13 de junho de 2012

É preciso um jovem norte-americano constatar o que ainda não se discute na UE: a saída da Alemanha do Euro

Descobrimos um jovem norte americano, funcionário de Charles Biderman, Presidente do TrimTabs, que tanto prezamos aqui no Contas, sugerir a ideia de que em todo este enredo que é a UE e a moeda única, o melhor mesmo é ser a Alemanha a sair do Euro.
Como concordamos com ele, e por ter partilhado mais algumas ideias interessantes, achamos que vale a pena ver o vídeo de 6 minutos:


Tiago Mestre

13 comentários:

Vivendi disse...

Sai a Alemanha, sai a Holanda, sai a Finlândia, sai a Áustria, desvaloriza-se forte a moeda, a Europa do Sul paga as dívidas, e hasta la vista €. É uma boa hipótese e menos sofredora para os todos.
O Hollande que se ponha em bicos de pés para ser o maestro desta estratégia. Que passe assim a liderar o diretório europeu... A esquerda ainda bate palmas.

Filipe Silva disse...

Tiago tens de ver o video que o vivendi colocou no seu blog, de uma palestra de jesus huerta de soto.

O Euro não será mau para nós, na sua visão, disciplina os politicos como fazia o gold standart.

O problema do euro é os políticos, o nosso problema é termos uma classe de politicos que consegue ser ainda pior que os outros.
Mas vamos a ver se de facto os politicos que hoje estao no poder tomassem medidas em antecipação, isto é, não esticassem a corda ate nao poder mais, que levassem a uma maior flexibilidade da economia, e se procurassem desmamar a economia do crédito e estimulassem a poupança, o Euro funcionaria como o padrão de ouro para nós, sem acesso a credito há maluca, disciplinaria os nossos politicos .

Bem hoje já começa a disciplinar, sem estes problemas a missa continuava e estava se a continuar a gastar há tripa forra.

O Euro não é mau para nós, o problema sao os politicos, e so por isso é que poderia ser a favor do desmantelamento do Euro, nao confio em politicos.

Phylip Bagus no seu livro a tragédia do Euro que tem +-2 anos já diz isso mesmo, como vemos os austriacos (ou escola espanhola, seu inicio é dado pela escola de salamanca, os escolásticos) mais uma vez antecipam muito do que hoje acontece.

Infelizmente os krugmans bernankes e companhia controlam os mass media

Vivendi disse...

É verdade o que o Filipe escreve. E como já defendi ontem sou contra a saída do € para passarmos para algum tipo de moeda inflacionária com políticos delirantes tão democraticamente eleitos.

Tiago Mestre disse...

Ainda não vi o video da palestra.

O € só continuará com alguma credibilidade enquanto a Alemanha mostrar vitalidade económica e se chegar à frente nos bailout's.
Um dia este ciclo irá terminar, com isso virá a desconfiança e lá se vai o euro como padrão-ouro.

Todas as medidas inflacionistas que o BCE tomou (SMP, LTRO e Target2) representam euros que entraram nos mercados. Alguns deles estão parqueados no BCE, como sabemos, evitando maiores males. Mas a inflação só não ataca porque:

- continuamos a assistir a um mega desalavancamento no setor privado (Há menos créditos a realizarem-se diariamente, reduzindo a expansão monetária)

- a confiança que ainda há no euro mantêm muitos ativos denominados nesta moeda.

O € está assente num castelo de cartas que se fragiliza dia após dia. Não tenho nada contra o €, mas tanto a sua origem, como a sua construção e gestão revelam o logro que é esta moeda.
Oxalá que assim não o fosse, e aí sim, à moda do Salazar, tínhamos uma moeda rica e exigente para com o seu povo, obrigando este a ser melhor dia após dia. Esse era o € que eu gostava de ver.
O BCE está falido e não hesita em imprimir dinheiro, metade dos países do € estão falidos e pedem dinheiro emprestado entre eles, andamos diariamente a pedir emprestado ao resto do planeta. Grécia faz bluff, ameaça e a UE ajoelha-se. Quer dizer, é tudo ao contrário.

