16 de setembro de 2012

Queremos continuar em Portugal ou não? (Parte 2)


Resposta ao comentário do Carlos Antunes no post anterior.

Carlos, não acompanho a tua ideia de termos políticos fortes na UE porque... não os temos!
Há muito que me desencantei por essa opção.

Ainda recentemente foi Schauble e Merkel que viraram o "bico ao prego". Bastou irem de férias para que na rentrée política renunciassem o que andaram a defender durante anos: que a impressão do BCE não devia acontecer. Ainda me custa acreditar nesta incoerência.
Li hoje no Público que Schauble até já critica Jens Weidmann, pres. do bundesbank, por este ser frontalmente crítico às políticas monetárias de Draghi.

Como vês, é cada tiro, cada melro.
Navega-se ao sabor das circunstâncias e do sentimento do eleitorado. Mente-se despudoradamente.
É mau demais para ser verdade, sinceramente, e esta Europa com estes políticos trará novamente tensões brutais entre as diferentes culturas.
Já de si, as várias culturas da Europa são suficientemente diferentes, e portanto merecem muita cautela. Qualquer aproximação cultural deve ser MUITO bem cuidada.
Não esquecer que a limpeza judaica que os Nazis perpetraram incidiu sobre judeus que viviam, comungavam, participavam e vibravam no seio da sociedade alemã. Eles eram artistas, banqueiros, mercadores, lojistas e viviam lado a lado com os alemães de gema.

Esta tolerância que a classe política sugere agora aos vários povos europeus para que se "suportem" uns aos outros e "bebam da mesma malga" não é coisa nova. Já foi tentado antes, mas com a atenuante de que era numa escala muito mais pequena do que aquela que agora nos querem agora impingir.

Até em Portugal, em séculos anteriores, tivemos governantes "europeistas" a expulsar etnias e ordens religiosas que se tinham fixado em Portugal séculos antes, receando golpes e sei lá que mais, e que viviam harmoniosamente com os nativos.
É sempre esta atitude arrogante da elite política que julga saber o que é melhor para nós que chateia, e como nunca aprendemos com a história e os erros lá vertidos, estamos condenados a repeti-la vezes e vezes sem conta.

O que hoje temos são políticos a relevar as nossas diferenças e a colocarem-nos uns contra os outros, na tentativa de se safarem de uma crise que julgam que não foram eles que a criaram, sempre com o pressuposto de que hoje, mais do que nunca, temos que avançar para uma federação, maior homogeneização política e cedência de soberania.
É um autêntico pontapé na história, perdoa-me a expressão..

Quer dizer, promoveram juros a 0%, crédito ilimitado e deslocalização das indústrias para o Oriente, e como resultado arruinaram países, endividaram-se pelos cabelos, e a brincadeira só parou quando os credores perceberam o logro e disseram: não emprestamos mais.

Mas mesmo assim, a crise continua a não ser deles, é minha e tua, claro, porque somos nós que temos que nos chegar à frente para a liquidar.

Dar poder à classe política é a receita para a formação de asneiras, bolhas, erros estruturais, chama-lhe o que quiseres, que depois quando se revelam em todo o seu esplendor chamam-nos a nós, cidadãos anónimos, para contribuir e resolver. Até nisto é importante mantermos o Estado numa dimensão não superior a 30% do PIB, para que a potência das asneiras seja facilmente assimilada pelo resto da economia.

Os políticos são como nós, cidadãos com forças e fraquezas, e quanto mais poder, mais conflitos de interesses para resolver, e no momento da verdade fraquejam, tergiversam, vão-se abaixo, optam pelos mais fortes oprimindo silenciosamente os mais fracos.
Nós também nos vamos muitas vezes abaixo quando temos a decisão difícil pela frente. Fugimos, adiamos a chatice para o futuro e lidamos com muito menos conflitos de interesses. Contudo, as consequências da nossa cobardia são de curto alcance.

Tiago Mestre

12 comentários:

Filipe Silva disse...

Mais Europa????

Isso significa mais desemprego, com as suas regulamentações, etc..

Politicos? O pessoal é mesmo do menor esforço, querem é que alguém lhes resolva os seus problemas, serem os próprios a resolverem os problemas é que não. OS do passado é que eram bons, ya mas com economias a crescer, sem China e Índia a meter nojo.
LOL

O planeamento central não funcionou, então vamos a correr aprofundar a ver se agora é que é desta.

