11 de maio de 2012

Na hora de verdade... eles imprimem sempre, sempre!

Na hora da verdade, eles imprimem sempre...

Para mal dos nossos pecados, esta afirmação tem-se cumprido religiosamente, qual profecia bíblica.

A União Europeia, depois de uma sesta que durou 4 meses à base de LTRO, volta a estar no epicentro da tempestade com enormes dúvidas acerca da Grécia, Espanha, Itália e tudo quanto cheira mal.

E com esta nova pressão política europeia de retirar (alguma) austeridade a troco de um suposto (falso) crescimento é tanta que já temos a própria Alemanha a tergiversar, ou seja, já há declarações de gente a sugerir que realmente a inflação na Alemanha pode crescer um pouco mais a troco de mais impressão pelo BCE.

Temos que dar os parabéns ao sr. Hollande e ao partido grego Syriza por terem criado as condições para que a pressão junto dos alemães tivesse resultado. E aparentemente resultou.

Titubear desta maneira significa que os próprios alemães não sabem bem o que fazer, e pior que isso, têm medo de fazer o que deve ser feito. Tanto apostam na disciplina financeira e exigem incondicionalmente essa receitas aos outros, como perante o pânico, estendem a farsa mais uns meses.

"Crescimento baseado em dívida levar-nos-á para o início da crise" disse Angela Merkel no Bundestag esta semana, insinuando que estas políticas expansionistas devem ser bem "consideradas".

E o próprio Bundesbank, através de Jens Weidmann, já veio dizer que afinal a Alemanha pode suportar um pouquinho mais de inflação a troco de ajuda suplementar ao resto da Europa, em particular ao Sul. Ou seja, imprimir dinheiro até já nem é tão mau assim.

E nós, que julgávamos que Weidmann estava pior que estragado com a política expansionista do BCE em função das suas recentes declarações, percebemos agora que outras forças se impõe: políticas, claro..

Ainda ontem aqui no Contas tentámos! ajudar os alemães a perceber a insustentabilidade (cultural) deste caminho, mas enfim, a história política recente da Alemanha, como também já evidenciámos aqui no Contas, não é muito dada a princípios nem à moralidade, sobretudo nos momentos difíceis.

Até nós, cidadãos anónimos que tentamos formar uma opinião esclarecida, vemo-nos cada vez mais na dúvida e na desconfiança.
Ter uma opinião hoje é sempre coisa de curta duração, dada a volatilidade das mentes europeias.

Se repararem, esta vontade de equilíbrio orçamental é hoje apenas defendida pela... Alemanha, e às vezes!
O restante planeta "ocidental" clama por mais dívida por e mais impressão de dinheiro:

Barack Obama, para gastar 200 mil milhões de dólares por mês, 100 vêm de impostos e os outros 100 vêm de nova dívida emitida!! Isto não é consolidação nem crescimento: é uma insanidade, pura e dura!

O Japão apresenta o mesmo rácio: metade da receita vem dos impostos e outra metade vem de endividamento.

Hollande e Cameron prometem o que não podem, sendo que Cameron tem um parceiro no crime: o banco de Inglaterra, que copia fielmente o que a Reserva Federal de mal faz.


O que será preciso fazer para esclarecer a população mundial de que a impressão de moeda é um imposto silencioso que recai sobre todos, de forma injusta e cobarde?

E que ministrado em doses massivas descredibiliza a moeda ao ponto de ninguém querer ficar com ela e de com esta nada se conseguir comprar?

E que ninguém sabe em que momento a desconfiança da população atinge um patamar em que a destruição da confiança e do valor da moeda se auto-alimente?


A China e outros países desenvolvidos, como a Suécia e a Noruega, que optaram pelo equilíbrio orçamental, pouco falam sobre o "segredo" do seu sucesso.

A causa parece mesmo perdida!

Tiago Mestre

5 comentários:

Vivendi disse...

É de rir mesmo... Mas mais impressão menos impressão a coisa está longe de ser resolvida. Os ocidentais com estas políticas vão ser escravos no futuro do petróleo, matérias-primas e até dos produtos manufaturados da China.

Tiago Mestre disse...

Vivendi, vou tirar umas fotos da minha quinta este fim de semana para publicar no blog.

Espero que "inspire" mais os nossos leitores do que os comportamentos desta nossa mui nobre elite.

Vivendi disse...

Uma ótima ideia meu caro.

Assim ninguém te pode acusar de seres só conversa. ;)

Grande abraço.

Paulo Monteiro Rosa disse...

Cada vez é mais evidente a ignorância dos comentadores, economistas e analistas. querem colocar em prática mais keynesianismo para resolver os problemas. Precisamente vão agravá-los ainda mais.

Não existe qualquer evidência científica de que mais inflação gera mais crescimento. Bem pelo contrário...

A curva de Philips é uma das provas cabais disso mesmo. No longo prazo a curva é rígida, vertical. Qualquer variação na inflação não implica criação de mais emprego. são variáveis independentes, estanques...

Grande abraço austríaco aos dois

Paulo Monteiro Rosa disse...

A base monetária e consequentemente a massa monetária só deve crescer de acordo com o aumento da produção e o índice geral de preços deve permanecer estável.

Ou seja a estabilidade de preços não deve ser de 2%, mas sim de 0%. Os preços devem permanecer sempre inalterados. A inflação nula...

Nos últimos 20 anos o Japão cresceu cerca de 1 a 2%. Mas inflação permaneceu nos 0%. A massa monetária cresceu cerca de 2% ao ano, o que quer dizer que aumentou de acordo com a produção. Armadilha da liquidez? Sim. Mas veio algum mal ao mundo nipónico? Nenhum. A para da Alemanha e dos EUA, quem não conhece a Toyota (maior fabricante de automóveis do mundo), são jipes por toda a África, Índia, Indochina, China, Médio Oriente. São carros em toda a Europa. Nos EUA são Toyotas por todo o lado. E depois é a Mitsubishi, a Sony, Kawasaky, Honda, Nissan, Suzuky, Nintendo, a velhinha Hitachi, Daikin, etc, etc. O turismo por esse mundo fora está cheio de japoneses. É no prado, Tyssen e na Reina Sofia em Madrid todos com máquinas fotográficas incríveis. É no Louvre, em Veneza, em Londres. Metade dos turistas são japoneses... Querem mais provas de um país com um nível de vida altíssimo e com a economia na "armadilha da liquidez". Caricato, mas é a realidade. O keynesianismo está morto, mas todos, sem saberem porquê grande parte deles, querem ressuscitá-lo, utilizam todas os desfibrilhadores para colocarem de novo na vida o "anti-Cristo"...

Querem imprimir mais dinheiro (electonicamente na sua maioria, vejam os balanços do BCE e da FED) para promover o crescimento. Dinheiro sem qualquer suporte produtivo. Que gerará mais inflação no futuro, e menos poder de compra para a população. Na teoria quantitativa da moeda, só devemos criar mais moeda no membro esquerdo da equação, quando houver suporte da produção no membro direito. (Moeda*Velocidade circulação=inflação*Produção, mas como a inflação tem que nula, sai simplesmente da equação e a velocidade que é constante também). Fica (moeda=produção) e antes de aparecer a moeda era (produção=produção), ou seja troca directa...