Só para nos atualizarmos, 3 dias após Draghi ter mentido ao planeta inteiro sem apelo nem agravo:
Obrigações espanholas a 10 anos: Juro de 6,75%
Obrigações italianas a 10 anos: Juro de 6,08%
Tiago Mestre
31 de julho de 2012
A guerra das palavras...
Começamos a assistir a uma divisão na forma como alguns países defendem a "saída" da crise do Euro.
O Bloco franco-italiano, apoiado por Espanha, pedem monetização da dívida, ou seja, arranjar todos os esquemas e mais alguns que façam com que a dívida europeia seja adquirida... por instituições públicas europeias.
Já se está a ver o resultado quando nós compramos a nossa própria dívida com recurso à impressão de dinheiro.
O bloco germânico e seus amigos do Norte não querem ser responsáveis por esta gigante aldrabice. Sabem que o plano cheira mal, e caso falhe redondamente, sobrará para eles. E o que sobra é dívida a mais para a capacidade destes.
Uma ideia franco-italiana que já vai ganhando força é a utilização do ESM para adquirir dívida soberana, e com esses títulos, pedir dinheiro emprestado ao BCE de forma ilimitada, tanto na quantidade, como na maturidade e no juro.
O ESM tornar-se-ia uma agência bancária do BCE, um veículo financeiro deste, totalmente alavancado e sem capitais próprios decentes para o volume de dinheiro emprestado, ou seja, uma instituição com todas as "qualidade" de um banco moderno.
É um acesso direto à máquina de fazer notas, mas sem colocar o BCE em ilegalidade exposta.
Estamos a aguardar pela resposta da Alemanha, contudo a pressão é cada vez mais evidente.
Não sabemos quem sairá primeiro do €, se a Alemanha, se a Grécia, mas com estas pressões a Alemanha começa a esgotar a sua paciência.
Com o Tribunal Constitucional Alemão a decidir se considera o ESM legal ou não em função dos rearranjos da última cimeira, e com uma população cada vez mais insatisfeita com o projeto €, a saída da Alemanha ganha pontos no Concurso " O teu país é mais estranho do que o meu."
Tiago Mestre
30 de julho de 2012
A força das palavras...
Não deixa de ser espantosa a evolução positiva das bolsas europeias nestes últimos 3 dias.
A reverberação que as palavras de Mario Draghi tiveram na comunicação social, a rápida interpretação dos algoritmos e a consequente perseguição dos investidores pelo hype do momento sem qualquer fundamento técnico revelam bem o lunatismo que corre hoje nos mercados de ações.
O índice alemão DAX30 ganhou quase 400 pontos em 3 dias, anulando as perdas de igual período precedente:
Tiago Mestre
A reverberação que as palavras de Mario Draghi tiveram na comunicação social, a rápida interpretação dos algoritmos e a consequente perseguição dos investidores pelo hype do momento sem qualquer fundamento técnico revelam bem o lunatismo que corre hoje nos mercados de ações.
O índice alemão DAX30 ganhou quase 400 pontos em 3 dias, anulando as perdas de igual período precedente:
Tiago Mestre
Super Mario está pronto para investir... com o dinheiro dos outros!
Juntou-se agora ao grupo Jean Claude Juncker, aquele líder político que afirmou em 2011:
"Quando as coisas se complicam, temos que mentir."
Pelos vistos, Super Mario está com vontade de imprimir, e muito. A Alemanha será a oposição a esmagar. Com Merkel de férias, veremos se o trabalho estará facilitado:
O objetivo destes dois meninos é:
1. Usar o FEEF para comprar dívida espanhola e italiana nos mercados primários, algo que não está nos seus estatutos e que a Alemanha não concorda.
2. Usar o BCE para comprar dívida nos mercados secundários, algo que também lhe é vedado pelo Tratado de Lisboa e que a Alemanha também não concorda.
Serão apenas boas intenções que irão esbarrar em solo alemão?
