Discute-se hoje por tele-conferência uma potencial ajuda da Europa à Espanha, em concreto ao seu setor bancário. Os rumores dizem que o valor poderá ascender a 100 mil milhões de euros, bem mais do que a totalidade do resgate concedido a Portugal.
Espanha diz que quer o resgate, mas que seja negociado e gerido diretamente entre os bancos e as instituições europeias: BCE, EFSF, Comissão e sei lá que mais. Assim o termo "Resgate a Espanha" talvez não apareça tanto nos cabeçalhos dos jornais.
Rajoy prometeu que não iria resgatar bancos e está a tentar aguentar essa promessa, mas não está fácil, porque quem quer emprestar o dinheiro só o quer emprestar à monarquia espanhola e não aos bancos diretamente. Percebe-se porquê: Espanha continuará a existir com os seus contribuintes, já dos bancos não se pode dizer a mesma coisa. É uma avaliação de risco básica por parte dos credores.
Esta vontade dos líderes europeus em enterrar dinheiro reiteradamente em instituições e países insolventes esperando resultados diferentes é que já não nos surpreende. O moral hazard já deve ser doutrina em Bruxelas.
"Extend and pretend" ou "delay and pray" são expressões da gíria financeira anglo-saxónica que assentam que nem uma luva neste modus operandi dos líderes políticos que mais parece um modus vivendi.
E eis a pergunta que é obrigatório fazer nestas ocasiões:
Aonde é que se vão arranjar 100 mil milhões de euros de um momento para o outro?
Eles virão sobretudo do EFSF e talvez do BCE. É dinheiro que ainda nem sequer existe.
O EFSF terá que pedir emprestado ao planeta, e quanto ao BCE, Draghi terá que teclar "1", "0" e "Enter" as vezes que for necessário até perfazer a sua parte do resgate.
Quão insane tudo isto nos parece.
Tiago Mestre
1 comentário:
Gostei particularmente deste artigo onde é referido a necessidade do resgate devido a quem empresta só está disposto a emprestar não aos bancos directamente (falidos) mas sim à Espanha (ou no nosso caso a Portugal). No fundo é um empréstimo em que os contribuintes são fiadores, eu passei a ser fiador do BCP, CGD, etc, assim como os espanhóis passam a ser fiadores do Bankia e outros. Considero que já somos escravos, no passado os donos dos escravos tinham de providenciar comida para que não morressem pois eles eram um "activo" hoje ninguém nos dá nada, só tiram cada vez mais... a história repete-se, apenas em novas vestes.
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