobre os teus comentários achei muito curioso o que contas-te sobre a pasta de dentes Couto.

Anónimo disse...

bem eu nao tinha conecimento desta proposta (da visitação domiciliaria), sou profissional de saude e ao ler os comentarios (dos blogs que o vivendi citou) so quero partilhar tres ideias:
1º ja existe uma visitação ao recem nascido em que se faz o teste do pezinho no domicilio (se possivel) e onde num ambiente mais familiar se consegue AJUDAR a mae e o filho(de uma forma que não e possivel no centro de saude ou hospital), nunca ninguem se queixou e por sinal ate agradecem, mas tambem nunca foi uma imposição minha ou de qualquer colega meu, quem nao quer nao quer e pronto!!
2º nao sou economista mas partilho e tenho "prazer" em ler os vossos blogs pois realmente contribuem de forma muito positiva na formação informada de ideias, no entanto na saude peço-vos o seguinte: aquilo que voces dizem que os mass media fazem com a economia e financas com a distorção da realidade, na saude é igual!! existem bons profissionais de todas as classes que se preocupam com o bem estar dos utentes e o sistema funciona infelizmente podia funcionar melhor!
3º nem todos temos a mesma formação e educação...a serio nao imaginam como e em que condiçoes algumas criancas vivem, independentemente por vezes ate da classe social em que se inserem! imagino que pra voces seja dificil imaginar mas a realidade e muito má e para o grosso modo da população estas medidas são necessarias! e dou um exemplo fica mais barato prevenir a ingestão de um acido ou base forte numa crianca do que um internamento hospitalar por esse motivo...

Vivendi disse...

Caro anónimo,

Obrigado por partilhar a sua experiência. E como escreveu no seu caso particular, sendoum profissional de saúde, até aqui nenhum problema e acho até bastante benéfico e útil à sociedade esse acompanhamento doméstico. O meu problema contra esta medida é a utilização de inspetores de saúde. Que de hoje para manhã podem ser transformados para cobrir outras áreas. Bastava terem delegado essa função a si e aos seus colegas e seria uma medida totalmente pacífica e de preferência acompanhada com um site. Criar uma brigada para o efeito é que não.

Cumprimentos.

Vivendi disse...

O Sindicato dos Trabalhadores dos Impostos (STI) quer que os fiscais que realizam penhoras possam dar ordem de prisão.

Percebem onde quero chegar?

Anónimo disse...

http://www.presseurop.eu/pt/content/article/570461-o-leviata-existe-vive-em-bruxelas

Vivendi disse...

ASAE de fraldas...

http://www.tvi24.iol.pt/aa---videos---sociedade/joao-pereira-coutinho-direcao-geral-de-saude-tvi24/1355580-5795.html