26 de outubro de 2011

Mario Draghi, o futuro presidente "mãos largas"

Caros leitores e leitoras, ainda há menos de um mês escrevemos um post em que a nomeação de um italiano para a presidência do BCE representava um perigo para a credibilidade da instituição. Na vice-presidência já temos um português, e esta conjugação de 2 políticos que vêem de países com problemas de dívida coloca-nos as maiores reservas. É que no Banco Central Europeu há um poder muito tentador: o de imprimir euros. Independentemente da credibilidade destes dois senhores, consideramos muito difícil que estes resistam à pressão dos estados membros para que os "salvem" nos momentos mais apertados, ou seja, quando o preço das obrigações das suas dívidas afunda no mercado secundário.

Mario Draghi, o futuro novo presidente do BCE, deu hoje uma conferência em Roma onde demonstra o seu apoio na compra de obrigações de dívidas de países em dificuldade, segundo a edição online do
Diário Económico.Com este tipo referências, não é preciso dizer muito mais, mas mesmo assim transcrevemos uma frase para dissecação aqui no Contas:

"o eurosistema está determinado, com as suas medidas não convencionais, a evitar que o mau funcionamento dos mercados monetários e financeiros obstaculize as transmissões monetárias".

Como? Então a justificação para o BCE comprar dívida problemática é porque os mercados funcionam mal e consequentemente ninguém quer estas dívidas?
E nós que pensávamos que o problema de ninguém querer estas dívidas é porque são insustentáveis e os países não possuem condições para as pagar no futuro!


Se afirmações deste género consubstanciarem a acção do futuro presidente, que irá gerir um banco central que está quase falido por causa destas compras ruinosas de obrigações, podemos assegurar aos nossos leitores que a moeda Euro terá os dias contados. Será uma questão de tempo, não sabemos se 6 meses ou 3 anos, mas podemo-nos ir preparando para começar a transaccionar bens e serviços sem ser em euros: quem sabe em ouro, em prata ou numas velhinhas notas de escudo, se alguém ainda as aceitar.

E no entretanto, a Alemanha preparar-se-á para regressar ao marco alemão porque não aceitará esta impressão massiva de dinheiro que o BCE está disposto a realizar. Com a Alemanha de fora, outros quererão sair também porque ninguém quer ficar agarrado a uma moeda falida e sem credibilidade. A pouco e pouco o projecto europeu desintegra-se, veremos se as democracias europeias aguentam.

Tiago Mestre

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