10 de julho de 2012

Afinal a austeridadezinha até faz bem à saúde da balança comercial

A balança comercial portuguesa está a melhorar, ou seja, compramos menos e vendemos mais ao exterior.

Continuando este caminho teremos um superavit comercial no final de 2012, segundo sugere o Banco de Portugal.

Bastou uma austeridadezinha para que conseguíssemos uma proeza não vista há décadas.

Imaginem o que seria se puxássemos mais rapidamente o limite para défice ZERO. Haveria muito mais desemprego e grandes tensões no curto prazo, é verdade, mas a indústria exportadora pouco sofreria, ou se calhar até beneficiaria, já que poderia contratar mais gente que ainda vive hoje à sombra dos subsídios e não quer abdicar deles.

Assim sendo, pensem então no seguinte:

Quanto mais aforrarmos, mais rendimento doméstico fica disponível para investir, cá dentro ou lá fora.

Se os portugueses decidirem que seja investido cá dentro (terão que ser cativados para isso), e imaginemos que seja 2% do PIB: 3,4 mil milhões de euros, então teremos este dinheiro "disponível", e se o Estado conseguir convencer os cidadãos com este excesso de liquidez a investir em certificados de aforro ou subscrição direta de obrigações soberanas, digamos que com um juro de 3% a 10 anos, estão a ver a arma que temos junto dos credores públicos (FMI, EFSF e BCE) em lhes exigir: ou suspensão do pagamento, ou redução do juro, ou as duas, ou tudo junto.

Eles perceberiam que a Nação portuguesa, agora credora, teria sempre alternativa:
"Se a troika não aceita as nossas condições, recorremos unilateralmente ao mercado doméstico e V. Exas que se lix..."


Já temos todos hoje mais consciência das grandes rúbricas do OE2012 em função dos posts que publicámos nos últimos dias:
Saúde: 7,6 mil milhões
Educação: 6,8 mil mil milhões
SS: 37 mil milhões
Défice: aprox. 10 mil milhões


Se nada acontecer, em 2014 teremos:

5,5 a 6 mil milhões de juros a pagar à troika
Mais de 100 mil milhões de dívida para amortizar também a estes senhores e que é preciso fazer roll over. Ou seja, em 2016, 2017 e por aí adiante, é preciso encontrar permanentemente novos credores que nos emprestem dinheiro para ir amortizando a dívida à troika.
Nem sei ao certo qual será o último ano de amortização, mas se nos emprestam a 10 anos, até 2025 será certinho e direitinho.

É DEMASIADA MASSA A PAGAR À TROIKA PARA ASSOBIARMOS PARA O LADO e fingir que  está tudo bem e que pagaremos em conformidade. Não acham?

Tiago Mestre

10 comentários:

Vivendi disse...

Eu insisto:

http://www.tvi24.iol.pt/videos/video/13661788/5

a partir do minuto 18

obrigatório ver

Vivendi disse...

Sobre a balança comercial é positivo mas parece-me pouco estrutural basta uma mudança de conjuntura e o povo corre a importar...

E temos também alguns fenómenos de exportação comercial que em nada beneficiam o país nem os portugueses, como o ouro. São meras transferências de riqueza sem qualquer retorno já que o investimento está parado.

Paulo Monteiro Rosa disse...

O trabalho ainda agora começou.

Por isso, como diz o Vivendi, caso não se continue com as políticas de poupança(como refere o Tiago também) voltamos ao défice comercial num piscar de olhos...

As contas publicas, essas continuam completamente descontroladas. Não há corte da despesa e o Tribunal Constitucional (orgão político) vai contribuir para o aumento significativo da carga fiscal e o ajustamento continua do lado da receita (mas sem receita...).

O flagelo do desemprego tem que ser resolvido. Seria facilmente se houvesse boa vontade...

http://omniaeconomicus.blogspot.pt/2012/07/os-beneficios-do-purgatorio-o-primeiro.html

Tiago Mestre disse...

Vivendi, vi logo ontem o vídeo.
E gostei muito. O Ricardo é que me parece pouco acutilante. Torna-se difícil conseguir passar a mensagem, acho eu.

Foi no teu blog que vi qualquer coisa sobre um encontro de libertários na semana passada?
Memorizei na altura que eles estarão em Lx na quinta, mas procurei no google e no facebook mas não apanhei nada. Gostava de publicitar o encontro..

Vivendi disse...

http://mises.org.pt/

Add mises pt no face

Vivendi disse...

http://encontros.mises.org.pt/events/71715822/

http://www.facebook.com/mises.portugal

vazelios disse...

Porque raio não podemos nós adquirir obrigações Portuguesas? Ou podemos?

Era muito mais sustentável.

Os juros baixavam, e é um dos activos mais atractivos neste momento, mesmo que seja a 3 ou 4%.

A ser feito era preciso explicar ao povo português a utilidade para nós e para o país determos divida soberana. Como os Japoneses ou italianos fazem

Tiago Mestre disse...

Vivendi, gostava de saber se realmente a venda de ouro para o estrangeiro está a pesar nesta história do superavit comercial.

Porque a ser verdade, realmente tens razão: é sol de pouca dura.

O Banco de Portugal aponta para 2013 um superavit comercial de 2,5% do PIB, ou seja, 4 mil milhões aprox. É muita massa. Será que o ouro é relevante neste valor?

Vivendi disse...

Temos aqui o ouro, maquinaria de empresas que encerraram, quadros, jóias, antiguidades... E sabe-se lá mais o quê. Tudo difícil de contabilizar.


Entretanto, desses números, a TVI digital avança que estão excluídas as vendas de jóias ou outras peças valiosas deste metal, bem como o ouro vendido para fins monetários.
No ano passado, os portugueses venderam cerca de 519 milhões de euros de ouro em bruto, semifaturado ou em pó. Este valor corresponde a uma exportação de 13,7 toneladas de ouro, um valor recorde desde o ano 2000. Cabo Verde, Bélgica, Espanha, Itália, Alemanha, França, Suíça, Reino Unido, Luxemburgo e Angola foram os países que receberam maior parte dessa exportação.

http://portucalia.blogs.sapo.pt/52552.html

Vivendi disse...

Exportação de ouro aumentou 75 vezes em quatro anos

A inovação das exportações!!!!!

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/ultima-hora/exportacao-de-ouro-aumentou-75-vezes-em-quatro-anos