Está-se todos os dias a trabalhar para que a confiança no € desapareça. E quando todo este dinheiro escondido (parqueado) e todos estes ativos denominados em euros vierem à superfície, aí teremos muito dinheiro a competir pelos mesmos bens. Lá se foi o padrão ouro e o euro torna-se numa moeda fiat igual a qualquer outra. O único ativo que o euro ainda possui é a confiança das populações. Não tem ouro a suportá-lo, nem petróleo, nada.

A única diferença aqui entre o € e um eventual novo escudo é a escala. O € é gigante e engloba muitos países, alguns deles com pib per capita do melhor que há no mundo. O capital de confiança que se depositou nesta moeda é 1000 vezes superior ao depositado num novo escudo que será governado por políticos portugueses ignorantes e populistas. Descredibilizar o € demora 1000 vezes mais do que o escudo, mas os políticos estão ativamente a promover isso.

Acredito que um novo escudo português ou um € sem a Alemanha sofrerá desvalorizações enormes. Na tentativa de pagar empréstimos e despesas, recorrerão à impressão para despachar o assunto. Também não quero isso, quem me dera a mim que tal não sucedesse, mas acredito que o € está condenado a prazo, e não por minha culpa. Teremos que que arranjar outra coisa qualquer que o substitua, quer concordemos ou não.

Vivendi disse...

Publica esse coment. Eu vou publicar no meu blog também.

Sérgio disse...

Muito bom comentário, concordo com o Vivendi de que merece o destaque para um post.
A Espanha ao assumir o buraco dos bancos passou ao estado de quase falida, para receber certamente bem mais do que os 100 mil milhões de que se fala, a Itália terá de desembolsar uma quantia tal que também já está a ser vista como pré-falida, se esta por sua vez pedir ajuda também a Alemanha (e França) para suportar tudo isso passam de porto seguro a economias falidas sob o peso da dívida, é o efeito dominó. Os políticos podem ser mentirosos mas não são estúpidos eles sabem disto, por isso alguma coisa vai acontecer, resta saber o quê.
Efeito dominó, video curto mas engraçado: http://goldsilver.com/video/economic-collapse-for-dummies/

Filipe Silva disse...

A Alemanha é a peça chave no Euro, dado que além de emprestar a sua vitalidade económica, empresta a credibilidade do seu Banco Central, o Bundesbank.

O € é criado devido ao medo da França na unificação da Alemanha, e também devido ao desprezo que esta tinha pelo Bundesbank, considerado o melhor banco central do mundo, dado que apesar de ter uma politica inflacionista, esta era muito menos inflacionista do que os outros Bancos centrais nomeadamente o francês que era conhecido por monetizar o deficit estatal.

Por isso é que na criação do BCE a estabilidade de preços é o seu papel principal, enquanto a FED por exemplo tem na sua missão o crescimento económico e alguma estabilidade de preços.

O problema do Euro não é o facto de como dizem não existir um mega estado europeu, com um orçamento comum etc....
O problema foram os politicos, durante 10 anos como Paulo Rosa no seu blog explica de forma fenomenal que de facto existiam Eurobonds implicitas.
Agora se todos tivessem cumprido o Pacto de estabilidade e crescimento, nada do que se passou hoje teria se passado, bem pelo menos não nesta magnitude.

Convêm relembrar que o Pacto começou por ser apenas de estabilidade (imposição da Alemanha) e depois por pressão dos politicos franceses foi acrescentado o crescimento.

O problema aqui são os politicos, senão vejamos, todos os economistas ai da praça dizem que o Euro não tem as instituições necessárias, faltam o orçamento comum, etc... mas a realidade é que durante mais de 10anos funcionou, porque é que deixou de funcionar?

