Fomos confrontados esta semana com mais uma notícia que revela a dificuldade dos seres humanos, mesmo aqueles que se julgam a elite, em serem sérios e íntegros quando vivem num mundo diário de conflito de interesses.
A Libor é uma taxa de juro de referência que é gerida pela British Bankers Association (BBA). Desta associação fazem parte alguns dos maiores bancos britânicos e mundiais.
Diariamente os responsáveis destes bancos emitem a sua opinião sobre qual deverá ser a taxa de juro de referência. e assim se forma a Libor. O mesmo acontece com a Euribor, que serve, ou serviu, de referência a muitos dos empréstimos que foram concedidos à economia nacional.
O escândalo ocorreu quando se descobriu que gestores do Barclays e do RBS manipulavam há muito tempo estas taxas para valores artificialmente baixos, dando indicações que não consubstanciavam a realidade, mas sim as necessidades específicas desses mesmo bancos, nomeadamente para seduzir compradores a investir em produtos derivados com aquela complexidade que a maioria do povo não chega lá. Pelos vistos, muita gente foi enganada.
O que os legisladores talvez não tenham percebido é que permitir este tipo de planificação centralizada a banqueiros é um erro logo na sua origem. Coloca-os numa terrível posição de conflito de interesses. Se tudo corresse bem e não houvesse crise financeira em 2008, talvez estes aguentassem o conflito, mas a partir do momento em que a crise financeira gerou imensa desconfiança no mercado interbancário, o conflito passou para outro nível, insuperável para o comum dos mortais.
A Libor, como a Euribor, são taxas de juro que servem de base para a compra e venda de dinheiro sem recurso a colateral, ou seja, unsecured debt. Este mercado de dívida tem perdido vigor nos últimos anos devido à crescente desconfiança entre banqueiros, mas paradoxalmente, as taxas de juros continuam escandalosamente baixas.O normal seria estas subirem até encontrarem o equilíbrio entre o ímpeto de quem vende e de quem compra.
Mas porque é que não subiram?
Acreditamos que tenham sido as taxas de juro dos bancos centrais do Ocidente, também essas artificialmente baixas, a roçar os 0%;
E o ímpeto dos seus governadores (nomeados por políticos) em emprestar quantidades infinitas de dinheiro a qualquer banqueiro que lá fosse pedir.
O BCE e o Bank of England estarão sempre lá para nos financiar, so why be worried?
É o que dá querer "estimular" a economia e o crescimento.
São manipulações em cima de manipulações, com umas fraudes pelo meio, até à capitulação final.
A Libor já era desprezada pelo mercado interbancário, na medida em que os empréstimos entre bancos começaram a passar para os mercados repo, onde há colateral e garantias pelo meio: secured debt.
Já há poucos banqueiros credores a confiar nos banqueiros devedores que apenas honram os seus compromissos ao escreverem e assinarem um contrato.
Foram as próprias taxas de juro a 0% dos bancos centrais que permitiram aos bancos privados endividarem-se infinitamente para comprar ativos sem ter em conta o reforço dos capitais próprios. Não acreditavam que algum dia esses ativos poderiam desvalorizar. Pois esse dia já chegou e da extrema confiança passámos para a extrema desconfiança.
Não nos espantaria se se descobrisse caso semelhante na formação do juro da Euribor.
(atualização: também foram descobertas manipulações no mercado Euribor) Notícia aqui
Mas os media não puxaram muito pelo assunto, na medida em que a fraude manteve os juros baixos, beneficiando muitas famílias e empresas que contraíram esses créditos, ou seja, é uma notícia pouco sumarenta. Se a manipulação fosse para cima, aí sim, o banho de sangue teria outras proporções.
O poder da formação de preço do dinheiro deveria estar nas mãos do mercado.
Contudo, mesmo num mercado livre, a ocorrência de enganos e fraudes continuará a ser uma realidade, mas com a vantagem de se descobrirem muito mais depressa, evitando proporções bíblicas.
Não vale a pena pedir mais regulação, mais fiscalização ou mais penalização criminal. O poder desta formação de preço deveria estar entregue ao mercado, ou seja, se eu quisesse ir pedir dinheiro emprestado a um banco, essa transação seria apenas e só sujeita aos nossos critérios, e se não estivesse satisfeito com as condições, ia bater a outra porta. Essa sim, seria a verdadeira formação do preço do dinheiro.
Se qualquer um de nós estivesse no lugar destes banqueiros, duvidamos que fôssemos muito diferentes, porque se o mercado nos "pedisse" para subir o juro de 1% para 2, 3 ou 4%, tais medidas colocariam os seus bancos em insolvência num ápice.
Quem é que está disposto a ser íntegro com um nível de conflito de interesses desta dimensão?
Tiago Mestre
30 de junho de 2012
29 de junho de 2012
Informação repetida não significa melhor informação. Até piora
Estivemos a espreitar o sítio do INE para interpretar os dados hoje divulgados por quase todos os media acerca do défice público do 1º trimestre, mas não encontrámos nada. Se algum leitor souber qual é a hiperligação e puder partilhá-la, agradecemos.
A fazer fé na informação de que o défice no 1º trimestre é de 7,9% do PIB, em comparação com 7,5% em 2011, podemos inferir que há efetivamente um agravamento, mas tal fenómeno não deveria espantar os media e os "especialistas" da nossa praça. A síntese orçamental que o Estado publica todos os meses já detetara este padrão em Abril.
Publicámos há uns dias um post com um gráfico onde esta tendência era já uma evidência. Voltamos a apresentá-lo para que não haja dúvidas:
O saldo até Março de 2012 (linha preta) é pior do que o de 2011 (linha azul). Isto foi revelado em Abril na síntese orçamental da DGO e significa que o défice piorou face a 2011
Se analisarmos o saldo até Abril, é ainda pior, já que a linha preta desce um pouquinho mais do que a azul.
Mas curiosamente é em Maio que a linha azul começa a cair a pique mas a preta mantêm-se com inclinação positiva. Com o não pagamento dos subsídios em Junho aos funcionários públicos é de prever que a linha preta não cairá de forma tão abrupta como a azul o fez há 1 ano.
Eis a nossa pergunta: Então porque é que hoje se falou tanto sobre um assunto que já foi revelado há 2 meses?
Especulamos que alguém tenha sacado a informação do INE e a tenha difundido. A notícia pegou e espalhou-se por todos os meios de comunicação.
Este é um caso evidente de como o escrutínio da informação que vem a público é quase NULO.
É tão só informação com 2 meses e alguns dias de atraso.
Tiago Mestre
A fazer fé na informação de que o défice no 1º trimestre é de 7,9% do PIB, em comparação com 7,5% em 2011, podemos inferir que há efetivamente um agravamento, mas tal fenómeno não deveria espantar os media e os "especialistas" da nossa praça. A síntese orçamental que o Estado publica todos os meses já detetara este padrão em Abril.
Publicámos há uns dias um post com um gráfico onde esta tendência era já uma evidência. Voltamos a apresentá-lo para que não haja dúvidas:
O saldo até Março de 2012 (linha preta) é pior do que o de 2011 (linha azul). Isto foi revelado em Abril na síntese orçamental da DGO e significa que o défice piorou face a 2011
Se analisarmos o saldo até Abril, é ainda pior, já que a linha preta desce um pouquinho mais do que a azul.
Mas curiosamente é em Maio que a linha azul começa a cair a pique mas a preta mantêm-se com inclinação positiva. Com o não pagamento dos subsídios em Junho aos funcionários públicos é de prever que a linha preta não cairá de forma tão abrupta como a azul o fez há 1 ano.
Eis a nossa pergunta: Então porque é que hoje se falou tanto sobre um assunto que já foi revelado há 2 meses?
Especulamos que alguém tenha sacado a informação do INE e a tenha difundido. A notícia pegou e espalhou-se por todos os meios de comunicação.
Este é um caso evidente de como o escrutínio da informação que vem a público é quase NULO.
É tão só informação com 2 meses e alguns dias de atraso.
Tiago Mestre
Frau Angela, ne me quitte pas (Parte 3)
Caros leitores e leitoras, chegámos aqui no Contas a escrever uma carta a Frau Angela, sugerindo-lhe que não cedesse, mesmo nos piores momentos de pressão e chantagem.
Aconselhámos inclusivamente que atirasse com a bomba atómica (saída da Alemanha do €) caso a chantagem fosse totalmente inadmissível.
Mas, como em todas as batalhas ideológicas, há que assumir tanto as vitórias como as derrotas, e desta vez foi a austeridade que perdeu. O último bastião da resistência caiu aos pés das tropas do "crescimento" em plena Bruxelas. Eram 26 contra 1, não é fácil.
Frau Angela tergiversou, vacilou, sucumbiu, e assim cavou a sua sepultura política. O eleitorado alemão não a perdoará, a não ser que ainda tenha cartas escondidas na manga, mas isso não faz o seu género.
Ao menos salva-se a Europa, deve ter ela pensado. Que burrice...
Tiago Mestre
Aconselhámos inclusivamente que atirasse com a bomba atómica (saída da Alemanha do €) caso a chantagem fosse totalmente inadmissível.
Mas, como em todas as batalhas ideológicas, há que assumir tanto as vitórias como as derrotas, e desta vez foi a austeridade que perdeu. O último bastião da resistência caiu aos pés das tropas do "crescimento" em plena Bruxelas. Eram 26 contra 1, não é fácil.
Frau Angela tergiversou, vacilou, sucumbiu, e assim cavou a sua sepultura política. O eleitorado alemão não a perdoará, a não ser que ainda tenha cartas escondidas na manga, mas isso não faz o seu género.
Ao menos salva-se a Europa, deve ter ela pensado. Que burrice...
Tiago Mestre
Austeridade? Jamais
Os mesmos ilustres fazedores de opinião que ainda há 1 ano pediam austeridade e blasfemavam acerca das políticas irresponsáveis de Sócrates, um a um vão virando a sua opinião. É a vez do professor.
Parece que se tornou tacitamente proibido aplicar em Portugal mais um miligrama que seja de austeridade. O povo não aguenta, dizem eles.
Afinal são iguaizinhos a Sócrates. A história escreve direito por linhas tortas.
Extend and pretend, Extend and pretend, Extend and pretend, Extend and pretend, Extend and pretend
Tiago Mestre
Chantagem será o espírito da cimeira (Parte 3)
Já houve uma decisão interessante que saiu do primeiro dia da cimeira:
A aquisição de obrigações espanholas e italianas pelo EFSF/ESM não lhe dará privilégios em caso de incumprimento, ou seja, todos ficarão na fila de espera e ninguém passará à frente caso as coisas corram mal.
Notícia aqui
Mas parece que estas novas alterações obrigam à reformulação do ESM e consequente ratificação pelos membros da UE.
Merkel terá que explicar muito bem ao Bundestag porque é que cedeu nesta matéria, já que coloca os contribuintes alemães (que não têm nada a ver com isto) na mesma linha de espera dos credores privados.
Com esta decisão é provável que os investidores se aguentem mais uns tempos. Não resolve nada, mas sempre acaba por não espantar tanto a caça. E acima de tudo adia o encontro com a nossa verdade mais uns tempos, que é o mais importante para as nossas elites.
Tiago Mestre
A aquisição de obrigações espanholas e italianas pelo EFSF/ESM não lhe dará privilégios em caso de incumprimento, ou seja, todos ficarão na fila de espera e ninguém passará à frente caso as coisas corram mal.
Notícia aqui
Mas parece que estas novas alterações obrigam à reformulação do ESM e consequente ratificação pelos membros da UE.
Merkel terá que explicar muito bem ao Bundestag porque é que cedeu nesta matéria, já que coloca os contribuintes alemães (que não têm nada a ver com isto) na mesma linha de espera dos credores privados.
Com esta decisão é provável que os investidores se aguentem mais uns tempos. Não resolve nada, mas sempre acaba por não espantar tanto a caça. E acima de tudo adia o encontro com a nossa verdade mais uns tempos, que é o mais importante para as nossas elites.
Tiago Mestre
28 de junho de 2012
Chantagem será o espírito da cimeira (Parte 2)
Merkel: Nein, nein, nein. Eurobonds nein!
Rajoy: Senhorita Merkel, si tu no quieres eurobonds, nosoutros non aprovaremos el pacto de crescimiento.
Monti: Anche noi. Buonanotte signora Merkel. Vediamo domani!
Merkel: Mamma mia.
Conferência cancelada. Vai tudo para a cama com os nervos em franja.
Tiago Mestre
Rajoy: Senhorita Merkel, si tu no quieres eurobonds, nosoutros non aprovaremos el pacto de crescimiento.
Monti: Anche noi. Buonanotte signora Merkel. Vediamo domani!
Merkel: Mamma mia.
Conferência cancelada. Vai tudo para a cama com os nervos em franja.
Tiago Mestre
Vamos lá Portugal!
Também na seleção nacional de futebol percecionámos uma característica fundamental do povo português:
Quando as coisas estão fáceis e "ainda" é possível passar a fase de qualificação, esforçamo-nos apenas o mínimo indispensável. Aconteceu tanto com Carlos Queirós como com Paulo Bento.
Mas quando as coisas se tornam sérias e é mesmo a valer, os jogadores esforçam-se com tal abnegação e sacrífício que é de ficar espantado com o antes e o depois.
À parte do talento natural de alguns jogadores, o esforço coletivo que foi realizado está só ao nível das melhores seleções do mundo, ou talvez mesmo da melhor seleção do mundo. Ontem, Portugal foi essa seleção.
Acreditamos piamente que em caso de verdadeira austeridade (corte de 20-25 mil milhões na despesa), os portugueses e as portuguesas saberiam adaptar-se com relativa naturalidade e sem grandes complicações, fruto deste espírito de missão e coesão comunitária.
Mas para que isso aconteça é preciso um selecionador, um timoneiro que envolva e cative a população, que a faça sentir-se portuguesa de corpo e alma e que lhes peça para correr muito.
Não vamos lá com estas ideias da esquerda, que está permanentemente a pedir ao governo que ajude, ajude, ajude os desempregados, os empregados, os patrões, as mães, os jovens, os avós, como se fossemos todos uma cambada de inaptos.
Mas também não vamos lá com as de direita, que dissimula e mente para salvar o dia, aplicando austeridade às mijinhas, apesar de acreditarem nela, o que já é muito bom.
Nem uns nem outros são os líderes que o povo está neste momento a precisar.
O povo precisa de se sentir patriota e de ter muita liberdade para se mexer e decidir o que é melhor para si.
Tiago Mestre
Quando as coisas estão fáceis e "ainda" é possível passar a fase de qualificação, esforçamo-nos apenas o mínimo indispensável. Aconteceu tanto com Carlos Queirós como com Paulo Bento.
Mas quando as coisas se tornam sérias e é mesmo a valer, os jogadores esforçam-se com tal abnegação e sacrífício que é de ficar espantado com o antes e o depois.
À parte do talento natural de alguns jogadores, o esforço coletivo que foi realizado está só ao nível das melhores seleções do mundo, ou talvez mesmo da melhor seleção do mundo. Ontem, Portugal foi essa seleção.
Acreditamos piamente que em caso de verdadeira austeridade (corte de 20-25 mil milhões na despesa), os portugueses e as portuguesas saberiam adaptar-se com relativa naturalidade e sem grandes complicações, fruto deste espírito de missão e coesão comunitária.
Mas para que isso aconteça é preciso um selecionador, um timoneiro que envolva e cative a população, que a faça sentir-se portuguesa de corpo e alma e que lhes peça para correr muito.