Saída organizada do euro é algo que não existe, ninguém sabe como será.

O exemplo do caso islandês demonstra ignorancia, este país em 6meses no inicio da crise o PIB caiu 5%.
O nosso este ano vai cair 3,3%.

Um país com 300mil habitantes, com enormes recursos naturais e com um problema não de divida pública mas sim problema do sistema financeiro.

Comparar coisas não comparáveis tem por hábito levar À asneira.

Mas alguém começa do zero? julgam que fazer reset e está tudo resolvido?

O que o Carlos Antunes o que quer é planeamento central ao mais alto nível, e para o que este pensa só existe uma forma, ditadura, reduzir a liberdade ao máximo. O que quer é controlar o pessoal

Anónimo disse...

PARTE 1

Caro Filipe Silva,
Não quero planeamento central, nem demasiada regulação. Compreendo que a economia deve centrar-se no sector privado (com mais interesse na procura máxima da eficiência com vista ao lucro) e não no Estado.
Mas também sei que o Estado tem que existir (há bens públicos inevitáveis desde que há sociedade). Terá é que ser reduzido às suas funções essenciais. E seria bom se fosse possível reduzir para uns meros 30% da riqueza, mas, face aos padrões socias a que se habituaram as sociedades ocidentais (durante o babby boom e tempo das "vacas gordas"), tenho muitas dúvidas que seja possível regredir tanto na qualidade de vida dessas sociedades sem grandes convulsões. Sobretudo tão drasticamente/rapidamente (teria que ser progressivo).

Quanto ao Tiago Mestre sobre os políticos europeus:
É verdade que a construção europeia foi feita por burocratas e nas costas das opiniões públicas nacionais (aliás com as chamadas políticas de "pequenos passos") porque infelizmente os povos europeus têm extrema dificuldade em perceber o novo quadro global em que nos inserimos e como as relações de força globais se alteraram. Muitos deles ainda pensam que vivem no seu reino ao estilo da idade média!

Mas não nos iludamos: no sec. XXI e com uma geo-política mundial multi-polar, com a emergência de novas civilizações (China (Ásia), Mundo árabe/islãmico, Rússia, Mercosur (Brasil), India - além dos velhinhos USA que ainda vão comendo todos de ginjeira) são muito mais insignificantes as pequenas diferenças culturais que nos dividem (e que até podem ser muito harmonizáveis através de educação e hábitos sociais), do que as diferenças civilizacionais brutais que nos separam dessas outras civilizações (com excepção porventura dos USA).

E eu detesto políticos mas, tenho que reconhecer que ao mais alto nível na Europa, chegam certos momentos, em que eles parecem ter noção de que isto -que acima expliquei - é o interesse "de fundo" que importa salvaguardar a todo o custo.

Carlos Antunes

Anónimo disse...

Parte II
Daí que percebo que os países ricos (sobretudo Alemanha) não queiram pagar os desvarios dos países do Sul. E estão-nos a fazer pagar o preço das nossas loucuras (para que aprendamos).
Mas, por esta altura também já saberão que esta crise resulta também em grande medida da exportação pelos USA da crise da dívida gerada pela sua alta finança (aproveitando os americanos para especularem com as divisões no seio da Europa - e em particular as brutais diferenças económicas e os erros na construção do Euro - como forma de afastarem os holofotes do seus próprios problemas (muito mais graves).

O que eu acho é que os burocratas de Bruxelas - apesar de todos os seus muitos defeitos - têm, não obstante, maior noção do nosso interesse comum geo-estratégico (ao contrário de políticos nacionalistas e populistas, que propõem soluções imediatas e fáceis sobretudo nos países ricos - "separemo-nos", "ficaremos melhor sózinhos, sem pagar para os «preguiçosos»! - que são simples mentiras redutoras, mas sedutoras dessas opiniões públicas (veja-se agora a Catalunha: o que pensa a Catalunha que se tornará sozinha?? Uma nova Suiça? Um novo Mónaco?? O que querem eles fazer sozinhos neste mundo globalizado? Conseguem combater sozinhos a alta finança? Conseguem defender sozinhos a luta pelo seu interesse económico nos mercados mundiais?, Conseguirão sozinhos os títulos desportivos e o respeito que a Espanha granjeou nas últimas décadas?? Quem é que vai saber sequer o que é a Catalunha e onde fica (na América, na China, etc?). Um “estado-cidade”= Barcelona??
Se fossem inteligentes ohavam bem para Portugal…
O caminho mais fácil e sedutor nem sempre é o melhor!
Não é momento para nos desfragmentarmos nesta altura de crise! É exactamente o oposto.

