3 de maio de 2012

PORTUGAL - NAÇÃO ( IN ) DEPENDENTE (PARTE 2)

Caros leitores e leitoras, tendo nós lançado um post com a pergunta

" Tem Portugal condições para ser independente da UE? " ,

sabíamos que a resposta não seria fácil, contudo esta "coisa" da blogosfera permite-nos mais uma vez conhecer gente que interessa e perceber como pulsa a nossa sociedade.

Com o comentário que abaixo transcrevemos, Filipe Silva mostra que o cidadão comum pode ter uma opinião realista, estruturada e potencialmente de difícil digestão para pessoas mais sensíveis.


Para tomar as decisões que o Filipe sugere, bastará coragem e querer falar verdade aos portugueses. A inteligência, essa já temos de sobra em Portugal, e com frequência usada em tudo menos para a ação.





"A pergunta é de muito difícil resposta.

Nunca foi feito, não é o mesmo que mudar o nome à moeda como foi feito no Brasil, por exemplo, é abandonar uma zona monetária, não é a desagregação de um país, ainda para mais numa situação de grande incerteza mundial.

A vantagem é a velocidade do ajustamento. 
Sinceramente esta mudança radical teria de ser operada com outros players políticos, existe demasiada demagogia na assembleia da república.

Para ser bem sucedida uma operação destas, tem de existir consenso nacional, o cidadão tem de perceber o que esta medida acarreta, só por referendo deve ser a medida tomada, as ditas elites já demonstraram a sua incompetência, e esta medida no curto prazo iria criar muitos problemas ao povo português.

O que faria Eu, se mandasse, negociaria com a UE fundos para a saída a investir em renovação da frota pesqueira e aumento da produção agrícola.

Negociava com Angola, Timor e Brasil, o auxílio destes países sobre as nossas necessidades energéticas, para assegurar que não existiria falta de energia.

Negociaria com países produtores de bens alimentares, o suprimento das eventuais necessidades do país

Objectivo: não existir fome e falta de energia no país.

A saída implicaria também a renegociação do contrato social do Estado com a sociedade, os beneficios hoje dados pelo estado teriam de ser revistos e a maioria eliminado, 

Ao realizar tal medida, o país iria fazer o default total das dividas, menos a investidores privados internacionais, vou necessitar destes mais tarde.

A situação ficaria muito má muito depressa, mas se o pós apocalipse se for bem gerido a recuperação será fulgurante, liberalizando tudo e oferecendo aos investidores externos condições que mais ninguém oferece para investir e comprometendo me a pagar as dividas a estes.

É algo que tenho reflectido, mas muitas coisas me escapam, e não sei o que é melhor, mas acredito que o € irá acabar e devíamos enquanto país, diversificar o risco, e não apostar tudo no mesmo cavalo. A protecção da saída devia estar a ser salvaguardada, o Importante é não haver fome e falta de energia, assim salvamos o máximo de pessoas e aceitar que uma saída irá levar à morte de muita gente (como a política da austeridade de hoje irá fazer) o macabro é que este acontecimento irá tornar o nosso problema menos grave..."

3 comentários:

Vivendi disse...

Tiago,

Um dia destes apresenta como exemplo o caso da Argentina.

Tiago Mestre disse...

Boa ideia!
Vi um documentário sobre a espiral de dívida da argentina nos anos 90 e o assunto foi muito, muito sério!

vazelios disse...

Se a Grécia vai sair do Euro eu não sei, mas pelo que tenho visto o cenário vai ganhando probabilidades e adeptos e a Europa começa a preparar-se para o choque.

Portugal é o país que mais vai ser penalizado se isso acontecer.

Se Portugal consegue ser independente da UE?

Sinceramente, neste momento não. E sinceramente, por mais macabro que isto seja, prefiro ter a troika a obrigar-nos a pôr as contas em dia, do que ter as pessoas mais sábias, inteligentes e capazes (dos disponiveis claro - sempre os mesmos) a gerir o nosso país.

Tiago, há uns dias puseste um post interessante com gráficos da produção agricola, pescas, turismo etc...por esses mesmos gráficos e analisando a historia desde 74 podemos ver facilmente que não estamos preparados.

Se tivessemos uma divida publica de 30% do PIB ainda dava para uns mamões irem ao saco, mas assim a situação (ainda) está incontrolável.

No meu entender, para além do que o Filipe disse e muito bem, Portugal tem de por as contas em dia, fazer mais reformas, apostar no que sabe produzir, por a justiça a funcionar, educar as pessoas sobre a realidade, fomentar a poupança (ou pelo menos fomentar o não-sobre endividamento), evitar consumo desenfreado, mudar a mentalidade do país, e investir como deve ser.

Depois destas bases muitas outras coisas melhoram. Se tivermos uma mentalidade diferente e vermos o exemplo dos governantes, talvez desça a economia paralela, talvez desçam as reivindicações, e por aí fora.

Só depois de muitos anos e muitas mudanças é que Portugal tinha capacidade para ser independente.

Conheço muito bons profissionais e boas organizações e empresas. Mas Portugueses como uma equipa não existe, cada um puxa para o seu lado.

Não é por acaso que já tivemos 3 assistências financeiras desde 74 e só não tivemos mais porque pudemos aumentar a nossa divida.

E também não é por acaso que o nosso periodo mais "estavel" em termos macroeconomicos e de bases economicas tenha sido, em termos sociais, o periodo mais negro - O da ditadura e da censura.

Ficar na UE e no Euro tamb´´em requer sacrificios, alguma perda de soberania, no fundo ficamos um bocado encostado às cordas. Mas se quisemos entrar agora ou ficamos ou temos de saber como sair.

Eu acredito na recuperação.

Abraço