19 de outubro de 2011

Bank of America

Caros Leitores e Leitoras, informamos que, já em sinal de desespero, a direcção do Bank of America decidiu transferir um conjunto de produtos derivados que possuía numa das unidades do banco (Merrill Lynch) que não é garantida por depósitos da população, para a unidade que é garantida pelos depósitos (Bank of America). E porquê?

Porque a unidade que é garantida por depósitos está protegida por uma entidade americana, FDIC, que em caso de bancarrota dessa unidade, assegura os depósitos das pessoas que lá têm o dinheiro. Basicamente transferiram-se activos tóxicos dum banco que não possuía colateral para outro banco que possui colateral e está protegido pelo governo americano em caso de bancarrota. Os activos tóxicos que foram transferidos perfazem um valor nominal de 53 triliões de dólares. Para se ter uma ideia deste valor, o PIB dos Estados Unidos é de 14 triliões de dólares. Ou seja, só este banco possui produtos derivados com um valor nominal QUATRO vezes superior a todo o PIB do país, que é só o país com o maior PIB do mundo. Outro exemplo, o banco JP Morgan possui 79 triliões de activos em produtos tóxicos, que é mais do que a soma do PIB de todos os países do mundo. É para se perceber a dimensão destes bancos.


A jogada do Bank of America é fácil de entender: utilizou o único recurso disponível que ainda possuía para não declarar bancarrota. Mas esse recurso são os depósitos da população, e esta nada tem a ver com as apostas suicidas que a direcção do banco tomou nos últimos anos. As entidades de supervisão americanas, nomeadamente a Reserva Federal, permitiu que tal operação se realizasse, confirmando-se mais uma vez de que lado estão estes dirigentes que não são eleitos pelo povo, mas que possuem um poder descomunal. Muito superior ao de Barack Obama.

Este mesmo banco anda a proibir que clientes seus fechem as suas contas no banco. Assim é fácil gerir uma empresa, encurralando clientes e apostando em produtos tão arriscados, que, em caso de ganho, vira lucro para o banco, em caso de perda, vira resgate pelos contribuintes.

Afinal, os inimigos do Ocidente não estão escondidos algures numa gruta no Afeganistão, mas de porta aberta em algumas das ruas mais movimentadas do planeta.

Tiago Mestre

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