25 de maio de 2012

Anda toda a gente a pedir as Eurobonds...

Já chateia tanta lenga-lenga acerca das Eurobonds.

A periferia e a França desejam-nas, o resto da Europa detesta-as. E percebe-se porquê?

Beneficia a uns, prejudica a outros.

Caso as Eurobonds entrem em ação, algo que duvidamos, mas como tb já vimos tanta coisa... a reação natural dos mercados será de suspeitar e de no médio prazo começar a fugir. E se as Bunds alemãs deixarem de existir para se imiscuirem nas Eurobonds, então ainda pior.

O EFSF e o ESM já são Eurobonds, mas como estão suportadas por garantias de cada Estado membro, o seu plafond está limitado àquilo que os Estados aceitam como sendo razoável.

E por ser plafonado é que não transmite muita segurança aos investidores, já que é fácil fazer umas contas e perceber que um resgate a Espanha ou à Itália excede largamente o plafond.

As EUROBONDS seriam o céu como limite, a ausência de plafond, a loucura para quem quer continuar a gastar mais do que pode, só que os mercados, atentos ao que se anda a passar, rapidamente perceberiam o logro, e como as EUROBONDS precisam MUITO dos mercados, a sua vida útil seria curta.

As EUROBONDS, a existirem, serão um instrumento com todos os defeitos típicos da UE:

- Não exige nada aos Estados Membros
- Dispersa o risco, aliviando quem tem mais passivo e carregando em quem tem menos
- Não distingue o cumpridor do prevaricador
- Tenta "enrolar" os investidores fazendo-os acreditar que o risco dispersa-se, sobretudo lá para os lados do norte da Europa.

Não é preciso ser um génio para perceber que as EUROBONDS não são mais do que um espasmo nervoso dos políticos mais amedrontados.

Em 2008, talvez os investidores ainda fossem na conversa, mas hoje, depois de terem sido enganados tantas vezes com as promessas dos líderes europeus, não acreditamos que se cheguem à frente. Já perceberam que tecnicamente a UE está numa enorme embrulhada, e politicamente não é possível resolvê-la.

Já escrevemos aqui no Contas acerca da falta de confiança que as populações sentem para com a política europeia. Os investidores são pessoas, cidadãos que quando investem é porque confiam, quando não investem ou investem na queda, é porque não confiam.

Mentiu-se demais, perdeu-se a credibilidade e só resta um caminho para a expiação: A dissolução do projeto europeu.

Tiago Mestre

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