20 de maio de 2012

Alguém se lembrou do Plano Marshall e agora todos o querem

Caros leitores e leitoras, mas quem não gosta de um bom plano Marshall?, em que mais dinheiro sob a forma de dívida é injetado nas economias para que elas não "decrescam" e continuem a subir até à estratosfera?

Hoje foi um ilustre do PSD, Jorge Moreira da Silva, a incentivar os caloiros da JSD a acreditarem na ideia de que um Plano tipo Marshall é do que a Europa precisa.

Do que a Europa precisa é de um Plano anti-Marshall, através da redução progressiva da presença do Estado na economia, redução do stock de dívidas e dos créditos que se julga "estimularem" a atividade privada, quando promovem exatamente o contrário, aumento das taxas de juro para que os aforradores, esses sim, catalisadores do investimento e da riqueza, possam "ganhar" dinheiro em ter o dinheiro parado no banco e ajudar quem quer vencer mas não tem o dinheiro.

Pelo meio, os bancos de investimento terão que sofrer pesados prejuízos e muitas falências. Quem depositou dinheiro nestes bancos tem duas opções: ou o retira/transfere, ou o perde. Não há riqueza escondida que possa ser usada para liquidar os prejuízos destas instituições e manter o status quo como se nada tivesse passado.

A economia tem que sofrer uma grande ressaca, claro: está drogada por este dinheiro virtual.
Mas como nenhum político quer avisar as populações do que se está a passar e que se devem preparar para o que aí vem, nada como ir injetando estes bombons semânticos e agradáveis ao ouvido.

O Plano Marshall foi concebido depois de uma guerra que destruiu a Europa, exatamente para a reconstruir. Os EUA financiaram o plano porque podiam: eram o maior credor mundial, exportavam muito mais do que importavam e a agricultura e a indústria produziam bens que o planeta precisava a preços que ninguém conseguia acompanhar.

Quem quer um plano Marshall hoje deveria primeiro pensar em arranjar uma guerra, daquelas que deixa um continente de rastos e depois um país suficientemente rico que nos financiasse a reconstrução.

Este é um exercício mental que apelidamos de indecoroso, desadequado da realidade e historicamente ignorante.

Tiago Mestre

3 comentários:

Vivendi disse...

Um plano económico à Salazar! É que vinha a calhar.

Tiago, estás disposto a fazer esse levantamento? Saber como é que foi feito a coisa. Vamos construir um artigo conjunto e expor à sociedade?

Que dizes?

Um abraço.

Tiago Mestre disse...

Vivendi, queria ganhar coragem e tratar da Argentina, desafio que me fizeste há 2 semanas.

Sobre o plano de Salazar, deixa-me pensar.
Estavas a pensar sobre a década de 40?
ou de 30?

Vivendi disse...

Todas as décadas até Marcelo Caetano. Pois todas as décadas tiveram ciclos diferentes mas a estabilidade e a linha foi sempre a mesma.

Aí que seja interessante revisitar cada momento e tempo e demonstrar aos leitores o que havia por trás. Qual a inspiração económica, o que nunca se abdicava de cumprir e que erros não se cometiam.


Tens a minha ajuda se precisares de alguma coisa. Conta com os quadros que tens no meu blog.

Um desafio e tanto para os leitores.


O caso da Argentina está a perder dinâmica, já está agora a entrar em processo de declínio pois estão a ser cometidos erros graves na governação.

O ex-presidente do Banco Central do Uruguai Juan Carlos Protasi considerou que "a Argentina está caminhando em direção a uma crise", afirmou, em declarações ao jornal El País, acrescentando que, atualmente, o Banco Central da Argentina "está autorizado a expandir a quantidade de dinheiro para tudo o que desejar", motivo pelo qual "as pessoas já percebem que os pesos não têm o respaldo que [outrora] tiveram".

http://noticias.bol.uol.com.br/internacional/2012/04/22/especialistas-uruguaios-preveem-crise-economica-na-argentina.jhtm