5 de julho de 2012

Tribunal Constitucional não perdoa!

Com a inconstitucionalidade da suspensão do 13º e 14º mês, presumimos que o governo terá que refazer as contas da sua despesa para 2013 e anos subsequentes.

Passos Coelho já disse que se pode dar a volta à inconstitucionalidade estendendo os cortes dos subsídios aos restantes trabalhadores, nomeadamente do privado.

Esta medida, considerada como um imposto especial a todos os trabalhadores, à semelhança do corte de 50% no subsídios de Natal em 2011, fará com que mais receita de IRS entre no Estado, mas como a população perderá poder de compra haverá quebra nas receitas dos impostos indiretos: IVA, ISP, IA, etc.

Este é mais um golpe para o governo e para a tentativa que este tentou aplicar no terreno de alguma austeridadezinha.
Se o corte nos subsídios de estender a todos os trabalhadores em 2013, o eleitorado não lhe perdoará porque as medidas tomadas foram erradas, não produziram os resultados desejados e ainda por cima são inconstitucionais.  Aaucch!

Parece-nos que o processo de correção das contas públicas entrou em total queda livre, fenómeno que em muito nos entristece.

A dívida continuará a aumentar forte e feio porque continuará a haver necessidade de mais financiamento e porque o juro médio do stock de dívida tem vindo a aumentar nos últimos tempos.
Défices de 6-7% significam 10-12 mil milhões de euros que é preciso acrescentar à dívida, ano após ano.

A continuar assim, em 2015 teremos 230 mil milhões de dívida e um PIB estimado de 160 mil milhões.
Dá um rácio de endividamento de 143% do PIB, próximo da Grécia, e com este número não haverá ninguém no mundo a querer-nos emprestar um cêntimo a taxas de juro de jeito.

Tiago Mestre

6 comentários:

Filipe Silva disse...

Oportunidade de ouro, podiam avançar com o despedimento na função publica.

Agora sobre o que escreves, a divida não vai continuar a aumentar assim tanto, esta loucura vai acabar mais cedo ou mais tarde.

A inflação vem ai, os que hoje dizem que não é problema, vão ser os primeiros a dizer o que se deve fazer para a controlar,

Os politicos conseguiram o que pretendiam, viciar a sociedade, o medo é tal, que alguem que fale em cortar salarios, cortar regalias, direitos, etc... é logo apelidado de fascista.

Mas o que serve de consolo é que a Realidade não perdoa, e mais cedo ou mais tarde, it´s going to put its ugly head out

Tiago Mestre disse...

Segunda-feira haverá mais uma machadada em todo o sistema: A Grécia informará os ministros das finanças da zona euro de que tanto as receitas como as despesas estão totalmente fora de controlo.
O défice e a recessão seguem a sua marcha imparável.

Para despedirem em Portugal sem terem que indemnizar (muito), terão que mudar a constituição. Mas como? Arranjar 3/4 no parlamento não é pêra-doce.
Se ainda fosse para "dar" dinheiro à alta, agora para tirar, tá quieto

Jorge disse...

Desta vez não posso concordar com vocês.
Despedimento na função publica é possível e tem vindo a ser praticado com bastante fervor, os contratados estão a ser despedidos e nem sequer lhes têm pago as indemnizações a que têm direito.

Esta medida foi demagógica e uma tentativa de atirar o barro à parede como viram que não surtiu nenhum efeito lá pediram ao TC que fizesse um jeito ao Governo.Até porque não pagamos os subsídios, mas alguém ficou com ele e o défice lá continuou a subir
Tudo o que envolva redução de salários e despedimentos, sem primeiro verificar "instituições públicas, serviços públicos, direcções-gerais, repartições, institutos públicos, observatórios, comissões, fundações, gabinetes, etc… tudo pendurado no Orçamento do Estado, e admito que muito do que aí está pode ser reduzido ou até eliminado", (Miguel Cadilhe http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=24&did=69078) Não passa de pura demagogia.
Precisamos de medidas estruturais não de papagaios que estão sempre a virar portugueses contra portugueses e assim perpetuam os seus interesses.
O único ministro que está a fazer alguma coisa e sem precisar de grandes mudanças estruturais é o ministro da Saúde.
Quanto aos 1000 milhões que seriam necessários:
http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO051470.html só aqui são 615,9 milhões (por falta de estrutura para cobrar impostos!!!!) juntem as fraudes do ministério da saúde e facilmente chegamos lá.
Quanto ao resto neste momento já atingimos e passámos o ponto de não retorno a única coisa que nos resta é imprimir à maluca como o resto do mundo está a fazer só alguns países é pensam que estão blindados, o que é mentira porque a sua blindagem já foi à muito comida pelos outros por isso toca a imprimir.
O verdadeiro problema é neste momento não estarmos ainda nivelados, quando estivermos logo se verá.
Se isto é bom? Não, não é, mas é o que temos e não podemos fugir ao que temos

Filipe Silva disse...