Não vamos lá com estas ideias da esquerda, que está permanentemente a pedir ao governo que ajude, ajude, ajude os desempregados, os empregados, os patrões, as mães, os jovens, os avós, como se fossemos todos uma cambada de inaptos.
Mas também não vamos lá com as de direita, que dissimula e mente para salvar o dia, aplicando austeridade às mijinhas, apesar de acreditarem nela, o que já é muito bom.
Nem uns nem outros são os líderes que o povo está neste momento a precisar.
O povo precisa de se sentir patriota e de ter muita liberdade para se mexer e decidir o que é melhor para si.
Tiago Mestre
27 de junho de 2012
Na Eslovénia parece que alguém teve um ataque de lucidez
Eslovénia é um país simpático, com a sua bonita capital Liubiana.
Aparentemente há lá um político, que por acaso até é primeiro ministro, de nome Janez Jansa, que já percebeu o que se está a passar e tem a coragem de dizer o que deve ser dito:
Notícia Bloomberg, via Zerohedge
Nunca é tarde demais.
Tiago Mestre
Aparentemente há lá um político, que por acaso até é primeiro ministro, de nome Janez Jansa, que já percebeu o que se está a passar e tem a coragem de dizer o que deve ser dito:
Slovenia may ask for an international bailout if lawmakers fail to adopt legislation next month that would limit public spending, Prime Minister Janez Jansa said in an interview with a local radio station.
“July will be the moment of truth since parliament will vote on the golden fiscal rule and on changes to the way referendums are organized,” Jansa was quoted as saying in an interview with Koper-based Radio Ognjisce. “If we continue to get more and more debt, we will see a Greek scenario here and this generation will have to pay dearly for the stupidity of those that have delayed decisions.
Notícia Bloomberg, via Zerohedge
Nunca é tarde demais.
Tiago Mestre
26 de junho de 2012
Ok, é preciso cortar Despesa, mas aonde?
Caros leitores e leitoras, abaixo exemplificamos as várias despesas do Estado contempladas no Orçamento de Estado para 2012, obtido no sitio da DGO:
Encargos Gerais do Estado 2 831 milhões
Presidência do Concelho Ministros 275 milhões
Negócios Estrangeiros 315 milhões
Defesa 2 051 milhões
Administração Interna 1 903 milhões
Justiça 1 185 milhões
Economia e Emprego 238 milhões
Agricultura, Mar Ambiente Territ. 594 milhões
Saúde 7 632 milhões
Educação e Ciência 6 889 milhões
Juros 8 500 milhões
Transferência para Autarquias 2 293 milhões
Transferência para Freguesias 184 milhões
Transferência para Reg. Autónomas 573 milhões
Segurança Social 37 093 milhões
Faltam as despesas do ministério das Finanças por não estarem discriminadas, mas não é relevante.
O Estado tem gerado défices que rondam os 10 000 milhões de euros ao ano
Para reduzir o défice a ZERO é preciso cortar 10 000 milhões no imediato na despesa já que o aumento de impostos saturou. E como a economia irá ressentir-se, a tal "espiral recessiva", será necessário continuar a reduzir despesa em mais 10 a 15 mil milhões no futuro bem próximo.
PERGUNTA:
De todas as rúbricas do Estado que acima referimos, em quais teremos cortar mais e menos para que o Estado reduza entre 20 a 25 mil milhões a sua despesa no curto-médio prazo?
É importante que cada um responda para si próprio e "sinta" as dificuldades que imporia às populações caso fosse Ministro das Finanças.
Tiago Mestre
Encargos Gerais do Estado 2 831 milhões
Presidência do Concelho Ministros 275 milhões
Negócios Estrangeiros 315 milhões
Defesa 2 051 milhões
Administração Interna 1 903 milhões
Justiça 1 185 milhões
Economia e Emprego 238 milhões
Agricultura, Mar Ambiente Territ. 594 milhões
Saúde 7 632 milhões
Educação e Ciência 6 889 milhões
Juros 8 500 milhões
Transferência para Autarquias 2 293 milhões
Transferência para Freguesias 184 milhões
Transferência para Reg. Autónomas 573 milhões
Segurança Social 37 093 milhões
Faltam as despesas do ministério das Finanças por não estarem discriminadas, mas não é relevante.
O Estado tem gerado défices que rondam os 10 000 milhões de euros ao ano
Para reduzir o défice a ZERO é preciso cortar 10 000 milhões no imediato na despesa já que o aumento de impostos saturou. E como a economia irá ressentir-se, a tal "espiral recessiva", será necessário continuar a reduzir despesa em mais 10 a 15 mil milhões no futuro bem próximo.
PERGUNTA:
De todas as rúbricas do Estado que acima referimos, em quais teremos cortar mais e menos para que o Estado reduza entre 20 a 25 mil milhões a sua despesa no curto-médio prazo?
É importante que cada um responda para si próprio e "sinta" as dificuldades que imporia às populações caso fosse Ministro das Finanças.
Tiago Mestre
A chantagem de Monti a Merkel já passou de velada a descarada
Mario Monti numa entrevista:
"If the Chancellor does not give up I will tell you that I resign because if things do not change are not able to bring Italy out of the abyss"
Notícia aqui
Por Merkel querer mais Europa, ela é culpada duas vezes:
Aprovou a saída forçada de Berlusconi e a entrada de um tecnocrata que se revelou um bom jogador de poker. Talvez Monti tenha aprendido qualquer coisa quando passou pela Goldman Sachs.
Com esta Merkel não contava.
Tiago Mestre
"If the Chancellor does not give up I will tell you that I resign because if things do not change are not able to bring Italy out of the abyss"
Notícia aqui
Por Merkel querer mais Europa, ela é culpada duas vezes:
Aprovou a saída forçada de Berlusconi e a entrada de um tecnocrata que se revelou um bom jogador de poker. Talvez Monti tenha aprendido qualquer coisa quando passou pela Goldman Sachs.
Com esta Merkel não contava.
Tiago Mestre
Agência Egan Jones baixa notação da Alemanha de AA- para A+
A dívida (oficial) da Alemanha é já de 80% do seu PIB, e com todas as garantias que a anda a dar ao resto da Europa, quer seja via Bundesbank, ESM, EFSF, e sei lá que mais, só estamos à espera que a S&P, a Moody's ou a Fitch baixem a avaliação de AAA para outra coisa qualquer.
Angela Merkel perceberá que querer agradar a gregos e a troianos (eleitorado alemão) em simultâneo é tarefa, mesmo para políticos habilidosos, IMPOSSÍVEL.
Tiago Mestre
Angela Merkel perceberá que querer agradar a gregos e a troianos (eleitorado alemão) em simultâneo é tarefa, mesmo para políticos habilidosos, IMPOSSÍVEL.
Tiago Mestre
Juros e mais juros. Até chateia...
Às vezes um gráfico vale por mil palavras.
Fonte: DGO
Previsão 2013: Stock de dívida de 200 mil milhões e juro médio de 5% = 10 mil milhões euros
Previsão 2014: Stock de dívida de 205 mil milhões e juro médio de 5,5% = 11,2 mil milhões euros
Com uma receita global do Estado de 60-65 mil milhões de euros ao ano, já viram o que o aumento dos juros come ao bolo do Orçamento de Estado?
Em 2014 será de quase 20% !!!
Tudo o que seja acima de 10%, as agências de rating colocam a dívida como sendo lixo. Pois...
É por isto que aqui no Contas defendemos Défice ZERO
Não é uma teimosia nossa, não é gosto pela austeridade, é meramente bom senso, acreditamos nós.
Neste gráfico estão vertidas as milhões de decisões que milhares de dirigentes políticos tomaram durante uma década.
Talvez a maior parte não se tenha apercebido do monstro que estava a criar, claro.
Com juros de 3 e 4% para empréstimos a 10 anos, quem é que andava à procura do monstro? Ninguém, à exceção de Medina Carreira, o lúcido de serviço.
Tiago Mestre
O charme de uma boa planificação centralizada começa a cheirar mal
Enquanto que na Europa a palavra de ordem ainda é: mais keynesianismo sff.
Nos EUA e um pouco por todo o mundo já começa a haver sinais de que tal fórmula não está a ajudar nada nem ninguém. O artigo vem no Testosterone Pit, blog que muito prezamos aqui no Contas.
O BIS (Bank of International Settlements) é gerido pelos maiores bancos centrais do planeta, nomeadamente Ben Bernanke e Mario Draghi, e no seu relatório anual lê-se o seguinte:
"Seria um erro considerar que o balanço dos bancos centrais se pode usar para resolver os problemas financeiros e económicos."
"De facto, juros a 0%, combinados com liquidez ilimitada, enfraquece a vontade dos privados em corrigir os balanços das suas instituições e dos políticos em reduzir as necessidades de endividamento dos seus Estados."
"Estas políticas distorcem o sistema financeiro."
E como revela o autor do artigo, ainda estamos para ver quando é que a sabedoria convencional chegará à conclusão de que estes políticas são não só ineficazes como até PREJUDICAM a restauração do crescimento económico.
Neste caso como em muitos outros, o charme de uma boa planificação centralizada seduz de tal forma os homens e mulheres deste planeta que só após muita destruição de riqueza é que se apercebem do logro.
É preciso muita destruição para que as evidências corrijam as ideias enraizadas nas mentes mais teimosas. Até lá, e porque é preciso salvar o dia, muitos clamam por mais planificação e mais dinheiro à borla.
Na nossa Europa, só a Alemanha é que percebeu antecipadamente esta tremenda asneira, contudo cedeu em muita coisa e irá pagar por essa irresponsabilidade.
Homens como Alex Weber e Jürgen Stark, ex-governadores do Bundesbank, vislumbraram o que se iria passar. Demitiram-se em oposição a estas políticas imorais de solidariedade keynesiana.
Tiago Mestre
Nos EUA e um pouco por todo o mundo já começa a haver sinais de que tal fórmula não está a ajudar nada nem ninguém. O artigo vem no Testosterone Pit, blog que muito prezamos aqui no Contas.
O BIS (Bank of International Settlements) é gerido pelos maiores bancos centrais do planeta, nomeadamente Ben Bernanke e Mario Draghi, e no seu relatório anual lê-se o seguinte:
"Seria um erro considerar que o balanço dos bancos centrais se pode usar para resolver os problemas financeiros e económicos."
"De facto, juros a 0%, combinados com liquidez ilimitada, enfraquece a vontade dos privados em corrigir os balanços das suas instituições e dos políticos em reduzir as necessidades de endividamento dos seus Estados."
"Estas políticas distorcem o sistema financeiro."
E como revela o autor do artigo, ainda estamos para ver quando é que a sabedoria convencional chegará à conclusão de que estes políticas são não só ineficazes como até PREJUDICAM a restauração do crescimento económico.
Neste caso como em muitos outros, o charme de uma boa planificação centralizada seduz de tal forma os homens e mulheres deste planeta que só após muita destruição de riqueza é que se apercebem do logro.
É preciso muita destruição para que as evidências corrijam as ideias enraizadas nas mentes mais teimosas. Até lá, e porque é preciso salvar o dia, muitos clamam por mais planificação e mais dinheiro à borla.
Na nossa Europa, só a Alemanha é que percebeu antecipadamente esta tremenda asneira, contudo cedeu em muita coisa e irá pagar por essa irresponsabilidade.
Homens como Alex Weber e Jürgen Stark, ex-governadores do Bundesbank, vislumbraram o que se iria passar. Demitiram-se em oposição a estas políticas imorais de solidariedade keynesiana.
Tiago Mestre
25 de junho de 2012
Já temos novo Ministro Europeu das Finanças: George Soros
Ouvimos com bastante atenção uma entrevista que George Soros concedeu à Bloomberg, disponível aqui.
O timing da entrevista é curioso: 3 dias antes da cimeira
O tema da entrevista também: como deve a UE reagir ao problema da Espanha e da Itália
E o plano parece demasiadamente bem delineado: Criação de um tesouro europeu, gerido pelos ministros das finanças
Quem ouve este senhor pode ficar na dúvida se não será ele o orador principal da próxima cimeira.
George Soros informa-nos que a solução para conter o problema da crise financeira na Europa é esta:
Face à inexistência de uma União Fiscal Europeia, urge criar uma. O bébé nasceria com criação de um Fundo, apoiado pelo ESM ou outro, denominado Tesouro, gerido pelos ministros das finanças da UE, e que poderia adquirir dívida italiana e espanhola aos mercados. E como? Através da emissão de bilhetes do Tesouro de curto prazo, no máximo 1 ano de maturidade, que seriam vendidos ao mercado de dívida planetário. A yield esperada da venda destas obrigações seria de 1%, e com esse dinheiro comprariam a tal dívida espanhola e italiana. Esta compra massiva de dívida soberana puxaria as yields dessas mesmas obrigações para baixo. Com esta política firme por parte da UE, e tendo sempre o BCE como comprador de última instância, os investidores voltariam a percepcionar que o risco de default não se colocaria a estes países, e por confiança no sistema voltariam a aceitar obrigações com yields mais baixas, à semelhança do que acontece com a Inglaterra e com os EUA, onde as yields das obrigações a 10 anos estão abaixo dos 2%.
Com este folga nos juros, os países poderiam novamente pensar em "crescimento económico" sem estarem constrangidos pelo garrote financeiro.
E posteriormente dar-se-ia a tal integração fiscal da UE, em que as Eurobonds, com maturidades maiores às dos bilhetes do Tesouro, entrariam em ação. Certas leis na área da fiscalidade, impostos e outros tornar-se-iam também comuns.
Com a retoma da confiança dos investidores, os 700 mil milhões de euros parqueados no BCE por investidores internacionais a render 0,25% ao ano poderiam "sair dessa gaveta estática" e entrar no tal Tesouro Europeu a render 1% e ajudando os países em stress.
Confessamos que a arquitetura deste esquema de tesouro é bastante atraente. A convicção de Soros ao falar neste plano faz-nos inferir que os gabinetes em Bruxelas já se deslumbraram por ele. Só falta convencer Angela Merkel. 28-29 Junho pode ser a data.
Mas infelizmente, por trás de grandes arquiteturas financeiras escondem-se sempre grandes falhas, revelando-se normalmente como consequências indiretas quando se parte para o terreno.
E parece-nos, que mais uma vez, é este o caso.
George Soros esquece-se que taxas de juro baixas são a panaceia para que políticos gastem o que têm e o que não têm. Foi com as taxas de juro em valores ridiculamente baixos que Portugal gastou muito (tanto no público como no privado) e que Espanha engendrou toda a bolha imobiliária que agora lhes rebenta nas mãos. O mesmo se passou nos EUA até a festa acabar em Setembro de 2008.
De modo grosseiro, este esquema consiste em empilhar dívida com dívida, mas com a esperança de que a nova dívida tenha juros de 1% e consiga "aniquilar" a dívida atual submetida a juros de 5 e 6%.
Temporariamente até poderemos assistir a uma redução das yields, mas isso é tão só um motivo para que se gaste ainda mais, agravando a dívida no futuro e semeando ainda mais desconfiança.
A intenção de Soros é boa, mas é tão só um mecanismo de transferência de risco de um país membro para a UE como um todo. Também essa transferência tem um limite, e se não for a Alemanha a impô-lo, mais cedo ou mais tarde serão os investidores, mal façam umas contas e percebam o logro.
Por outro lado, Soros não tem em consideração as diferenças culturais dos vários povos europeus, julgando que regras iguais para todos significa cumprimento igual. Foram este tipo de ideias ingénuas e sobretudo ignorantes que estimularam os fundadores da CEE a aprofundar esta ideia de União Europeia, vertida no Tratado de Roma.
