Caros leitores e leitoras, acabámos de presenciar já hoje de madrugada um dos maiores embustes políticos na história recente da UE.
Ouvimos nestes últimos dias declarações de individualidades como Durão Barroso, Juncker, Merkel, Sarkozy, Tricher, Passos Coelho, e outros, dizendo que esta seria:
A cimeira das cimeiras;
A cimeira das decisões;
A cimeira das soluções concretas e definitivas para resolver os problemas da Europa;
Basicamente, fomos inundados na imprensa de "tretas e mais tretas" nesta última semana.
E qual foi o resultado da cimeira? Nada, à excepção de que todos estão de acordo que a dívida da Grécia terá que ser perdoada em 50%. Mas quem terá que perdoar a dívida são as instituições credoras dessa dívida, como bancos privados, hedge funds, fundos de pensões, etc. Se estas não quiserem assumir o perdão, provavelmente a União Europeia terá que as obrigar, espoletando um credit event e permitindo a denúncia dos contratos de credit default swaps. Numa situação destas, os mercados de crédito e de acções poderão ter dias instáveis e imprevisíveis.
Estamos curiosos para saber se este corte de 50% também se aplica às obrigações gregas que o BCE possui nos seus balanços. Das duas uma, ou os Estados membros recapitalizam o BCE para cobrir prejuízos ou então auf wiedersehen ao BCE e à moeda euro.
Sobre as aprovações que supostamente esta cimeira deveria realizar: o novo EFSF alavancado e o suposto modelo de recapitalização dos bancos nada ficou decidido.
Veremos até quando o marketing político mantêm os investidores levitados.
Tiago Mestre
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