18 de julho de 2012

INE reforça dúvidas sobre o vigor das exportações

Caros leitores e leitoras, as nossas dúvidas e preocupações sobre a atividade industrial, particularmente a exportadora, em Portugal, tem sido objeto de recorrentes posts.

O INE lançou hoje uma síntese de conjuntura económica, e para além da já esperada quebra na procura interna, deu-nos a conhecer 2 gráficos sobre o setor industrial que achámos pertinente colocar à discussão:



Neste gráfico percebemos que em final de 2009 e até meados de 2011, o volume de negócios no setor industrial foi espetacular. Mas foi sol de pouca dura, porque a queda entre Outubro de 2011 e Maio de 2012 é consistente e pouco encorajadora.


Neste gráfico, ainda mais interessante, estão expressos os sentimentos e os negócios dos nossos maiores clientes, ou seja, como está a correr o negócio àqueles que nos compram coisas.

E aqui o problema é mais grave, porque a linha vermelha tracejada está a tocar em mínimos de 2002, à exceção da recessão de 2008/2009.
Em 2008 a queda foi abrupta, mas rapidamente se recuperou.
A queda que estamos agora a assistir parece-nos ser mais sustentável, ou seja, assente em variáveis mais profundas, como o excesso de endividamento, populações mais retraídas no consumo, recessão na Europa por causas próprias, petróleo muito mais caro, etc.

Fazendo uma leitura descomprometida destes gráficos é possível inferir que a força das exportações, e que tanta ajuda deu ao governo e ao país neste 3 últimos anos, pode começar a dar sinais de fadiga.

Esta é mais uma variável a ter em conta nas análises e estimativas do governo, pelo que sugerimos ao ministro Álvaro que use menos do seu tempo para cortar fitas nas empresas e se dedique mais ao estudo das consequências de um cenário desta natureza na economia portuguesa.

Os portugueses precisam de saber com o que podem contar no futuro próximo.

Tiago Mestre

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