Espreitámos no site news247 os nomes mais falados para a formação do governo a que Samaras presidirá.
Para as várias pastas aparecem uns nomes com muitas letras, mas Venizelos ou Kovelis, líderes dos partidos que aceitaram a coligação, nem vê-los.
Esta é mais uma originalidade da democracia grega: há apoio parlamentar maioritário, mas nem os líderes nem seus discípulos que suportam a maioria entram na formação do governo. Nunca tal ideia nos passaria pela cabeça, e no mínimo, cheira a esturro. Até pode entrar um discípulo ou outro, mas será certamente carne para canhão.
Em lado nenhum lemos que estes 2 senhores farão parte do governo, como é "costume" nas coligações que formam governo em países democráticos.
Sendo a democracia a arte do possível e sendo o próprio mecanismo democrático tão complexo e com tantas instituições à mistura, não admira que tenham sido os gregos a inventá-lo. É complexo demais para ser inventado pelos alemães, por exemplo. São muitas instituições a lutarem entre si, com permanentes conflitos de interesse, mas é tão só o melhor (menos mau) regime de governação que se conhece.
Aliás, reconhece-se ao cidadão grego Sólon a "criação" dos primórdios da democracia (em moldes muito diferentes dos atuais), mas já com uma arquitetura que se assemelha à de hoje. Sólon era poeta, um criativo, claro!
Há já uns tempos que tínhamos pensado sobre isto, e realmente ganha mais peso a ideia de que os gregos inventaram todas estas barreiras que a democracia exige para travar o ímpeto... dos próprios gregos e do seu comportamento bastante fervoroso no que toca à defesa dos seus ideais.
Esta história de uma coligação que apenas possui maioria parlamentar, e não governamental, parece mais uma forma ardilosa do PASOK dizer que sim ao governo mas ao mesmo tempo dizer que não. Tudo dependerá de como o resgate será renegociado com a troika. Se a renegociação for doce para a Grécia (o que duvidamos), Venizelos poderá sempre puxar dos galões. Se for amarga poderá dizer que aquelas condições não foram as que ele idealizou quando deu luz verde a Samaras para constituir governo, lançando as bases para voltar a fazer oposição e começar a resgatar alguns dos MUITOS eleitores que deve ter perdido para o Syriza.
É confusão a mais.
Merkel deve andar com uma dor de cabeça que nem pode.
Tiago Mestre
1 comentário:
Devido às circunstências actuais eu acho que nem Samaras devia ter aceito o cargo de Primeiro-Ministro; os chefes dos partidos da coalição deveriam se entender para nomear um Governo plural e reduzido (tipo entre 7 e 10 ministros). Assim teriamos um Governo formado de gente relativamente pragmática e moderada que se encargaria de tomar as decisões mais dificéis com mais leitimidade (porque justemente seria moderadas, e em princípio consideradas como "professionalemente", e não só politicamente, competentes), enquanto que os líderes dos partidos mais os seus boys andassem a fazer "propaganda" a favor do Governo. Uma maneira de serparar as águas entre a polítiquice e a governação, e de evitar um desgate tanto do Governo como dos partidos que o apoiam (se isto se afundar ainda mais nas próximas eleições o Syriza não terá 1% de atraso sobre a ND, terá maioria absoluta e a Amanhecer dourado será o maior partido da oposição!)
PS: mas ao menos com neo-comunas e neo-nazis ao poder a coisa arrebantava de uma vez por todas e este circo triste acabava de vez.
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