22 de setembro de 2012

Espanha: a UE em ponto pequeno ? (Parte 2)

Novos desenvolvimentos chegaram a público acerca desta "súbita" vontade dos catalães em percorrer o seu próprio caminho.

Num artigo interessante que lemos no Testosterone Pit, a Catalunha, a região mais rica de Espanha, tem que entregar ao governo central todos os anos 16 mil milhões de euros em impostos cobrados na região.

O mesmo se passa com as restantes regiões, contudo, há umas que contribuem mais do que outras, e umas que recebem mais do que outras. (onde é que eu já vi este filme)

Vai daí, o presidente da Catalunha, Artur Mas, inspirado certamente pelos seus concidadãos, e a braços com muitas dificuldades de financiamento, decidiu defender a ideia de que os impostos catalães devem ser distribuídos... pelos catalães, e logo se decide o que sobrará para o governo central e para os restantes espanhóis.

Num país com 25% de desemprego e 50% de desemprego jovem, cada um lutar pelo seu dinheiro não mais deixou de ser uma atitude "isolacionista" ou "separatista", mas antes uma opção de sobrevivência política e social.

E em modo resumido, é este o problema das federações que agregam culturas tão distintas, onde se redistribui o dinheiro dos mais ricos pelos mais pobres.
Nos ciclos de prosperidade, ninguém se importa de ceder qualquer coisa, desde que não falte a quem produziu e ainda ajude quem mais precisa.

No declínio, o dinheiro que sobra é pouco, e se nem sequer chega para a própria comunidade que o produziu, dificilmente se suporta a ideia de se abdicar dele a favor de quem "mais precisa" mas que não se sabe bem quem é.

E se na prosperidade os problemas conjunturais que naturalmente emergem na sociedade são atirados para debaixo do tapete ou atira-se-lhes com dinheiro em cima, no declínio tudo vem ao de cima.
" Chateiam-se as comadres, descobrem-se as verdades"

É por estas e muitas outras razões que a visão de uma Europa federada me parece mais uma miragem do que uma realidade.
Os povos não aceitarão tanta transferência e tanta redistribuição de riqueza das nações mais ricas para as mais pobres.

O canto do cisne da ex-futura federação europeia será o inexorável declínio das exportações alemãs. Sem esta permanente fonte de liquidez e de riqueza, GAME OVER.

Fiquem atentos às notícias da evolução da economia alemã, porque será esta o melhor barómetro do processo federalista europeu.
No Zerohedge já são várias as notícias sobre o declínio da atividade industrial alemã.

Tiago Mestre

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