29 de maio de 2012

Instituições bancárias cobram muito mais em comissões e spreads

A propósito da polémica decisão do Tribunal de Portalegre que foi amplamente debatida aqui no Contas, escrevemos algumas das potenciais consequência indiretas deste tipo de decisões, e uma delas foi esta:

3. A decisão é perigosa porque os bancos credores terão que se adaptar à potencial barragem de créditos delinquentes e imóveis que lhes espera, adoptando estratégias de sobrevivência como a subida de spreads a toda a gente ou a inserção de novas taxas de "gestão de conta" e demais extravagâncias administrativas. Paga o cumpridor pelo prevaricador.

Pois ficámos hoje a saber pelo Banco de Portugal que os bancos em 2011 subiram os spreads e as comissões em percentagens quase obscenas. Sugerimos a leitura do artigo do jornal de negócios para se perceber a extravagância destas ações.

Mas isto não fica por aqui porque uma das consequências indiretas que não vislumbrámos quando escrevemos o artigo é que já está em marcha um afã legislador de todos os partidos políticos em "ajudar" as famílias e as pessoas em situação financeira mais complicada através de mecanismos de moratórias, dações, e outras extravagâncias.
Isto representará perdas diretas para o banco, e este, para sobreviver, tentará angariar mais receitas para compensar. E aonde? Às tais comissões e aos spreads, ou seja, aos cidadãos que são cumpridores e que nada têm a ver com esta história do sobre-endividamento. O tal moral hazard à portuguesa.

Do PCP ao CDS, todos querem aliviar o fardo das famílias, exigindo menos a estas e, pela calada, mais aos bancos.

Até já ouvimos do lado do PCP a vontade em legislar a interrupção do pagamento do empréstimo da casa por um tempo determinado até a pessoa estabilizar a sua condição profissional.

Então mas se o banco não recebe o dinheiro da prestação mensalmente, como poderá ele pagar à entidade que lhe emprestou o dinheiro?

Com toda esta leviandade política bem demonstrada e havendo acordo de maioria, certamente que os bancos voltarão a subir as comissões e os spreads para se tentarem proteger do que aí vem!

Julgavam que os bancos assumiriam as perdas e não as imputariam aos clientes? Os banqueiros nunca foram ingénuos.

Tiago Mestre

3 comentários:

Filipe Silva disse...

OS Bancos de parvos não tem nada, gostam é de fazer dos clientes parvos.

Os Bancos ao começarem com essas coisas de aumentarem muito as comissões e companhia, vão correr o risco de perderem depósitos, porque?

Bem a percepção de que os Bancos são sólidos está a ser alterada aos olhos dos depositantes, apesar de em Portugal os depósitos terem aumentado (pela diminuição dos certificados do tesouro), se continuarem com estas práticas este movimento vai se inflectir.

Os bancos como todos os negócios repercutem no consumidor final os seus custos, dado que tem uma função um pouco mais importante do que outros negócios, deveriam ter outro tipo de atitude.

O clientes/depositantes não tem culpa de estes terem se financiado a curto prazo para emprestarem a longo prazo, não deveriam ser estes os especialistas? então porque emprestaram da forma que emprestaram? spreads de 0%, financiamentos a tudo o que mexia, etc...
O entrar em incumprimento não é assim tão pera doce como muitos fazem crer, é um pesadelo, a justiça é muito lenta, as leis são altamente lesivas para o devedor e credor, ganhando com isso o intermediário, muita corrupção e burla nestes meandros.

Muito do incumprimento é de responsabilidade directa e indirecta do Estado, e isto ainda começou, estimo que a partir de setembro o incumprimento dispare, o confisco fiscal tem destas coisas, não vão resolver o problemas das contas publicas e vao criar um problema de incumprimento privado

Tiago Mestre disse...

Filipe, antes do incumprimento massivo no privado teremos ainda:

1. legislação a perdoar e a adiar quem está em pior condição;

2. Euribor em valores muito baixos, o que tb ajuda a adiar;

3. Depósitos em máximos dos últimos anos, o que tb ajuda a adiar

Os bancos já perceberam que a banda continuará a tocar ainda por uns tempos, mesmo com o barco a afundar. Eles não irão esperar para ver o resultado, querem saltar já para o bote e cada um que se desenrasque..

Os políticos ao meterem-se no caminho com mais legislação em que beneficiam uns às claras prejudicando outros às escuras só adensará a complexidade e a injustiça de todo o sistema.

Talvez fosse esta a melhor (menos má) altura para sair do euro, já que os bancos estão com algum dinheiro, reforçaram o TIER1, há a promessa de mais dinheiro chegar por via do EFSF e aos olhos dos credores internacionais estamos a fazer alguns esforços para tentar equilibrar as contas públicas.

Qd as pessoas perderem a confiança nos bancos e começarem a sacar o dinheiro, ui, ui, qualquer mudança brusca será sempre acompanhada de caos

Vivendi disse...

O Ricardo Salgado ainda sonha com aeroportos e tgvs...

Deixai-vos quietos!