Conversa para enganar o parolo

A imprensa, mesma a especializada em assuntos económicos, dá sinais de desnorte quando cita fontes e tentar opinar sobre o assunto.

No Jornal de Negócios online, nada de novo em relação à quebra da fasquia da dívida.
Já várias vezes referimos aqui no Contas, que sempre que há défice, a dívida aumenta, à exceção se o PIB crescer a ritmos que permitam recietas fiscais que cubram o excesso de despesa.

Fora isto, não há outro remédio senão cobrir o prejuízo com emissão de dívida.

E se falarmos da dívida em função do PIB, que é o caso, ainda pior, porque estando o PIB a encolher e fazendo parte do denominador da fração, sempre que este desce, o rácio da dívida sobe.

Até aqui nada de novo. O que nos surpreende é fazerem referência aos credores de que estes asseguram que estes patamares são sustentáveis. Quem garante que a dívida é sustentável ou não são os portugueses chamados a contribuir, e não os credores. Os credores esperam que ela seja paga

Em primeiro lugar, sustentável my ass
É tudo menos sustentável, porque para um país como Portugal, dívida pública acima de 50% do PIB dá asneira. A procissão só foi andando porque fazíamos parte do € (para mal dos nossos pecados) e os credores (parolos) acreditavam que tudo iria correr bem. Não correu, e na Grécia ainda pior.

Em segundo, afirmações destas são para atirar areia para os olhos do pessoal
Em que critérios se baseiam para afirmar uma coisa destas? 120% do PIB? É das mais altas do planeta, com um PIB a encolher, sem agricultura e com pouca indústria? Só da para rir, senão mesmo chorar.

Compreendemos que os jornais reportam notícias, mas a ausência de filtragem das declarações dos políticos é, nos dias que correm, uma autêntica leviandade, senão mesmo negligência jornalística, tal é a quantidade de mentiras e esperanças vãs que esta classe nos atira diariamente à cara.

Tiago Mestre