18 de outubro de 2011

Que capitalismo tão descapitalizado!

Caros leitores e leitoras, com todas as manifestações que têm ocorrido pelo planeta e que nos têm chegado pela imprensa, verificamos que há protestantes e cartazes que se insurgem contra o capitalismo. É recorrente esta ideologia de que a culpa é do capitalismo, sobretudo do capitalismo selvagem, que não protege as pessoas e apenas enriquece os mais poderosos.

Queremos esclarecer aqui no Contas que a nossa opinião segue num sentido bem diferente. O capitalismo deve reger-se pela lei mais elementar do mercado: a lei da oferta e da procura, mas infelizmente os políticos têm sistematicamente interferido no capitalismo e na economia de mercado, a saber:

1. Estados geram frequentemente mais despesa do que receita, tornando-os dependentes de credores, como os grandes bancos, ou dos bancos centrais que emitem moeda;
2. A dependência dos Estados para com os grandes bancos privados cria fenómenos de subserviência e dependência que, em caso dos bancos ficarem em apuros, os Estados não têm outra solução senão salvá-los, caindo o peso sobre os contribuintes;
3. A emissão de moeda pelos bancos centrais para tapar as dívidas dos Estados promove a desvalorização da própria moeda, gera fenómenos de inflação e aumento generalizado dos preços, retirando poder de compra à população;
4. Manipulação das taxas de juro com que os bancos centrais emprestam dinheiro aos grandes bancos privados, baixando-as artificialmente para estimular o acesso ao crédito, tornando estes bancos ainda maiores   e aumentando a emissão de moeda;
5.  Manipulação dos mercados de acções pelos Bancos Centrais através da concessão de créditos aos grandes bancos privados, estimulando estes a investir esse dinheiro nos Mercados;
6. Emissão de moeda pelos bancos centrais para resgatar bancos que estão em apuros, adquirindo-lhes os activos tóxicos, ou que se desvalorizaram muito no mercado, por forma a não entrarem em insolvência;
7. Perversão moral no resgate a bancos em apuros, já que um dos requisitos no capitalismo é que quem investe mal deve ser punido no mercado, abrindo falência ou re-estruturando a sua actividade;
8. Surgimento de toda uma classe de especuladores nos mercados, que exercem actividade em função das orientações que os governantes vão dando aos mercados, interferindo no normal processo dos mercados;
9. Interferência do Estado no mercado laboral através da criação de subsídios e apoios de toda a ordem;
10. Intervenção dos Estados na concessão de bonificações nos créditos à habitação, estimulando a construção de casas e tornando os municípios muito dependentes das receitas obtidas com estes negócios; 
11. Aumento do peso do Estado no PIB, tornando a economia mais dependente deste. Em 1974, o Estado pesava 13% do PIB, hoje pesa 50% do PIB. Se o estado espirra, a economia apanha uma constipação;
12. Alargamento e liberalização dos tratados do comércio mundial sem atender às diferenças laborais que existem em cada região do globo. No capitalismo, as regras devem ser iguais para todos, e se se quer alargar o capitalismo ao mundo inteiro, as regras devem acompanhar. A concorrência desleal gera desequilíbrios na lei da oferta e da procura.
13. Manutenção de paraísos fiscais com falta de regulação e transparência dos mesmos.



Estas são apenas algumas das muitas manipulações que os governantes têm criado e que não existiam previamente. O capitalismo não conseguirá resistir a tanta perversão, e quanto maior a manipulação, maior a selvajaria. As próprias democracias já estão a sofrer com tudo isto já que a agenda política se move por outros interesses que não os do povo.

Com a manipulação das regras que está ocorrendo a nível mundial, desconfiamos que as democracias serão as primeiras a sofrer por serem frágeis e facilmente manipuláveis pelos próprios "democratas". Seguir-se-á o capitalismo, que apesar de assentar em princípios mais difíceis de manipular, é atacado todos os dias. O que surgirá após tudo isto não sabemos, mas acreditamos que será bem pior do que o sistema que tivemos até agora. Aguardamos cenas dos próximos capítulos.



Tiago Mestre

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