24 de setembro de 2012

E a dívida também...

Segundo os dados do INE e dos relatórios da troika a que o jornal i teve acesso, as novas previsões da dívida em função do PIB para 2012 subirá dos inicialmente estimados 114% para 119%.

E para 2013 as novas projeções apontam para 124% do PIB quando se estimava anteriormente que não ultrapassaria os 118%

Ou seja, esta nova correção para 2012 supera a estimativa que tinham feito inicialmente para 2013.

Tudo isto para dizer que estes rácios "bateram todos na trave" porque o otimismo na captação de receita fiscal morreu na praia.

É o défice que se agrava, é o endividamento que sobe e é o PIB que afunda. Tudo a bater mal, resultando nesta subida galopante dos rácios de referência das finanças públicas.

Para 2013 acabaremos com um rácio de dívida não de 124% do PIB, mas sim de 135% ou mais porque:
O PIB afundará mais do que o governo está a prever
A receita cairá mais do que o governo está a prever
Os juros aumentarão por causa do aumento do défice deste ano
O défice agravará, obrigando à emissão de mais dívida
E há muito buraco financeiro ainda por destapar. Não esquecer a CP, a EP, a Carris, os Metros Lx e Pt, as PPP's falidas, a dívida na saúde, as empresas municipais, e por aí fora..


Sendo mauzinho, Schauble e Merkel já sabiam desta monumental derrapagem, e com indicadores destes, recorreram ao truque clássico da hipocrisia política para tentar "vender" um Portugal bem comportado e merecedor do dinheirinho dos alemães.

Portugal, com uma dívida pública de 130% do PIB, é um caso sério, e na minha modesta opinião, será tarde demais.
O tipping point das nossas finanças públicas e da sociedade tal e qual como a conhecemos deu-se com a desistência da coligação em lutar pela efetiva redução da despesa.

Repetindo a dose em 2013 no aumento de impostos como já se fez em 2012 e com os resultados que já todos sabemos, a coligação muda de paradigma económico, e o pseudo-liberalismo que tanto se apregoava de menos governo, menos despesa e mais economia privada cai derrotado no chão perante as forças vivas da sociedade que não querem mais austeridade do lado da despesa e ultimamente do lado da receita. Ninguém quer abdicar nem contribuir, todos querem usufruir.

Cada pessoa e cada sociedade têm realmente aquilo que merecem, e a democracia aí está para provar esta evidência.

Tiago Mestre

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