18 de setembro de 2012

Síntese orçamental de Agosto: novas conclusões

A 10 de Setembro publicámos um post com a síntese orçamental do Estado até Julho 2012:


Contudo, "escapou-nos" um valor que agora sublinhámos a preto: "Transferências de Capital"

Nesta rúbrica, em 2011 íamos em 942 milhões, mas em 2012, milagrosamente já vamos em 3,268 mil milhões. Tal aumento não é normal. Fomos à procura da justificação no boletim e encontrámos isto:


Conclusões rápidas:

Foi a transferência dos fundos de pensões que deu este enorme balão de oxigénio
O aumento de impostos revelou-se infrutífero - curva de Laffer - a receita ordinária manteve-se
A despesa manteve-se acima dos 40 mil milhões, pior do que em 2011

O que nos leva a uma conclusão mais grave:

Não fosse este incremento dos fundos de pensões em 2012 e o défice andaria pelos 5,5 mil milhões de euros, contrastando com os 5,2 mil de 2011.

A tal AUSTERIDADE de que todos se queixam ainda nem sequer saiu da igreja.
O esforço de consolidação orçamental AINDA não começou!

E perguntamos nós:
Com tantos cortes nos salários, nos subsídios, nas reformas e outras coisas que tais, como foi possível a despesa ter aumentado?

Resposta:
Os JUROS. Em 7 meses o acréscimo foi na ordem dos mil milhões de euros, de 3,3 para 4,3 mil milhões, equivalente ao custo do Ministério da Justiça um ano inteiro:



É esta a realidade com que temos de nos confrontar, quer queiramos quer não.

E para 2013 as coisas complicam-se MUITO para Vitor Gaspar, na medida em que estes 2,6 mil milhões de receita extraordinária já lá não estarão para o ajudar. É preciso começar tudo de novo e voltar a arranjar 2,6 mil milhões só para começar no mesmo ponto de partida de 2012.

Para cumprir os 4,5% do PIB em 2013, o governo terá que atingir um défice na ordem dos 7 mil milhões de euros.

Vitor Gaspar está entalado porque os sucessivos governos desde o 25 de Abril fizeram do Estado uma máquina de redistribuição automática de dinheiro, mas sem ter dinheiro no cofre. Os tais mecanismos de "estabilização automática":
- Se alguém cai no desemprego, o Estado patrocina
- Passam menos carros do que o contratualizado na AE, o Estado patrocina, e por aí fora.

Tudo medidas bonitas no papel, mas que só funcionam nos ciclos de prosperidade económica.

Acreditamos que a quebra das receitas ordinárias em 2013 fará história na economia portuguesa, mesmo que a medida de aumento da taxa de SS volte à estaca zero.

O medo já se instalou.

Tiago Mestre

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