Para povos diferentes é imperativo haver leis diferentes, já que estas tentam estabelecer os limites básicos da ética em comunhão com a cultura local, e como todos sabemos, a ética para uns é uma coisa, mas para outros é outra. O subsídio de desemprego é talvez dos casos mais evidentes de como povos com culturas bem diferentes reagem tão diferentemente a regras semelhantes. Para uns é uma vergonha, para outros é a conquista de um lugar ao sol.
A Taxa de Juro que os credores aplicam ao Estado soberano é uma lei tácita, ou seja, é a formação de um preço que analisa a realidade do país, adequando o ímpeto de quem vende e de quem compra. Com o advento do € e do BCE adensou-se complexidade ao sistema, iludindo investidores o tempo suficiente para que estes se amedrontassaem já muito tarde, e os políticos abusassem todo o santo dia desta ilusão dos credores. Para combater o MEDO entrou a planificação centralizada do BCE e da UE. Tentou-se corrigir um erro com outro erro, mas duas decisões erradas não fazem uma certa.
Grandes arquiteturas resvalam sempre em planificação centralizada, e com os regimes fascistas e comunistas que tivemos no século XX percebeu-se que a "necessidade" justificava o aparecimento destas ideologias que apresentavam uma arquitetura "sem falhas". Mas quando elas foram para o terreno, esbarraram com as milhões de decisões discricionárias que os cidadãos tomam diariamente. Como resposta às decisões individuais que iam contra a política do governo manipulava-se ainda mais a realidade para induzir o povo a trilhar o caminho que o regime desejava. De manipulação em manipulação até à capitulação final.
Tiago Mestre
O timing da entrevista é curioso: 3 dias antes da cimeira
O tema da entrevista também: como deve a UE reagir ao problema da Espanha e da Itália
E o plano parece demasiadamente bem delineado: Criação de um tesouro europeu, gerido pelos ministros das finanças
Quem ouve este senhor pode ficar na dúvida se não será ele o orador principal da próxima cimeira.
George Soros informa-nos que a solução para conter o problema da crise financeira na Europa é esta:
Face à inexistência de uma União Fiscal Europeia, urge criar uma. O bébé nasceria com criação de um Fundo, apoiado pelo ESM ou outro, denominado Tesouro, gerido pelos ministros das finanças da UE, e que poderia adquirir dívida italiana e espanhola aos mercados. E como? Através da emissão de bilhetes do Tesouro de curto prazo, no máximo 1 ano de maturidade, que seriam vendidos ao mercado de dívida planetário. A yield esperada da venda destas obrigações seria de 1%, e com esse dinheiro comprariam a tal dívida espanhola e italiana. Esta compra massiva de dívida soberana puxaria as yields dessas mesmas obrigações para baixo. Com esta política firme por parte da UE, e tendo sempre o BCE como comprador de última instância, os investidores voltariam a percepcionar que o risco de default não se colocaria a estes países, e por confiança no sistema voltariam a aceitar obrigações com yields mais baixas, à semelhança do que acontece com a Inglaterra e com os EUA, onde as yields das obrigações a 10 anos estão abaixo dos 2%.
Com este folga nos juros, os países poderiam novamente pensar em "crescimento económico" sem estarem constrangidos pelo garrote financeiro.
E posteriormente dar-se-ia a tal integração fiscal da UE, em que as Eurobonds, com maturidades maiores às dos bilhetes do Tesouro, entrariam em ação. Certas leis na área da fiscalidade, impostos e outros tornar-se-iam também comuns.
Com a retoma da confiança dos investidores, os 700 mil milhões de euros parqueados no BCE por investidores internacionais a render 0,25% ao ano poderiam "sair dessa gaveta estática" e entrar no tal Tesouro Europeu a render 1% e ajudando os países em stress.
Confessamos que a arquitetura deste esquema de tesouro é bastante atraente. A convicção de Soros ao falar neste plano faz-nos inferir que os gabinetes em Bruxelas já se deslumbraram por ele. Só falta convencer Angela Merkel. 28-29 Junho pode ser a data.
Mas infelizmente, por trás de grandes arquiteturas financeiras escondem-se sempre grandes falhas, revelando-se normalmente como consequências indiretas quando se parte para o terreno.
E parece-nos, que mais uma vez, é este o caso.
George Soros esquece-se que taxas de juro baixas são a panaceia para que políticos gastem o que têm e o que não têm. Foi com as taxas de juro em valores ridiculamente baixos que Portugal gastou muito (tanto no público como no privado) e que Espanha engendrou toda a bolha imobiliária que agora lhes rebenta nas mãos. O mesmo se passou nos EUA até a festa acabar em Setembro de 2008.
De modo grosseiro, este esquema consiste em empilhar dívida com dívida, mas com a esperança de que a nova dívida tenha juros de 1% e consiga "aniquilar" a dívida atual submetida a juros de 5 e 6%.
Temporariamente até poderemos assistir a uma redução das yields, mas isso é tão só um motivo para que se gaste ainda mais, agravando a dívida no futuro e semeando ainda mais desconfiança.
A intenção de Soros é boa, mas é tão só um mecanismo de transferência de risco de um país membro para a UE como um todo. Também essa transferência tem um limite, e se não for a Alemanha a impô-lo, mais cedo ou mais tarde serão os investidores, mal façam umas contas e percebam o logro.
Por outro lado, Soros não tem em consideração as diferenças culturais dos vários povos europeus, julgando que regras iguais para todos significa cumprimento igual. Foram este tipo de ideias ingénuas e sobretudo ignorantes que estimularam os fundadores da CEE a aprofundar esta ideia de União Europeia, vertida no Tratado de Roma.
Para povos diferentes é imperativo haver leis diferentes, já que estas tentam estabelecer os limites básicos da ética em comunhão com a cultura local, e como todos sabemos, a ética para uns é uma coisa, mas para outros é outra. O subsídio de desemprego é talvez dos casos mais evidentes de como povos com culturas bem diferentes reagem tão diferentemente a regras semelhantes. Para uns é uma vergonha, para outros é a conquista de um lugar ao sol.
A Taxa de Juro que os credores aplicam ao Estado soberano é uma lei tácita, ou seja, é a formação de um preço que analisa a realidade do país, adequando o ímpeto de quem vende e de quem compra. Com o advento do € e do BCE adensou-se complexidade ao sistema, iludindo investidores o tempo suficiente para que estes se amedrontassaem já muito tarde, e os políticos abusassem todo o santo dia desta ilusão dos credores. Para combater o MEDO entrou a planificação centralizada do BCE e da UE. Tentou-se corrigir um erro com outro erro, mas duas decisões erradas não fazem uma certa.
Grandes arquiteturas resvalam sempre em planificação centralizada, e com os regimes fascistas e comunistas que tivemos no século XX percebeu-se que a "necessidade" justificava o aparecimento destas ideologias que apresentavam uma arquitetura "sem falhas". Mas quando elas foram para o terreno, esbarraram com as milhões de decisões discricionárias que os cidadãos tomam diariamente. Como resposta às decisões individuais que iam contra a política do governo manipulava-se ainda mais a realidade para induzir o povo a trilhar o caminho que o regime desejava. De manipulação em manipulação até à capitulação final.
Tiago Mestre
Sr. Rajoy, isso é pura quimera
Rajoy falta a verdade novamente ao assumir que o resgate pedido hoje à UE acabará com as "incertezas" dos mercados para com Espanha. Os bancos espanhóis devem estar tecnicamente falidos, tal é a enormidade de prejuízos que terão que assumir quando reavaliarem os seus ativos a preços de mercado. A Moody's já fez as contas e não há volta a dar, é tudo lixo.
Não só as incertezas não se dissiparão como também não será possível a tal ausência de austeridade que Rajoy prometeu ao povo espanhol ao negociar este resgate. E quem é que o diz?
Jean Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, ao referir que o resgate terá contrapartidas pelo meio. E quais são? Reformas estruturais. Pois...
Tiago Mestre
Chantagem será o espírito das negociações desta Cimeira Europeia
Teremos mais uma semana de pressão intensa na UE. A cimeira de 28-29 de Junho em Bruxelas é mais uma de muitas onde se pretende salvar o Euro e os países mais aflitos, só que terá que ser à custa de alguém.
Monti e Rajoy têm feito tudo para receber dinheiro sem levar com austeridade em cima, mas parece-nos que para receberem qualquer coisa não poderão escapar a esta inevitabilidade.
Esperamos que Merkel não ceda perante bluff, chantagem e extorsão dos seus congéneres europeus.
Mario Monti, o príncipe tecnocrata tão desejado pela Europa há 6 meses começa a evidenciar o seu espírito traiçoeiro e matreiro. Merkel deve estar a apanhar um desgosto com esta nova figura, mas quem semeia ventos colhe tempestades.
Tiago Mestre
Monti e Rajoy têm feito tudo para receber dinheiro sem levar com austeridade em cima, mas parece-nos que para receberem qualquer coisa não poderão escapar a esta inevitabilidade.
Esperamos que Merkel não ceda perante bluff, chantagem e extorsão dos seus congéneres europeus.
Mario Monti, o príncipe tecnocrata tão desejado pela Europa há 6 meses começa a evidenciar o seu espírito traiçoeiro e matreiro. Merkel deve estar a apanhar um desgosto com esta nova figura, mas quem semeia ventos colhe tempestades.
Tiago Mestre
24 de junho de 2012
O prejuízo que o Estado dá
Caros leitores e leitoras, com o gráfico disponibilizado pela DGO na síntese orçamental de Junho 2012 é possível extrair algumas conclusões.
Este gráfico representa o prejuízo que o Estado tem mês após mês = Receitas - Despesas
A linha azul reflete a evolução de 2011, e percebe-se que acabámos 2011 com um prejuízo superior a 10 mil milhões de euros. É um valor gigantesco para um país e uma economia como a nossa, mas em 2010 e 2009 andou pelos 13 a 15 mil milhões de euros.
Só com a introdução dos fundos de pensões (uma aldrabice inadmissível) é que o prejuízo lá se ficou pelos 7 mil e tal milhões de euros.
Para 2012, Vítor Gaspar comprometeu-se com um défice de 4,5% em função do PIB.
Se este se ficar pelos 167 mil milhões de euros (admitimos uma recessão de 2,5% aprox face a 2011), isso significará que o prejuízo do Estado não poderá ultrapassar os 7,5 mil milhões de euros. É a linha vermelha que desenhámos no gráfico.
A linha preta apresenta uma inclinação em Maio bem diferente da de 2011, certamente influenciada pela suspensão dos pagamentos dos subsídios de férias.
Mas todos sabemos que o governo apresentou esta medida como sendo temporária, logo, se for sério, terá que repor na totalidade esses valores a partir de 2014. Mas duvidamos que tal aconteça, porque à exceção dessa medida que corta no défice, todas as outras estão com tendência oposta, agravando-o:
- A coleta fiscal baixou, mesmo com o aumento dos impostos,
- Gastou-se mais em subsídios de desemprego,
- Há menos contribuições para a segurança social
- O custo dos juros quase que duplicou (de 870 para 1570 milhões)
Caso os subsídios não sejam repostos (isso significa para qualquer cidadão esclarecido que o PSD mentirá mais uma vez), são mais uns milhares de votos que se deslocam para o PS, voltando tudo à estaca zero e tornando infrutíferos todos os esforços que se despenderam até aqui.
E assim vira-se o feitiço conta o feiticeiro, e porquê? Por falta de coragem em assumir as decisões difíceis.
Esperamos sinceramente que pelo menos em 2012 e 2013 o défice seja cumprido, sem maquilhagem, porque caso o governo falhe, é a morte anunciada da pouca austeridade que ainda se consegue impor às contas do Estado.
Tiago Mestre
Este gráfico representa o prejuízo que o Estado tem mês após mês = Receitas - Despesas
A linha azul reflete a evolução de 2011, e percebe-se que acabámos 2011 com um prejuízo superior a 10 mil milhões de euros. É um valor gigantesco para um país e uma economia como a nossa, mas em 2010 e 2009 andou pelos 13 a 15 mil milhões de euros.
Só com a introdução dos fundos de pensões (uma aldrabice inadmissível) é que o prejuízo lá se ficou pelos 7 mil e tal milhões de euros.
Para 2012, Vítor Gaspar comprometeu-se com um défice de 4,5% em função do PIB.
Se este se ficar pelos 167 mil milhões de euros (admitimos uma recessão de 2,5% aprox face a 2011), isso significará que o prejuízo do Estado não poderá ultrapassar os 7,5 mil milhões de euros. É a linha vermelha que desenhámos no gráfico.
A linha preta apresenta uma inclinação em Maio bem diferente da de 2011, certamente influenciada pela suspensão dos pagamentos dos subsídios de férias.
Mas todos sabemos que o governo apresentou esta medida como sendo temporária, logo, se for sério, terá que repor na totalidade esses valores a partir de 2014. Mas duvidamos que tal aconteça, porque à exceção dessa medida que corta no défice, todas as outras estão com tendência oposta, agravando-o:
- A coleta fiscal baixou, mesmo com o aumento dos impostos,
- Gastou-se mais em subsídios de desemprego,
- Há menos contribuições para a segurança social
- O custo dos juros quase que duplicou (de 870 para 1570 milhões)
Caso os subsídios não sejam repostos (isso significa para qualquer cidadão esclarecido que o PSD mentirá mais uma vez), são mais uns milhares de votos que se deslocam para o PS, voltando tudo à estaca zero e tornando infrutíferos todos os esforços que se despenderam até aqui.
E assim vira-se o feitiço conta o feiticeiro, e porquê? Por falta de coragem em assumir as decisões difíceis.
Esperamos sinceramente que pelo menos em 2012 e 2013 o défice seja cumprido, sem maquilhagem, porque caso o governo falhe, é a morte anunciada da pouca austeridade que ainda se consegue impor às contas do Estado.
Tiago Mestre
23 de junho de 2012
Omnia Economicus ajuda-nos a perceber as CoCo bonds
Caros leitores e leitoras, o amigo e economista Paulo Monteiro Rosa elucida-nos acerca da complexidade à volta da emissão das obrigações CoCo's que o Estado português irá subscrever aos grandes bancos privados portugueses.
Desde já vos aviso que a complexidade que envolve toda a operação não é assunto facilmente digerível.
Tal explicação seria impossível de dar num qualquer espaço noticioso dos nossos media. Mesmo num jornal seria difícil. Nada como os blogs para que a suprema liberdade em escrever o que deve ser escrito não encontre barreiras de qualquer espécie.
Já escrevemos um post sobre este assunto, mas reconhecemos que não passamos de uns curiosos nesta matéria, apesar da nossa preocupação como cidadãos.
Nada como dar a palavra a quem percebe dos meandros.
Bom proveito
http://omniaeconomicus.blogspot.pt/2012/06/o-programa-de-recapitalizacao-da-banca.html
Tiago Mestre
Desde já vos aviso que a complexidade que envolve toda a operação não é assunto facilmente digerível.
Tal explicação seria impossível de dar num qualquer espaço noticioso dos nossos media. Mesmo num jornal seria difícil. Nada como os blogs para que a suprema liberdade em escrever o que deve ser escrito não encontre barreiras de qualquer espécie.
Já escrevemos um post sobre este assunto, mas reconhecemos que não passamos de uns curiosos nesta matéria, apesar da nossa preocupação como cidadãos.
Nada como dar a palavra a quem percebe dos meandros.
