18 de outubro de 2011

Manipulação moral, ou em inglês "Moral Hazard"

Caros Leitores e Leitoras, o Contas acabou de ler uma notícia na edição online do Jornal de Notícias que vem ao encontro dum assunto cada vez mais debatido neste blog: a manipulação dos mercados e a violação clara de leis.

Num questionário efectuado a 1/3 dos trabalhadores afectos ao Banco Central Europeu, 55,1% consideram que a decisão de adquirir dívida soberana no mercado secundário para travar o contágio da dívida soberana  violou regras do próprio BCE.
E outros 53% consideram que, mesmo assim, esta foi a decisão correcta dadas as circunstâncias.

Meus caros e minhas caras, esta falta de princípios na análise dos problemas é talvez a principal e a primeira razão que nos levou a esta embrulhada que se chama projecto europeu. Quando os fins justificam os meios, mesmo que se violem regras e leis, significa que as circunstâncias é que ditam a governação, adaptando as decisões independentemente do enquadramento legal a que estão sujeitas, porque o que interessa é salvar o dia.


Quem viola leis deve ser julgado, e se se provar a culpabilidade deve ser sentenciado e cumprir a pena que se enquadra com o ilícito praticado. É assim para quem rouba, para quem conduz sob o efeito do álcool, para quem foge ao fisco, para quem corrompe ou é corrompido. Jean Claude Trichet e Vitor Constâncio devem ser julgados por conscientemente terem tomado decisões que violam Tratados Europeus e leis do próprio BCE, para além de serem decisões que no campo económico fragilizam a moeda, que se pretende credível e pouco sujeita a manipulações (des)governadas.
Se a impunidade continuar, o projecto da União Europeia será uma manta de retalhos e um covil de traidores, e daqui a uns anos as democracias nacionais, a soberania nacional e o capitalismo regulado/não-manipulado serão meras memórias distantes. Inadmissível ! Portugal, no meio de tudo isto, sofrerá das maiores consequências, por estar cada vez mais dependente da UE para... comer. Aguardamos cenas dos próximos capítulos.



Tiago Mestre

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