Ou passar-se-á algo mais?
As tergiversações europeias não param de nos surpreender, e portanto o melhor mesmo é ficarmos sentados para ver o que acontece.
Tiago Mestre
"Quando as coisas se complicam, temos que mentir."
Pelos vistos, Super Mario está com vontade de imprimir, e muito. A Alemanha será a oposição a esmagar. Com Merkel de férias, veremos se o trabalho estará facilitado:
O objetivo destes dois meninos é:
1. Usar o FEEF para comprar dívida espanhola e italiana nos mercados primários, algo que não está nos seus estatutos e que a Alemanha não concorda.
2. Usar o BCE para comprar dívida nos mercados secundários, algo que também lhe é vedado pelo Tratado de Lisboa e que a Alemanha também não concorda.
Serão apenas boas intenções que irão esbarrar em solo alemão?
Ou passar-se-á algo mais?
As tergiversações europeias não param de nos surpreender, e portanto o melhor mesmo é ficarmos sentados para ver o que acontece.
Tiago Mestre
29 de julho de 2012
" We will do whatever it takes " = Bullshit (Parte 2)
26 Julho 2012
28 Julho 2012
A classe política que não se espante quando o povo a apelida de:
MENTIROSA
ALDRABONA
CORRUPTA
Será que são estas as m**** que se ensinam aos alunos nos cursos superiores de Ciências Políticas e Administrações Públicas quando se discutem os projetos UE e Euro.
Se algum dos nossos leitores frequenta estes estudos, por favor mostre estas incoerências a quem de responsabilidade e questione o que isto significa.
Porque para nós aqui no Contas, é já TOTALMENTE SURREAL o que se está a passar.
Precisamos que nos iluminem sob outros pontos de vista que ainda não alcançámos.
Tiago Mestre
28 Julho 2012
A classe política que não se espante quando o povo a apelida de:
MENTIROSA
ALDRABONA
CORRUPTA
Será que são estas as m**** que se ensinam aos alunos nos cursos superiores de Ciências Políticas e Administrações Públicas quando se discutem os projetos UE e Euro.
Se algum dos nossos leitores frequenta estes estudos, por favor mostre estas incoerências a quem de responsabilidade e questione o que isto significa.
Porque para nós aqui no Contas, é já TOTALMENTE SURREAL o que se está a passar.
Precisamos que nos iluminem sob outros pontos de vista que ainda não alcançámos.
Tiago Mestre
Draghi Put...
Charles Biderman, no seu registo único, inteligente, humorístico, irónico.
4 minutos de doçura.
Tiago Mestre
4 minutos de doçura.
Tiago Mestre
27 de julho de 2012
BCP cheira-nos... mal, claro!
Escrevemos o seguinte a 16 de Maio, sobre o BCP e o equilibrismo que fez durante uns tempos na barreira dos 10 cêntimos:
"Já há muito investidor a perceber que mais más notícias virão do lado do setor bancário este ano. Ninguém quer ficar sentado a ver a sua riqueza esfumar-se.
O fracasso do LTRO, o aumento dos juros soberanos, as quebras na rentabilidade e no volume dos empréstimos da habitação, a delinquência no crédito já concedido, a conjuntura global e razões outras que desconhecemos obrigarão os bancos a reportar prejuízos novamente em 2012.
É o que nos cheira!!"
O cheiro não saiu assim tão ao lado:
Com este gráfico ficamos a perceber que a barreira dos 10 cêntimos colou-se às ações do BCP a partir de Abril de 2012, três meses e pouco antes da apresentação oficial dos resultados do semestre.
Ainda chegou a cheirar os 10 cêntimos em Novembro de 2011, mas o efeito LTRO adiou esse reencontro para 5 meses mais tarde.
