Caros Leitores e Leitoras, sobre as manifestações que se começam a realizar com maior consistência por todo o mundo, Gerald Celente, Director do site TrendsResearch, há vários anos que aponta para esta fatalidade, coadjuvada pela Internet e pelas redes sociais. O senhor tinha toda a razão, porque as manifestações começam a tornar-se globais, com o movimento Occupy Wall Street a servir de inspiração para muita gente espalhada pelo planeta.
Contudo, aqui no Contas Caseiras acreditamos que o caminho que os governantes políticos continuarão a tomar será o de resgate do dia de hoje, e amanhã logo se vê. À velocidade com que os fenómenos ocorrem, a classe dirigente mal consegue correr atrás dos problemas, quanto mais antecipá-los. A população, sobretudo os contribuintes e quem poupa dinheiro continuarão a ser o alvo da pilhagem que está a ocorrer pelo mundo ocidental, e que nós aqui no Contas não nos cansamos de evidenciar. A odisseia da votação da expansão do EFSF pela Eslováquia expôs toda a perversidade que subjaz à construção da União Europeia.
Os políticos, na sua generalidade, estão empenhados em manter a todo o custo o sistema político-económico vigente, nem que para tal recorram à violação sistemática das leis que eles próprios criaram. A UE, os EUA, a China e outros países com peso mundial têm manipulado sistematicamente os mecanismos monetários, as taxas de juro, a emissão de crédito, os mercados de acções, o regabofe dos bancos, o sector imobiliário, as políticas de impostos, etc. A lista é enorme, e o que se percebe é que com a contracção do crescimento nos países desenvolvidos, a pirâmide do crescimento começou a deixar de ser alimentada pela base. Os políticos, confrontados com a falta de combustível, empenham-se todas as semanas em trazer para a praça pública planos de planos de planos, planos de recapitalização, de revitalização, de crescimento, de nacionalizações de bancos em falência, de resgate de países falidos e demais mecanismos manipuladores. Os mercados estão a exigir que se faça uma correcção por baixo porque os países desenvolvidos reduziram a sua produção de bens mas continuam a gastar como se produzissem muito. A classe política não quer aceitar as evidências por serem catastróficas, e assim se tenta a todo o custo manter o castelo de cartas levitado, manipulando tudo e todos, violando regras e sufrágios democráticos.
Não vemos como as manifestações, agora mais globalizadas, possam trazer algo de positivo para a retoma do crescimento do PIB. Muitas das conquistas civilizacionais e tecnológicas que hoje damos como garantidas foram forjadas já em período de economia virtual (serviços e mais serviços), e para que não se eclipsem num abrir e fechar de olhos, urge retomar, já hoje, as actividades primárias e secundárias, para que estes dois sectores contribuam em mais de 40% no PIB, pelo menos. O sector dos serviços, à excepção do turismo, e o sector estatal têm que perder peso na economia, porque são máquinas delapidadoras de riqueza: consomem mais do que produzem, e apenas têm gravitado pela economia porque se lhes arranja financiamento.
Quanto mais tarde voltarmos à produção de bens tangíveis, maior será a queda no curto prazo e mais tarde regressaremos ao crescimento do PIB. Mãos à obra, já!
Tiago Mestre
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