Bom proveito
http://omniaeconomicus.blogspot.pt/2012/06/o-programa-de-recapitalizacao-da-banca.html
Tiago Mestre
Mentiras, omissões, bluff. Enfim, é tudo gente séria
Demos importância esta semana a um artigo do Telegraph que sugeria a ideia de que o ESM e o EFSF estariam na iminência de serem utilizados para adquirir diretamente dívida soberana nos mercados secundários.
Todos sabemos que estes fundos não foram criados para comprar dívida mas sim para emprestar aos países, a troco de contrapartidas, a mal afamada austeridade, daí alguma incredulidade nossa.
A notícia foi avançada pela Antena1 e esteve no ar ao longo do dia. Demos importância ao assunto e escrevemos um post a expressar a nossa convicção sobre esta matéria. Por um lado acreditámos, mas por outro desconfiámos.
Ficámos à espera que a Alemanha esclarecesse este assunto, desmentindo tudo. Não o fez cabalmente, mas a Comissão Europeia veio dizer que não sabia de nada. Dúvida no ar!
Acabámos por perceber ontem, através da mini-cimeira Merkel-Hollande-Monti-Rajoy, que tal notícia do Telegraph foi pura fabricação. Não se anunciou nada sobre esse assunto na mini-cimeira, o que nos faz inferir que Merkel mandou Hollande e os restantes amigos à merda. É bem feito porque estes três meninos andam a esticar-se nas declarações aos media.
A tática de bluff dos gregos já está a ganhar demasiados adeptos, sendo Monti o que se anda a esticar mais em declarações e Rajoy nas omissões.
Ao menos Passos Coelho não é ardiloso o suficiente para entrar nesse jogo (e ainda bem)!
Resumindo: foi um mau trabalho deste menino. Oxalá haja punição, porque senão é o Telegraph que fica a perder.
Da tal mini cimeira de ontem apenas se falou da criação de um fundo para estimular crescimento económico de 130 mil milhões de euros... Enfim, já se tentaram tantos fundos deste género nos últimos 25 anos em Portugal e todos sabemos o resultado disso: Estimula a economia a destruir-se em vez de a regenerar, promovendo ainda mais Estado pelo caminho.
Merkel deixou os restantes colegas a falarem sozinhos para que não perdesse o jogo Alemanha-Grécia, em que a Grécia, fazendo bluff o jogo todo (só defendia para contra-atacar quando podia), não aguentou a superioridade organizativa alemã. Fernando Santos já aprendeu umas coisas..
Ai, como este tipo de comportamentos nos faz lembrar outro desporto que se pratica entre estes 2 países há já vários anos..
Tiago Mestre
Todos sabemos que estes fundos não foram criados para comprar dívida mas sim para emprestar aos países, a troco de contrapartidas, a mal afamada austeridade, daí alguma incredulidade nossa.
A notícia foi avançada pela Antena1 e esteve no ar ao longo do dia. Demos importância ao assunto e escrevemos um post a expressar a nossa convicção sobre esta matéria. Por um lado acreditámos, mas por outro desconfiámos.
Ficámos à espera que a Alemanha esclarecesse este assunto, desmentindo tudo. Não o fez cabalmente, mas a Comissão Europeia veio dizer que não sabia de nada. Dúvida no ar!
Acabámos por perceber ontem, através da mini-cimeira Merkel-Hollande-Monti-Rajoy, que tal notícia do Telegraph foi pura fabricação. Não se anunciou nada sobre esse assunto na mini-cimeira, o que nos faz inferir que Merkel mandou Hollande e os restantes amigos à merda. É bem feito porque estes três meninos andam a esticar-se nas declarações aos media.
A tática de bluff dos gregos já está a ganhar demasiados adeptos, sendo Monti o que se anda a esticar mais em declarações e Rajoy nas omissões.
Ao menos Passos Coelho não é ardiloso o suficiente para entrar nesse jogo (e ainda bem)!
Resumindo: foi um mau trabalho deste menino. Oxalá haja punição, porque senão é o Telegraph que fica a perder.
Da tal mini cimeira de ontem apenas se falou da criação de um fundo para estimular crescimento económico de 130 mil milhões de euros... Enfim, já se tentaram tantos fundos deste género nos últimos 25 anos em Portugal e todos sabemos o resultado disso: Estimula a economia a destruir-se em vez de a regenerar, promovendo ainda mais Estado pelo caminho.
Merkel deixou os restantes colegas a falarem sozinhos para que não perdesse o jogo Alemanha-Grécia, em que a Grécia, fazendo bluff o jogo todo (só defendia para contra-atacar quando podia), não aguentou a superioridade organizativa alemã. Fernando Santos já aprendeu umas coisas..
Ai, como este tipo de comportamentos nos faz lembrar outro desporto que se pratica entre estes 2 países há já vários anos..
Tiago Mestre
22 de junho de 2012
Eis o moço de recados do governo em todo o seu esplendor
Helena Roseta partiu a loiça toda ao afirmar na SIC Notícias que em tempos Relvas pediu-lhe, sendo ele Secretário de Estado e ela Presidente da Ordem dos Arquitetos, para que uma determinada formação curricular fosse ministrada à Ordem dos Arquitetos, mas com a condição de que fosse a empresa de Passos Coelho a efetuá-lo.
É um exemplo espetacular do perfil intelectual de Relvas. O homem é mesmo assim e não temos dúvidas que as represálias que exerceu junto da jornalista do Público são tudo verdade.
É daquele tipo de gente a quem tudo vale para que as coisas aconteçam. Não se olham a meios para atingir os fins. Se foi assim com Helena Roseta, figura pública, então imaginem com muitas outras entidades, ilustres desconhecidas.
Este é o verdadeiro anti-líder, sem moral nem princípios.
Ahh, e Passos Coelho não tinha conhecimento de nada, com certeza.
Os negócios iam parar-lhe ao colo e ele nem sequer questionava.
É CLARO QUE PASSOS COELHO SABIA DESTES FAVORES DE RELVAS, E FOI POR DEZENAS DE FAVORES COMO ESTE QUE RELVAS GANHOU O LUGAR AO SOL.
Quem anda nos negócios sabe que este tipo de "favores" partilham-se imediatamente pelo telemóvel.
http://sicnoticias.sapo.pt/1622055
... a não perder
Tiago Mestre
É um exemplo espetacular do perfil intelectual de Relvas. O homem é mesmo assim e não temos dúvidas que as represálias que exerceu junto da jornalista do Público são tudo verdade.
É daquele tipo de gente a quem tudo vale para que as coisas aconteçam. Não se olham a meios para atingir os fins. Se foi assim com Helena Roseta, figura pública, então imaginem com muitas outras entidades, ilustres desconhecidas.
Este é o verdadeiro anti-líder, sem moral nem princípios.
Ahh, e Passos Coelho não tinha conhecimento de nada, com certeza.
Os negócios iam parar-lhe ao colo e ele nem sequer questionava.
É CLARO QUE PASSOS COELHO SABIA DESTES FAVORES DE RELVAS, E FOI POR DEZENAS DE FAVORES COMO ESTE QUE RELVAS GANHOU O LUGAR AO SOL.
Quem anda nos negócios sabe que este tipo de "favores" partilham-se imediatamente pelo telemóvel.
http://sicnoticias.sapo.pt/1622055
... a não perder
Tiago Mestre
Governo tentou desafiar a matemática, só que não é fácil
Este post é um pouco maior, mas para contar bem a história achamos que se justifica.
Vitor Gaspar anunciou hoje indiretamente que as receitas fiscais estão abaixo do que se esperava. Está nas edições online de todos os media.
Esta notícia é para nós de extrema importância porque de alguma forma corrobora a nossa tese de que quando queremos baixar a despesa, a receita acaba também por baixar (contra a nossa vontade, claro!). Tomarmos consciência desta evidência foi um grande motivo para a criação do blog. Todos os posts intitulados " A Matemática costuma ganhar, às vezes tarde demais" refletem sobre este assunto, tendo nós publicado o 1º post a 29 Março 2011, antes até da campanha eleitoral.
Olhando para as fórmulas do Défice e do PIB percebe-se que esta correlação entre receita e despesa públicas é insofismável:
Défice = ( Receitas - Despesas ) / PIB
PIB = Consumo Privado + Consumo Público + Investimento + Exportações - Importações
Baixar a despesa pública significa:
1. Baixar o Consumo Público: O Estado compra menos coisas aos seus fornecedores.
2. Baixar o Consumo Privado: O Estado corta nos salários, nas pensões e nos subsídios, deixando menos dinheiro para a população gastar de forma discricionária. Como consequência há menos transacções e uma parte do comércio sofre uma queda acentuada, sobretudo a dos bens duradouros (como algum vestuário, automóveis, casas e outros).
Com menos transações entre setor público e privado ocorrem estes 2 horríveis fenómenos:
1. Queda do PIB
2. Queda das receitas fiscais
Sobre o primeiro, já estamos todos a sentir na pele. Recessão em 2011 e nova recessão em 2012. O défice também se agrava porque é medido em função do PIB; sobe quando o PIB desce. O governo comprometeu-se para 2012 com um défice de 4,5% em função do PIB.
Sobre o segundo, o governo depositava uma certa esperança de que as receitas não teriam uma queda tão acentuada. Inclusivamente aumentou os impostos para atenuar esta tendência. Este falso otimismo resultou na elaboração de um orçamento de Estado que previa receitas acima do que agora a realidade confirma.
Consequência política:
Foi uma tremenda asneira porque agora já temos o PS a dizer que afinal esta austeridade não é solução, é preciso outra coisa, logo, toda a política do PSD está errada... Quem vai ao mar deve aviar-se primeiro em terra. PSD não o fez e paga a fatura. A mentira tem sempre pernas curtas, SEMPRE!
Com a necessidade imperiosa de baixar a despesa, por tabela cai a receita, o PIB idem e o défice sobe (é tudo mau!) Com todas estas consequências indesejáveis, o Estado é novamente obrigado a cortar mais despesa, repetindo o ciclo.
A nossa pergunta é:
E quando é que este ciclo pára? Responderemos mais abaixo.
É este ciclo que a oposição política em Portugal apelida de "espiral recessiva". E tem razão, porque quando o PSD prometeu conter o défice na campanha eleitoral, informou a população que para o baixar bastaria cortar nas gorduras e reformar a gestão do Estado. O PIB e a receita pouco ou nada sofreriam com isso. ERRADO.
Na altura já tínhamos consciência desta farsa política, porque ela escondia uma realidade matemática impossível de refutar. Não acreditámos nem um segundo no PSD.
Contudo, a oposição também não está a ser séria porque não diz o que fazer se deixarmos de ter a austeridade. Nós sabemos qual é a solução que eles querem implementar: a de Mário Soares, mas não têm coragem de o dizer.
Eis a resposta à pergunta:
De 2008 a 2011 recorremos ao Eurostat.
2012 é de acordo com o orçamento de estado para 2012
Daí para a frente a projeção é nossa.
A austeridade começa em 2011, e é a partir daí que tentamos perceber as tendências das curvas da receita e da despesa.
Usámos este pressuposto muito grosseiro: por cada redução de 2 mil milhões em despesa, o Estado perde mil milhões em receita. Relação de 2 para 1. Não sabemos se a relação é correta ou não, pode ser para mais ou para menos. Serve apenas para tentar perceber a tendência.
Percebe-se que a linha vermelha quer chegar próximo da linha azul, mas esta vai-lhe fugindo das mãos, e só se encontram lá mais para a frente (défice 0). Nesta projeção manipulámos os valores para que a linha vermelha se cruze com a azul nos 50 mil milhões, já que este valor nos parece razoável como limite máximo de despesa e de receita. Só assim é que a economia privada pode começar a respirar sem o sufoco do Estado.
Pelo caminho, o PIB sofre ano após ano, a tal "espiral recessiva" que o PSD esqueceu-se de referir e que dará a vitória ao PS nas próximas legislativas.
A única maneira de contrariar esta horrível tendência é haver em Portugal mais Investimento, que está lá em cima na fórmula do PIB. Há economistas que apelidam esta parcela de "Formação Bruta de Capital", caso encontrem esse chavão por aí.
Mas para haver investimento precisamos que outros confiem em nós, e a única forma de confiarem é saberem que não somos mentirosos. Outra coisa que ajuda é termos leis sensatas e um Estado que não puxe mais do que 30%-35% do PIB em impostos (em 2011 foi 44%, segundo o eurostat) e que tenha um défice muito pequenino que não exija endividamento.
Não é termos mais licenciados nem mais universidades. Na União Soviética eram todos licenciados em qualquer coisa. É preciso seriedade e trabalho, o resto aparece.
Tiago Mestre
Vitor Gaspar anunciou hoje indiretamente que as receitas fiscais estão abaixo do que se esperava. Está nas edições online de todos os media.
Esta notícia é para nós de extrema importância porque de alguma forma corrobora a nossa tese de que quando queremos baixar a despesa, a receita acaba também por baixar (contra a nossa vontade, claro!). Tomarmos consciência desta evidência foi um grande motivo para a criação do blog. Todos os posts intitulados " A Matemática costuma ganhar, às vezes tarde demais" refletem sobre este assunto, tendo nós publicado o 1º post a 29 Março 2011, antes até da campanha eleitoral.
Olhando para as fórmulas do Défice e do PIB percebe-se que esta correlação entre receita e despesa públicas é insofismável:
Défice = ( Receitas - Despesas ) / PIB
PIB = Consumo Privado + Consumo Público + Investimento + Exportações - Importações
Baixar a despesa pública significa:
1. Baixar o Consumo Público: O Estado compra menos coisas aos seus fornecedores.
2. Baixar o Consumo Privado: O Estado corta nos salários, nas pensões e nos subsídios, deixando menos dinheiro para a população gastar de forma discricionária. Como consequência há menos transacções e uma parte do comércio sofre uma queda acentuada, sobretudo a dos bens duradouros (como algum vestuário, automóveis, casas e outros).
Com menos transações entre setor público e privado ocorrem estes 2 horríveis fenómenos:
1. Queda do PIB
2. Queda das receitas fiscais
Sobre o primeiro, já estamos todos a sentir na pele. Recessão em 2011 e nova recessão em 2012. O défice também se agrava porque é medido em função do PIB; sobe quando o PIB desce. O governo comprometeu-se para 2012 com um défice de 4,5% em função do PIB.
Sobre o segundo, o governo depositava uma certa esperança de que as receitas não teriam uma queda tão acentuada. Inclusivamente aumentou os impostos para atenuar esta tendência. Este falso otimismo resultou na elaboração de um orçamento de Estado que previa receitas acima do que agora a realidade confirma.
Consequência política:
Foi uma tremenda asneira porque agora já temos o PS a dizer que afinal esta austeridade não é solução, é preciso outra coisa, logo, toda a política do PSD está errada... Quem vai ao mar deve aviar-se primeiro em terra. PSD não o fez e paga a fatura. A mentira tem sempre pernas curtas, SEMPRE!
Com a necessidade imperiosa de baixar a despesa, por tabela cai a receita, o PIB idem e o défice sobe (é tudo mau!) Com todas estas consequências indesejáveis, o Estado é novamente obrigado a cortar mais despesa, repetindo o ciclo.
A nossa pergunta é:
E quando é que este ciclo pára? Responderemos mais abaixo.
É este ciclo que a oposição política em Portugal apelida de "espiral recessiva". E tem razão, porque quando o PSD prometeu conter o défice na campanha eleitoral, informou a população que para o baixar bastaria cortar nas gorduras e reformar a gestão do Estado. O PIB e a receita pouco ou nada sofreriam com isso. ERRADO.