Tanto em Novembro 2011 como em Abril 2012 já "muita gente" sabia que os resultados não iriam ser famosos, e toca de vender. Quem não está por dentro da marosca julgou que a oportunidade era boa e fartou-se de perder dinheiro, já que normalmente o pensamento da malta é este:
" 20 cêntimos ? Não, mais baixo do que isto já não pode ir. Vou comprar."
" 15 cêntimos ? ... "
" 10 cêntimos ? ... "
E pronto, perdeu-se uma grande oportunidade para ficar quieto.
Basicamente, foi em Abril que se formou o preço final das ações do BCP que viria a reproduzir os resultados do banco 3 meses depois.
Jogar na bolsa só funciona para os pequenos investidores quando o sentimento é de loucura na compra, como foi em 1999 e 2006. Aí todos ganham.
Quando entramos no declínio, só quem sabe dos meandros é que pode ganhar no jogo das subidas e descidas, tipo jogo do gato e do rato. É preciso muito cuidado, mesmo..
Tiago Mestre
"Já há muito investidor a perceber que mais más notícias virão do lado do setor bancário este ano. Ninguém quer ficar sentado a ver a sua riqueza esfumar-se.
O fracasso do LTRO, o aumento dos juros soberanos, as quebras na rentabilidade e no volume dos empréstimos da habitação, a delinquência no crédito já concedido, a conjuntura global e razões outras que desconhecemos obrigarão os bancos a reportar prejuízos novamente em 2012.
É o que nos cheira!!"
O cheiro não saiu assim tão ao lado:
Com este gráfico ficamos a perceber que a barreira dos 10 cêntimos colou-se às ações do BCP a partir de Abril de 2012, três meses e pouco antes da apresentação oficial dos resultados do semestre.
Ainda chegou a cheirar os 10 cêntimos em Novembro de 2011, mas o efeito LTRO adiou esse reencontro para 5 meses mais tarde.
Tanto em Novembro 2011 como em Abril 2012 já "muita gente" sabia que os resultados não iriam ser famosos, e toca de vender. Quem não está por dentro da marosca julgou que a oportunidade era boa e fartou-se de perder dinheiro, já que normalmente o pensamento da malta é este:
" 20 cêntimos ? Não, mais baixo do que isto já não pode ir. Vou comprar."
" 15 cêntimos ? ... "
" 10 cêntimos ? ... "
E pronto, perdeu-se uma grande oportunidade para ficar quieto.
Basicamente, foi em Abril que se formou o preço final das ações do BCP que viria a reproduzir os resultados do banco 3 meses depois.
Jogar na bolsa só funciona para os pequenos investidores quando o sentimento é de loucura na compra, como foi em 1999 e 2006. Aí todos ganham.
Quando entramos no declínio, só quem sabe dos meandros é que pode ganhar no jogo das subidas e descidas, tipo jogo do gato e do rato. É preciso muito cuidado, mesmo..
Tiago Mestre
Afinados pelo mesmo diapasão de Draghi... e Bernanke
Hoje foi a vez de Merkel e Hollande emitirem um comunicado onde voltam a aparecer as palavras mágicas:
Alguém informou os líderes da Europa que pronunciar estas palavras na comunicação social é motivo para que os algoritmos informáticos que fazem trade ao nanosegundo nas bolsas dêem imediatamente ordens de compra.
E depois, os seres humanos parolos, impulsionados por este hype, vão logo correr atrás.
Foi assim que os índices Dow Jones e S&P500 conseguiram acumular ganhos ao longo dos últimos 3 anos, porque se se baseassem apenas no sentimento do mercado e nas perspetivas da economia americana, talvez andassem por metade dos pontos, dizemos nós.
Sobre este ponto de vista, há ainda muito potencial nas bolsas europeias.
Basta andar atento, não aos fundamentos da economia, mas sim às afirmações daqueles que julgam que têm o poder.
É o price discovery em todo o seu esplendor.
