Por sugestão do Vivendi, faremos 3 posts com 2 comentários nossos e outro do Filipe (desculpem-me os restantes comentadores) acerca da bonita discussão que temos estado a fazer acerca da saída de Portugal do euro ou então a saída da Alemanha do euro.
Comentário nº1 do Tiago Mestre:
O € só continuará com alguma credibilidade enquanto a Alemanha mostrar vitalidade económica e se chegar à frente nos bailout's.
Um dia este ciclo irá terminar, com isso virá a desconfiança e lá se vai o euro como padrão-ouro.
Todas as medidas inflacionistas que o BCE tomou (SMP, LTRO e Target2) representam euros que entraram nos mercados. Alguns deles estão parqueados no BCE, como sabemos, evitando maiores males. Mas a inflação só não ataca porque:
- continuamos a assistir a um mega desalavancamento no setor privado (Há menos créditos a realizarem-se diariamente, reduzindo a expansão monetária)
- a confiança que ainda há no euro mantêm muitos ativos denominados nesta moeda.
O € está assente num castelo de cartas que se fragiliza dia após dia. Não tenho nada contra o €, mas tanto a sua origem, como a sua construção e gestão revelam o logro que é esta moeda.
Oxalá que assim não o fosse, e aí sim, à moda do Salazar, tínhamos uma moeda rica e exigente para com o seu povo, obrigando este a ser melhor dia após dia. Esse era o € que eu gostava de ver.
O BCE está falido e não hesita em imprimir dinheiro, metade dos países do € estão falidos e pedem dinheiro emprestado entre eles, andamos diariamente a pedir emprestado ao resto do planeta. Grécia faz bluff, ameaça e a UE ajoelha-se. Quer dizer, é tudo ao contrário.
Está-se todos os dias a trabalhar para que a confiança no € desapareça. E quando todo este dinheiro escondido (parqueado) e todos estes ativos denominados em euros vierem à superfície, aí teremos muito dinheiro a competir pelos mesmos bens. Lá se foi o padrão ouro e o euro torna-se numa moeda fiat igual a qualquer outra. O único ativo que o euro ainda possui é a confiança das populações. Não tem ouro a suportá-lo, nem petróleo, nada.
A única diferença aqui entre o € e um eventual novo escudo é a escala. O € é gigante e engloba muitos países, alguns deles com pib per capita do melhor que há no mundo. O capital de confiança que se depositou nesta moeda é 1000 vezes superior ao depositado num novo escudo que será governado por políticos portugueses ignorantes e populistas. Descredibilizar o € demora 1000 vezes mais do que o escudo, mas os políticos estão ativamente a promover isso.
Acredito que um novo escudo português ou um € sem a Alemanha sofrerá desvalorizações enormes. Na tentativa de pagar empréstimos e despesas, recorrerão à impressão para despachar o assunto. Também não quero isso, quem me dera a mim que tal não sucedesse, mas acredito que o € está condenado a prazo, e não por minha culpa. Teremos que que arranjar outra coisa qualquer que o substitua, quer concordemos ou não.
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