Com tudo o que se passou neste fim de semana e início de semana, e não foi pouco, parece-nos que as condições para que a política de extend and pretend está para ficar mais uns tempos.
Não sabemos até quando, porque este tipo de comportamentos costumam acabar com mega-eventos (revoluções, guerras, sei lá que mais), e desconhecemos que fenómenos específicos podem espoletar tais ocorrências. No que acreditamos é que TODOS os políticos estão envolvidos em dourar a pílula com medo do que possa acontecer e com isso amontoam os problemas até chegar o dia D.
Oxalá estivéssemos enganados e oxalá estivesse certo quem acreditava/esperaria que as condições estavam mais do que criadas para que algum país (Grécia) saísse do € no curto prazo.
Mesmo que o Syriza ganhasse na Grécia com maioria absoluta, acreditamos que a UE ajoelhar-se-ia perante o bluff monumental dos gregos e o status quo manter-se-ia.
E de facto nenhum líder político europeu atual sofreu a sério na sua vida pessoal para vir agora ter a coragem de aceitar as consequências das decisões difíceis. A malta é mole, não tem "tomates", e as "batalhas" que travou foram todas políticas, que não é mais do que um cenário de guerra para gente cobarde que vence na secretaria e que mente sem pudor aos seus acólitos.
Esta é uma das consequências de ter havido tantas décadas de paz e de se terem adiado sempre as decisões difíceis com medo das represálias políticas.
Obama, Monti e Lagarde pediram na cimeira do G20 que fossem utilizados todos os instrumentos financeiros no planeta para conter a crise financeira. Todos sabemos o que isso significa, e basta ler nas entrelinhas destas declarações para perceber que é o MEDO que manda nas decisões políticas de hoje.
Tiago Mestre
6 comentários:
Boas Tiago
Não concordo que a saída do Euro seja necessária, antes pelo contrário.
O problema é do sistema politico, como vez na Estónia o facto de estarem no Euro permitiu lhes uma recuperação mais rápida do que com a sua antiga moeda nacional.
Vamos nos focar em Portugal:
O Euro actualmente funciona como o Padrão ouro, ou seja, não permite politicas desvalorizar a moeda ou de compra de divida por parte da autoriadade monetaria(apesar de o BCE o ter feito) ao nosso belo prazer.
Este factor leva a um aumento da pressão sobre as contas publicas, cria umas algemas sobre os politicos e as chamadas politicas fáceis.
A pressão sobre as reformas estruturais é assim muito superior e pode ser que assim sejam tomadas.
Existe a noção nos economistas main stream(alguns deles meus ex professores) que entendem que a desvalorização da moeda leva a um aumento das exportações e uma diminuição das importações, logo a uma melhoria do PIB, eu contesto esta "verdade", duvido que isso acontecesse, a unica coisa que certamente ocorreria era uma diminuição das importações dado que o cidadão teria menos poder aquisitivo.
O que de facto eles querem é aumentar a inflação para reduzir a divida, não é mais que penalizar quem poupou e premiar quem consumiu.
O que não deixa de ser normal, dado que os Keynesianos vêm a poupança como um pecado.
Portugal teve todas as oportunidades, durante 15anos podiamos ter usufruido de baixas taxas de juro, mudado a nossa sociedade, preparando, para a competitividade, os que aparecem hoje a gritar por medidas, sao os mesmos que quando em situação de fazer alguma coisa nada fizeram.
O mercado, o que é isso?
Não é mais do que pessoas, gostam de falar como se fosse uma entidade maléfica, mas são PESSOAS, por isso é que sem intervenção estatal os problemas serão resolvidos, agora pode o resultado não agradar, o problema é o juízo de valor feito, principalmente pela esquerda, que quer impor a sua maneira de pensar a todos.
Eu sou solidario, mas porque é um direito meu poder fazer a escolha do ser, o que cada um faz com o seu dinheiro é uma escolha sua, agora alguem me retirar dinheiro para fazer solidariedade em meu nome, quando eu não sou tido nem achado? isso tem um nome, Roubo.