Na altura já tínhamos consciência desta farsa política, porque ela escondia uma realidade matemática impossível de refutar. Não acreditámos nem um segundo no PSD.
Contudo, a oposição também não está a ser séria porque não diz o que fazer se deixarmos de ter a austeridade. Nós sabemos qual é a solução que eles querem implementar: a de Mário Soares, mas não têm coragem de o dizer.
Eis a resposta à pergunta:
De 2008 a 2011 recorremos ao Eurostat.
2012 é de acordo com o orçamento de estado para 2012
Daí para a frente a projeção é nossa.
A austeridade começa em 2011, e é a partir daí que tentamos perceber as tendências das curvas da receita e da despesa.
Usámos este pressuposto muito grosseiro: por cada redução de 2 mil milhões em despesa, o Estado perde mil milhões em receita. Relação de 2 para 1. Não sabemos se a relação é correta ou não, pode ser para mais ou para menos. Serve apenas para tentar perceber a tendência.
Percebe-se que a linha vermelha quer chegar próximo da linha azul, mas esta vai-lhe fugindo das mãos, e só se encontram lá mais para a frente (défice 0). Nesta projeção manipulámos os valores para que a linha vermelha se cruze com a azul nos 50 mil milhões, já que este valor nos parece razoável como limite máximo de despesa e de receita. Só assim é que a economia privada pode começar a respirar sem o sufoco do Estado.
Pelo caminho, o PIB sofre ano após ano, a tal "espiral recessiva" que o PSD esqueceu-se de referir e que dará a vitória ao PS nas próximas legislativas.
A única maneira de contrariar esta horrível tendência é haver em Portugal mais Investimento, que está lá em cima na fórmula do PIB. Há economistas que apelidam esta parcela de "Formação Bruta de Capital", caso encontrem esse chavão por aí.
Mas para haver investimento precisamos que outros confiem em nós, e a única forma de confiarem é saberem que não somos mentirosos. Outra coisa que ajuda é termos leis sensatas e um Estado que não puxe mais do que 30%-35% do PIB em impostos (em 2011 foi 44%, segundo o eurostat) e que tenha um défice muito pequenino que não exija endividamento.
Não é termos mais licenciados nem mais universidades. Na União Soviética eram todos licenciados em qualquer coisa. É preciso seriedade e trabalho, o resto aparece.
Tiago Mestre
A parceria Super Mario Bros não está a funcionar
A propósito da parceria entre Mario & Mario, que acreditávamos estar na iminência de acontecer há uma semana, parece que a nossa espectativa foi longe de mais e a aposta saiu errada.
Mario Draghi deixou o amigo à mercê da tempestade política.
A liberdade só se perde uma vez
Sugerimos a leitura deste artigo publicado no Testosterone Pit, onde se releva a esquizofrenia e o gosto pela vertigem a que a Europa nos habituou e que nos quer fazer crer.
http://www.testosteronepit.com/home/2012/6/21/you-can-lose-freedom-only-once.html
Tiago Mestre
http://www.testosteronepit.com/home/2012/6/21/you-can-lose-freedom-only-once.html
Tiago Mestre
Helicóptero Ben e a União Soviética Europeia
Porque é que a planificação centralizada voltou a ser tão aplicada em todo o mundo?
Porque deve ser fascinante ter o poder de induzir e de manipular, vendo milhões de cidadãos a reagir em função das suas políticas.
Planificação centralizada é Poder, e Poder é testosterona, não tanto progesterona.
Ben Bernanke não ligou o helicóptero antes de ontem, e para agravar a situação, veio ontem uma agência (mais ou menos independente) cortar umas poucas de notações a vários bancos do planeta. Este corte obriga essas mesmas instituições a obterem capital (dinheiro fresco) para cobrir colaterais e garantias que se baseavam na notação X mas que agora é só Y.
É como termos a hipoteca de uma casa avaliada em 100 mil euros e esta garantir empréstimos que temos, mas agora dizem-nos que a cada só vale 80 mil, e para continuar a garantir as condições dos empréstimos temos que "arranjar" 20 mil euros para manter os empréstimos nas mesmas condições. É o chamado cash call. Boa sorte!
A planificação centralizada não é compatível com agências de rating que lançam notícias e avaliações a qualquer hora, contudo ninguém refuta as explicações dadas pelas agências para a queda de ratings. Pois...
Este tipo de liberdades concedidas a entidades privadas não é compatível com a tal planificação, e portanto é preciso sonegar e coarctar liberdades. E quem é que já se antecipou? A União Soviética Europeia, recorrendo à sua Duma em Bruxelas, sendo um dos responsáveis um proeminente eurodeputado português do CDP-PP (será o CDS um partido tendencialmente fascista? tal como o PCP é tendencialmente comunista?) Notícia aqui.
Pelos vistos só os libertários é que não vão na tentação do totalitarismo. Tudo o resto, na hora da aperto, resvala para a berma.
A manipulação centralizada de Ben teve ontem um revés. Como a dose ministrada não foi suficiente para induzir os junkies em "altas", estes revoltaram-se, inclusivé a malta das commodities:
Que grande mixórdia
Tiago Mestre
Porque deve ser fascinante ter o poder de induzir e de manipular, vendo milhões de cidadãos a reagir em função das suas políticas.
Planificação centralizada é Poder, e Poder é testosterona, não tanto progesterona.
Ben Bernanke não ligou o helicóptero antes de ontem, e para agravar a situação, veio ontem uma agência (mais ou menos independente) cortar umas poucas de notações a vários bancos do planeta. Este corte obriga essas mesmas instituições a obterem capital (dinheiro fresco) para cobrir colaterais e garantias que se baseavam na notação X mas que agora é só Y.
É como termos a hipoteca de uma casa avaliada em 100 mil euros e esta garantir empréstimos que temos, mas agora dizem-nos que a cada só vale 80 mil, e para continuar a garantir as condições dos empréstimos temos que "arranjar" 20 mil euros para manter os empréstimos nas mesmas condições. É o chamado cash call. Boa sorte!
A planificação centralizada não é compatível com agências de rating que lançam notícias e avaliações a qualquer hora, contudo ninguém refuta as explicações dadas pelas agências para a queda de ratings. Pois...
Este tipo de liberdades concedidas a entidades privadas não é compatível com a tal planificação, e portanto é preciso sonegar e coarctar liberdades. E quem é que já se antecipou? A União Soviética Europeia, recorrendo à sua Duma em Bruxelas, sendo um dos responsáveis um proeminente eurodeputado português do CDP-PP (será o CDS um partido tendencialmente fascista? tal como o PCP é tendencialmente comunista?) Notícia aqui.
Pelos vistos só os libertários é que não vão na tentação do totalitarismo. Tudo o resto, na hora da aperto, resvala para a berma.
A manipulação centralizada de Ben teve ontem um revés. Como a dose ministrada não foi suficiente para induzir os junkies em "altas", estes revoltaram-se, inclusivé a malta das commodities:
Que grande mixórdia
Tiago Mestre
21 de junho de 2012
Berlusconi inspira-se em Soares
Afinal já temos deste lado do Atlântico alguém influente que também ventila a ideia da Alemanha sair do €. Nada mais nada menos do que Berlusconi.
Quem não pertence ao grupo das rotativas deve sair do €
Cada vez mais ficamos com a ideia de que seria melhor imprimir desde já o que os políticos desejam.
Percebia-se num ápice e de forma clara que o € seria carne para canhão.
Uma debandada de capitais, corrida aos depósitos e consequente controlo estatal comporiam o ramalhete.
Um encontro rápido com a nossa verdade.
Tiago Mestre
Quem não pertence ao grupo das rotativas deve sair do €
Cada vez mais ficamos com a ideia de que seria melhor imprimir desde já o que os políticos desejam.
Percebia-se num ápice e de forma clara que o € seria carne para canhão.
Uma debandada de capitais, corrida aos depósitos e consequente controlo estatal comporiam o ramalhete.
Um encontro rápido com a nossa verdade.
Tiago Mestre
Extend and pretend
Com tudo o que se passou neste fim de semana e início de semana, e não foi pouco, parece-nos que as condições para que a política de extend and pretend está para ficar mais uns tempos.
Não sabemos até quando, porque este tipo de comportamentos costumam acabar com mega-eventos (revoluções, guerras, sei lá que mais), e desconhecemos que fenómenos específicos podem espoletar tais ocorrências. No que acreditamos é que TODOS os políticos estão envolvidos em dourar a pílula com medo do que possa acontecer e com isso amontoam os problemas até chegar o dia D.
Oxalá estivéssemos enganados e oxalá estivesse certo quem acreditava/esperaria que as condições estavam mais do que criadas para que algum país (Grécia) saísse do € no curto prazo.
Mesmo que o Syriza ganhasse na Grécia com maioria absoluta, acreditamos que a UE ajoelhar-se-ia perante o bluff monumental dos gregos e o status quo manter-se-ia.
E de facto nenhum líder político europeu atual sofreu a sério na sua vida pessoal para vir agora ter a coragem de aceitar as consequências das decisões difíceis. A malta é mole, não tem "tomates", e as "batalhas" que travou foram todas políticas, que não é mais do que um cenário de guerra para gente cobarde que vence na secretaria e que mente sem pudor aos seus acólitos.
Esta é uma das consequências de ter havido tantas décadas de paz e de se terem adiado sempre as decisões difíceis com medo das represálias políticas.
Obama, Monti e Lagarde pediram na cimeira do G20 que fossem utilizados todos os instrumentos financeiros no planeta para conter a crise financeira. Todos sabemos o que isso significa, e basta ler nas entrelinhas destas declarações para perceber que é o MEDO que manda nas decisões políticas de hoje.
Tiago Mestre
Não sabemos até quando, porque este tipo de comportamentos costumam acabar com mega-eventos (revoluções, guerras, sei lá que mais), e desconhecemos que fenómenos específicos podem espoletar tais ocorrências. No que acreditamos é que TODOS os políticos estão envolvidos em dourar a pílula com medo do que possa acontecer e com isso amontoam os problemas até chegar o dia D.
Oxalá estivéssemos enganados e oxalá estivesse certo quem acreditava/esperaria que as condições estavam mais do que criadas para que algum país (Grécia) saísse do € no curto prazo.
Mesmo que o Syriza ganhasse na Grécia com maioria absoluta, acreditamos que a UE ajoelhar-se-ia perante o bluff monumental dos gregos e o status quo manter-se-ia.
E de facto nenhum líder político europeu atual sofreu a sério na sua vida pessoal para vir agora ter a coragem de aceitar as consequências das decisões difíceis. A malta é mole, não tem "tomates", e as "batalhas" que travou foram todas políticas, que não é mais do que um cenário de guerra para gente cobarde que vence na secretaria e que mente sem pudor aos seus acólitos.
Esta é uma das consequências de ter havido tantas décadas de paz e de se terem adiado sempre as decisões difíceis com medo das represálias políticas.
Obama, Monti e Lagarde pediram na cimeira do G20 que fossem utilizados todos os instrumentos financeiros no planeta para conter a crise financeira. Todos sabemos o que isso significa, e basta ler nas entrelinhas destas declarações para perceber que é o MEDO que manda nas decisões políticas de hoje.
Tiago Mestre
20 de junho de 2012
Se a notícia é boa? Ótimo. Se a notícia é má? Melhor ainda (Parte 2)
Parece que as más notícias nos EUA não foram suficientes para que os colegas de Ben Bernanke se decidissem por uma nova ronda de estímulos.
Os mercados estavam literalmente suspensos à espera das palavras do Rei Ghob, e o que saiu soube a pouco, muito pouco.
De relevante, só mesmo o prolongamento da operação Twist. Será estendida até final de 2012.
Esta operação consiste na venda em mercado aberto de obrigações de curto prazo que o FED possui, comprando de seguida obrigações com maturidades maiores (de 6 a 30 anos). Desta forma meio ardilosa, o FED não aumenta o seu balanço quantitativamente, mas degrada-o qualitativamente, já que as obrigações de maturidades longas serão aquelas mais suscetíveis de perder valor numa eventual crise de dívida soberana a ocorrer na terra do Uncle Sam. Por outro lado, coloca os mercados de dívida a gerir sobretudo obrigações de curto prazo, mais arriscadas porque obriga a roll overs mais frequentes. São menos apetecíveis para os investidores de fixed income (fundos de pensões e outros fundos de longo prazo), mas como Ben não lhes deixa alternativa, lá terão que jogar no casino da volatilidade do curto prazo.
Com esta jogada Ben baixa as taxas de juro em todas as maturidades, o seu grande objetivo. Desta forma Obama pode continuar a ter défices de 10% do PIB, financiando-se a 10 anos com juros de 2%! Impor austeridade aos americanos com estas condições de financiamento? Só se fosse burro. Foi exatamente isto que os políticos gregos, portugueses e espanhóis fizeram durante 9 aninhos.
Ben, se a crise das dívidas soberanas chegar aos EUA (será só uma questão de tempo), depois não venhas com a conversa de que não sabias e que não fazias ideia nenhuma que isto poderia acontecer.
Quantitative easing e outras compras do género terão que esperar. São precisas mais más notícias para convencer o helicóptero Ben. Toca a trabalhar nelas.
Eis a Grande Manipulação em todo o seu esplendor.
Tiago Mestre
Os mercados estavam literalmente suspensos à espera das palavras do Rei Ghob, e o que saiu soube a pouco, muito pouco.
De relevante, só mesmo o prolongamento da operação Twist. Será estendida até final de 2012.
Esta operação consiste na venda em mercado aberto de obrigações de curto prazo que o FED possui, comprando de seguida obrigações com maturidades maiores (de 6 a 30 anos). Desta forma meio ardilosa, o FED não aumenta o seu balanço quantitativamente, mas degrada-o qualitativamente, já que as obrigações de maturidades longas serão aquelas mais suscetíveis de perder valor numa eventual crise de dívida soberana a ocorrer na terra do Uncle Sam. Por outro lado, coloca os mercados de dívida a gerir sobretudo obrigações de curto prazo, mais arriscadas porque obriga a roll overs mais frequentes. São menos apetecíveis para os investidores de fixed income (fundos de pensões e outros fundos de longo prazo), mas como Ben não lhes deixa alternativa, lá terão que jogar no casino da volatilidade do curto prazo.
Com esta jogada Ben baixa as taxas de juro em todas as maturidades, o seu grande objetivo. Desta forma Obama pode continuar a ter défices de 10% do PIB, financiando-se a 10 anos com juros de 2%! Impor austeridade aos americanos com estas condições de financiamento? Só se fosse burro. Foi exatamente isto que os políticos gregos, portugueses e espanhóis fizeram durante 9 aninhos.
Ben, se a crise das dívidas soberanas chegar aos EUA (será só uma questão de tempo), depois não venhas com a conversa de que não sabias e que não fazias ideia nenhuma que isto poderia acontecer.
Quantitative easing e outras compras do género terão que esperar. São precisas mais más notícias para convencer o helicóptero Ben. Toca a trabalhar nelas.
Eis a Grande Manipulação em todo o seu esplendor.
Tiago Mestre
Grécia já formou governo... minoritário!
Espreitámos no site news247 os nomes mais falados para a formação do governo a que Samaras presidirá.
Para as várias pastas aparecem uns nomes com muitas letras, mas Venizelos ou Kovelis, líderes dos partidos que aceitaram a coligação, nem vê-los.
