24 de setembro de 2012

O Estado não pára de crescer...

... e não há nenhuma solução no horizonte que possa contrariar esta tendência, de acordo com o boletim da síntese orçamental de Agosto.

                                                                      2011                                                                       2012

Até 31 de Agosto, o Estado arrecadou mais 3 mil milhões de impostos diretos e indiretos em 2012 face a 2011, e na despesa cresceu 2 mil milhões.
A máquina não pára de crescer, é impressionante.

E se formos ver o saldo (défice), em 2011 íamos em 5,17 mil milhões negativos, ao passo que em 2012 estamos pelos 5,49 mil milhões. O défice está 400 milhões euros maior. Aauch

Parece que a despesa e a receita ganharam em toda a linha e a austeridade arrumou as botas.

Analisar estes números depois de ter revisto a palestra de Walter Williams onde este defende que o Estado não deve exceder os 18% do PIB até me dá má disposição.

Se andássemos pelos 18% do PIB como teto máximo para a despesa do Estado, esta não deveria exceder os 30 mil milhões de euros para os 12 meses.

Em 8 meses já vamos em 47,2 mil milhões, e certamente iremos acabar o ano a roçar os 73-74 mil milhões de euros !

Tiago Mestre

10 comentários:

Anónimo disse...

Isto está bonito, está. A contração económica e o que se paga a mais em subsidios sociais, está a estragar por completo a austeridade.
O problema é se isto não resulta, então o que resultará?

Manuel Galvão disse...

Cabeçinhas pensadoras... queriam fazer uma sociedade de consumo em que as pessoas não tivessem dinheiro para consumir !!!

Fernando Ferreira disse...

Estas enganado, Manuel Galvao.
Eles queriam era fazer uma sociedade de consumo sem que as pessoas produzissem algo em troca daquilo que consomem, porque se o problema fosse apenas falta de dinheiro, isso nao seria problema: basta faze-lo no computador!

Vivendi disse...

É carregar no acelerador. Que a Grécia está cada vez mais próxima.

Manuel Galvão disse...

O que este governo está a fazer é a reter uma grande parte do rendimento nacional para entregá-lo aos credores. Só que esse dinheiro, em condições normais, ia alimentar os circuitos do consumo de bens não essenciais, regressando algum aos cofres do Estado sob a forma de impostos ao consumo (IVA).
Não havendo este tipo de consumo fecham as empresas que trabalhavam para satisfazer esse tipo de procura (Restaurantes, cabeleireiros, vestuário, artigos para a casa, diversões, etc.). Fechando estas empresas diminui ainda mais a receita fiscal (IRC, Derrama, IRS e TSU dos trabalhadores despedidos).
É um modelo que não converge para um ponto de estabilidade fiscal. Quanto menos dinheiro no circuito do consumo muito menor é a receita fiscal (não é proporcional).
Este B+Á=BÁ parece que ninguém vê...

Anónimo disse...

O SNS, uma despesa entre muitas, mas que deve merecer algum destaque de análise.

"Entre 2008 e 2010, a dívida do Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais do que duplicou, ascendendo a 2904 milhões de euros no último ano" - auditoria Tribunal de Contas (TC)

"O saldo global da execução financeira consolidada do Serviço Nacional de Saúde situou-se em 1.298,4 milhões de euros, influenciado pela concretização da totalidade da transferência (1.500 milhões de euros) respeitante ao previsto no orçamento retificativo, visando a regularização de dívidas de anos anteriores." - Síntese orçamental de Setembro

"Com a resolução destas dívidas, o prazo médio de pagamentos baixou de 231 para 121 dias, afirma a tutela, sublinhando já ter assegurado o cumprimento dos pagamentos acordados com a indústria farmacêutica (APIFARMA)." - dados do Ministério da Saúde

"Este processo foi validado pelo Ministério das Finanças, num processo que envolveu mais de 9000 credores." - dados do expresso

=> quem conhece por dentro os números da pequenas farmacêuticas a operar em Portugal sabe que a situação é catastrófica. É importante pagar os erros do passado e recuperar a indústria. O meu medo é que estes credores depois de apanharem o dinheiro, tomem a decisão "sensata" de desinvestir em Portugal.