Tiago Mestre
PPP's pouparão 400 milhões de euros... ao longo de vários anos
Para todos aqueles que acreditam que é na renegociação das PPP's que está a salvação económica, e moral, já agora, do Estado português, "aguentem os cavalos" sff.
Soubemos ontem que é intenção do governo poupar 400 milhões de euros na renegociação de alguns contratos que, ou ainda não saíram do papel ou estão em magra execução.
Isto quer dizer que "mexidelas" nos contratos já celebrados e que estão em velocidade cruzeiro, sobretudo na área da saúde, transportes, gestão de resíduos, saneamento, águas e outras não haverá (para já).
Apesar de não ser referido na comunicação social, a poupança de 400 milhões será durante um determinado período, que imaginamos algures entre os 15 e 20 anos. Isto significa que, por ano, a poupança será entre 20 e 30 milhões de euros.
Já não é mau, mas para um bolo anual de mil milhões, que é quanto custarão as PPP's em 2012, isso significará um desconto na fatura de 3%. Voilá.
E daqui a uns anos o custo previsto das PPP's será de 2 mil milhões, baixando o desconto de 3% para 1,5%!
A 12 de Maio escrevemos isto:
"Mas as PPP's custam ao Estado por ano menos de 1,5 mil milhões de euros. Os cortes anunciados são aproximadamente 10% do custo global.
190 milhões por ano é... quase nada. Comparado com uma despesa global de 85 mil milhões de euros em que quase metade deste valor é para pensões e subsídios, falarmos no mérito da redução de custos em 190 milhões de euros nas PPP's parece-nos uma amplificação exagerada. Só os juros da dívida, 9 mil milhões de euros, representam 50 vezes mais o corte anunciado e 5 vezes mais o custo total das PPP's."
Agora até podemos dizer: se os cortes fossem de 10% como se falou em Maio, já não seria nada mau, porque o que está em cima da mesa são 3%.
Para termos uma comparação de valores, o Estado português nos primeiros 4 meses de 2011 pagou em juros 800 milhões de euros. Mas no mesmo período de 2012 pagou 1500 milhões. Foram 700 milhões a mais, quase o valor total das PPP's.
É esta a importância relativa das PPP's.
E se querem mesmo cortar nas PPP's, terão que informar primeiro os portugueses que haverá serviços de saúde em Braga, Loures, Cascais e Vila Franca de Xira que deixarão de existir, na medida em que os hospitais aí existentes, ou em fase de construção, trabalham desta forma.
O tratamento de águas residuais e o abastecimento potável a uma boa parte do país também funciona em com este modelo. Muitos dos rios e lagoas que hoje gostamos de ver despoluídos terão os dias contados.
Muitas estradas nacionais também estão ao abrigo de contratos PPP's. Com cortes nesta rúbrica, há que ter mais cuidado com os buracos, sinalizações deficientes, ausência de marcação no pavimento e pontes na iminência de cair.
Quem quer assumir cortes a sério nas PPP's tem que assumir as consequências dessas decisões no quotidiano das populações e prepará-las para isso.
Tiago Mestre
Soubemos ontem que é intenção do governo poupar 400 milhões de euros na renegociação de alguns contratos que, ou ainda não saíram do papel ou estão em magra execução.
Isto quer dizer que "mexidelas" nos contratos já celebrados e que estão em velocidade cruzeiro, sobretudo na área da saúde, transportes, gestão de resíduos, saneamento, águas e outras não haverá (para já).
Apesar de não ser referido na comunicação social, a poupança de 400 milhões será durante um determinado período, que imaginamos algures entre os 15 e 20 anos. Isto significa que, por ano, a poupança será entre 20 e 30 milhões de euros.
Já não é mau, mas para um bolo anual de mil milhões, que é quanto custarão as PPP's em 2012, isso significará um desconto na fatura de 3%. Voilá.
E daqui a uns anos o custo previsto das PPP's será de 2 mil milhões, baixando o desconto de 3% para 1,5%!