Esta é mais uma originalidade da democracia grega: há apoio parlamentar maioritário, mas nem os líderes nem seus discípulos que suportam a maioria entram na formação do governo. Nunca tal ideia nos passaria pela cabeça, e no mínimo, cheira a esturro. Até pode entrar um discípulo ou outro, mas será certamente carne para canhão.
Em lado nenhum lemos que estes 2 senhores farão parte do governo, como é "costume" nas coligações que formam governo em países democráticos.
Sendo a democracia a arte do possível e sendo o próprio mecanismo democrático tão complexo e com tantas instituições à mistura, não admira que tenham sido os gregos a inventá-lo. É complexo demais para ser inventado pelos alemães, por exemplo. São muitas instituições a lutarem entre si, com permanentes conflitos de interesse, mas é tão só o melhor (menos mau) regime de governação que se conhece.
Aliás, reconhece-se ao cidadão grego Sólon a "criação" dos primórdios da democracia (em moldes muito diferentes dos atuais), mas já com uma arquitetura que se assemelha à de hoje. Sólon era poeta, um criativo, claro!
Há já uns tempos que tínhamos pensado sobre isto, e realmente ganha mais peso a ideia de que os gregos inventaram todas estas barreiras que a democracia exige para travar o ímpeto... dos próprios gregos e do seu comportamento bastante fervoroso no que toca à defesa dos seus ideais.
Esta história de uma coligação que apenas possui maioria parlamentar, e não governamental, parece mais uma forma ardilosa do PASOK dizer que sim ao governo mas ao mesmo tempo dizer que não. Tudo dependerá de como o resgate será renegociado com a troika. Se a renegociação for doce para a Grécia (o que duvidamos), Venizelos poderá sempre puxar dos galões. Se for amarga poderá dizer que aquelas condições não foram as que ele idealizou quando deu luz verde a Samaras para constituir governo, lançando as bases para voltar a fazer oposição e começar a resgatar alguns dos MUITOS eleitores que deve ter perdido para o Syriza.
É confusão a mais.
Merkel deve andar com uma dor de cabeça que nem pode.
Tiago Mestre
Para as várias pastas aparecem uns nomes com muitas letras, mas Venizelos ou Kovelis, líderes dos partidos que aceitaram a coligação, nem vê-los.
Esta é mais uma originalidade da democracia grega: há apoio parlamentar maioritário, mas nem os líderes nem seus discípulos que suportam a maioria entram na formação do governo. Nunca tal ideia nos passaria pela cabeça, e no mínimo, cheira a esturro. Até pode entrar um discípulo ou outro, mas será certamente carne para canhão.
Em lado nenhum lemos que estes 2 senhores farão parte do governo, como é "costume" nas coligações que formam governo em países democráticos.
Sendo a democracia a arte do possível e sendo o próprio mecanismo democrático tão complexo e com tantas instituições à mistura, não admira que tenham sido os gregos a inventá-lo. É complexo demais para ser inventado pelos alemães, por exemplo. São muitas instituições a lutarem entre si, com permanentes conflitos de interesse, mas é tão só o melhor (menos mau) regime de governação que se conhece.
Aliás, reconhece-se ao cidadão grego Sólon a "criação" dos primórdios da democracia (em moldes muito diferentes dos atuais), mas já com uma arquitetura que se assemelha à de hoje. Sólon era poeta, um criativo, claro!
Há já uns tempos que tínhamos pensado sobre isto, e realmente ganha mais peso a ideia de que os gregos inventaram todas estas barreiras que a democracia exige para travar o ímpeto... dos próprios gregos e do seu comportamento bastante fervoroso no que toca à defesa dos seus ideais.
Esta história de uma coligação que apenas possui maioria parlamentar, e não governamental, parece mais uma forma ardilosa do PASOK dizer que sim ao governo mas ao mesmo tempo dizer que não. Tudo dependerá de como o resgate será renegociado com a troika. Se a renegociação for doce para a Grécia (o que duvidamos), Venizelos poderá sempre puxar dos galões. Se for amarga poderá dizer que aquelas condições não foram as que ele idealizou quando deu luz verde a Samaras para constituir governo, lançando as bases para voltar a fazer oposição e começar a resgatar alguns dos MUITOS eleitores que deve ter perdido para o Syriza.
É confusão a mais.
Merkel deve andar com uma dor de cabeça que nem pode.
Tiago Mestre
"I love the smell of napalm in the morning"
Ouvimos de manhã na Antena1 que o Daily Telegraph anunciava uma aprovação pelos líderes europeus de um fundo de resgate com capacidade para 700 mil milhões de euros para adquirir diretamente obrigações italianas e espanholas no mercado secundário.
Não foi referido, mas pelo valor anunciado ficámos com a impressão de que o tal fundo só poderia ser o ESM. Mas este ainda não foi aprovado pelos parlamentos e necessita de 80 mil milhões de euros de capital próprio, dinheiro que ainda não foi entregue pelos Estados-membros. Estamos curiosos para ver como é que a Itália e a Espanha irão contribuir para a constituição deste fundo.
Ouvimos a notícia e ficámos na dúvida se seria mesmo verdade. Este tipo de rumores "oficiais" são mais da estirpe do FT Deutschland ou do Guardian, verdadeiros porta-vozes do bullshit político europeu. Como foi o Telegraph, enfim, aceitámos a informação como sendo verdadeira.
Veio à memória o que escrevemos num post anterior, em que a Merkel merecia um beijo caso não cedesse às pressões de Obama no G20. Aparentemente cedeu e portanto já não merece o beijo.
O dia foi passando e ao fim da tarde começaram a aparecer alguns desmentidos:
- Ouvimos na Antena 1 que a Comissão Europeia desconhecia a existência deste plano de resgate
- O 1º Ministro finlandês já veio dizer que recusa o uso do EFSF e do ESM para comprar dívida
E não tarda teremos alguém da Alemanha a referir que nada está decidido sobre essa matéria, e realmente não está. O ESM ainda não foi constituído, faltam as aprovações parlamentares, os 80 mil milhões ainda não existem, a Espanha e a Itália terão que "arranjar" o dinheiro, etc, etc.
Não sabemos se o Telegraph foi enganado pelas suas fontes, mas fica mal na fotografia ao publicar uma notícia de extrema importância que influencia a formação da opinião pública e dos mercados.
Tivemos o cuidado de ler a notícia na edição online do Telegraph e o jornalista não refere qual foi a informação concreta que as fontes lhe passaram. Fica apenas a ideia de que o jornalista inferiu pelo comunicado do G20, pelo otimismo de Cameron numa curta declaração e por mais alguma informação off the record, de que a aquisição de dívida espanhola e italiana seria uma realidade no curto prazo.
Parece-nos muita parra e pouca uva, mas a julgar pela queda das yields de Espanha e de Itália ontem e hoje, talvez os mercados de dívida saibam (ou acreditam saber) alguma coisa que agente ainda não sabe, ou nem querem que saibamos... já!
O tal cheiro a napalm logo pela manhã parece que acalmou um bocado a malta.
Tiago Mestre
Não foi referido, mas pelo valor anunciado ficámos com a impressão de que o tal fundo só poderia ser o ESM. Mas este ainda não foi aprovado pelos parlamentos e necessita de 80 mil milhões de euros de capital próprio, dinheiro que ainda não foi entregue pelos Estados-membros. Estamos curiosos para ver como é que a Itália e a Espanha irão contribuir para a constituição deste fundo.
Ouvimos a notícia e ficámos na dúvida se seria mesmo verdade. Este tipo de rumores "oficiais" são mais da estirpe do FT Deutschland ou do Guardian, verdadeiros porta-vozes do bullshit político europeu. Como foi o Telegraph, enfim, aceitámos a informação como sendo verdadeira.
Veio à memória o que escrevemos num post anterior, em que a Merkel merecia um beijo caso não cedesse às pressões de Obama no G20. Aparentemente cedeu e portanto já não merece o beijo.
O dia foi passando e ao fim da tarde começaram a aparecer alguns desmentidos:
- Ouvimos na Antena 1 que a Comissão Europeia desconhecia a existência deste plano de resgate
- O 1º Ministro finlandês já veio dizer que recusa o uso do EFSF e do ESM para comprar dívida
E não tarda teremos alguém da Alemanha a referir que nada está decidido sobre essa matéria, e realmente não está. O ESM ainda não foi constituído, faltam as aprovações parlamentares, os 80 mil milhões ainda não existem, a Espanha e a Itália terão que "arranjar" o dinheiro, etc, etc.
Não sabemos se o Telegraph foi enganado pelas suas fontes, mas fica mal na fotografia ao publicar uma notícia de extrema importância que influencia a formação da opinião pública e dos mercados.
Tivemos o cuidado de ler a notícia na edição online do Telegraph e o jornalista não refere qual foi a informação concreta que as fontes lhe passaram. Fica apenas a ideia de que o jornalista inferiu pelo comunicado do G20, pelo otimismo de Cameron numa curta declaração e por mais alguma informação off the record, de que a aquisição de dívida espanhola e italiana seria uma realidade no curto prazo.
Parece-nos muita parra e pouca uva, mas a julgar pela queda das yields de Espanha e de Itália ontem e hoje, talvez os mercados de dívida saibam (ou acreditam saber) alguma coisa que agente ainda não sabe, ou nem querem que saibamos... já!
O tal cheiro a napalm logo pela manhã parece que acalmou um bocado a malta.
Tiago Mestre
19 de junho de 2012
Se a notícia é boa? Ótimo. Se a notícia é má? Melhor ainda
Com a manipulação que corre hoje nos mercados mundiais, as más notícias podem ser sempre boas, dependendo da perspetiva.
Hoje soube-se que os dados do emprego nos EUA continuam a cavar, a cavar à procura da tão almejada recessão que corrigiria estruturalmente o problema do desemprego, mas Obama tenta contrariar a todo o custo.
Em condições "normais" de mercado, a malta estaria mais a preparar-se para vender ações do que para comprar.
Mas não, se há boas notícias.. ótimo; Se há más notícias... ótimo também, porque significa que a Reserva Federal prepara-se paraentrar manipular mais uma vez nos mercados. O desejo dos investidores desesperados para que o FED atue nos mercados é tal que, qualquer má notícia é uma excelente notícia.
E hoje a notícia dos novos empregos é má demais, but hey, também hoje se inicia uma reunião de 2 dias do Fed's Open Market Committe (FOMC), de onde poderão sair medidas adicionais de estímulos.
É assim que os mercados se manipulam, e foi assim que Ben Bernanke, com o seu ar académico, taciturno e impávido, conseguiu trazer o índice Dow Jones dos 7000 pontos em Fevereiro de 2009 para os atuais 12500, sem que nenhum indicador, repetimos, nenhum indicador, corrobore a efetiva retoma da economia. Foi tudo estímulos e esperança num futuro melhor, enganando novamente milhões de investidores, como tinha feito em 2005-2008 quando se referiu ao mundo que housing bubble? Qual housing bubble? Não há housing bubble nenhuma!
Contextualizando: Ben está para Obama como Greenspan está para Bush.
Ben foi discípulo de Greenspan, e se Greenspan se saiu lindamente com a mega manipulação das taxas de juro entre 2001-2004 após o rebentamento da bolha dot.com, porque é que com Ben seria diferente? Ben não percebeu que herdou o pico da bolha imobiliária em 2005, causada por Greenspan. A partir daí seria sempre a descer até 2008. Com a recessão a ser vivida em 2009, os investidores voltaram novamente a acreditar que o pior já tinha passado, a errada alocação de capital já tinha sido corrigida, e como em anteriores recessões, o timing para comprar era aquele. E assim foi, mas não correu como se esperava. Os fundamentos estavam errados, a alocação de capital manteve-se nos locais errados e a economia privada já não demonstrou fôlego para puxar pelas energias do Uncle Sam.
Hoje soube-se que os dados do emprego nos EUA continuam a cavar, a cavar à procura da tão almejada recessão que corrigiria estruturalmente o problema do desemprego, mas Obama tenta contrariar a todo o custo.
Em condições "normais" de mercado, a malta estaria mais a preparar-se para vender ações do que para comprar.
Mas não, se há boas notícias.. ótimo; Se há más notícias... ótimo também, porque significa que a Reserva Federal prepara-se para
E hoje a notícia dos novos empregos é má demais, but hey, também hoje se inicia uma reunião de 2 dias do Fed's Open Market Committe (FOMC), de onde poderão sair medidas adicionais de estímulos.
É assim que os mercados se manipulam, e foi assim que Ben Bernanke, com o seu ar académico, taciturno e impávido, conseguiu trazer o índice Dow Jones dos 7000 pontos em Fevereiro de 2009 para os atuais 12500, sem que nenhum indicador, repetimos, nenhum indicador, corrobore a efetiva retoma da economia. Foi tudo estímulos e esperança num futuro melhor, enganando novamente milhões de investidores, como tinha feito em 2005-2008 quando se referiu ao mundo que housing bubble? Qual housing bubble? Não há housing bubble nenhuma!
Contextualizando: Ben está para Obama como Greenspan está para Bush.
Ben foi discípulo de Greenspan, e se Greenspan se saiu lindamente com a mega manipulação das taxas de juro entre 2001-2004 após o rebentamento da bolha dot.com, porque é que com Ben seria diferente? Ben não percebeu que herdou o pico da bolha imobiliária em 2005, causada por Greenspan. A partir daí seria sempre a descer até 2008. Com a recessão a ser vivida em 2009, os investidores voltaram novamente a acreditar que o pior já tinha passado, a errada alocação de capital já tinha sido corrigida, e como em anteriores recessões, o timing para comprar era aquele. E assim foi, mas não correu como se esperava. Os fundamentos estavam errados, a alocação de capital manteve-se nos locais errados e a economia privada já não demonstrou fôlego para puxar pelas energias do Uncle Sam.
"Tiros ao lado" de Ben Bernanke
Tiago Mestre
Cuidado com a dívida alemã
Quando existe uma vontade e uma tenacidade à prova de bala dos líderes europeus em:
- Mutualizar dívida, quer seja Eurobonds, EFSF/ESM, TARGET2 - é tudo a mesma coisa;
- Esconder os podres de uns países realçando as coisas boas de outros;
- Atirar dinheiro bom em cima de dinheiro mau;
- Moral hazard às pazadas;
- Apontar cenários cor de rosa que depois não se confirmam;
- Adiar a redefinição do preço dos bens na posse dos bancos para mark to market;
- Querer pôr o BCE a salvar tudo e todos sem possuir riqueza para tal
- Manter a dívida pública líquida dos GIIPS em forte subida sem fim à vista
- Querer condicionar a notação emitida pelas agências de rating! Então os credores vão agora basear-se em quê? Nas press releases dos políticos? Mais se adensa a desconfiança.
- Subordinar os obrigações dos investidores privados às obrigações que passarão a ser detidas por uma qualquer instituição pública que tenha um acrónimo com 3 ou 4 letras.
O sentimento que tais políticas geram nos maiores investidores privados internacionais em dívida soberana é mais ou menos este:
O vivendi também deu destaque a este assunto, claro
Tiago Mestre
- Mutualizar dívida, quer seja Eurobonds, EFSF/ESM, TARGET2 - é tudo a mesma coisa;
- Esconder os podres de uns países realçando as coisas boas de outros;
- Atirar dinheiro bom em cima de dinheiro mau;
- Moral hazard às pazadas;
- Apontar cenários cor de rosa que depois não se confirmam;
- Adiar a redefinição do preço dos bens na posse dos bancos para mark to market;
- Querer pôr o BCE a salvar tudo e todos sem possuir riqueza para tal
- Manter a dívida pública líquida dos GIIPS em forte subida sem fim à vista
- Querer condicionar a notação emitida pelas agências de rating! Então os credores vão agora basear-se em quê? Nas press releases dos políticos? Mais se adensa a desconfiança.
