Caros leitores e leitoras, quando a margem de manobra do governo é cada vez mais pequena, nada como "incluir" as entidades patronais, sindicais e outras na elaboração de medidas, na tentativa da sociedade aceitar e engolir a quantidade de disparates que saem destas reuniões.
Alguém se lembrou de sugerir o aumento do preço do tabaco (ainda mais) como forma de compensar o corte da TSU de 23,75% para 18% para as empresas.
À primeira vista até parece bem porque irá estimular as pessoas a deixarem de fumar e nada melhor do que exigir aos viciados da sociedade que paguem a maior competitividade das empresas.
Pois, mas como em muitas coisas na nossa vida, entre o que imaginamos que irá acontecer e aquilo que depois efetivamente acontece vai uma grande distância.
O que verdadeiramente irá acontecer será uma nova corrida ao contrabando de tabaco.
Com tanto pescador a lutar pela sua sobrevivência e com tanta gente em terra sem nada para fazer, ganhar uns trocos a contrabandear um produto que até nem é um bem essencial certamente não será problema. Com tanta fronteira terrestre não vigiada e centenas de quilómetros de costa atlântica por explorar, deixamos o resto à capacidade criativa do português.
Contrabandear tabaco já foi arte em Portugal ainda não há muito tempo. E normalmente, tudo o que seja arte não se esquece, transmite-se de geração em geração.
Ao governo sairia o tiro pela culatra porque a receita fiscal não veria o incremento desejado, abrindo novo buraco na execução orçamental.
Toda a gente quer fugir das medidas impopulares, ou seja, redução da despesa.
Sugestões desta natureza são para nós típicas de gente chico-esperta.
Tiago Mestre
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