27 de julho de 2012

PPP's pouparão 400 milhões de euros... ao longo de vários anos

Para todos aqueles que acreditam que é na renegociação das PPP's que está a salvação económica, e moral, já agora, do Estado português, "aguentem os cavalos" sff.

Soubemos ontem que é intenção do governo poupar 400 milhões de euros na renegociação de alguns contratos que, ou ainda não saíram do papel ou estão em magra execução.

Isto quer dizer que "mexidelas" nos contratos já celebrados e que estão em velocidade cruzeiro, sobretudo na área da saúde, transportes, gestão de resíduos, saneamento, águas e outras não haverá (para já).

Apesar de não ser referido na comunicação social, a poupança de 400 milhões será durante um determinado período, que imaginamos algures entre os 15 e 20 anos. Isto significa que, por ano, a poupança será entre 20 e 30 milhões de euros.
Já não é mau, mas para um bolo anual de mil milhões, que é quanto custarão as PPP's em 2012, isso significará um desconto na fatura de 3%. Voilá.

E daqui a uns anos o custo previsto das PPP's será de 2 mil milhões, baixando o desconto de 3% para 1,5%!

A 12 de Maio escrevemos isto:

"Mas as PPP's custam ao Estado por ano menos de 1,5 mil milhões de euros. Os cortes anunciados são aproximadamente 10% do custo global.
190 milhões por ano é... quase nada. Comparado com uma despesa global de 85 mil milhões de euros em que quase metade deste valor é para pensões e subsídios, falarmos no mérito da redução de custos em 190 milhões de euros nas PPP's parece-nos uma amplificação exagerada. Só os juros da dívida, 9 mil milhões de euros, representam 50 vezes mais o corte anunciado e 5 vezes mais o custo total das PPP's."


Agora até podemos dizer: se os cortes fossem de 10% como se falou em Maio, já não seria nada mau, porque o que está em cima da mesa são 3%.

Para termos uma comparação de valores, o Estado português nos primeiros 4 meses de 2011 pagou em juros 800 milhões de euros. Mas no mesmo período de 2012 pagou 1500 milhões. Foram 700 milhões a mais, quase o valor total das PPP's.

É esta a importância relativa das PPP's.

E se querem mesmo cortar nas PPP's, terão que informar primeiro os portugueses que haverá serviços de saúde em Braga, Loures, Cascais e Vila Franca de Xira que deixarão de existir, na medida em que os hospitais aí existentes, ou em fase de construção, trabalham desta forma.
O tratamento de águas residuais e o abastecimento potável a uma boa parte do país também funciona em com este modelo. Muitos dos rios e lagoas que hoje gostamos de ver despoluídos terão os dias contados.
Muitas estradas nacionais também estão ao abrigo de contratos PPP's. Com cortes nesta rúbrica, há que ter mais cuidado com os buracos, sinalizações deficientes, ausência de marcação no pavimento e pontes na iminência de cair.

Quem quer assumir cortes a sério nas PPP's tem que assumir as consequências dessas decisões no quotidiano das populações e prepará-las para isso.

Tiago Mestre

5 comentários:

Vivendi disse...

Sobre a saúde tivemos ontem João Cantiga Esteves na SIC notícias a afirmar que de 6 em 6 semanas, as consultas atingem a totalidade da população portuguesa. Algo não bate bem nisto.

Aconselho as pessoas a irem mais as termas e tomarem uns cházinhos.

vazelios disse...

...e também a correrem mais, passearem mais, andar de bicicleta em vez de carro, andar ao ar livre em vez de se deprimirem nas montras de centros comerciais, a tomarem menos anti-depressivos...

Enfim, a conclusão é sempre a mesma, seja qual for o tema:

Estamos mal habituados e custa-nos muitooo a mudar.

37graus de febre? Deve ser gripe A - Urgências JÁ!

Isabel Magalhães disse...

As siglas não têm plural. E desde quando, um apóstrofo mais um "s" (que nem existe na gramática portuguesa) faz plural?

Basta consultar um qualquer Prontuário Ortográfico ou até mesmo o Google...

vazelios disse...

Obrigado Isabel isso é realmente importante.

De facto sem esse apontamento não tinha percebido o post.

valha-me deus...

Tiago Mestre disse...

Isabel, obrigado pelo reparo. O uso verbal no plural desta expressão nos media traiu-me..