- Subordinar os obrigações dos investidores privados às obrigações que passarão a ser detidas por uma qualquer instituição pública que tenha um acrónimo com 3 ou 4 letras.
O sentimento que tais políticas geram nos maiores investidores privados internacionais em dívida soberana é mais ou menos este:
O vivendi também deu destaque a este assunto, claro
Tiago Mestre
Mercado de obrigações soberanas: (Parte 2)
Em resposta ao comentário do Ricciardi no post anterior:
Ricciardi, fico satisfeito por comentares no Contas. Leio de vez em quando umas coisas tuas no Portugal Contemporâneo e trazes visões práticas das coisas, que eu muito prezo.
Estou de acordo contigo de que o BCE ir ao mercado secundário é uma fantochada, ineficaz, aumenta o balanço do BCE sem efeitos práticos e é ILEGAL pelo artigo 123º do Tratado de Lisboa.
Ir ao mercado primário é ilegal também, mas pelo menos afugentaria os bond vigilantes com as suas posições short (concordo contigo). Mas mesmo assim, o BCE não deve ir aos leilões primários porque:
- aumenta ainda mais o seu balanço, tornando-o ainda mais alavancado, já vai em 33x, equivalente ao de um banco totalmente especulador, tipo Wall Street.
- Promove inflação porque imprime pela calada, o que é imoral e cobarde (noções muito importantes para mim), descredibiliza o euro e o próprio BCE, até ninguém lhes reconhecer confiança nenhuma.
- Bastará reportar 5,5% que seja, em prejuízos nas Obrigações Soberanas e no LTRO que JÁ DETÊM, que o seu balanço torna-se imediatamente insolvente: só possui 85 mil milhões de capital/reservas.
O BCE É JÁ HOJE UMA INSTITUIÇÃO FALIDA, porque se aplicasse o Mark to Market em vez do Mark to Fantasy aos seus ativos, os 85 biliões não chegariam para compensar as perdas. Mas Draghi é que sabe.
Nas condições atuais, a Reserva Federal com o TARP, os QE, os SMP e o Twist já foi ultrapassada em ativos pelo BCE.
Imagina se o BCE se põe agora a comprar mais 300 ou 400 mil milhões de dívida espanhola e mais 600 ou 800 mil milhões de dívida italiana. O € será o próximo alvo a abater porque ninguém quererá ficar com euros quando se sabe que o BCE usa e abusa da sua moeda. O dólar já está a levar porrada no Oriente, com as transações diretas entre Japão e China, Rússia e Irão, Índia, etc, etc.
É esta a solução milagrosa que Mário Soares anda agora a pedinchar, esse grande estadista.
- Adia a correção do défice nos países que mais abusaram, em que Portugal se inclui, e isso é que é o pior de tudo. Se não fosse a austeridade exigida pela Alemanha continuaríamos a abusar até haver uma revolução no país. Os políticos não se contêm e para eles o céu é o limite.
Por mim a troika não deveria ter emprestado um cêntimo a Portugal. Obrigaria a corrigir o défice num espaço muito mais curto. Seria muito doloroso sem dúvida, muito caos iria haver sobretudo nas zonas urbanas, reconheço isso, mas o ajuste seria rápido e sem hipótese de contra-argumentar nem fazer polítiquice como andam agora os partidos de esquerda a fazer.
Se reparares, no 1ª quadrimestre Portugal aumentou a despesa face a 2011! Baixou as despesas primárias em 330 milhões (não foi mau) mas os juros aumentaram 600 ou 700 milhões. Lá se foi a austeridade pelo esgoto abaixo. Para atingir o défice de 4,5% em 2012, Vítor Gaspar está a contar com os cortes nos subsídios dos funcionários públicos e no aumento generalizado dos impostos. Esta trajetória é curta, não chega. Os impostos terão que descer para que a coleta não exceda 50 mil milhões e a economia privada respire, como já falámos aqui. Gaspar ainda anda hoje a aumentá-los.
É uma austeridade que nem chega a sê-lo, e pelo caminho desmotiva uma Nação inteira e dá espaço de manobra ao PS, ao BE e ao PCP para ganharem eleitorado, aniquilando as hipóteses de manter a austeridade no médio prazo.
Défice zero significa NÃO TER DE PEDIR MAIS EMPRESTADO AOS MERCADOS. Só assim é que eles voltarão a dar-nos credibilidade e quererão emprestar-nos dinheiro. Foi isso que Salazar fez, pagou as dívidas emitidas pela Monarquia, pela 1ª República e ficou com a faca e o queijo na mão. Te garanto que nessas condições muitos investidores quereriam cá meter dinheiro. Aliás, não foi por acaso que Portugal cresceu em média 7-8% ao ano na década de 60.
Teremos que ficar mais pobres hoje (deixar de viver do crédito insustentável) para termos a oportunidade de correr o risco de ficarmos mais ricos amanhã, ou seja, o consumo terá sempre que igualar a produção, e quanto mais depressa subirmos o valor da produção, menor terá que ser a redução no consumo (poder de compra).
É por isso que o regresso à agricultura e outras tendências sociais do género serão uma inevitabilidade. Teremos que trabalhar com o que temos e não com o que não temos. É lixado, mas tem mesmo que ser..
Tiago Mestre
Ricciardi, fico satisfeito por comentares no Contas. Leio de vez em quando umas coisas tuas no Portugal Contemporâneo e trazes visões práticas das coisas, que eu muito prezo.
Estou de acordo contigo de que o BCE ir ao mercado secundário é uma fantochada, ineficaz, aumenta o balanço do BCE sem efeitos práticos e é ILEGAL pelo artigo 123º do Tratado de Lisboa.
Ir ao mercado primário é ilegal também, mas pelo menos afugentaria os bond vigilantes com as suas posições short (concordo contigo). Mas mesmo assim, o BCE não deve ir aos leilões primários porque:
- aumenta ainda mais o seu balanço, tornando-o ainda mais alavancado, já vai em 33x, equivalente ao de um banco totalmente especulador, tipo Wall Street.
- Promove inflação porque imprime pela calada, o que é imoral e cobarde (noções muito importantes para mim), descredibiliza o euro e o próprio BCE, até ninguém lhes reconhecer confiança nenhuma.
- Bastará reportar 5,5% que seja, em prejuízos nas Obrigações Soberanas e no LTRO que JÁ DETÊM, que o seu balanço torna-se imediatamente insolvente: só possui 85 mil milhões de capital/reservas.
O BCE É JÁ HOJE UMA INSTITUIÇÃO FALIDA, porque se aplicasse o Mark to Market em vez do Mark to Fantasy aos seus ativos, os 85 biliões não chegariam para compensar as perdas. Mas Draghi é que sabe.
Nas condições atuais, a Reserva Federal com o TARP, os QE, os SMP e o Twist já foi ultrapassada em ativos pelo BCE.
Imagina se o BCE se põe agora a comprar mais 300 ou 400 mil milhões de dívida espanhola e mais 600 ou 800 mil milhões de dívida italiana. O € será o próximo alvo a abater porque ninguém quererá ficar com euros quando se sabe que o BCE usa e abusa da sua moeda. O dólar já está a levar porrada no Oriente, com as transações diretas entre Japão e China, Rússia e Irão, Índia, etc, etc.
É esta a solução milagrosa que Mário Soares anda agora a pedinchar, esse grande estadista.
- Adia a correção do défice nos países que mais abusaram, em que Portugal se inclui, e isso é que é o pior de tudo. Se não fosse a austeridade exigida pela Alemanha continuaríamos a abusar até haver uma revolução no país. Os políticos não se contêm e para eles o céu é o limite.
Por mim a troika não deveria ter emprestado um cêntimo a Portugal. Obrigaria a corrigir o défice num espaço muito mais curto. Seria muito doloroso sem dúvida, muito caos iria haver sobretudo nas zonas urbanas, reconheço isso, mas o ajuste seria rápido e sem hipótese de contra-argumentar nem fazer polítiquice como andam agora os partidos de esquerda a fazer.
Se reparares, no 1ª quadrimestre Portugal aumentou a despesa face a 2011! Baixou as despesas primárias em 330 milhões (não foi mau) mas os juros aumentaram 600 ou 700 milhões. Lá se foi a austeridade pelo esgoto abaixo. Para atingir o défice de 4,5% em 2012, Vítor Gaspar está a contar com os cortes nos subsídios dos funcionários públicos e no aumento generalizado dos impostos. Esta trajetória é curta, não chega. Os impostos terão que descer para que a coleta não exceda 50 mil milhões e a economia privada respire, como já falámos aqui. Gaspar ainda anda hoje a aumentá-los.
É uma austeridade que nem chega a sê-lo, e pelo caminho desmotiva uma Nação inteira e dá espaço de manobra ao PS, ao BE e ao PCP para ganharem eleitorado, aniquilando as hipóteses de manter a austeridade no médio prazo.
Défice zero significa NÃO TER DE PEDIR MAIS EMPRESTADO AOS MERCADOS. Só assim é que eles voltarão a dar-nos credibilidade e quererão emprestar-nos dinheiro. Foi isso que Salazar fez, pagou as dívidas emitidas pela Monarquia, pela 1ª República e ficou com a faca e o queijo na mão. Te garanto que nessas condições muitos investidores quereriam cá meter dinheiro. Aliás, não foi por acaso que Portugal cresceu em média 7-8% ao ano na década de 60.
Teremos que ficar mais pobres hoje (deixar de viver do crédito insustentável) para termos a oportunidade de correr o risco de ficarmos mais ricos amanhã, ou seja, o consumo terá sempre que igualar a produção, e quanto mais depressa subirmos o valor da produção, menor terá que ser a redução no consumo (poder de compra).
É por isso que o regresso à agricultura e outras tendências sociais do género serão uma inevitabilidade. Teremos que trabalhar com o que temos e não com o que não temos. É lixado, mas tem mesmo que ser..
Tiago Mestre
A notícia que não é notícia nenhuma
Já são os próprios jornalistas a "fabricar" notícias, tendo por base a esperança de que o BCE terá que intervir, custe o que custar.
Faz lembrar as declarações /press releases dos líderes europeus ao quererem que a realidade mude no sentido que lhes é favorável só porque insistem em ideias cor-de-rosa que em nada corroboram a realidade.
Neste fim de semana soubemos que Merkel esteve à conversa com Hollande. Sobre o conteúdo sabemos ZERO.
Press release: Foi uma conversa muito produtiva !!!
A ser produtiva teriam tido resultados, que seriam prontamente divulgados.
Não houve produtividade nenhuma nem conclusões nenhumas.
Escrutínio dos media acerca deste press release: ZERO"Come e cala-te", dizia a minha mãe quando eu tinha 5 anos.
Tiago Mestre
18 de junho de 2012
Mercado de obrigações soberanas: noções básicas
Ouvimos hoje no início do programa Olhos nos Olhos João Semedo dar um lamiré sobre os juros das dívidas soberanas. O homem meteu logo os pés pelas mãos, mas não nos espanta nada. O assunto é complexo. Daremos aqui uma breve explicação.
MERCADO DE OBRIGAÇÕES SOBERANAS
Exemplo:
1.Estado português coloca à venda num leilão uma obrigação com valor de 100€ e maturidade de 1 ano.
2. Os credores fazem as suas proposta com o juro que acham o adequado. O Estado quer pagar o MENOR juro possível e o credor quer receber o MAIOR juro possível. A lei da oferta e da procura gera o preço do dinheiro: o juro. Vamos pressupor que o juro acordado é de 5% ao ano.O devedor fica com a obrigação de repor o capital (100€) e o juro (5€) no prazo de 1 ano, ou seja: 105€
3. O credor pode ficar com a obrigação ou tentar vendê-la no mercado secundário (disto não temos certeza). O mercado secundário funciona como uma bolsa: o preço das obrigações pode subir ou descer em função da perceção de risco dos investidores. Desde que haja liquidez, a formação de preço é constante.
4. Se a perceção de risco sobe, haverá mais gente a querer vender e menos gente a querer comprar. A obrigação que foi colocada no mercado por um valor facial de 100€ pode começar a descer para 90, 80, 70€. 0€ é o limite. O contrário também ocorre. Uns perdem, outros ganham.
5. Contudo, os 5€ de juros que o Estado se comprometeu a pagar ao credor no leilão primário continua em vigor, transitando esse ressarcimento para o investidor que detêm agora a obrigação. Grosseiramente, é como se fosse uma espécie de dividendos das ações.
6. Se hoje adquirirmos uma determinada obrigação no mercado secundário por 50€ que valia na sua emissão em leilão 100€, o ressarcimento dos 5€ em juros corresponderão a uma yield de 10%. A yield duplica apenas e porque o preço da obrigação caiu para metade. É assim que vemos as yields subirem para 7%, 10%, 100% ou 1000%.
À medida que o preço vai caindo por escassez de procura ou excesso de oferta, as yields sobem sem parar. Foi assim em 2010 com a Grécia e a Irlanda, 2011 com Portugal e 2012 com Espanha e Itália.
Se estão com dúvidas ou se estamos a falhar nalgum ponto, não hesitem.
Tiago Mestre
MERCADO DE OBRIGAÇÕES SOBERANAS
Exemplo:
1.Estado português coloca à venda num leilão uma obrigação com valor de 100€ e maturidade de 1 ano.
2. Os credores fazem as suas proposta com o juro que acham o adequado. O Estado quer pagar o MENOR juro possível e o credor quer receber o MAIOR juro possível. A lei da oferta e da procura gera o preço do dinheiro: o juro. Vamos pressupor que o juro acordado é de 5% ao ano.O devedor fica com a obrigação de repor o capital (100€) e o juro (5€) no prazo de 1 ano, ou seja: 105€
3. O credor pode ficar com a obrigação ou tentar vendê-la no mercado secundário (disto não temos certeza). O mercado secundário funciona como uma bolsa: o preço das obrigações pode subir ou descer em função da perceção de risco dos investidores. Desde que haja liquidez, a formação de preço é constante.
4. Se a perceção de risco sobe, haverá mais gente a querer vender e menos gente a querer comprar. A obrigação que foi colocada no mercado por um valor facial de 100€ pode começar a descer para 90, 80, 70€. 0€ é o limite. O contrário também ocorre. Uns perdem, outros ganham.
5. Contudo, os 5€ de juros que o Estado se comprometeu a pagar ao credor no leilão primário continua em vigor, transitando esse ressarcimento para o investidor que detêm agora a obrigação. Grosseiramente, é como se fosse uma espécie de dividendos das ações.
6. Se hoje adquirirmos uma determinada obrigação no mercado secundário por 50€ que valia na sua emissão em leilão 100€, o ressarcimento dos 5€ em juros corresponderão a uma yield de 10%. A yield duplica apenas e porque o preço da obrigação caiu para metade. É assim que vemos as yields subirem para 7%, 10%, 100% ou 1000%.
À medida que o preço vai caindo por escassez de procura ou excesso de oferta, as yields sobem sem parar. Foi assim em 2010 com a Grécia e a Irlanda, 2011 com Portugal e 2012 com Espanha e Itália.
Preço [€] | Yield [%] |
100 | 5 |
80 | 6,25 |
66,67 | 7,5 |
50 | 10 |
25 | 20 |
12,5 | 40 |
6,25 | 80 |
3,125 | 160 |
1,5625 | 320 |
0,78125 | 640 |
Se estão com dúvidas ou se estamos a falhar nalgum ponto, não hesitem.
