12 de setembro de 2012

Governo limita regras na entrega da casa ao banco


Sobre este assunto, muito já se discutiu aqui no Contas aquando da deliberação do tribunal de Portalegre, com intervenções pertinentes do Filipe, do Vazelios, do Vivendi e de outros.
Sobre este tema, os 3 ilustres comentadores acima mencionados concordavam com a decisão do tribunal, contudo tentei demonstrar que decisões desta natureza colocarão os bancos numa posição mais frágil, à qual julgo serem alheios, mas o que me transtorna mais é saber que os banqueiros irão, sem sombra de dúvida, tentar compensar estes prejuízos em tudo o que é imposto, taxa, movimentos para aqui e para acolá dos outros credores e dos depositantes que nada têm a ver com o assunto.
Realmente, nos dias que correm, não me apetece muito pagar por aqueles que compraram uma casa e que agora, por razões que também me são alheias, não conseguem liquidar as despesas.
Eu não comprei casa em Lisboa. Arrendei, e por um preço bem superior ao que teria obtido caso tivesse comprado, mas não quis correr o risco pessoal de pedir dinheiro emprestado, já que não o tinha para efetuar a compra.

Paralelamente, também parece que pelo facto de os bancos já possuirem tantas casas no seu portfolio, arranjaram esquemas de crédito facilitado e outros que tais para que as "suas" casas sejam mais depressa vendidas do que as casas dos "outros" promotores, ou seja, quem ainda está no negócio imobiliário tem um novo concorrente, e de certa forma com atitudes desleais ao conceder crédito para as suas casas e não para as dos outros.

Também quero dizer que não tenho intenção nenhuma de pedir ao Estado para que este pague as dívidas da minha empresa caso esta vá à falência. Sou eu que respondo pelas minhas decisões e tenho que assumir as consequências das mesmas. Só assim sou obrigado a viver dentro das possibilidades e a acumular, tanto quanto possível, energia dentro da empresa para que em momentos difíceis esta não fique logo com a corda ao pescoço.
Ou seja, o que peço aos outros, peço primeiro a mim mesmo.

PSD e CDS cortaram a facilidade de entrega da casa como forma de liquidar a dívida.
Segundo percebi, será necessário efetuar nova avaliação do imóvel para se perceber a diferença de preços, ou não, entre o antes e o agora.
Se o imóvel perdeu valor, o devedor terá que repor a diferença para conseguir entregar.
Além desta restrição, que me parece natural, há outras que se prendem com as condições de viabilidade do próprio devedor. Ou seja, só em condições muito especiais é que será possível entregar a casa e liquidar a dívida.

Na nossa opinião, preferíamos que o Estado não legislasse (mais) sobre esta matéria, na medida em que os contratos foram assinados entre duas partes na esperança de que ambos beneficiassem.
Infelizmente não foi assim, porque as circunstâncias mudaram, a economia declinou, muita gente ficou no limite do suportável, e o governo, pela pressão mediática, achou por bem intervir.

Mas parece-me muita parra e pouca uva, e até contraproducente, porque segundo percebi, as regras para entregar a casa serão agora bem mais apertadas do que na altura da decisão do tribunal de Portalegre.
Todo somado, até fica a sensação de que o governo beneficiou a banca.

Sinceramente, preferia que o estado não tivesse metido o nariz, independentemente de beneficiar x em detrimento de y ou vice-versa.

Com a aprovação desta lei, é agora possível afirmar que sempre que certas condições se reúnam do lado de um dos outorgantes, o Estado tem o poder de denunciar milhares e milhares de contratos que foram livremente assinados.

Vejam lá a aldrabice pegada:
O Estado ajuda bancos porque estão em falência, entregando-lhes dinheiro dos contribuintes
O Estado ajuda alguns contribuintes porque estão em falência, tirando dinheiro aos outros todos.
O Estado entra em falência com tanta ajuda que presta a quem precisa porque já não há contribuintes suficientes.

Pergunta:
E quem ajuda o Estado e os contribuintes que... contribuiram?

MARTE?
JÚPITER?

Tiago Mestre

3 comentários:

Filipe Silva disse...

O Estado legisla em beneficio dos Bancos, isso não existe dúvida.

Os contractos foram assinados de livre vontade, sem dúvida, mas as pessoas foram induzidas a comprar casa primeiro pelo Estado (a lei do arrendamento, fez com que por vezes a decisão de alugar fosse vista como uma decisão irracional) segundo pelos bancos que cometiam, na minha óptica, pequenas fraudes, como avaliar a casa por um valor superior (muitas vezes a empresa que avaliava era do Banco ou liga a este)ao de mercado, financiamento a 100%( neste ponto não se consegue ver a capacidade de poupança do cliente), empréstimos a pessoas que nunca deveriam ter tido acesso ao crédito (pessoas com rendimentos de 600€ conseguiram empréstimos).
Numa economia de mercado livre, ambos pagam, seja o devedor seja o credor.

