6 de outubro de 2011

Trichet estende o tapete a Draghi

Caros Leitores e Leitoras, soubemos hoje pela edição online do Jornal de Negócios que Jean-Claude Trichet promoveu um conjunto de medidas a realizar a partir de Outubro, deixando ao novo presidente, Mario Draghi, apenas o trabalho de as executar e gerir. O Banco Central Europeu, com alguns meses de atraso, costuma imitar as movimentações da Reserva Federal Norte-Americana, com os resultados que já falámos no post de 5 Outubro, ei-las aqui:

1. Aquisição de obrigações "problemáticas" detidas por bancos;
2. Cedência de créditos ilimitados, com maturidade de 1 ano ou menos, a qualquer banco que o solicite.

Este renovado BCE, com um novo presidente de origem italiana e um vice-presidente de origem portuguesa, cidadãos de países com imensas dificuldades em se financiarem nos mercados de capitais, será uma instituição demasiado apetitosa para não se carregar no botão milagroso: criar dinheiro a partir do nada.

Com estas medidas agora anunciadas esperam-se dias positivos nos mercados de acções já que os investidores, tão obcecados em guardar os ganhos mas tão relutantes em ficar com as perdas, saberão que haverá sempre um salvamento vindo da instituição de último recurso: O BCE. E assim se cria mais um precedente de má moral: os grandes bancos podem apostar no produto mais arriscado que houver; se ganhar fica com os lucros, se perder arrisca a criar um problema "sistémico" de falências, obrigando à intervenção das instituições monetárias e políticas europeias. Em última instância, serão novamente os contribuintes a comparticipar esta gigante aldrabice quando as coisas começarem a correrem mal, porque irão mesmo correr mal, não haja dúvidas sobre isso.

Tiago Mestre

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