4 de setembro de 2012

Está tudo bem...

Draghi trouxe ontem ao parlamento europeu a solução que os investidores tanto aguardavam desde início de Agosto:

"BCE VAI AJUDAR OS PAÍSES EM DIFICULDADE, COMPRANDO DÍVIDA DE CURTO PRAZO"

Critérios:
Curto prazo significa até 3 anos de maturidade
Só haverá ajuda aos países que já tenham pedido resgate ao EFSF (Portugal, Irlanda, Grécia, Chipre...  Espanha, Itália!!)

Aparentemente, e desconhecendo nós os argumentos, Draghi sugeriu ao parlamento europeu que esta aquisição de obrigações soberanas não violará as normas europeias!

Mas ficou também implícito que só haverá aquisições se tal se justificar, ou seja, os critérios para comprar ou não comprar são segredo.

Conclusão:
Este é mais um sinal que Draghi dá aos investidores de que "we will do whatever it takes", mas que para já não iremos fazer nada, até nos apetecer fazer qualquer coisa, se apetecer.

E estes, desesperados em realizar um qualquer negócio que traga o mínimo de lucro para compensar a miséria que tem sido este ano, correm atrás da yield - BCE Watchers - levitando os mercados, agradando a Draghi e convencendo-o de que esta nova tática de marketing do BCE é boa e deve ser reforçada.

Espanha e Itália, para receberem esta ajuda, terão que pedir um resgate formal. Espanha ainda não o fez (tanto quanto se sabe) e Itália ainda vive alheada da realidade.

Não sei até que ponto os investidores dão como garantidos os pedidos de resgate destes 2 países num futuro próximo. Provavelmente já está toda a gente a preparar-se para isso desde Agosto, daí a euforia que se viveu nos mares calmos da falta de liquidez dos mercados nas últimas semanas.

Já várias vezes escrevemos aqui no contas dos problemas que o BCE tem em mãos caso tenha que reportar perdas no seu portfolio de obrigações "tóxicas". Com estas decisões de Draghi, tais receios adensam-se, e pouco a pouco o BCE vai perdendo toda a sua credibilidade, juntamente com o FED, o SNB, o BoJ.

A somar a isto, o sistema de transferências monetárias montado na UE exige aos Bancos Centrais de cada país do Euro que assumam as perdas caso o BCE as registe. O Bundesbank, com 27% de quota neste sistema, é o principal visado.
Talvez tenha sido por causa deste grand plan de Draghi que Jens Weidmann, presidente do Bundesbank, sentiu que estava a perder as forças na luta contra a corrente.

Seria o terceiro responsável a sair do Bundesbank em 3 anos, nada mau!

Tiago Mestre

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