18 de junho de 2012

Espanha e Itália são a questão. A Grécia acrescenta ruído, o que não ajuda nada

As ações do Bankia perderam hoje 9%  e as obrigações espanholas a 10 anos entraram bem dentro da casa dos 7%, estando tão confortáveis lá dentro que parece haver alguma dificuldade em quererem sair de lá.

Mesmo com a Força Aérea da finança mundial a prometer aniquilar o "inimigo" no final da semana passada, as hipóteses colocadas aos investidores são péssimas, sobretudo em Espanha. O cheiro a napalm apenas aliviou a tensão do pessoal na sexta-feira.

Ao fim de uma semana, as condições do resgate europeu ao setor bancário espanhol ainda não são sequer conhecidas! Apenas se sabe que quem possui obrigações espanholas ficará subordinado (na fila de espera) em relação aos novos detentores de obrigações (FMI, BCE, ESM,etc). Como já referimos no passado, ninguém quer ficar na fila de espera.

Este compasso de espera na apresentação dos "detalhes" faz-nos lembrar a cimeira europeia de 22 de Julho do ano passado, em que os líderes aprovaram um 2º resgate à Grécia apenas e só com a intenção de acalmar a malta. E realmente acalmou, mas durante uma semana. Percebeu-se depois que tudo não passou de um expediente para o pessoal político ir de férias descansado, já que os "detalhes" do resgate só seriam discutidos em Setembro !!!. ERRADO. 5 dias depois terminavam as tão merecidas férias e a 1 de Agosto a ira tomava conta dos investidores.

Mas pior do que haver resgate à banca espanhola é simplesmente não haver resgate nenhum. Este era o cenário há apenas semana e meia. Já aí ninguém acreditava na salvação dos bancos por via de injeção de capital privado.

A coisa estala, ou por um lado ou pelo outro. O bluff dos gregos certamente que não ajuda à festa, mas parece-nos uma questão lateral.

Há hoje um reconhecimento generalizado nos investidores mundiais que a Espanha portou-se muito mal na criação da bolha imobiliária. A bolha durou até muito tarde, e por se ter adiado sistematicamente, ela cresceu, cresceu, engolindo instituição a instituição, região a região, até ter chegado ao Estado. Quando rebentasse seria a valer.
E quando este problema extravasa o setor bancário para se ramificar no setor público e nos cidadãos, ganha uma dimensão que neutraliza os mecanismos que a Europa tem ao seu dispor. Querer forçar um resgate "completo" a Espanha acabará por arrastar os restantes países do Euro, sendo a Itália a próxima na fila de espera.

Face ao agigantamento dos problemas que os políticos têm hoje em mãos, querer resgatar a Espanha e pelo caminho engolir a Itália é tão mau ou pior que não fazer nada.

É este o terrível dilema que os investidores mais atentos já perceberam há pelo menos 2 semanas, quando a elite política ainda discute hoje o sexo dos anjos.

Quem tem dinheiro investido ou gere dinheiros dos seus clientes só pode tomar uma decisão responsável: RUN AND HIDE.

Tiago Mestre

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