Caros leitores e leitoras, para quem tem acompanhado nas últimas semanas o site ZeroHedge, certamente que não se surpreenderá com as notícias agora avançadas de que o banco Franco-Belga Dexia terá que ser nacionalizado. Se não for totalmente nacionalizado, pelo menos será uma parte, a pior parte, a parte que possui activos que perderam muito valor de mercado. É já um clássico na política ocidental neoliberal e pseudo-capitalista de nacionalizar os prejuízos e privatizar os lucros, sob o álibi de que a não nacionalização levará ao colapso de todo o sistema. Desde 2008 que ouvimos esta lenga-lenga, e se a classe política continuar a sofrer de fraqueza moral, muitos bailout's ainda estarão para vir, com o peso destas decisões a recair nos contribuintes.
O ridículo da situação é tal que ainda há 2 meses este banco passou com distinção nos testes de stresse. Ao que apurámos, foi-lhe permitido não inscrever nas contas o valor de mercado de certas obrigações tóxicas (Grécia e outras, presumimos nós) que possui no seu activo, massajando brutalmente os números e qualificando-se assim com mérito. É caso para dizer: assim não vale.
Sobre a credibilidade das nossas autoridades europeias já escrevemos um post no dia 4 Outubro, mas este caso é mais uma prova da aldrabice generalizada que se vive na UE e nos Estados Unidos: Massajar informação, escamotear, esconder, dizer que está tudo bem, plantar notícias e criar mais dívida para salvar países... endividados, enfim. E nenhum líder se demite, ninguém reconhece as atrocidades que se cometem. Uma excepção, demitiu-se há 3 semanas um dos governador do BCE: Dr. Jürgen Stark, que se opôs (e bem, na nossa opinião) ao descalabro de compra de dívida que o BCE realizou na semana anterior à sua demissão. Infelizmente são os que possuem princípios que se demitem, deixando o terreno livre para quem tem uma coluna vertebral mais flexível que um invertebrado.
Tiago Mestre
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