A crise de 2008, e a resposta há crise, o Keynesianismo foi este que ameaçou e continua a ameaçar o Euro, o atirar dinheiro aos problemas, o sonho de qualquer politico, GASTAR GASTAR GASTAR.

Tiago se pensas que se sairmos do Euro, as reformas necessárias vão ser feitas, sinceramente penso que estas enganado, com o acabar do crédito que experimentamos hoje, com uma imposição externa, as reformas não são feitas, caso os Gregos revelassem algum esforço para fazer alguma coisa do que lhes é exigido, e as avaliações a Portugal seriam negativas.

Filipe Silva disse...

Mesmo não fazendo quase nada, aparentamos que estamos a fazer alguma coisa, as reformas todas anunciadas não saíram do papel, o único que foi feito, foi aumentar impostos, e aumentar a casa aos impostos, multas e por aí adiante.

O Euro é a única coisa que nos disciplina, nos torna mais alemães. Neste caso é muito positivo.

Se a corrente dominadora economica em Portugal, continua a dominar e saimos do Euro será a desgraça total, a mim não me preocupa a saída, mas sim como e com quem a comandar. O planeamento central está aí e está em força, controla os mass media e por conseguinte controla a população, dando lhe informação errada.

Se fossem pessoas como tu Tiago, não teria qualquer problema na saida do Euro, mas a realidade é que pessoas como tu são um bem escasso, logo a saída deve ser a ultima coisa a acontecer.

O que assistimos hoje na UE é um reflexo do que assistimos em Portugal, politicos oportunistas e muito fracos.
O Durão Barroso é presidente da comissão, com isto nem seria mais preciso falar, um individuo que falha no seu próprio país, em vez de ser posto de lado é promovido, o Constâncio que falha miseravelmente é vice presidente do BCE, um individuo que ficou conhecido por afirmar que nunca mais iria acabar o crédito, e que a Balança de Pagamentos deixava de ser importante na união monetária é um dos que está la para salvaguardar o Euro.

O Euro forte não é mau para as nossas exportações, 70% são realizadas intra zona euro, Ao termos um euro forte, dado que não temos materias primas, nem fontes energéticas fosseis conseguimos comprar los mais baratos, levando a que o custo do produto seja mais baixo, esta teoria das desvalorizações só ajuda porque ficamos mais pobres e compramos menos importações, não é liquido que exportamos mais porque temos os produtos mais baratos.

Estes ajustamentos idealizados por um grupo de planejadores que apenas se preocupa com variaveis economicas keynesianas, o mexe neste imposto, e reduz despesa aqui, baixa salario ali leva a uma destruição da economia, não permitindo que os actores da economia resolvam cada um o seu problema levando a que a economia como um todo resolva o seu problemas.

PS- os USA tem um orçamento comum e todas as condiçoes que os economistas da praça dizem o euro não ter, e não é por isso que estes não tem destruído o dólar,
PS- o padrão ouro foi acabado por vontade dos politicos, não lhes permitia gastar como lhes apetece-se e o que se passa hoje, o que o SEguro e companhia quer é gastar há descrição,é preciso salvar os amigos, o povo que se foda

Tiago Mestre disse...

Também estou de acordo com o que o Filipe disse.
Políticos gostam de: Gastar, gastar, gastar; adiar, adiar, adiar.

Se saíssemos do euro ou se a Alemanha saísse do euro, a moeda de referência para Portugal ficaria entregue à bicharada. As reformas dificilmente seriam executadas (concordo com o Filipe), porque entre reformar, que exige legislação aprovada no parlamento, e imprimir, que exige um telefonema ao governador do Banco Central, todos sabemos qual é a opção mais fácil.

O que busco nesta análise é isto:

Só devemos ter aquilo que merecemos, nem um milímetro a mais nem um milímetro a menos.
Se destruirmos a credibilidade do Euro, teremos que sofrer as consequências:
Ou o € fica lixo e/ou retornaremos ao escudo.

