20 de setembro de 2012

AICEP acredita no equilíbrio da balança externa portuguesa

Pedro Reis, presidente da AICEP, afirmou hoje aqui:

"Este "anular do défice externo na ordem dos 4,6 mil milhões de euros" contou com a contribuição de metade do crescimento das exportações e metade da redução das importações, o que "dá um sinal de uma correcção saudável".


Queremos sugerir ao Pedro Reis que é melhor ir com alguma prudência neste tipo de conclusões.

 A correção só é saudável do lado das exportações, porque do lado das importações, a correção é deprimente.

E a rapidez a que todos assistimos na queda das importações revela uma tal contração no consumo interno que, contribuindo para quase 70% para o nosso PIB, só pode ser interpretado como fazendo parte do início de uma depressão económica que atravessará este país por bastante tempo.

Nenhum país é sustentável e muito menos "saudável"a contrair 3,3% ao ano no seu PIB, portanto, cuidado com as afirmações.

Não obstante, a correção no défice comercial é importante e necessária, mas tal desígnio só se tornará "saudável" se as importações equivalerem às exportações em período de crescimento e prosperidade, que todos esperamos que ocorra no futuro mais breve possível !

Tiago Mestre

6 comentários:

Pedro Miguel disse...

Olá Tiago,

quando fala em consumo interno refere-se a consumo privado certo?

É que são coisas bastante diferentes.

De qualquer das formas, penso que pode haver ainda uma maior queda das importações por motivos extra poder de compra.
Há indicadores de alguns produtores de petróleo que o preço deste pode parar de subir.
Parece haver margem para uma ligeira recuperação do Euro face ao dólar, o que vai baixar os custos de importação daquilo que obrigatoriamente temos que importar por total dependência.

Gostava de ver um artigo seu sobre uma falácia muito repetida na comunicação social.
A falácia de que a descida do poder de compra ou do rendimento disponível é igual à descida da produção das empresas e de serviços. A verdade é que tende a ser, mas pode não o ser.

Parabéns pelo blog!

vazelios disse...

Também fiquei com essa dúvida do consumo interno.

Fiquei sem saber se era consumo privado ou o privado mais o público.

Ainda assim, o consumo interno pesa 70% no PIB?

Ficamos muito dependentes desse consumo interno.

É a mesma coisa que países que dependem muito das exportações e que por muitos possiveis motivos vêm as suas exportações cairem e consequentemente cai o PIB...

Se tivessemos as componentes do nosso PIB mais equilibradas, ao corrigirmos a nossa balança comercial como fizemos e o consumo interno a descer, não teriamos descido tanto no PIB.

É isso que está a acontecer.

As Exportações estão a ganhar peso, o consumo privado a perder quota no PIB, e as importações também. Estas sem dúvida é que têm de descer cada vez mais até níveis comportáveis.

Cmpts

Tiago Mestre disse...

Meus caros, o consumo interno considero como a soma do consumo privado + consumo público.

PIB 2011 = consumo privado (45%) + publico (24%) + investimento (18%) + exportações (35%) - importações (42%)

Estou a escrever as percentagens de memória. Há-de falhar qq coisa.

Sobre a falácia de quebra de rendimento = quebra de produtividade, terei que pensar um bocadinho sobre isso. Tendo a concordar que não há uma proporcionalidade direta, mas deixem-me ver

Pedro Miguel disse...

O consumo privado penso ser cerca de 65% do PIB, embora na comunicação social seja recorrente ouvir que é de 70%. Os teus restantes valores são aproximados, embora as importações sejam de % menor e o consumo público bastante menor, na ordem dos 20% se não me engano.
Também estou a escrever à pressa e não pude confirmar.

PIB = C (65%) + G (20%) + I (18%) + X (35%) - M (39%)

Os valores serão aproximados a isso.

Volto a referir, os que sofrem mesmo com a descida do consumo são os automóveis e restantes bens importados como combustíveis...

A valorização do EUR pode ser muito importante se acompanhada com uma descida séria da TSU (das empresas) que anule o efeito da subida para as exportações extra comunitárias.
Se o valor do petróleo descer, melhor ainda.

Paulo Monteiro Rosa disse...

Boa noite,

Podem ver o Quadro 3.

http://omniaeconomicus.blogspot.pt/2011/12/cimeira-europeia-de-9-de-dezembro.html

Cumprimentos,
Paulo Monteiro Rosa

Filipe Silva disse...

Interessante o investimento ser tão elevado, se a basear pelos dados do banco de Portugal a poupança nacional quase é negativa.

Este investimento será por via de poupança externa.

Enquanto não recomeçar mos a ter uma estrutura de investimento derivada da poupança, não vejo como a economia irá ser sustentável.