Carlos Antunes

Anónimo disse...

Parte 3

E, ponderado isto tudo, acho que Merkel e Schauble chegaram à conclusão que os países do sul já tinham compreendido o problema, tendo ainda assim sido obrigados a admitir os seus erros e a passar pela humilhação de pedir ajuda, e serão obrigados a orçamentos "vigiados", mas há que salvar esses países in extremis (e depois da dor) do bomb ardemanto económico anglo-saxónico nos mercados (a que também se expuseram, é verdade) de forma a que as suas economias não fiquem completamente destruídas!
Isto, claro, contra os princípios anti-inflacionistas alemães, que fizeram consagrar no Tratado da União Europeia para o B.C.E., vindo agora admitir - contra a sua vontade, é verdade – um ligeiro e esterilizado abrir de impressoras para salvar os países do Sul (e salvar o Euro e salvar o projecto europeu).
Por isso, estou com alguma esperança, pois penso que foi esta a evolução e que os políticos a nível europeu chegaram, percebendo a gravidade do momento (e muitos deles, nos países ricos, serão castigados nas urnas pelos populistas). Mas prestaram um serviço inestimável à Europa e ao seu próprio povo no longo prazo. Com uma solução de compromisso aparentemente razoável (salvado o essencial de ambas as faces).
E por isso acho que demoraram muitíssimo para resolver (para fazer sofrer os países do Sul para que percebessem a lição), mas agora caminham para uma solução.
E estou convencido que aquela conversa do Gaspar com o Schauble tem muito a ver com isso “Se nós «expiarmos» a nossa culpa e mostrarmos bem a nossa grande penitência, vocês no final ajudam??” “Ja!!!”…
O abrir de impressoras é, também sei, uma bomba-relógio, mas espera-se que se consiga tempo para a desarmar… E mesmo assim é um abrir de impressoras limitado/esterilizado. A outra alternativa era a explosão imediata!

Se eu estiver enganado e assim não for - e se eu estiver enganado e a Europa nos deixar entregues à nossa sorte sozinhos - então teremos que ponderar quais os custos mais pesados para nós:
Filipe Silva, sei que não há saída ordeira do Euro, mas a bancarrota e saída do Euro (por muito penosa que seja) é uma hipótese que - nesse cenário de não ajuda por parte da Europa – não poderemos teremos tirar de cima da mesa!
E ponderar o nosso interesse - sem nos assustar com os "papões" lançados pelos media ao serviço da alta finança e dos nossos credores!
Foi precisamente por seguir os “media” e o politicamente correcto da altura que nos levou a entrar de cabeça no Euro, quando vários economistas disseram logo na altura que nos seria prejudicial…
Temos que ser nós a fazer as nossas contas!
Simplesmente porque o outro cenário de décadas de extrema austeridade (20, 30 anos) para domar uma dívida colossal, com enormes consequências económicas, sociais, de destruição do país também é uma catástrofe e um futuro de escravidão!!!
E mais, estou convencido que mesmo que optássemos por esse calvário, no final os mercados não reconheceriam esse esforço e nos veriam sempre como uma economia frágil, com pouco potencial = grandes juros! Corremos o risco de sangrar para pagar, e no final... sempre PIGS!
Porque há PRECONCEITOS que por muito que te esforces não consegues erradicar de quem simplesmente tem PODER!

Carlos Antunes

Anónimo disse...

Parte 4
No meio disto tudo, não confio é nos britânicos (apesar de reconhecer serem um povo brilhante – basta ver o que uma ilha fez em todo o mundo ao longo da História): simplesmente porque os britânicos – é consabido – estão na União Europeia para a SABOTAREM por dentro (depois de não a terem conseguido impedir do exterior com a E.F.T.A.).
O interesse deles não é a Europa (vendo a união do continente como a maior ameaça à sua relevância/importância que alguma vez enfrentaram...), mas antes perpetuar o poder anglo-saxónico, sobretudo na alta finança (e com óbvios reflexos na geo-política e militar).
Daí a SACANICE das intervenções explosivas e populistas de NIGEL FARAGE no Parlamento Europeu!! 
Ou vocês acham que ele está realmente à procura do que é melhor para países como Portugal????
Os países europeus de pequena/média dimensão só terão qualquer hipótese de futuro sob o chapéu de uma FEDERAÇÃO / CONFEDERAÇÃO!
Esperemos que esse projecto seja exequível (o difícil serão, por motivos óbvios, os países mais ricos), a bem do futuro de todos nós!!

