11 de setembro de 2012

Está tudo com medo de olhar para o abismo!

Caros leitores e leitoras, as recentes medidas de austeridade anunciadas tiveram um sabor muito especial:

As elites políticas e sindicais, inclusivé o CDS/PP, estão embasbacadas com tudo o que se está a passar.

Passou-se uma barreira que se julgava inultrapassável. Ninguém quer acreditar no que aconteceu, e pior do que isso, está tudo com medo de ver o que está para lá destas medidas, ou seja, os efeitos que isto terá na economia.
Já todos sabemos o que aconteceu este ano na coleta fiscal face ao aumento de impostos que se exigiu o ano passado: não bateu a bota com a perdigota.

O PS já quer chumbar orçamento, o clima de greve volta a pairar no ar, etc, etc. Está tudo assanhado e sem estômago para digerir o que aconteceu, porque é que aconteceu e que consequências trará para a sociedade.

O desemprego oficial já roça os 16%, e em cima deste cenário "mata-mouros", muito mais austeridade terá que ser anunciada ao longo dos próximos tempos.

A correção de 30 mil milhões que tanto falamos aqui no Contas, levando a receita e a despesa para valores próximos dos 30% do PIB só agora começou, e para já, está quase tudo por fazer, na medida em que a austeridade tem incidido sobretudo no aumento de impostos. Corte de despesas, só mesmo em sonhos.

Lamentamos profundamente que esta austeridadezinha a conta gotas seja a política adotada, na medida em que é uma péssima gestão de espectativas para com o povo português, levando este a cortar na despesa discricionária antes do governo ter tempo de se preparar.
Vai dar asneira, porque se o sacrifício já seria ENORME para que se cortasse 30 mil milhões em 3 anos, com este modo cobarde de fazer as coisas será muito pior. Aliás, não conseguimos conceber como a sociedade poderá sair ilesa deste tipo de dor tão prolongada.

Caros leitores e leitoras, o melhor mesmo é mantermo-nos calmos e refletir que opções estão à nossa frente e que garantam, na medida do possível, a nossa sustentabilidade, da nossa família e da nossa comunidade.

O desafio é gigantesco, mas é nos momentos mais graves da nossa história que revelamos o melhor de nós enquanto povo e cultura secular.

Tiago Mestre

4 comentários:

Ricardo Anjos disse...

passo a explicar: O que se passa é que a diminuição da despesa (prestações sociais, salários FP, Saude, Educação, forcas policiais e militares e justiça) é necessáriamente um aumento de receitas... De facto, ao arrecadar mais "receita"(impostos e contribuição social) aos trabalhadores destes sectores, diminui a "despesa" com todos estes sectores. O problema de fundo, é que devido à dimensão que atingiram estes sectores públicos, e às regalias que lhes foram sido atribuidas desde o pós 25 de Abril (e com mais importância por Cavaco), qualquer corte significativo teria impacto significativo. Além disso, estes são os sectores mais defendidos por sindicatos, e teriamos contestação a sério, se o necessário fosse concretizado. Pelos sindicatos, haveria 3, 4 ou mais Funcionários Públicos para cada cidadão. Como analogia, seria como uma fábrica de sapatos, em que 90% dos funcionários estaria afecto a serviços administrativos, e os restantes 10% produziriam os sapatos...
Ademais, esta situação caricaturada é mais ou menos o que se passa em Portugal. E só tem sido possível, porque todos os dias pedimos dinheiro emprestado para sustentar por mais alguns anos, meses, semanas, ou dias o que é claramente insustentável!

Vivendi disse...

O choque com a realidade irá em breve acontecer... Não há outro caminho.

Anónimo disse...

"O desafio é gigantesco, mas é nos momentos mais graves da nossa história que revelamos o melhor de nós enquanto povo e cultura secular.
"

Não sei se nos vai chegar Tiago...

Bruno Morais

Anónimo disse...

"Vítor Gaspar foi hoje vaiado à porta da SIC, em Carnaxide. À espera do ministro das Finanças vários manifestantes gritaram contra as medidas de austeridade anunciadas.

Parece que os populares lhe chamaram "gatuno". Em retórica populista "gatuno" é o mesmo que "cabrão" ou "fdp". Ou seja, nada de especial, porque insultos feitos de indignação.
Gaspar, obviamente não tirou nada a ninguém indevidamente. Fê-lo apenas porque está convencido que o que agora tirou em nome de um governo democraticamente legitimado servirá para repor num futuro mais ou menos próximo. Ou seja, procura apenas resolver um problema que outros criaram, muito antes dele.

E quem foram esses que criaram os problemas que nos afligem? A meu ver, entre outros, estes que têm um denominador comum: dinheiro. Ou porque o têm, em quantidades impressionantes; ou porque lidaram com o mesmo de modo impressionante ou porque o sacaram do Estado, de modo impressionante e com o apoio activo dos que governaram. De modo impressionante."
Fonte: http://portadaloja.blogspot.pt/