12 de setembro de 2012

Reforço do ESM: Tribunal Alemão diz SIM

O que já suspeitávamos que o Tribunal Alemão decidiria confirmou-se:

O reforço do programa ESM está aprovado, e complementado com o programa de aquisições de Draghi, o arsenal de fogo do € para combater os "terríveis" especuladores que deixaram de acreditar nos défices e nas dívidas do € subiu para outro patamar.

Acabámos de comprar mais X anos de paz podre.
Não sabemos quanto tempo será nem vale a pena especular. Está fora do nosso alcance intelectual.

Esqueçam o fim do € no curto prazo ou grandes altercações no espaço social europeu.

Sempre que as tensões sociais regressarem por motivos de austeridade, a pressão política para se imprimir será muito grande.
Com todo este arsenal montado, Draghi está a enfiar-se na fortaleza que ele próprio criou, porque quando se imprime, beneficia-se no imediato quem está com a corda ao pescoço, mas prejudica-se silenciosamente quem não solicitou a impressão mas que usa a mesma moeda.
Este será um conflito de interesses insanável, e a pressão será avassaladora.
Draghi terá que continuar a mentir a uns e a outros para manter gregos e troianos na mesma barraca.

E não serão os "terríveis" especuladores a acabar com o € por ele ser tecnicamente insolvente, mas serão antes os legisladores/centralizadores de Bruxelas e Frankfurt, que na tentativa de preservarem o paciente com vida, continuarão a injectar-lhe cada vez mais sedativos, até o paciente cair de maduro.

Poderemos chegar a um ponto em que o BCE será responsável por 5 ou 10 triliões de dívida europeia denominada em €, tendo os investidores há muito desaparecido do € por receios de MUITA inflação via repatriamento de € para solo europeu.

Por agora, a comunidade europeia está descansada por não haver sinais evidentes de inflação, e como a inflação é parecida com aquelas doenças tipo Cancro - crescem silenciosamente e quando se revelam, muitas vezes já é tarde demais - tudo está mais ou menos adormecido. E com todas estas aldrabices da esterilização, a sensação de confiança reforça-se.

O pessoal esquece-se que a desconfiança na moeda pelos investidores cresce silenciosamente, e não se sabe quando se dá o ponto irreversível, em que a desconfiança atua como um veneno que infeta a população de forma exponencial.

Com esta comparação apenas queremos afirmar que a esterilização da impressão de € funciona enquanto houver gente que quer adquiri-los ao BCE e depois vendê-los no momento seguinte ao próprio BCE. É esquisito mas é mesmo assim, até prova em contrário..


Para quem ainda não começou a pensar no seu pé-de-meia, mas que tem hipótese de o fazer (agricultura, poupança, ouro, prata, entre outras defesas) pode e deve equacionar estas questões de forma séria e sem se preocupar de o apelidarem de fanático, pessimista ou extremista. Nada disso.

É simplesmente pensar como pode preservar, dentro do possível, a sua riqueza e a dos seus. Nada mais.

Tiago Mestre

5 comentários:

Filipe Silva disse...

Inflação é o aumento da base monetária, logo esta existe, o que ainda não ocorreu foi um aumento do nível do preços.

De resto concordo em 100% ctg.

Tiago Mestre disse...

Estamos à espera que a velocidade do dinheiro ganhe momento, porque a verdade é que o dinheiro impresso segue direitinho para os ativos de que os privados andam a fugir há anos, e portanto só tapa buracos, não entrando na economia real de forma abusadora..

Anónimo disse...

Gostaria que me elucidasse. Nesta fase é preferível efectuar amortizações dos imóveis com a poupança? ou investir em ouro e prata? O cenário de deflação está posto de parte?
Grato pela atenção e possíveis respostas.
Os meus parabéns pelo exercício de cidadania e liberdade de expressão deste blogue.
joão folhas

Anónimo disse...

Partindo do princípio que está indexado à Euribor, eu não apostaria na amortização enquanto as taxas andarem em níveis mínimos c/o estão. Se conseguir, mais vale continuar a aforrar p/a então amortizar no empréstimo assim que a tendência das ditas seja a de subida - o que para já é pouco expectável!

No resto julgo que o Tiago opinará melhor do que eu! :-)

Bruno Morais

Tiago Mestre disse...

Caro João, deixa ver se te ajudo e não digo asneiras:

O meu sentimento é de desalavancagem, ou seja, se tens dívida, amortiza-a para te despachares desse assunto, ou se não conseguires, evita contrair nova dívida.
A amortização tem um custo, eu sei, mas é o custo de deixar de ter esse lastro agarrado.
Numa perspetiva mais económica, concordo com o Bruno, porque enquanto a taxa se mantiver pelos 1% ou menos, será difícil arranjar melhor para o devedor.

2º Ouro e Prata
Para mim é um investimento de muito longo prazo. Será a tua proteção contra uma inflação que poderá vir aí. Eu investi em pequena agricultura, mas como sabes, o milho, as batatas ou os tomates duram umas semanas, quanto muito uns meses, ou seja, é um investimento bastante perene.

3º Deflação ou inflação
Se não houve impressão monetária, estaríamos em forte deflação, as moedas reforçariam a sua credibilidade, e possuir € ou $ em vez de outra coisa qualquer seria positivo. Mas a realidade diz-nos que no momento da verdade, os políticos imprimem sempre. E andam a imprimir para ajudar os défices públicos, os bancos e alguns setores da economia.
Como os problemas da economia ocidental são estruturais (matérias primas mais caras, deslocalização do ocidente para o oriente), sobra-nos pouca energia para usar como colateral na economia. Usa-se dívida, mas para que esta funcione, é preciso parolos que a comprem, e esse assunto começa a complicar-se.

Acredito que a inflação será uma realidade, porque com tanta vontade de combater a deflação e "ajudar" a economia, Draghi e Bernanke não resistirão às pressões e desatarão a imprimir feitos loucos.
Só quando a desconfiança mundial se tornar um veneno é que os € serão repatriados à louca para solo nacional, e aí abre-se a cx de pandora da inflação, totalmente fora de controlo.
Até lá, teremos países em recessão, como Portugal, a suportar inflações de 3%, o que já de si é quase surreal.