12 de outubro de 2011

Richard Sulik da Eslováquia, o Contas Caseiras está contigo!

Caros Leitores e Leitoras, numa tarde desesperante e numa noite dramática, o Parlamento Eslovaco decidiu ontem votar contra a expansão do EFSF.

Publicámos na segunda-feira um post, apoiando publicamente o líder do partido SAS, Richard Sulik, que, coligado no governo, decidiu manter-se fiel aos seus princípios e votar contra a expansão do EFSF.

O SMER, maior partido da oposição, também votou contra, mas apenas porque o maior partido do governo, liderado pela primeira ministra Iveta Radikova, apresentou uma moção de confiança agarrada ao voto de expansão do EFSF. O SMER viu aqui uma oportunidade de derrubar o governo e não hesitou. Mas antes da votação ter ocorrido, o SMER já tinha informado os restantes partidos que, a haver uma segunda votação depois do derrube do governo, já votaria a favor !! (não se compreende). E assim lá foram eles para a votação, sabendo o resultado da mesma e o futuro resultado da próxima, que será no final desta semana ou no arranque da próxima.

O líder do SAS, Richard Sulik, sempre manifestou o seu desacordo à expansão do EFSF, mas poucos acreditariam que levasse as suas convicções até ao fim, incluindo a primeira-ministra. Vendo-se esta impossibilitada de demover Richard Sulik, decidiu apresentar no último momento a bomba atómica: agarrar uma moção de confiança ao voto da expansão, como quem diz: caio eu, mas tu também cais. ISTO NÃO SE FAZ. É muito feio e revela uma coluna vertebral mais flexível que a de um invertebrado. O derrube do governo e a saída de Richard Sulik da cena política é mais um duro golpe para a Europa, que se vê a pouco e pouco extirpada de gente séria e que se rege por princípios mesmo nos momentos mais difíceis e inconvenientes.

E o que dizer do SMER, maior partido da oposição? Vota contra porque está lá enfiada à pressa uma moção de confiança, mas tirando isso já vota a favor! Não perceberam eles que era esse o objectivo de Iveta Radikova? Ou fizeram-se de despercebidos, ficando com o terreno livre para derrubar o governo e tentar agarrar o poder em novas eleições agendadas para Março de 2012? Como é possível tal calculismo político tão, tão descarado? Percebe-se agora que a moção de confiança de Iveta Radikova era para "tramar" o seu colega de governo, Richard Sulik, com o apoio... da oposição: o SMER. Isto é mau demais para ser verdade, e o SMER, com o seu líder, Robert Fico, ficam também muito mal na fotografia.

Ficou assim bem demonstrado que para se aprovarem planos emanados da UE feridos de ilegalidade, como é o EFSF, os parlamentos nacionais e seus líderes sejam obrigados ao mais baixo calculismo político, desgraçando a credibilidade dos parlamentos, dos seus líderes políticos e enfiando o Estado de Direito Democrático no contentor do lixo mais próximo de cada Parlamento. Talvez sem se aperceberem, os políticos europeus estão a tornar a pouco e pouco a UE numa plutocracia que obriga os parlamentos nacionais a serem cleptocráticos com os seus cidadãos.

Muito nos desagrada o que aconteceu a Richard Sulik e ao seu partido. Sabemos do seu currículo que introduziu pela sua mão uma reforma estruturante no sistema de impostos da Eslováquia há uns anos atrás que em muito fomentou a entrada de investimento directo estrangeiro, fundou o partido SAS em 2009 e coligou-se em 2010 com outros 3 partidos para formar governo. Foi empresário e é economista de formação académica.

Tiago Mestre

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