29 de junho de 2012

Frau Angela, ne me quitte pas (Parte 3)

Caros leitores e leitoras, chegámos aqui no Contas a escrever uma carta a Frau Angela, sugerindo-lhe que não cedesse, mesmo nos piores momentos de pressão e chantagem.
Aconselhámos inclusivamente que atirasse com a bomba atómica (saída da Alemanha do €) caso a chantagem fosse totalmente inadmissível.

Mas, como em todas as batalhas ideológicas, há que assumir tanto as vitórias como as derrotas, e desta vez foi a austeridade que perdeu. O último bastião da resistência caiu aos pés das tropas do "crescimento" em plena Bruxelas. Eram 26 contra 1, não é fácil.

Frau Angela tergiversou, vacilou, sucumbiu, e assim cavou a sua sepultura política. O eleitorado alemão não a perdoará, a não ser que ainda tenha cartas escondidas na manga, mas isso não faz o seu género.

Ao menos salva-se a Europa, deve ter ela pensado. Que burrice...

Tiago Mestre

6 comentários:

Sérgio disse...

Pobre da Angela, ficou desmoralizada com a derrota da sua equipa contra a Itália que junto com a Espanha vai à final do Europeu, precisamente os dois que mais a devem ter pressionado na cimeira, que mais podia ela fazer? Mandou a toalha ao chão. A esta hora deve estar triste a precisar de um colinho... mas parece ninguém nesta europa a compreende.

Vivendi disse...

Boa observação Sérgio...

Mas há sempre o plano B, os alemães batem com a porta. E o problema real na europa é a banca e a falta de protecionismo. E ninguém discute isso.

vazelios disse...

Os contornos das decisões de ontem não se sabem por completo (eu pelo menos).

Mas das afirmaçãos que li dela ela mantêm o plano exigido para os países: Continuar a rectificação das contas públicas.

Não se pode ganhar tudo.

Ela pode ter perdido a batalha mas não a guerra, esperemos nós.

Sérgio disse...

Sim, ainda não se sabe ao certo o que ficou decidido, ainda não se leram as letras miudinhas... e os outros países nórdicos também não costumam achar muita piada a este tipo de facilidades, de qualquer forma era mais ou menos esperado que a coisa tinha de partir pelo lado da Alemanha, mais uma vez há que adiar o embate no muro da realidade e permitir lá que o tal fundo de resgate compre dívida, parece que tanto no mercado secundário como mesmo directamente no primário, emitindo dívida para se financiar, estilo eurobonds light. Euforia nas bolsas... vamos ver quanto tempo dura, talvez agora as atenções se virem durante alguns meses para os US que estão em igual ou mesmo pior situação.

Vivendi disse...

Sérgio estão bem piores. E os UK também. Tecnicamente a economia dos EUA tem piores indicadores que a Grécia. Já dá para teres uma ideia.

O erro crasso da zona € foi não ter ido à fonte do problema, aos bancos:

este artigo explica bem:

http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/06/uniao-bancaria-europeia.html

Sérgio disse...

Vivendi, o artigo é muito interessante, apesar de não dominar completamente todos os pormenores técnicos lá referidos, no entanto tinha ficado com a ideia de que apesar da capitulação da Alemanha a parte do financiamento aos bancos tinha ficado fora das contas públicas, logo como contribuintes deixávamos pelo menos para já de ter a "socialização das perdas" ou seja tinha sido um ponto positivo de tudo aquilo. Estarei a interpretar mal, ou há de facto algo de positivo na cimeira de ontem?