A 12 de Maio escrevemos isto:
"Mas as PPP's custam ao Estado por ano menos de 1,5 mil milhões de euros. Os cortes anunciados são aproximadamente 10% do custo global.
190 milhões por ano é... quase nada. Comparado com uma despesa global de 85 mil milhões de euros em que quase metade deste valor é para pensões e subsídios, falarmos no mérito da redução de custos em 190 milhões de euros nas PPP's parece-nos uma amplificação exagerada. Só os juros da dívida, 9 mil milhões de euros, representam 50 vezes mais o corte anunciado e 5 vezes mais o custo total das PPP's."
Agora até podemos dizer: se os cortes fossem de 10% como se falou em Maio, já não seria nada mau, porque o que está em cima da mesa são 3%.
Para termos uma comparação de valores, o Estado português nos primeiros 4 meses de 2011 pagou em juros 800 milhões de euros. Mas no mesmo período de 2012 pagou 1500 milhões. Foram 700 milhões a mais, quase o valor total das PPP's.
É esta a importância relativa das PPP's.
E se querem mesmo cortar nas PPP's, terão que informar primeiro os portugueses que haverá serviços de saúde em Braga, Loures, Cascais e Vila Franca de Xira que deixarão de existir, na medida em que os hospitais aí existentes, ou em fase de construção, trabalham desta forma.
O tratamento de águas residuais e o abastecimento potável a uma boa parte do país também funciona em com este modelo. Muitos dos rios e lagoas que hoje gostamos de ver despoluídos terão os dias contados.
Muitas estradas nacionais também estão ao abrigo de contratos PPP's. Com cortes nesta rúbrica, há que ter mais cuidado com os buracos, sinalizações deficientes, ausência de marcação no pavimento e pontes na iminência de cair.
Quem quer assumir cortes a sério nas PPP's tem que assumir as consequências dessas decisões no quotidiano das populações e prepará-las para isso.
Tiago Mestre
26 de julho de 2012
Parabéns à Irlanda
Caros leitores e leitoras, a Irlanda voltou hoje aos mercados, financiando-se com dívida a 5 e 8 anos e juros de 5,9% e 6,1% respetivamente.
Parecem-nos juros demasiado elevados, não obstante é sempre de relevar quando um país, submetido a "alguma austeridade", ganhe a confiança dos mercados num tão curto espaço de tempo.
Mas, segundo dados do Eurostat, esta confiança parece-nos sol de pouca dura já que as dívidas dos países não param de aumentar em contraste com os respetivos PIB's, que estagnaram ou até caíram:
Fonte: Eurostat
Tiago Mestre
Parecem-nos juros demasiado elevados, não obstante é sempre de relevar quando um país, submetido a "alguma austeridade", ganhe a confiança dos mercados num tão curto espaço de tempo.
Mas, segundo dados do Eurostat, esta confiança parece-nos sol de pouca dura já que as dívidas dos países não param de aumentar em contraste com os respetivos PIB's, que estagnaram ou até caíram:
Fonte: Eurostat
Tiago Mestre
"We will do whatever it takes" = bullshit
É assim que se manipulam os mercados.
E estes, desesperados por uma qualquer boa notícia, operam em função das palavras de alguém no poder.
Draghi copiou a expressão de Ben Bernanke para ir mantendo o pessoal levitado:
"We will do whatever it takes"
Mas o que é que esta m**** quer dizer?
É A MANIPULAÇÃO EM TODO O SEU ESPLENDOR.
Recordamos aos nossos leitores, e já agora a Mario Draghi, o artigo 123º do Tratado de Lisboa:
Article 123 |
1. Overdraft facilities or any other type of credit facility with the European Central Bank or with the central banks of the Member States (hereinafter referred to as ‘national central banks’) in favour of Union institutions, bodies, offices or agencies, central governments, regional, local or other public authorities, other bodies governed by public law, or public undertakings of Member States shall be prohibited, as shall the purchase directly from them by the European Central Bank or national central banks of debt instruments.