Outra situação levam a cabo politicas economicas que destroiem o valor do meu dinheiro, a inflação hoje está altissima, dizem mas esta a 3%, e enganam as pessoas, a inflação está enorme, principalmente na alimentação que é o fundamental.
Não sei se vão destruir a moeda, o que sei é que a vida será dificil, e o seu poder irá aumentar, ate um ponto que as pessoas vão se fartar e vão partir para o ataque, espero que o socialismo não vença, é que com o ensino publico obrigatório lavam as cabeças a pensar que o Estado é necessário e sem estado social é o fim do mundo
Estou de acordo com o Filipe.
Creio que esta crise, pelo impacto e duração da mesma vai servir para uma mudança de ideias e paradigma económico, assim é importante impor a solução alemã ao mundo.
lol concordo contigo Vivendi, mas "solução alemã" soa mal, faz-me lembrar um livro que tenho acerca dos campos de concentração "A solução final"
Abraço
Maus caros, o € considerar-se-á padrão-ouro enquanto... os depositantes e os investidores acreditarem na moeda. Ela é Fiat. Não há ouro, só há confiança. E a confiança demora anos a ganhar e meses a evaporar-se. É a disciplina do governador do banco central que promove a confiança na moeda que gere.
Todos concordamos que esta premissa não está a ser cumprida: 3 triliões de ativos num espaço de 2 anos sem capital próprio para o sustentar é péssimo para a confiança na moeda.
A austeridade(zinha) que a Alemanha impõe é bom, sem dúvida. Exige disciplina, mas tal exigência é política e não monetária. Se Draghi dissesse NÃO a baixar taxas de juro, a não comprar obrigações e a emitir LTRO's, aí a austeridade seria monetária, à força. Seria o verdadeiro padrão-ouro, ou padrão moral (já gostava mais).
Mas não, temos austeridade política e bastante relaxamento monetário. Se a soma der 0 já não é mau.
Outra coisa boa que aconteceu para além da austeridade política foi a subida das taxas de juro das obrigações. Significa que o erro gigantesco que se cometeu durante 9 anos no cálculo do risco de países como Portugal acabou.
Esse foi o verdadeiro mote de toda a austeridade, não foi o padrão-ouro do €.
Para nosso azar o € até ajudou a confundir os investidores no cálculo do risco. Os políticos endividaram-se tanto com esta benesse que quando as taxas de juro duplicaram, os países tornaram-se insolventes.
Só mesmo a Alemanha e mais um ou dois é que contribuem para a tal credibilidade do € (o padrão ouro que o Filipe refere). Os restantes estragam mais do que ajudam, incluindo Draghi.
Parece-me mau e o € está condenado a prazo, mas olhem, as outras moedas estão tão mal ou pior.
Talvez a bandalheira que é o dólar nos ajude a sobreviver, já que na hora de parquear dinheiro, pior que um mau € é um dólar ainda pior.
Moedas fiat tiveram força e credibilidade enquanto houve crescimento que dava para tapar as asneiras dos políticos. Isso já foi, e as dívidas denominadas em moeda fiat cresceram tanto que agora ninguém quer voltar atrás com medo do apocalypse mas sabe que continuar em frente piora dia após dia.
A ideologia libertária pede liberdade económica e monetária para os povos. O escudo será sempre mais à nossa medida porque reflete de forma mais exata o risco do país. Seremos responsáveis pelos erros e pagaremos na hora por eles. máxima liberdade, máxima responsabilidade.
As opções que hoje temos são tão más de se tomarem que até dói, mas os libertários não podem vacilar. Parafraseando Peter Schiff: duas erradas não dão uma certa..
Imaginem um BCE que tem que agradar à Alemanha, governado por um italiano e pressionado por 17 interesses diferentes? É muita confusão, e muita probabilidade de dar asneira. É este o meu ceticismo..
Boa resposta Tiago. E como estamos num cenário em aberto, temos de estar sempre com um olho no burro e outro no cigano.
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