Carlos Antunes

P.S. - Custa-me ouvir estes populismos e soluções miraculosas / facilitistas na opinião pública dos países ricos (que não vêem o seu interesse estratégico), mas tenho que compreendê-las, (pois as pessoas normalmente optam pelos benefícios de curto prazo - daí o crédito massivo, como já foi explicado neste blog).
Mas ouvir estas teses de português é que já se me torna mais difícil compreender...

Anónimo disse...

Desculpem estes longos posts.

Queria apenas rectificar:
- na parte 2, no fim, onde se lê "não é momento para nos desfragmentarmos", deve ler-se o contrário: "não é momento para nos fragmentarmos..."

- Queria ainda dizer - desde já - que este consenso com os Alemães só terá utilidade se aproveitarmos esta "folga" para, de facto, invertermos de rumo e não voltarmos a esperar por outro quantitative easing de última hora.
Isto não pode ser visto como o "abrir da caixa de pandora" para mais quantitative easing no futuro...
Mas estou convencido que isso não acontecerá, devido às proporções gigantescas que assumiu esta crise nos países do Sul - por isso é que os alemães nos fizeram sangrar até ao limite... para ficar bem vincado que isto não é caminho!..

Carlos Antunes

Tiago Mestre disse...

Carlos, meu caro, gostei muito dos teus comentários.

Tentas racionalizar as decisões da classe política, e de como, no meio de tantos erros que eles ou elas tenham cometido, pelo menos perceberam que a Europa, para trabalhar num mundo global, deve estar unida.

Para ti, essa união pressupõe que, mesmo que os povos "não estejam a ver bem o filme", os líderes políticos já o viram, e portanto temos que aceitar as suas políticas e acreditar que estão bem intencionados e bem guiados.
Neste argumento, a liberdade dos povos é mais importante para mim do que a sua força geo-estratégica, acesso a recursos, whatever, caso vivamos "unidos". É uma posição de princípio,e tenho que reconhecer as responsabilidades e os riscos de proferir tal ideia. Não obstante, e no caso de os povos quererem viver (des)unidos mas interessados em trocas económicas e livre circulação de pessoas, são livres de o fazer.
O que não falta são países à beira da Europa e fora dela que não fazem parte da união e que lá se vão safando.
A Europa não possui petróleo nem recursos naturais relevantes. Possui história e conhecimento, que já não é nada mau. Ou seja, o que temos é muito mais no domínio do intangível do que do tangível. Assumirmo-nos como potência mundial sem recursos naturais, enfim, estou para ver.

E é "sabedoria bem intencionada" da elite de que eu tenho as maiores dúvidas, porque, como sabes, tenho acompanhado aqui no blog as estratégias e as decisões da UE, e deixa-me que te diga, estou dececionadíssimo.
Decide-se ao sabor do momento e em função das circunstâncias do momento, não acautelando em nada o futuro, e adiando, tanto quanto possível, as decisões difíceis.

Se não fossem os credores a dizer Basta, te garanto que a festa da dívida continuaria.

Acompanha-me e corrige-me se estiver enganado:
Incorporam-se novos países na União e depois logo se vê
Ratificam-se Tratados de Lisboa que depois são violados uma, duas, três, quatro vezes, como foi o caso da ajuda à Grécia, a Portugal e Irlanda, o programa SMP, LTRO e este mais recente do BCE.
Há 30 anos que se injeta dinheiro nas economias mais fracas: o dinheiro foi gasto, em nada alterou o PIB, o endividamento galopou, e o que é que pretendem fazer daqui prá frente? Enterrar mais dinheiro, mais dívida e o PIB continuará na sua queda inexorável como já aqui expliquei.

Esta malta ainda não chegou à conclusão de que não se pode empilhar dívida com mais dívida. Já está estudado social e economicamente. A matemática diz-nos que mais dívida faz os juros cresceram exponencialmente, e isso é uma chaga que consome os recursos internos.

