10 de outubro de 2011

Serão as nossas reservas de ouro uma solução?

Caros Leitores e leitoras, tendo o Contas Caseiras sido abordado por alguns leitores para que se debatessem soluções e alternativas às políticas vigentes, foi-nos colocada a questão se não seria preferível vender as reservas de ouro que possuímos em alternativa ao resgate financeiro que pedimos à troika.


Esta questão já foi debatida algumas vezes na comunicação social, tendo-se já referido que as reservas de ouro que possuímos são insuficientes para liquidar a dívida, a saber:

Portugal possui aproximadamente 385 toneladas de ouro. O preço da onça (31 gramas) de ouro ronda os 1230 euros, o que perfaz um valor total de 15 mil milhões de euros.

Este valor é semelhante ao défice que o Estado gera em cada ano, nos últimos 2 anos. Só no primeiro semestre de 2011 o Estado português já gerou um défice de 7 mil milhões de euros. O ouro que possuímos apenas dá para cobrir o prejuízo do Estado num ano. A dívida pública ronda os 170 mil milhões de euros, logo as reservas de ouro não chegam a 10% do valor da dívida total do Estado. Sobre o resgate acordado entre Portugal e a troika, este é de 78 mil milhões de euros, montante 5 vezes superior.
Lamentamos informar os nossos leitores que ainda depositavam alguma esperança nesta solução, mas ela peca por ser muito insuficiente.



Outras razões afiguram-se também pertinentes para não vender. Uma delas é que, em caso de voltarmos à moeda antiga, o Escudo, convêm que este seja suportado por ouro no Banco de Portugal,  credibilizando a emissão da moeda. Se não houver metal precioso no cofre, a moeda arrisca-se a não ter valor e ninguém a desejar para efectuar transacções. Outra razão, de carácter legal, é que esse tipo de operação é actualmente regulada pelo Banco Central Europeu, e presumimos que não estejamos autorizados a realizar esses movimentos de dinheiro.
Outra razão, de menor importância, é que caso se vendesse o ouro, o preço no mercado desceria, baseando-nos na lei da oferta e da procura, e portanto já não arrecadaríamos os 15 mil milhões, mas um valor sensivelmente abaixo.


Tiago Mestre

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