Os que não são despedidos são os do Quadro.

Por exemplo na Educação apenas se corta nos contratados, estes que trabalham mais horas e por menos dinheiro, os do quadro nem se toca.

Não é questão de virar os Portugueses uns contra os outros, mas sim virar os portugueses contra os politicos,

A recessão é inevitável e positiva, há que expurgar a economia, temos uma economia disfuncional, assente em serviços, praticamente não produzimos nada.

Porque é que se haverá de manter empregos que não tem viabilidade economica? porque deve o estado, o monopolista da violencia, continuar a manter empregos de uns em detrimento de outros?

A realidade é simples, planeamento central nao resulta, (insanidade como dizia o Einstein, já se tinha visto na URSS, mas continuou se a ir por aí), e a um problema de divida resolver lo com mais divida é fastástico (definição de estupidez é mesmo esta).

A impressão só vai agravar os problemas, os Media vendem um peixe que lhes interessa, não dizem a verdade.
O ministro da saude é bom?? sinceramente é fraco.

Vamos ver, o Estado contratualiza com uma empresa um serviço, este é prestado custa X, o estado faz calote e não paga, a empresa anda la a ver se recebe, e vem este ministro e diz, bem devemos há 2anos, então se quer receber tem de fazer um desconto de 15% sobre o preço da factura. Bem a empresa é enganada, já entregou o IVA sobre o preço total, e se quer receber leva um corte de 15% mais o IVA que entregou a mais.
Este é o planeador central por excelencia, os preços dos medicamentos são tabelados, que interessa o price discovery.

O gajo é demagogo, a polémica dos enfermeiros, foi logo dizer que se ia analisar, e mais nao sei o que.
Bem o gajo não tem que meter o bedelho, se houve enfermeiros que aceitaram é porque era o que lhes maximizava o seu bem estar.

A empresa tinha duas formas de lidar com a situação, se nenhum dos enfermeiros aceita se esta teria de aumentar o salario oferecido, senao teria de renunciar ao contrato.

Interessante que ninguem ficou revoltado por ser a recibos verdes e o estado levar metade do que a pessoa recebe, para salarios de 600€.

Hipocrisia total, socialismo a maioria a querer viver nas costas da minoria

Jorge disse...

Eu não disse que o Ministro da Saúde é bom, disse que faz alguma coisa (é diferente).

Também não disse que não aos despedimentos na F.P. .

Era necessário começar primeiro por outros sítios e não por despedimentos que têm existido e não estão a levar a nenhum lado. Aliás se já geriu uma empresa sabe a partir do momento que começa a cortar e despedir já não tem volta a dar. Para que despedir e cortar salários quando isto representa uma parte do todo e não o todo (falamos de pessoas), devemos sempre começar por outros factores.
Se a preocupação que exibo pelas pessoas (porque eu sou uma) é ser socialista então sou socialista.
Não sou funcionário publico, não tenho preferência por nenhum partido seja à esquerda, seja à direita.

Em relação aos descontos só tenho que concordar, toda a gente sabe como é que os negócios na saúde e noutros serviços públicos são feitos, num negocio de 1000 duzentos saem em comissões para alguém, é o tal desconto.
Como o sistema de justiça não funciona esta até é a melhor forma de recuperar algum.
As empresas não são enganadas porque sempre tiveram e concordaram em ter negócios com estes requisitos.quem anda a chuva molha-se!

Isto de falar constantemente em números e dividas e tal não pode toldar o raciocínio de quem precisa de comer.

A imoralidade disto tudo é que apesar de termos soluções (várias e de maneiras diferentes) para uma vida melhor, mesmo que quiséssemos não as conseguiríamos implementar porque não há nada que faça parar o decorrer destes eventos, nem Alemanha nem países do norte, nem China, nada.

Tiago Mestre disse...

Acompanhei essa história do Ministro da Saúde a propósito de exigir desconto para que se liquidem as faturas, e mais, se se recordam, houve uma farmacêutica que suspendeu o fornecimento de alguns medicamentos por falta de pagamentos do Estado, e 1 ou 2 dias depois o ministro veio dizer que estava a finalizar um plano de pagamentos para liquidar as dívidas às farmacêuticas e que iria ter em consideração esta "decisão" desta farmacêutica.
Como?
Quem é decente e sério é penalizado, e quem dança o tango da imoralidade do governo pode ser beneficiado. Caiu-me muito mal esta reação porque demonstra, mais uma vez, a falta de ética e por arrasto a falta de liderança.