A austeridade que falas foi um ponto de honra da Alemanha, e no meio de tanta asneira, até é um ponto que eu concordo, porque não se deve emprestar a troco de nada. Mas e o que dizer do programa da Grécia que não viu a luz do dia, e continuam a emprestar aqueles meninos? O bluff entrou por Bruxelas adentro, claro. Aquelas negociações são vergonhosas. E agora temos a Alemanha a oficializar e a aprovar essa mesma conduta:
Países, peçam ajuda sff que nós emprestamos.
Têm que cumprir regras ok?
Depois não se cumprem, e na hora da verdade, lá se desbloqueia a tranche.

Carlos, podíamos ficar aqui a esgrimir argumentos eternamente.

A minha preocupação é que numa filosofia de governos centralizados que deteem mais de 30% de cada economia, o espaço para o conflito de interesses e asneiras é enorme. E como julgo conhecer o homem comum, que é igual ao homo politicus, parece-me muita areia para a camioneta.
Como já estamos embalados neste caminho forçado da UE, só me resta desejar que eu esteja enganado, porque se estiver certo, já cheguei atrasado à missa.

Filipe Silva disse...

Não há nada que o Estado forneça que não o mercado livre não o possa fazer.

Podemos utilizar o caso Sueco para demonstrar que é possível baixar o peso do Estado na economia, e baixar os beneficios que este dá sem existir um problema de violência.
Nos anos 90 a Suécia encontrava-se numa situação parecida com a nossa, um deficit de 15%, desemprego a níveis recordes, impostos a 50% do PIB, e o que fez foi baixar os impostos e cortar despesa, reduziu o seu estado social. Que eu saiba não houve mortos e feridos em manifestações contra isso.
Esta semana que passou baixaram o IRC para 23%.

Temos pena, senão aceitarem podem espernear partir tudo, a realidade não se altera, e quanto mais tempo se protelar mais tempo se vai sofrer.

Convém ler o livro "A tragédia do Euro" de Phyllip Bagus para se ter uma verdadeira imagem de como e porque foi criado o Euro, e porque os Alemães tiveram de abandonar o Marco e porque os franceses odiavam o Marco.

Diz ser contra o planeamento central e depois escreve esta pérola "É verdade que a construção europeia foi feita por burocratas e nas costas das opiniões públicas nacionais (aliás com as chamadas políticas de "pequenos passos") porque infelizmente os povos europeus têm extrema dificuldade em perceber o novo quadro global em que nos inserimos e como as relações de força globais se alteraram"
Isto é planeamento central in its finnest, Eu é que sei o que é melhor para a populaça.

Novas civilizações??? Está a brincar não??? ainda não havia civilização ocidental já existia há séculos o Império do Meio, a Índia como civilização também tem milénios, a numeração que usamos hoje veio do mundo árabe, por cá tínhamos a não prática e ineficiente numeração romana, sem esta nova numeração nunca teriamos tido acesso ao desenvolvimento. Por isso fazer afirmações como faz revelam um pouco de falta de noção de história mundial.

Mas é mau a diferença? sempre achei que não, da diferença é que se evolui, formas de ver diferentes de ver um mesmo problema só leva a que mais facilmente e rapidamente este problema seja resolvido.

Filipe Silva disse...

Ui dá crédito a mais a quem não o tem.

Os politicos que você fala só estão interessados numa coisa, no seu bolso.

O Caso Durão Barroso e Vitor Constâncio, dois falhados em Portugal, chegam a posições de destaque e de poder na UE, por isso essa não cola.

Os países ricos claro que não querem pagar, isto não é a Alemanha Ocidental, percebo perfeitamente que um Alemão não queira ver os seus impostos aumentados para que haja dinheiro para Portugal, normal e saudável. Relembro o Caso Madeira, o português continental está contra ver os seus impostos elevados para pagar os desvarios dos madeirenses, que já passou tempo na ilha (como é o meu caso) percebe perfeitamente isso, aquilo é uma pequena koreia do norte, mas isso é outra conversa.

A crise foi exportada, talvez sim talvez não, a realidade é que inumeros bancos europeus com sucursais nos USA entraram no mesmo jogo, por isso são igualmente culpados.

Mas que má construção do Euro, o Euro está muito bem construído, não está é como os socialistas queriam ou pensavam que estava, este hoje funciona como uma espécie de padrão ouro, ler e ouvir Huerta de Soto para ficar mais elucidado.

Combater a alta finança??

Mas tem alguma noção de como funciona o mercado financeiro?
Tem noção que esses burocratas que tanto gosta estão ao serviço da alta finança que tanto detesta?

