18 de junho de 2012

Deus ex machina (Parte 3)

Vimos hoje nos canais televisivos que o número de portugueses que auferem o salário mínimo duplicou em 4 anos.

Se em 2007 quem auferia esta remuneração representava 5,5% da população ativa, 2011 fechou em 10,9%.

Com este indicador se percebe que está em marcha em Portugal uma redução efetiva dos salários. Esta constatação corrobora as nossas convicções que já expressámos aqui e aqui.

Não nos agrada nada esta evidência, mas não nos surpreende.
Se os salários e o nível geral do emprego foram inflacionados de forma generalizada durante pelo menos uma década com recurso a crédito massivo (30 mil milhões € / ano), ocorreu uma descolagem dos salários face aos níveis de produtividade.

Foi pura demagogia o que os políticos andaram a dizer que não é com salários baixos que a economia vai lá.  Se a economia cresce, os salários e os empregos sobem. Mas o contrário também é verdade.

Mas a economia só cresceu na última década (0,6% / ano) devido à injeção massiva de crédito. A produtividade já andava cá por baixo, e surgiram novos países que apresentaram custos de produção tão baixos que não havia produtividade nossa que valesse.

Os salários continuarão a baixar, quer queiramos quer não. E o desemprego continuará a crescer porque o salário mínimo é uma barreira natural a empregos menos bem remunerados. Ou 485€, ou nada!

Tiago Mestre

1 comentário:

Vivendi disse...

Tem de haver deflação na economia. Manter o € firme. E vamos entrar no nível dos países de leste europeu.