3 de maio de 2012

Podemos aprender com o Estado Novo? Ou ainda é tabu? (Parte 1)

Caros leitores e leitoras, com esta série de posts pretendemos dar a conhecer o pensamento dominante de António Oliveira Salazar há precisamente 80 anos. Iremos publicar periodicamente excertos de um conjunto de entrevistas que Salazar concedeu ao então promissor jornalista António Ferro, decorriam os anos de 1932 e 1933. São abordados inúmeros assuntos da vida pública nacional, que posteriormente seriam publicados no Diário de Notícias.

"... o superavit e a política fiscal

- Há quem considere provocadora - digo com impertinência - a existência de um superavit de 150.000 contos numa hora que continua a ser difícil, em que se continuam pedindo à Nação pesados sacrifícios...
E Salazar, pegando na bomba sem receio de que ela lhe estale nas mãos:

- É a história do Velho, do Rapaz e do Burro... Se em vez do superavit, houvesse um défice, a indignação, claro está, seria contra o défice. Mas já agora sempre quero explicar-lhe a história desse superavit, que não tem a estabilidade que se julga, que não traduz permanente abundância, nem quer dizer que as receitas normais excedem as necessidades da Nação. O ano foi mau, e aí pelas alturas de Abril eu tive a percepção de que talvez tivesse de fechar as contas com um défice equivalente ao que se gastou, aproximadamente, com as revoluções da Madeira e de Lisboa. Continuei, por isso, a apertar aqui, a forçar acolá, até me encontrar com um superavit quase inesperado para mim próprio. Esse superavit não corresponde, portanto, ao rendimento normal da Nação, e pode até servir ainda  - o futuro a Deus pertence - para compensar um défice que seja impossível de evitar..."

Não só é interessante nestas entrevistas perceber as políticas de Salazar, como também o sentimento dos jornalistas e da população em geral através das perguntas e insinuações de António Ferro.

Tiago Mestre

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