=> as falhas de execução não estão apenas nas mãos do governo, o Estado em si é desorganizado:

"Basta ver que mais de metade (56%) dos hospitais-empresa não cumpriram a meta de redução dos custos com o pessoal (5%) e 83% não reduziram em um terço os custos com transporte de doentes não urgentes, como se tinham comprometido. " - Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS)

=> Na execução orçamental do SNS constato uma descida de cerca de 400 milhões em despesa no período de Janeiro a Agosto.

Tiago Mestre disse...

Caro anónimo, obrigado pela tua análise respeitante à dívida do SNS.


Manuel, o Estado aumenta impostos, que é como quem diz, tenta baixar despesa, mas como não há coragem para anunciar o desmantelamento do Estado social nem o TC deixa, recorre-se ao expediente mais rápido: aumento de impostos.

Eles, governo, já viram o filme, já perceberam o BêaBá, mas não conseguem fazer nada na despesa nem se querem demitir. Cobardia.

A paz podre continuará, o monstro cresce e cresce dentro da sala e todos querem assobiar para o lado porque as leis e as forças "vivas" não permitem atacá-lo.

A tal estabilidade política e social que todos pedem é hoje o maior impedimento para que as grandes decisões sejam tomadas.
Arranjar 2/3 do Parlamento para alterar Constituição é quase uma quimera neste regime que temos.

Houston, we have a problem.

Filipe Silva disse...

A situação é grave, se o Estado não tivesse aumentado tanto nos impostos a nossa balança de transacções correntes não estaria a ajustar como está, mais consumo em Portugal é sinónimo de mais importações. E como ouvimos sempre na Tv é algo mau.

As importações são de muito positivo para uma economia, em troca da divisa temos acesso a valor, muitos economistas vêm esta situação como negativa, como que nós(portugueses) saímos a perder, mas a realidade é que numa transacção económica deste tipo saem ambos a ganhar quer o vendedor quer o comprados, ambos vêm a sua necessidade satisfeita.

O consumo em Portugal teria e tem de baixar, e ter uma quebra bastante acentuada, porque?

Bem a maioria deste nível de consumo foi atingido devida à contracção de divida, o gráfico que o Tiago já disponibilizou por 2 vezes demonstra que quer famílias, empresas e Estado contraíram dividas até um ponto insustentável.
Logo o consumo terá de ter uma quebra massiva.

O investimento terá de cair fortemente, vejamos a ser verdade os dados que vi sobre a poupança nacional que esta é quase zero, significa que para haver investimento este tem de ser financiado pelas poupanças externas.
Na minha opinião o correcto processo de acumulação de a capital pressupoê Poupança»Investimento, sendo que o investimento e consumo competem entre si.
O que assistimos é que a manipulação das taxas de juro, bem como a impressão out of thin air levam a que este sistema seja corrompido, por isso Portugal tem conseguido manter taxas de "investimento" muito superiores há poupança que tem.
Isto significa endividamento dos bancos, sendo que estes endividaram se muito no curto prazo para emprestar no longo prazo.

O que quero dizer com isto tudo é que o investimento e consumo já teriam de cair fortemente o Governo ao carregar nos impostos primeiro não permite que o mercado se ajuste, segundo o ajustamento microeconomico não ocorre, isto é, os sectores que deviam esta a crescer caiem, e os sectores que deviam estar a cair mantem se.

Resultado, implosão da economia.

Tiago o video do Walter Williams é muito bom, gostei bastante.
Consegue demonstrar de forma fenomenal que a democracia(não é sinónimo de liberdade) e o estado actual não são mais que ditaduras e que as populações de facto querem roubar os outros desde que não sejam eles a ser roubados

André disse...

Alguém conhece os valores da despesa pública total para 2010 e 2011? É que se eu olhar na Pordata eles dizem que a despesa estava em 88,5 mil milhões em 2010 e 83,6 em 2011, por isso se acabarmos o ano em 75 mil milhões teremos uma redução de 8% da despesa pública total, o que não é nada mal (isto é se nos basearmos na Pordata)

Tiago Mestre disse...

André, para comparar números, baseei-me na síntese orçamental de Janeiro de 2012 que reporta a todo o anos de 2011. Podes ver no site da DGO.

Mas depois devem haver acertos, incorporações de novas rúbricas, e talvez o mais fidedigno seja a publicação do eurostat:

http://epp.eurostat.ec.europa.eu/cache/ITY_PUBLIC/2-23042012-AP/EN/2-23042012-AP-EN.PDF