Essa de avaliar o imóvel é engraçada, o Estado para efeitos do IMI está a avaliar as casas com avaliações do tempo da bolha do mercado, de forma a encaixar o máximo, hoje uma casa que vale-se no pico da bolha 200mil € certamente valerá bastante menos.

Depois temos outra coisa, o Estado com as suas atitudes da loucura de querer sacar o dinheiro todo onde ele houver, através dos impostos, vai levar pessoas que cumpriam os seus compromissos a não os conseguir.
Logo o Estado é responsável por muito do incumprimento que virá a ocorrer.

A engenharia social levada a cabo por sucessivos governos deu este bonito resultado.

Os bancos NÃO são na minha visão pessoas de bem, podemos constatar que muito dos problemas de excesso de endividamento vêm de ligações estreitas entre poder politico, empresas de construção e Banca, como alguém disse era uma FESTA.

O Estado deve deixar os bancos caírem, O salvamento do BPN teria ficado mais barato se o Estado tivesse pago os depósitos todos aos clientes e deixado falir.

Uma das vantagens da crise é que fez as pessoas acordarem e abrirem a pestana em relação aos Bancos, que são empresas que não tem o interesse do cliente em primeiro lugar, mas sim os seus.
Estou a ler um livro O BANCO sobre o Goldman Sachs fantástico recomendo, para perceber como o banco e sistema financeiro opera.

Um aponntamento
Repara um reformado vai levar mais um corte de 3,5 a 10%, com os 14% que já levaram, são 27% a certos aposentados (somando inflação). Para reformas acima de 1500€
Continuo a não perceber porque não se limita as pensões a 2500€, a grande maioria das pensões (segundo dados acima de 5000 do sector privado só existem 834pessoas, o resto são da função pública) acima desse valor são de politicos, interessante que não tem coragem de cortar nos beneficios deles.
O ganho médio do politico do governo subiu 81€, dizem devido aos subsidios de habitaçao e deslocação.

Estes gajos não tem noção que podiam conquistar um pouco do povo, se acabassem com todos os beneficios dos politicos, recebiam o salario e mais nada.

Bem que se há de dizer destes neo comunistas




Fernando Ferreira disse...

O Tiago disse: "Realmente, nos dias que correm, não me apetece muito pagar por aqueles que compraram uma casa e que agora, por razões que também me são alheias, não conseguem liquidar as despesas."

Concordo perfeitamente. O pior e' que o colectivismo e' uma doenca que infecta tudo e todos.

Hoje em dia os estatistas e os Keynesianos viriam com uma conversa do genero: "Se tu conseguiste comprar a tua casa, ou arrendar ou criar a tua empresa, nao foi por merito teu, foi gracas ao colectivo". Ou gracas ao "tecido social", como uma vez um fulano me disse.

Logo, consequentemente, tudo o que es e tens so o conseguiste porque "os outros", esse ser sem corpo e sem mente, to proporcionaram e, portanto, quando um membro dos "outros" se esta maribando para as suas obrigacoes e as suas responsabilidades contratuais, quem paga sao "os outros". Isto e' visto como "normal" e quem nao concorda e' "egoista".

Para estes colectivistas, Leonardo da Vinci, Beethoven ou Einstein so criaram o que criaram gracas ao "tecido social" e nao ao seu merito individual e capacidade de trabalhoe, portanto, tudo o que conseguirem devem-no a todos os outros.

E e' por isso que este mundo esta como esta...

Tiago Mestre disse...

Filipe, oxalá houvesse legislação para punir quem avaliou acima do que estava previsto e enganou o povo com condições irrealistas. Mas não houve nem há, e concordo que os bancos não são pessoas de bem, daí concordar que eles também deveriam sofrer.
Mas sofrerem através da entrega de casas pelos devedores como forma de liquidar a dívida parece-me irrealista, ou seja, vão logo engendrar esquemas para que sejam outros a pagarem. Alguma coisa irão sofrer com certeza porque não podem passar todo o prejuízo para os restantes parolos clientes, mas gostaria que a justiça se praticasse nos tribunais, com multas, coimas e até suspensão de licensa pelo BdP - o encerramento completo do banco...
(Já estou a sonhar, claro)

Fernando, o fulano que referes é Barack Obama, que num discurso recente veio dizer que os americanos empreendedores só prosperaram porque a sociedade asism o permitiu.
A malta aplaudiu forte e feio.

Bem vindos à União Soviética Norte-Americana