2. Paragraph 1 shall not apply to publicly owned credit institutions which, in the context of the supply of reserves by central banks, shall be given the same treatment by national central banks and the European Central Bank as private credit institutions. |
Há gente que já merecia andar com pulseira eletrónica, e sob apertada vigilância.
Tiago Mestre
El Pais já soube da solução burocrática para um mês de Agosto menos agitado
Ninguém quer ir para férias com o telemóvel ligado:
Notícia aqui
E pelos vistos, o risco de inflação está totalmente posto de parte no curto prazo, portanto:
Gentlemen, start your printers
A destruição da credibilidade do € está mais do que assegurada, mas olhem, que se lixe, porque o que interessa é salvar Agosto, certo?
Tiago Mestre
Notícia aqui
E pelos vistos, o risco de inflação está totalmente posto de parte no curto prazo, portanto:
Gentlemen, start your printers
A destruição da credibilidade do € está mais do que assegurada, mas olhem, que se lixe, porque o que interessa é salvar Agosto, certo?
Tiago Mestre
Charles Biderman: Bernanke put is dying
Charles Biderman volta-nos novamente a elucidar sobre os mercados de ações e obrigações dos EUA.
Ben Bernanke é também o alvo das atenções porque já se infere nos mercados que este já chegou à conclusão de que imprimir mais dinheiro não terá os mesmos resultados de outrora.
Nunca é tarde demais para percebermos que erros cometidos no passado podem e devem ser corrigidos no futuro.
Os índices Dow, S&P500 e o bond market americano estão hoje inevitavelmente envenenados pelo Bernanke put. Good Luck
Tiago Mestre
Ben Bernanke é também o alvo das atenções porque já se infere nos mercados que este já chegou à conclusão de que imprimir mais dinheiro não terá os mesmos resultados de outrora.
Nunca é tarde demais para percebermos que erros cometidos no passado podem e devem ser corrigidos no futuro.
Os índices Dow, S&P500 e o bond market americano estão hoje inevitavelmente envenenados pelo Bernanke put. Good Luck
Tiago Mestre
24 de julho de 2012
Que se lixem as eleições...
Lá diz o ditado: "Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo".
Passos Coelho reconheceu que falar verdade e tomar decisões difíceis pode provocar perda de eleições.
Então podemos inferir o oposto:
Para as ganhar é preciso mentir, dizendo que tudo se resolve com a eliminação de umas gordurinhas aqui e acolá, vilipendiando a "pouca" austeridade que o PS lá ia propondo quinzenalmente ao parlamento com os sucessivos PEC's.
E foi assim mesmo há um ano e pouco.
E já agora, aguardamos por estudos e confirmações que nos expliquem a correlação entre dizer umas verdades difíceis e perder eleições.
Tiago Mestre
Passos Coelho reconheceu que falar verdade e tomar decisões difíceis pode provocar perda de eleições.
Então podemos inferir o oposto:
Para as ganhar é preciso mentir, dizendo que tudo se resolve com a eliminação de umas gordurinhas aqui e acolá, vilipendiando a "pouca" austeridade que o PS lá ia propondo quinzenalmente ao parlamento com os sucessivos PEC's.
E foi assim mesmo há um ano e pouco.
E já agora, aguardamos por estudos e confirmações que nos expliquem a correlação entre dizer umas verdades difíceis e perder eleições.
Tiago Mestre
Já se pede bailout completo a Espanha
Caros leitores e leitoras, começa a aparecer em algum imprensa internacional cada vez mais jornalistas a referir a necessidade de Espanha recorrer a um resgate total.
Compreendemos estas conclusões naturais por parte dos jornalistas que, vendo o país num beco sem saída, pensam logo em partir a parede e continuar em frente. É sempre aquela velha história de aplicar as mesmas receitas esperando resultados diferentes.
