O Medo de assumir as consequências das nossa ações leva-nos sempre a subir mais um patamar na escadaria dos disparates.
Todos sabemos quão difícil é assumir os erros, informar os pares, aceitar a responsabilidade pelas consequências e procurar soluções que minimizem a asneira.
Quase todos nós nas múltiplas pequenas decisões que tomamos diariamente sentimos esta atração pela fuga, por deixar andar, por acreditar que o tempo resolverá sem a nossa participação. E às vezes até resolve, é por isso que continuamos a acreditar nesta "solução".
Com os políticos não é diferente, aliás, é exatamente igual, senão pior.
O Bankia é hoje uma instituição falida, tanto financeiramente como "crediticiamente", ou seja, ninguém confia na instituição por esta possuir demasiados ativos "merdosos" no seu portefolio, a par de pouco ou nenhum capital próprio nos seus cofres.
Este é o já eterno problema dos bancos atuais:
1. Ganham dinheiro a emprestar dinheiro.
2. Custa dinheiro aos acionistas capitalizarem o banco e reforçar os seus capitais próprios.
Se o banqueiro for "goloso", quer lucro já e enriquecer já, emprestando tanto quanto lhe for possível sem se preocupar em arranjar dinheiro para ir reforçando os capitais próprios à razão com que vai emprestando cada vez mais dinheiro aos seus clientes.
Se o banqueiro for prudente, empresta menos, ganha menos, e a pouca riqueza que consegue acumular investe-a no reforço dos capitais próprios do banco, para que quando houver um dia de azar, possua a energia suficiente para levar com o impacto.
O truque está em manter o equilíbrio entre este conflito de interesses.
O Bankia, como muitos outros bancos europeus e mundiais, optou pela lógica de enriquecer tão depressa quanto possível. É um caminho legítimo, não é ilegal, e portanto respeitamos.
Mas da mesma forma que respeitamos o caminho tomado pelo Bankia e outros, respeitamos também aqueles que não o fizeram, porque consideraram que essa não era a melhor estratégia.
E como respeitamos ambos da mesma maneira, não consideramos admissível que num momento de dificuldade, uns sejam beneficiados à custa dos outros, ou seja, retirar aos prudentes para dar aos imprudentes.
Por outro lado, a eficácia dessa mesma ajuda pode já não ser suficiente, ou seja, por mais que se atire dinheiro bom em cima de dinheiro mau, quanto muito adia-se a morte do paciente e com certeza retira-se saúde àquele que estava íntegro e são.
Portanto, cada instituição deve seguir o seu caminho, e assumir as consequências das suas próprias decisões.
Se opta por arriscar muito, pode ganhar muito ou perder muito
Se opta por arriscar pouco, pode ganhar pouco ou perder pouco
Se opta por não arriscar nada, não ganha nem perde.
A força que subjaz a todo este sistema é a liberdade de movimentos que nos é oferecida, o bem mais precioso que nos assiste. A dificuldade está em saber lidar com ela nos momentos de dificuldade e iminente colapso.
Os prejuízos do Bankia no primeiro semestre de 2012 revelam o que já se sabia em Abril quando se pediu o resgate a este banco: as operações dão prejuízo todo o santo dia.
Rajoy pede ajuda à Europa para manter o banco a flutuar.
Em teoria já o conseguiu, veremos como correrá na prática, porque cada vez mais, quem tem energia para fornecer não está muito disposto a abdicar dela,a não ser por um preço muito alto.
Tiago Mestre
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