21 de outubro de 2011

BCE - Banco "mãos largas"

Caros leitores e leitoras, cortesia do site Zero Hedge, disponibilizamos abaixo um gráfico que mostra a evolução do preço das obrigações da dívida italiana nos últimos quatro dias. As zonas marcadas a fundo vermelho representam as operações de compra que o Banco Central Europeu realizou no mercado secundário. Como se constata, estas compras servem apenas de interrupção transitória na trajectória de descida permanente de queda do preço das obrigações. Como já explicámos aqui no Contas, sempre que o preço das obrigações cai, a sua taxa de juro aumenta, e portanto não nos devemos enganar. Também já tínhamos previsto aqui e aqui que a aquisição de obrigações pelo BCE é para ficar.






Este gráfico evidencia de forma clara que as compras do BCE não servem nenhum propósito positivo mas serve 3 aspectos muito negativos:

 1. Em primeiro lugar, estas operações de compra pelo BCE não são legais porque violam regras e tratados europeus, como já falamos aqui no Contas várias vezes;

 2. Não consegue inverter o inevitável, apenas adia-o! Aconteceu com a Grécia, com a Irlanda, com Portugal e acontecerá com qualquer país que se torne o alvo dos "vigilantes" de obrigações;

 3. Todas as compras de obrigações que o BCE fez, desde que os problemas surgiram no início de 2010, foram sempre um péssimo negócio. Como se pode ver pelo gráfico, as aquisições que o BCE fez a 18 de Outubro já valem menos a 21 de Outubro. Estas operações tornarão o BCE mais cedo ou mais tarde um banco insolvente porque "imprimiu" dinheiro para adquirir estes "activos tóxicos" sem assegurar a sua recapitalização. Fica com estes activos no seu portefólio, mas quando os voltar a vender, se os vender, terá prejuízo porque só venderá a preços inferiores. Esse prejuízo terá que ser reportado e o processo de descredibilização entra em modo "full speed". Mas mesmo que não os venda, toda a gente saberá que esse "veneno" estará lá. Ninguém acreditará no BCE como uma entidade credível, e vendo-se entre a espada e a parede, ou fecha (calamidade) ou começa a imprimir dinheiro indiscriminadamente para pagar dívidas e resgatar tudo e todos, gerando inflação e destruindo a moeda (calamidade mas em modo mais lento). São estes os "belíssimos" destinos que o BCE tem pela frente se continuar com este programa de aquisições de activos tóxicos. Esta postura do BCE é um mero reflexo das políticas suicidas dos líderes europeus: salva-se o dia de hoje, amanhã logo se vê.

Tiago Mestre

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