8 de junho de 2012

Petróleo desce... e bem. Veremos até quando!

Caros leitores e leitoras, temos assistido ultimamente a uma queda constante do preço do petróleo no mercado de Brent em Londres, que é a referência para o nosso país.



Desde 2009 que os preços têm subido consistentemente, mas o "salto" deu-se mesmo a partir de Setembro 2010. As confusões na Tunísia, Egito e Líbia enervaram toda a gente e os investidores aproveitaram a boleia. O encerramento da produção de petróleo na Líbia em Fevereiro de 2011 fez os mercados entrarem em total frenezim. Por outro lado, o consumo de petróleo no mundo ocidental e oriental continuava a exigir muita produção, o que retirava elasticidade ao mercado: tudo quanto se produzia já tinha destino. 2010 foi para muitos o início da recuperação económica mundial, e antecipando esse cenário, decidiram investir fortemente.
Como o crescimento económico não foi nem bom nem mau, os investidores foram adiando as suas decisões de comprar ou vender. A classe política foi sempre fazendo o jogo de "extend and pretend", anunciando medidas e mais medidas de estímulo ao crescimento, tanto no ocidente como no oriente. Com tanto estímulo mundial, era difícil de acreditar que a economia não subiria qualquer coisa.

Mas a realidade desta vez impôs-se mesmo, porque parece que o crescimento REAL de riqueza já é quase imune aos estímulos ARTIFICIAIS que a classe política julga possuir, e nas últimas semanas assistiu-se a uma degradação nos indicadores económicos do mundo inteiro.

As notícias da Europa continuam a deixar o mundo à beira de um ataque de nervos por causa da farsa que cá vigora. Já não são só os países intervencionados que estão em recessão. Aliás, são poucos que ainda crescem qualquer coisa. A redução no consumo de petróleo é certamente uma realidade a nível europeu.

Os EUA, o grande motor desta recuperação económica mundial, parece que gripou. Os dados publicados nas últimas semanas vêm confirmar que a economia está sem força para dar o salto mesmo com o Estado a bombear "sangue" a toda a força (10% défice ao ano) para ver se organismo arrebita. Os investidores começam a perceber que tudo não passou de uma farsa gigantesca em que os políticos foram os atores principais. A intervenção estatal na economia americana foi sem precedentes, tendo o dólar sido impresso em excesso, o que também fez estragos na formação de preços no mercado do petróleo -mais dólares a competir pelo mesmo petróleo - como já várias vezes escrevemos aqui no Contas.

Mas até ontem ainda havia uma réstia de esperança com as potenciais declarações de Ben Bernanke acerca da introdução de novos estímulos na economia americana. Tal não foi anunciado e o pessoal foi-se ainda mais abaixo. Sabemos que os investidores são hoje mais "descobridores" de preço do que outra coisa qualquer, e com tanta manipulação política nos mercados mundiais, a sua tendência é de ficar à espera das declarações da classe política. Ainda é este grupo de investidores (especuladores forçados) que faz pular alguns indicadores económicos quando são anunciadas medidas de estímulo, porque a economia em si, essa já está vacinada contra esta doença que se chama Keynesianismo.

Sabemos que não há um preço máximo para o fornecimento petróleo, mas a história da formação de um preço mínimo já não é bem assim. A OPEC, por produzir mais de 40% do petróleo mundial, tem uma arma espetacular para não deixar o petróleo baixar muito: fechar a torneira.

Acreditamos profundamente que é isso que tentarão fazer daqui para a frente. A Arábia Saudita tem muitos subsídios para pagar à população através das receitas das exportações.
Outros países estão comprometidos com tecnologias de extração de petróleo que só são economicamente viáveis se o preço não baixar dos 80 dólares o barril, como as tar sands no Canadá, a extração a grande profundidade nos oceanos ou a última extravagância na delapidação dos recursos naturais do planeta: o shale oil nos EUA. Podem procurar na net e perceber tudo o que envolve esta nova tecnologia de fracking.

A complementar a política de não baixar muito o preço dos países exportadores, acreditamos que os políticos voltarão brevemente a atacar em força na impressão de dinheiro à escala mundial. As fracas pespetivas de crescimento mundial tornam insustentável o modelo económico vigente, e tudo farão para contrapor esta realidade. Na nossa opinião, as economias não crescerão e o petróleo subirá de preço, saindo o tiro totalmente pela culatra aos keynesianistas de serviço.

Ainda ontem o diretora geral do FMI apelava aos líderes mundiais que se fechassem numa sala até encontrarem uma solução. É este o pensamento que vigora: a malta senta-se e por milagre encontram uns triliões escondidos numa gaveta que ninguém ainda se tinha lembrado que existia. É pura quimera e charlatanice politica.

Mesmo com uma redução na procura mundial de petróleo, é possível este continuar a subir de preço desde que:
1. A oferta de petróleo caia mais depressa do que a procura,
2. A impressão de dinheiro compense a quebra na procura, ou seja, mais dinheiro a entrar nas contas dos investidores (especuladores forçados) por injeção do FED do BCE e outros, para especularem nos mesmo mercados de onde o dinheiro REAL está a sair (o teu e o meu dinheiro por estarmos a fazer menos quilómetros diariamente).

Pensamos que seja esta segunda opção, complementada com a política de cartel da OPEC em fechar a torneira que obrigará no médio prazo (não sabemos quando porque é tudo uma questão politica) os preços do petróleo a regressarem a valores que prejudicam ainda mais a economia.

Mas mesmo que esses preços elevados retornem, acreditamos que não seja por muito tempo, na medida em que as economias mundiais, sobretudo as ocidentais, andam a arrefecer há já muito tempo e as orientais só crescem por terem começado de um ponto de partida muito baixo e estarem já a imprimir forte e feio, como é o caso da China para manter taxas de crescimento acima de 7%.

Não acreditamos mesmo que haja dinheiro nas economias fortemente importadoras, como Portugal, para continuarem a comprar petróleo a 100, 120, 150, 200 ou 1000 dólares o barril para todo o sempre, como forma de manter o seu crescimento económico. A meio caminho disto tudo as economias terão mesmo que dar um trambolhão.
O petróleo a 200 dólares o barril só será para alguns, e não para o comum mortal.

Tiago Mestre

1 comentário:

Vivendi disse...

Artigo irrepreensível!!!