A 7 de Junho de 2012 apresentámos aqui no blog as contas da CP e manifestámos a nossa preocupação para com a fragilidade financeira a que esta empresa está submetida diariamente.
Prejuízos permanentes, endividamento galopante e capitais próprios cada vez mais negativos não são um bom indicador para ninguém.
Já todos percebemos quem são os responsáveis pelo agravar desta situação, mas melhor do que identificar é comparar ideias e formas de estar na vida de políticos em diferentes gerações.
Transcrevemos abaixo uns parágrafos do livro Depoimento, de Marcelo Caetano, em 1974, pág. 111 sobre a política do Estado para com a CP:
"No setor dos transportes cai sobre o Estado a responsabilidade inteira dos caminhos de ferro, embora subsista a CP com a aparência de sociedade anónima. A verdade é que há muito o estado cobre integralmente os deficits de exploração ferroviária e proporciona os capitais necessários para investir na renovação da via e do material circulante. Por isso em 1973 se fez a revisão do regime jurídico deste tipo de transporte e do contrato de concessão à CP, para que ficasse bem claro que o Estado chamava a si os encargos de subsistência do serviço público e da empresa cuja administração, de facto, totalmente dele depende. Para manter a CP o Estado despende em subsídios anuais à roda de um milhão de contos: e cada vez que havia um aumento de salários, era o Estado que tinha de suportar o maior peso dele, dado ser inconveniente agravar demasiadamente as tarifas"
Palavras para quê.
Se os nossos democratas não fossem tão soberbos e tão orgulhosos, MUITO teriam a aprender com o que de bom se fazia em política económica e financeira em Portugal no tempo do Estado Novo.
Tiago Mestre
1 comentário:
Muito bem: "Palavras para quê"
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