E se retornarmos ao escudo e continuarmos a adiar as reformas e a imprimir, voltaremos a ter aquilo que merecemos.
O que é mesmo muito importante para mim é que as consequências dos erros sejam expostas tão depressa quanto possível e produzam efeitos rápidos na sociedade. Se for preciso batermos com a cabeça na parede que se chama realidade, então que batamos todo o santo o dia, porque só assim se evita o acumular de asneiras e minimizamos a ocorrência de grandes bolhas. É a tal teoria do cisne negro do Nassim Taleb. É preferível volatilidade e correções diárias para que a bolha não inche e depois de crescer muito não rebente à bruta e de uma só vez.

Mas também é verdade que se batermos todos os dias na parede dificilmente passaremos da cepa torta, mas mais uma vez digo, se é isso que mereceremos, então é o que teremos.

A Espanha, com a peseta, tinha taxas de juro de 12% nas obrigações a 10 anos poucos anos antes da adesão ao euro !! E vivia. E Como? Moderava-se mais a pedir emprestado, porque sabia o que custava pagar juros de 12%. E mesmo assim não foi suficiente porque ainda gerava défices elevados, algo que só o Aznar veio corrigir. Connosco era a mesma coisa. O juro de 12% representava o risco que o país representava aos olhos dos credores, e o preço a que estavam dispostos a emprestar o dinheiro.

Com o advento do €, a perceção do risco soberano sofreu a maior das ilusões: nivelou-se tudo por baixo, ou seja, preço do dinheiro entre 2 e 4%. Foi o maior erro na formação de preços da história recente da economia europeia: os credores enganaram-se COMPLETAMENTE porque:

- A Alemanha É a locomotiva e estava lá metida;
- Manipulação das taxas de juro pelo FED e BCE, que as baixaram artificialmente para 1%: mais uma vez por decisão política.
- Não perceberam que qualquer moeda exige integração a todos os níveis. A integração política e fiscal, e talvez bancária, ficaram pelo caminho.
- Acreditava-se que a Europa seria a locomotiva do crescimento do planeta. Inovação era sinónimo de crescimento com as tretas da agenda de Lisboa.

Os políticos foram esfregando as mãos, promoveram subsídios, auto-estradas, desvios de dinheiro, saúde de borla, défices astronómicos e, sempre caladinhos que nem uns ratos.
Cumprir o tratado de Maastricht e o pacto de estabilidade?? Com crédito de 3% a 10 anos? Só se fossem burros.

O resultado foi a criação de uma bolha de crédito soberano que está agora a rebentar. Mas ela rebenta agora e não mais tarde porque em 2009 pediu-se aos Estados para resgatar bancos e "estimular" ainda mais as economias para evitar a grande recessão, puxando os défices ainda mais para cima. o encontro com a nossa verdade foi antecipado uns anos.

Como se financiaram durante 6 - 7 anos a 3% de juro, endividaram-se de acordo com estas novas facilidades (à bruta). Bastou a subida para 6 ou 7% nos juros para DUPLICAREM os custos de financiamento. E como não acumularam nem riqueza nem reserva no orçamento para acomodar este acréscimo, tivemos e temos todos que ser resgatados.

A história revela-se das formas mais girar possíveis, e se confrontarmos com o que a opinião pública nos impinge, então aí é ainda mais caricato.

Vivendi disse...

discussão excelente!!

BODE disse...

O aéreo é sempre o culpado, arranje-se uma bonequinha e distribuam-se agulhas!!!

vazelios disse...

Meus amigos gosto muito de ouvir Charles Biederman e apesar do outro miudo ter certa razão, não é de estranhar um americano propor a queda/destruição do Euro, via saída da Alemanha?

Não haverá alternativa melhor? para os EUA não deve haver melhor...

Bastante interessante a ideia de Hugo Salinas e Max Keiser...

O famoso video de Soto ainda não o vi

Vivendi disse...

Assista Vazelios. É grande mas vale bem a pena.