Espanha possui um mercado de dívida pública que, só ela, ultrapassa a totalidade do ESM, com os seus 700 mil milhões de euros.
Com umas contas básicas, é possível chegar à conclusão de que o ESM não chega para Espanha, bem como as responsabilidades que recaem sobre a Itália para ajudar neste resgate rapidamente se voltariam contra a própria Itália.
Caso Espanha peça mais ajuda, Itália ficará cada vez mais na mira da desconfiança. E com juros a rondar 6% nas maturidades mais longas, só isso é já sinónimo de falência do Estado italiano no médio prazo. Se subirem para 7 ou 8%, a falência transfere-se do médio para o curto prazo. Passa a Itália a precisar JÁ também de um resgate.
Há muito que os líderes deveriam ter reconhecido a sua incapacidade em resolver questões desta magnitude. Julgavam que salvando um país após o outro, algum dia a Europa ficaria protegida da ira dos mercados.
Mas a Europa deixou-se amarrar pela necessidade dos mercados, recorrendo a dívida e mais dívida para manter status quo. Algum dia os investidores iriam perceber que tudo isto era insustentável, e ninguém quis ver quais seriam as consequências quando a debandada começasse.
Agora corre-se contra a prejuízo, mas quanto mais se corre, mais o desastre se aproxima, uma espécie de corrida desesperada a fugir da ira dos investidores mas em direção ao penhasco.
Deixamos aqui alguns epifenómenos que podem espoletar o princípio do fim:
. Banco constitucional alemão chumbar ESM;
. Parlamento alemão chumbar próxima ajuda;
. Cimeira europeia suspende pagamento da troika à Grécia;
. Agências de rating baixarem a Alemanha de AAA para AA;
. Incumprimento no pagamento de obrigações por parte da Grécia;
. Crash de Verão nas bolsas;
. Falência de um grande banco europeu, americano ou inglês;
. Golpe de Estado na Grécia, Espanha ou Alemanha;
. Ira dos mercados para com a França e o seu setor bancário
etc
Infelizmente, começam-se a por na fila muitos epifenómenos que podem dar início à derrocada. Quantos mais forem, maior a probabilidade da ocorrência de algum, e menor a capacidade dos políticos em gerir o delay and pray.
Tiago Mestre
Compreendemos estas conclusões naturais por parte dos jornalistas que, vendo o país num beco sem saída, pensam logo em partir a parede e continuar em frente. É sempre aquela velha história de aplicar as mesmas receitas esperando resultados diferentes.
Espanha possui um mercado de dívida pública que, só ela, ultrapassa a totalidade do ESM, com os seus 700 mil milhões de euros.
Com umas contas básicas, é possível chegar à conclusão de que o ESM não chega para Espanha, bem como as responsabilidades que recaem sobre a Itália para ajudar neste resgate rapidamente se voltariam contra a própria Itália.
Caso Espanha peça mais ajuda, Itália ficará cada vez mais na mira da desconfiança. E com juros a rondar 6% nas maturidades mais longas, só isso é já sinónimo de falência do Estado italiano no médio prazo. Se subirem para 7 ou 8%, a falência transfere-se do médio para o curto prazo. Passa a Itália a precisar JÁ também de um resgate.
Há muito que os líderes deveriam ter reconhecido a sua incapacidade em resolver questões desta magnitude. Julgavam que salvando um país após o outro, algum dia a Europa ficaria protegida da ira dos mercados.
Mas a Europa deixou-se amarrar pela necessidade dos mercados, recorrendo a dívida e mais dívida para manter status quo. Algum dia os investidores iriam perceber que tudo isto era insustentável, e ninguém quis ver quais seriam as consequências quando a debandada começasse.
Agora corre-se contra a prejuízo, mas quanto mais se corre, mais o desastre se aproxima, uma espécie de corrida desesperada a fugir da ira dos investidores mas em direção ao penhasco.