O presidente do BCE era da Goldman sachs international, chefe da divisão responsável pela ocultação da divida grega(apesar de não ter estado a trabalhar lá durante o período da ocultação), Mario Draghi, Até um ex presidente do bundesbank um tal de ising ou la como se escreve
e a lista continua.

Lá está melhor para quem e quem é que sabe o que é melhor?

A Merkel quer ver se é reeleita mas também não quer ficar na história como quem foi "culpada" pela desfragmentação da UE.

Porque não perguntar porque não foi permitido o default dos países endividados e com problemas sem lhes exigir a saída do Euro? É algo possível de ter sido feito, espera isso ia criar grandes problemas nos bancos alemães e Franceses, pois o motivo é sempre nacional.

A única coisa que a Alemanha pretende é o seguinte, estes países vivem acima das suas possibilidades, se pagamos a conta vão continuar a fazer o mesmo e nós vamos ter de estar a pagar sempre, o eleitorado não vai gostar e Eu Merkel vou com o c......
Estão se a marimbar se ganhamos competitividade ou não, não querem é andar a pagar a conta a cada 10anos.

Não tem nada a ver com os alemães e as suas politicas anti inflacionistas, tem a ver com bom conhecimento de como funciona uma economia,

Filipe Silva disse...

Nunca o que propôem foi realizado, logo ninguém saberá dizer o que ocorrerá, se existirá pânico, que dimensão este terá, etc...

O problema de Portugal é que desde o 25abril andamos de mão estendida a ver se nós arranjam uns tostões.
Foram os 2 empréstimos do FMI, foi o dinheiro que choveu e continua a chover da UE, agora o empréstimo da troika.
Fazer o que é preciso, produzir riqueza para a podermos consumir isso é que não dá muito trabalho.
A história da democracia parece que somos uns pedintes.

O euro não foi prejudicial antes pelo contrário, foi a última grande oportunidade de darmos o salto enquanto país.
Vejamos o financiamento passou a ser ao nível de uma alemanha, algo que com moeda própria nunca poderiamos ter alcançado, agora que culpa tem a UE que nós sejamos estupidos e tenhamos gastado o guito todo, em Iphones, Ipad´s, BMW mercedes, casas e companhia limitada e não tivermos investido no sector produtivo, permitindo subir ainda mais na escala de valor?

Esses que falavam contra a moeda unica só tem uma coisa em mente, DESVALORIZAR, a panaceia para todo o mal, que se Fo.... o consumidor, este que consuma produtos inferiores e tenha menos escolha, porque só nos safamos a fazer coisas baratinhas.

Quando entrei na faculdade de economia, mais do que um Professor disse que tinhamos de subir na escala, deixar as industrias tradicionais que essas não iam a lado nenhum, e mais não sei o que.
Hoje somos os 2º do ranking mundial de sapatos mais caros, hoje é sinónimo de qualidade sapatos made in Portugal, esta industria está crescer a um bom ritmo, enquanto o resto está a cair.

Mas que escravidão, o pessoal quer é continuar o regabofe, quer continuar a endividar-se, alguma vez nos iriam obrigar a ter um superavit, são 43 anos a ter deficit do orçamento de EStado.

O que querem é manter o status quo, os beneficios para os funcionarios publicos etc...
Escravidão é o que nos propoêm com a saida do Euro, eu ter de ser obrigado a viver num país que me lixa sempre que lhe convém.
Já agora ter um moeda e andar a desvalorizar é o expoente máximo de planeamento central

Filipe Silva disse...

Os britanicos fazem a cena deles, e muito bem, há que defender os seus interesses, e o Nigel Farah claro que está é preocupado com o seu eleitorado, mas isso não implica que quando fala não diga umas verdades, é impressionante ver o Durão Barroso vomitar tanta asneira.

O que o Carlos quer é um super estado europeu acho isso uma estupidez monamental.

Eu conheço muito bem os espanhóis e não tem nada a ver com os portugueses, somos one of a kind, nunca viu que por aqui existem pessoas parecidas com nórdicos e outros com iraquianos, quantos Saddams já não viu na GNR?

Em relação À desvalorização do euro , esta vai ocorrer porque existe hoje uma guerra de moedas a nível planetário, foi assim que começou a 2GM, na altura com proteccionismo, via barreiras alfandegárias, hoje assistimos a desvalorizações, OS USA desvalorizam o que leva a que o Banco do Japão, China, e até o BCE desvalorizem. Planeamento central ao seu melhor, ou seja ao pior.