Tiago Mestre
Deus ex machina (Parte 3)
Vimos hoje nos canais televisivos que o número de portugueses que auferem o salário mínimo duplicou em 4 anos.
Se em 2007 quem auferia esta remuneração representava 5,5% da população ativa, 2011 fechou em 10,9%.
Com este indicador se percebe que está em marcha em Portugal uma redução efetiva dos salários. Esta constatação corrobora as nossas convicções que já expressámos aqui e aqui.
Não nos agrada nada esta evidência, mas não nos surpreende.
Se os salários e o nível geral do emprego foram inflacionados de forma generalizada durante pelo menos uma década com recurso a crédito massivo (30 mil milhões € / ano), ocorreu uma descolagem dos salários face aos níveis de produtividade.
Foi pura demagogia o que os políticos andaram a dizer que não é com salários baixos que a economia vai lá. Se a economia cresce, os salários e os empregos sobem. Mas o contrário também é verdade.
Mas a economia só cresceu na última década (0,6% / ano) devido à injeção massiva de crédito. A produtividade já andava cá por baixo, e surgiram novos países que apresentaram custos de produção tão baixos que não havia produtividade nossa que valesse.
Os salários continuarão a baixar, quer queiramos quer não. E o desemprego continuará a crescer porque o salário mínimo é uma barreira natural a empregos menos bem remunerados. Ou 485€, ou nada!
Tiago Mestre
Se em 2007 quem auferia esta remuneração representava 5,5% da população ativa, 2011 fechou em 10,9%.
Com este indicador se percebe que está em marcha em Portugal uma redução efetiva dos salários. Esta constatação corrobora as nossas convicções que já expressámos aqui e aqui.
Não nos agrada nada esta evidência, mas não nos surpreende.
Se os salários e o nível geral do emprego foram inflacionados de forma generalizada durante pelo menos uma década com recurso a crédito massivo (30 mil milhões € / ano), ocorreu uma descolagem dos salários face aos níveis de produtividade.
Foi pura demagogia o que os políticos andaram a dizer que não é com salários baixos que a economia vai lá. Se a economia cresce, os salários e os empregos sobem. Mas o contrário também é verdade.
Mas a economia só cresceu na última década (0,6% / ano) devido à injeção massiva de crédito. A produtividade já andava cá por baixo, e surgiram novos países que apresentaram custos de produção tão baixos que não havia produtividade nossa que valesse.
Os salários continuarão a baixar, quer queiramos quer não. E o desemprego continuará a crescer porque o salário mínimo é uma barreira natural a empregos menos bem remunerados. Ou 485€, ou nada!
Tiago Mestre
Espanha e Itália são a questão. A Grécia acrescenta ruído, o que não ajuda nada
As ações do Bankia perderam hoje 9% e as obrigações espanholas a 10 anos entraram bem dentro da casa dos 7%, estando tão confortáveis lá dentro que parece haver alguma dificuldade em quererem sair de lá.
Mesmo com a Força Aérea da finança mundial a prometer aniquilar o "inimigo" no final da semana passada, as hipóteses colocadas aos investidores são péssimas, sobretudo em Espanha. O cheiro a napalm apenas aliviou a tensão do pessoal na sexta-feira.
Ao fim de uma semana, as condições do resgate europeu ao setor bancário espanhol ainda não são sequer conhecidas! Apenas se sabe que quem possui obrigações espanholas ficará subordinado (na fila de espera) em relação aos novos detentores de obrigações (FMI, BCE, ESM,etc). Como já referimos no passado, ninguém quer ficar na fila de espera.
Este compasso de espera na apresentação dos "detalhes" faz-nos lembrar a cimeira europeia de 22 de Julho do ano passado, em que os líderes aprovaram um 2º resgate à Grécia apenas e só com a intenção de acalmar a malta. E realmente acalmou, mas durante uma semana. Percebeu-se depois que tudo não passou de um expediente para o pessoal político ir de férias descansado, já que os "detalhes" do resgate só seriam discutidos em Setembro !!!. ERRADO. 5 dias depois terminavam as tão merecidas férias e a 1 de Agosto a ira tomava conta dos investidores.
Mas pior do que haver resgate à banca espanhola é simplesmente não haver resgate nenhum. Este era o cenário há apenas semana e meia. Já aí ninguém acreditava na salvação dos bancos por via de injeção de capital privado.
A coisa estala, ou por um lado ou pelo outro. O bluff dos gregos certamente que não ajuda à festa, mas parece-nos uma questão lateral.
Há hoje um reconhecimento generalizado nos investidores mundiais que a Espanha portou-se muito mal na criação da bolha imobiliária. A bolha durou até muito tarde, e por se ter adiado sistematicamente, ela cresceu, cresceu, engolindo instituição a instituição, região a região, até ter chegado ao Estado. Quando rebentasse seria a valer.
E quando este problema extravasa o setor bancário para se ramificar no setor público e nos cidadãos, ganha uma dimensão que neutraliza os mecanismos que a Europa tem ao seu dispor. Querer forçar um resgate "completo" a Espanha acabará por arrastar os restantes países do Euro, sendo a Itália a próxima na fila de espera.
Face ao agigantamento dos problemas que os políticos têm hoje em mãos, querer resgatar a Espanha e pelo caminho engolir a Itália é tão mau ou pior que não fazer nada.
É este o terrível dilema que os investidores mais atentos já perceberam há pelo menos 2 semanas, quando a elite política ainda discute hoje o sexo dos anjos.
Quem tem dinheiro investido ou gere dinheiros dos seus clientes só pode tomar uma decisão responsável: RUN AND HIDE.
Tiago Mestre
Mesmo com a Força Aérea da finança mundial a prometer aniquilar o "inimigo" no final da semana passada, as hipóteses colocadas aos investidores são péssimas, sobretudo em Espanha. O cheiro a napalm apenas aliviou a tensão do pessoal na sexta-feira.
Ao fim de uma semana, as condições do resgate europeu ao setor bancário espanhol ainda não são sequer conhecidas! Apenas se sabe que quem possui obrigações espanholas ficará subordinado (na fila de espera) em relação aos novos detentores de obrigações (FMI, BCE, ESM,etc). Como já referimos no passado, ninguém quer ficar na fila de espera.
Este compasso de espera na apresentação dos "detalhes" faz-nos lembrar a cimeira europeia de 22 de Julho do ano passado, em que os líderes aprovaram um 2º resgate à Grécia apenas e só com a intenção de acalmar a malta. E realmente acalmou, mas durante uma semana. Percebeu-se depois que tudo não passou de um expediente para o pessoal político ir de férias descansado, já que os "detalhes" do resgate só seriam discutidos em Setembro !!!. ERRADO. 5 dias depois terminavam as tão merecidas férias e a 1 de Agosto a ira tomava conta dos investidores.
Mas pior do que haver resgate à banca espanhola é simplesmente não haver resgate nenhum. Este era o cenário há apenas semana e meia. Já aí ninguém acreditava na salvação dos bancos por via de injeção de capital privado.
A coisa estala, ou por um lado ou pelo outro. O bluff dos gregos certamente que não ajuda à festa, mas parece-nos uma questão lateral.
Há hoje um reconhecimento generalizado nos investidores mundiais que a Espanha portou-se muito mal na criação da bolha imobiliária. A bolha durou até muito tarde, e por se ter adiado sistematicamente, ela cresceu, cresceu, engolindo instituição a instituição, região a região, até ter chegado ao Estado. Quando rebentasse seria a valer.
E quando este problema extravasa o setor bancário para se ramificar no setor público e nos cidadãos, ganha uma dimensão que neutraliza os mecanismos que a Europa tem ao seu dispor. Querer forçar um resgate "completo" a Espanha acabará por arrastar os restantes países do Euro, sendo a Itália a próxima na fila de espera.
Face ao agigantamento dos problemas que os políticos têm hoje em mãos, querer resgatar a Espanha e pelo caminho engolir a Itália é tão mau ou pior que não fazer nada.
É este o terrível dilema que os investidores mais atentos já perceberam há pelo menos 2 semanas, quando a elite política ainda discute hoje o sexo dos anjos.
Quem tem dinheiro investido ou gere dinheiros dos seus clientes só pode tomar uma decisão responsável: RUN AND HIDE.
Tiago Mestre
Fazer política de mão estendida deve ser humilhante, achamos nós!
Mais uma cimeira Gxx perdida
Com esta do PASOK não querer formar coligação com a Nova Democracia para governar é que o pessoal não estava à espera.
A formação de um governo minoritário na Grécia é uma mão cheia de nada. Será que a Nova Democracia aceitará? Tudo isto irá demorar tempo até que o NÃO final surja e se convoquem novas eleições.
Mas com aqueles políticos não se podem fazer prognósticos. São demasiado manhosos e imprevisíveis para tentarmos entrar nas suas cabeças.
Esta dúvida que paira no ar bloqueará certamente quaisquer intenções de "resolver" a crise durante a cimeira do G20. As propostas em cima da mesa terão todas um grande "se", tornando-a, à semelhança de muitas outras, um encontro de gente simpática, bem intencionada, mas que não dispensará um belo jogo de futebol que estiver a passar na televisão à hora das reuniões.
Tiago Mestre
A formação de um governo minoritário na Grécia é uma mão cheia de nada. Será que a Nova Democracia aceitará? Tudo isto irá demorar tempo até que o NÃO final surja e se convoquem novas eleições.
Mas com aqueles políticos não se podem fazer prognósticos. São demasiado manhosos e imprevisíveis para tentarmos entrar nas suas cabeças.
Esta dúvida que paira no ar bloqueará certamente quaisquer intenções de "resolver" a crise durante a cimeira do G20. As propostas em cima da mesa terão todas um grande "se", tornando-a, à semelhança de muitas outras, um encontro de gente simpática, bem intencionada, mas que não dispensará um belo jogo de futebol que estiver a passar na televisão à hora das reuniões.
Tiago Mestre
Nós preferíamos que a Grécia saísse do Euro... mesmo que já seja tarde demais!
Vitória nº1 do Status Quo: Syriza PERDE as eleições e Nova Democracia e PASOK juntos obtêm maioria absoluta. Seria muiiito curioso ver estes 2 partidos que trouxeram a Grécia para aquilo que ela é hoje: um grande país falido, formarem governo juntos.
Derrota nº1 do Status Quo: PASOK só entra na coligação se o Syriza entrar. Syriza nega a sua vontade em participar na coligação. Nada como uma boa jogada de bluff para começar a semana.
Nova Democracia, esse grande partido que participou na derrocada da Grécia como país soberano na última década, vê-se talvez na situação de formar governo minoritário. Parece-nos quase surreal, mas enfim.
Já lemos algures que está na forja um terceiro ato eleitoral.
O Euro foi uma grande armadilha para os países tradicionalmente menos disciplinados e economicamente pouco fortes como Portugal.
Mas a Grécia foi o cúmulo da loucura e da extravagância financeira. O desastre e o adiamento das decisões difíceis levou o país para esta encruzilhada:
O estado atual é já muito mau, mas é preferível tentar segurar o que de bom ainda tem, do que perdê-lo desde já ao entrar para algo ainda mais desconhecido.
Pedir ao povo para decidir com estes pratos na balança é infame.
E a democracia? Só existe na forma através destes atos eleitorais. A substância já lá não está.
Não esqueçamos que foi o Euro e as suas instituições burocráticas que durante 9 aninhos permitiram aos desregrados políticos gregos endividarem a Nação com crédito a 10 anos e um juro de 4%.
O erro gigantesco e bastante prolongado do cálculo do risco por parte dos credores esteve na origem desta bebedeira financeira em que os políticos gregos embarcaram e que levaram o endividamento para um patamar irreversível.
E quando todos acordaram e fizeram umas contas, o tapete foi tirado em 2010 de uma só vez. Os juros duplicaram, triplicaram, quadruplicaram e com estas taxas, pagar esses mesmos juros tornou-se uma tarefa não exequível.
Parabéns ao Euro e a UE por ter permitido que países ocidentais, economicamente razoáveis, se tornassem totalmente falidos, e como se não bastasse, peça agora às suas populações que decidam se querem sair dele, colocando o país num patamar de quase auto-destruição, ou se querem continuar amarradas a uma moeda que não lhes serve.
Não temos nada contra o €, mas quando o casaco não serve, não serve, ponto final.
Tiago Mestre
Derrota nº1 do Status Quo: PASOK só entra na coligação se o Syriza entrar. Syriza nega a sua vontade em participar na coligação. Nada como uma boa jogada de bluff para começar a semana.
Nova Democracia, esse grande partido que participou na derrocada da Grécia como país soberano na última década, vê-se talvez na situação de formar governo minoritário. Parece-nos quase surreal, mas enfim.
Já lemos algures que está na forja um terceiro ato eleitoral.
O Euro foi uma grande armadilha para os países tradicionalmente menos disciplinados e economicamente pouco fortes como Portugal.
Mas a Grécia foi o cúmulo da loucura e da extravagância financeira. O desastre e o adiamento das decisões difíceis levou o país para esta encruzilhada:
O estado atual é já muito mau, mas é preferível tentar segurar o que de bom ainda tem, do que perdê-lo desde já ao entrar para algo ainda mais desconhecido.
Pedir ao povo para decidir com estes pratos na balança é infame.
E a democracia? Só existe na forma através destes atos eleitorais. A substância já lá não está.
Não esqueçamos que foi o Euro e as suas instituições burocráticas que durante 9 aninhos permitiram aos desregrados políticos gregos endividarem a Nação com crédito a 10 anos e um juro de 4%.
O erro gigantesco e bastante prolongado do cálculo do risco por parte dos credores esteve na origem desta bebedeira financeira em que os políticos gregos embarcaram e que levaram o endividamento para um patamar irreversível.
E quando todos acordaram e fizeram umas contas, o tapete foi tirado em 2010 de uma só vez. Os juros duplicaram, triplicaram, quadruplicaram e com estas taxas, pagar esses mesmos juros tornou-se uma tarefa não exequível.
Parabéns ao Euro e a UE por ter permitido que países ocidentais, economicamente razoáveis, se tornassem totalmente falidos, e como se não bastasse, peça agora às suas populações que decidam se querem sair dele, colocando o país num patamar de quase auto-destruição, ou se querem continuar amarradas a uma moeda que não lhes serve.
Não temos nada contra o €, mas quando o casaco não serve, não serve, ponto final.
Tiago Mestre
16 de junho de 2012
Ai que tou cheio de medo
Status quo mundial está literalmente borrado de medo com o dia de amanhã.
Nesta altura de dificuldade, dava um jeitão se pudéssemos suspender a democracia por 6 meses.
Ai, já me ia esquecendo que somos todos muito democratas.
Tiago Mestre
Nesta altura de dificuldade, dava um jeitão se pudéssemos suspender a democracia por 6 meses.
Ai, já me ia esquecendo que somos todos muito democratas.
Tiago Mestre
Charles Biderman ajuda-nos a perceber o que se está a passar
Charles Biderman deixa-nos novamente duas sínteses que nos ajudam a navegar pelas toneladas de lixo informativo que os media mundiais impingem diariamente.
Não se deixem desconcentrar pelos padrões das camisas!
Não se deixem desconcentrar pelos padrões das camisas!
How to Benefit from Global Financial Mess
Central Banks Can't Solve The Problem, They Are The Problem
Tiago Mestre
Subscrever:
Mensagens (Atom)