22 de maio de 2012

O problema europeu nunca esteve contido, apenas se criou a ilusão de que estava!

Numa notícia da edição online do Expresso, a instituição internacional que responde por 450 instituições bancárias, o IIF, informou a comunidade internacional de que as perdas dos bancos espanhóis devido aos créditos delinquentes e à desvalorização das casas que estão "agarradas" aos empréstimos ascenderão aos 210 mil milhões de euros.

Vindo esta informação do organismo politicamente correto que é o IIF, podemos sempre amplificar este valor para mais de 300 ou 400 mil milhões de euros. 210 mil milhões é um valor por baixo para não assustar a malta!

Não esquecer que foi este organismo que levou os bancos credores da dívida grega a embarcar naquele perdão infame de dívida, já que os bancos que não entraram no acordo continuam a receber os pagamentos e não se prevê que lhes venha a acontecer coisa alguma.

Mas esta notícia é mais uma machadada na credibilidade da elite política europeia.

Fomos informados vezes sem conta desde janeiro de 2010 que primeiro não havia problema nenhum, que depois era só a Grécia, depois Irlanda e Portugal. Com estes 3 países "protegidos" de ataques externos dos malditos mercados, a Europa voltaria novamente a renascer e tudo estaria bem. Mas a verdade é que só a ponta do icebergue é que estava à mostra. Depois veio a Itália, a Bélgica, e agora é a vez da Espanha  expor as suas vulnerabilidades. Prejuízos imensos que toda a gente espera que seja o BCE a suportar.

Com as economias a afrouxarem, e para total desagrado dos políticos, o nível da água começou a baixar e a uma velocidade tal que não deu tempo à classe política para se preparar. Basicamente só tiveram tempo para mentir na tentativa de reanimar os investidores e fazê-los acreditar que os problemas eram poucos e as soluções mais do que suficientes.
O que foi feito foi sempre temporário e descoordenado com a realidade. Compreendemos a dificuldade da elite política em querer ir à procura da verdade e transmiti-la à população. Ninguém quer ser o mensageiro da catástrofe, e hoje, apesar de não a declararem, já não existem mensagens otimistas e agradáveis ao ouvido.

O nível da água continua hoje a baixar e não se vê fim à vista, ou seja, o icebergue é muito, mas mesmo muito maior do que se suporia.

Hoje a Europa está muito mais pobre, tanto economica como politicamente. O capital de confiança política que as populações acumularam durante anos esvaziou-se em 2 anos. Disse-se tudo, mas tudo, para que as populações acalmassem e os investidores não perdessem a credibilidade no euro.

Mas ao fim de 2 anos, BASTA, já não há declarações otimistas e inspiradoras. Pede-se às populações, em jeito de desespero, que acreditem que a Grécia é para continuar no Euro sem terem qualquer mecanismo que possa consubstanciar essa "vontade". Serão os gregos a dizer se querem ou não querem, é a vontade deles, e não a da Comissão Europeia ou da Alemanha. Pede-se que acreditem que as políticas de crescimento servirão para reanimar o mercado de trabalho, em particular o dos jovens. Pede-se, pede-se, mas a malta já não acede. Só se cai uma vez, à segunda só já cai quem quer. É a velha história do miúdo que pede ajuda ao amigo sem precisar, até ao dia em que precisa mesmo mas ele já lá não está.

As raízes da crise financeira e económica estão profundamente agarradas à terra, e não é com umas curas aqui e acolá que a árvore recupera. Os investidores já percebem hoje que o crescimento europeu de 20 e tal anos foi tudo insuflado com dinheiro pedido emprestado ao futuro. Esse futuro chegou e pedir mais dinheiro ao futuro que há-de-vir já não cola. O futuro (investidores) negou-se a aceitar esse risco.

Hoje ficámos a saber que a Espanha terá que "suportar" perdas bancárias que eclipsam os valores do resgate a Portugal.

E segundo o Público, os bancos gregos, via BCE e com recurso ao programa de empréstimos ELA, estão a receber dinheiro que os mantêm à tona de água por mais um dia.
São mais 100 mil milhões de euros que se pedem emprestados ao Bundesbank para suportar instituições gregas totalmente falidas.

Um dia esta "solidariedade" terá que acabar, nem que seja com a Alemanha a sair do euro e deixar o BCE à sua sorte.

Que mais faltará para reconhecerem as evidências?

Coragem Política

Tiago Mestre

1 comentário:

Vivendi disse...

É a P... da loucura!

A bola de neve não para de crescer.

Se os bancos não tem fecham-se e outros hão de aparecer.

O problema é que os governos já não devem ter guito para suportar as garantias bancárias a cada cidadão.

Este sistema financeiro está mais que podre mas a procissão ainda vai no adro.