A comida e energia vao sofrer com estas impressões. e vai haver molho principalmente nos países árabes


A UE começou muito bem, livre comércio e de circulação entre pessoas e bens. Nada mais é necessário do que isso para o crescimento economico, sempre que se mete mais estado resultado menos economia.

Mas há que ver que existe sempre pessoas que querem mandar na vida dos outros, por isso o super estado Europeu.

Carlos Antunes disse...

Caros Tiago Mestre e Filipe Silva,

Não quero alimentar discussões inúteis, pois já percebemos que temos pontos de vista em boa parte diferentes.

Deixo apenas aqui o contributo, que - partindo de um diagnóstico até bastante idêntico ao vosso, no que diz respeito às asneiras cometidas no passado - tem uma perspectiva para o futuro algo diferente (porventura - e idealmente - não tão drástica e imediata no reajustamento que teremos que fazer, e contando com eventual ajuda da Europa).

Sei que a Alemanha está certa nos princípios económicos que defende, e, quando falo nos erros de construção do Euro, não é nos princípios de combate ao "quantitative easing" e à inflação.
Tem antes a ver com a perspectiva de que uma "moeda única" com economias tão distintas e sem políticas orçamentais e fiscais comuns (que são próprias de uma Federação), traria necessariamente assimetrias muito complicadas de gerir/resolver!!
Além dos "bons princípios" de construção do Euro plasmados no Tratado da União e do B.C.E. (impostos, e bem, pela Alemanha), a moeda única só ficaria completa com políticas fiscais e orçamentais que o complementassem (o que - lá está! - a "opinião pública" dos países mais fortes na Europa nunca admitiria, por perda de soberania).
Daí que o Euro nasceu "coxo", mas foi o possível, na altura, e um passo em frente para a Europa.
Simplesmente os americanos (entalados) exploraram essas debilidades do Euro e exponenciaram-nas para esconder os seus problemas!
E - nessas circunstâncias em que o Euro foi criado -, não sei se foi boa ideia, para países de economia mais frágil como Portugal, ter entrado: com a rigidez imposta pela Alemanha e sem a margem de manobra de políticas orçamentais e fiscais que faltavam, não tinhamos "unhas para aquela guitarra"! É verdade que - idealmente - os países do sul deveriam ter percebido isso "ab initio" e ajustado para entrar no pelotão da frente (e houve muitas asneiras de muitos políticos... - v.g. PS /Mário Soares, que pensaram que quando chegasse a hora a Europa nos viria ajudar nem que fosse com impressoras)...
Mas mesmo que os nossos políticos nacionais (e empresas ! e famílias !) não tivessem cometido os erros colossais que cometeram, mesmo que tivessemos feito tudo bem para nos ajustarmos logo de início, não sei se teríamos conseguido (tão pouco tempo - 10 anos - e as diferenças entre economias tão grandes)!

Enfim, fica a minha perspectiva diferente.

Queria apenas dizer que o Filipe Silva tem razão ao dizer que não são novas civilizações: na verdade queria dizer "novas super-potências" ou "super-potências emergentes" no plano económico e internacional (foi mero lapso, pois bem sei que p.ex. a China é uma civilização milenar, mas acho que perceberam o que quis dizer).

Tenho esperança que este "Euro coxo" de que falo acima tenha sido um pequeno passo que os burocratas de Bruxelas (que vocês detestam - mas em que eu tenho alguma esperança por comparação pelos populistas nacionais que só querem seduzir populisticamente os seus eleitorados), que os burocratas de Bruxelas, dizia, poderão ter engendrado, para num futuro próximo - que á agora, a actualidade - fizessem as opiniões públicas dos países ricos terem que resolver (e porventura aceitar) a verdadeira questão de fundo para os povos europeus (pelo menos europeus continentais, pois britânicos é outra coisa): ou salto em frente para uma verdadeira Federação, ou fragmentação e, a médio prazo, irrelevância económica, política e militar (incluindo a Alemanha ainda que porventura resista mais). E pior, inevitável confronto armado entre principais nações europeias a prazo (repetindo a História).

Cumprimentos para todos e votos de boas reflexões.
Vou-me ficar por aqui nos comentáros (já perceberam a minha perspectiva).

Carlos Antunes