Apresentámos um gráfico do INE que referenciava que a nossa produtividade por hora trabalhada é sensivelmente metade da da Alemanha, logo o salário deles deveria ser sensivelmente o DOBRO do nosso.
Contudo, o vivendi apresentou um quadro num post do seu blog a 5 Junho que revela que o salário médio alemão é superior em mais de 4 VEZES face ao português. Esta correlação de 4x não bate certo com a nossa tese de ser apenas 2x mais.
A questão é espetacular e muito gostaríamos de saber responder, mas não sabemos em concreto.
O Vivendi avançou com algumas ideias que com as quais estamos de acordo:
- O valor acrescentado do produto na Alemanha é superior ao de Portugal
- Financiamentos/juros são custos que temos de suportar e que nos roubam dinheiro
- Custos de produção eventualmente mais elevados
- Balança comercial deficitária, o que significa que parte do nosso rendimento desaparece para pagar ao exterior o que precisamos dele
E acrescentaríamos nós:
- os impostos, que também usurpam parte dos nossos rendimentos.
- no quadro do vivendi não se sabe os percentis, ou seja, não sabemos quantas pessoas cabem nos percentis inferiores ou superiores. Isto porque o valor médio pode esconder informação.
- espanta-me o salário médio na Alemanha ser o dobro do da Holanda ou da Áustria
Mas em boa verdade não sabemos o peso relativo de cada uma destas rúbricas, e se é que há outras que faltam aqui e que também são importantes.
Mas para não deixar o assunto sem resposta, fomos ao Eurostat e sacámos da lá o PIB per capita em PPP (purchasing power standards), que significa o poder de compra por indivíduo harmonizado e comparável com outros países:
Este gráfico já nos informa com mais detalhe o real rendimento obtido por pessoa, sendo que o salário é sempre uma função aproximada do rendimento. Os valores já estão mais próximos com o que julgamos ser o adequado, sendo que neste caso o PPP alemão é 1,48 vezes superior ao português. Ainda está longe de ser o dobro, ou por pressão deflacionista dos salários na Alemanha (que parece que ocorreu na década anterior), e/ou por pressão inflacionista em Portugal, tese para a qual nos inclinamos mais, devido ao falso poder de compra que ainda vigora mas que tenderá gradualmente a desaparecer por causa da contração de crédito que já vigora.
Pelos vistos o mercado do trabalho ainda está longe de ser perfeito. Ele bem que luta diariamente para atingir o tal preço perfeito, mas a manipulação não lhe dá tréguas.
Tiago Mestre
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