Deixamos aqui alguns epifenómenos que podem espoletar o princípio do fim:
. Banco constitucional alemão chumbar ESM;
. Parlamento alemão chumbar próxima ajuda;
. Cimeira europeia suspende pagamento da troika à Grécia;
. Agências de rating baixarem a Alemanha de AAA para AA;
. Incumprimento no pagamento de obrigações por parte da Grécia;
. Crash de Verão nas bolsas;
. Falência de um grande banco europeu, americano ou inglês;
. Golpe de Estado na Grécia, Espanha ou Alemanha;
. Ira dos mercados para com a França e o seu setor bancário
etc
Infelizmente, começam-se a por na fila muitos epifenómenos que podem dar início à derrocada. Quantos mais forem, maior a probabilidade da ocorrência de algum, e menor a capacidade dos políticos em gerir o delay and pray.
Tiago Mestre
23 de julho de 2012
Há cada vez menos parolos...
Primeiro foi a injeção de liquidez pelo BCE, em Dezembro e Fevereiro. Espanha apanhou a carruagem e os seus bancos agarraram no dinheiro, mesmo que alguns não precisassem dele.
Mal se fizeram as contas e se percebeu que muito desse dinheiro já estava "ocupado", a coisa volta a complicar-se.
Mais recentemente aprovou-se o resgate ao setor bancário espanhol pelo valor de 100 mil milhões de euros. Muito dinheiro, sem dúvida..
Mas qual foi o efeito positivo que tal medida teve nos investidores? Pouco ou nenhum.
Todos sabemos que o governo central e os governos regionais continuam a gerar défices e todas as semanas há novos "buracos" a desvendarem-se;
e numa economia que ainda pouca ou nenhuma austeridade implementou até aqui, já leva de avanço 25% de desemprego e uma recessão a entrar pelo país adentro. Imaginem como será com austeridade.
Temos um problema de confiança, e se as medidas que a UE cuspia cá para fora ainda davam para enganar meia dúzia de parolos, agora é mais difícil encontrá-los.
À primeira caem todos
À segunda só cai quem quer
À terceira só mesmo os burros é que caem
A propósito desta aldrabice toda, alguém decidiu hoje anular o short selling para as ações espanholas e algumas italianas.
Temos a informar os nossos leitores que não temos nada contra o short selling.
Este é um negócio tão legítimo como outro qualquer, e como em qualquer transação, há alguém disposto a vender e alguém disposto a comprar o título. Parem de manipular os mercados e concentrem-se em atingir o défice ZERO. As lideranças esquecem-se que o short selling também promove subidas nos mercados de ações, através dos short squeezes, mas como alguém dizia: isso para agora não interessa nada.
Para quem tem dúvidas sobre o que é short selling, recomendamos procurarem no youtube e tirem as vossas próprias conclusões. Não confundir com naked short selling, aí a história é outra.
Há muitos filmes, pelo que deixamos aqui apenas um link que também informa os prós e contras, riscos, etc.
http://www.youtube.com/watch?v=fmAcDWZwTw4
Tiago Mestre
Mal se fizeram as contas e se percebeu que muito desse dinheiro já estava "ocupado", a coisa volta a complicar-se.
Mais recentemente aprovou-se o resgate ao setor bancário espanhol pelo valor de 100 mil milhões de euros. Muito dinheiro, sem dúvida..
Mas qual foi o efeito positivo que tal medida teve nos investidores? Pouco ou nenhum.
Todos sabemos que o governo central e os governos regionais continuam a gerar défices e todas as semanas há novos "buracos" a desvendarem-se;
e numa economia que ainda pouca ou nenhuma austeridade implementou até aqui, já leva de avanço 25% de desemprego e uma recessão a entrar pelo país adentro. Imaginem como será com austeridade.
Temos um problema de confiança, e se as medidas que a UE cuspia cá para fora ainda davam para enganar meia dúzia de parolos, agora é mais difícil encontrá-los.
À primeira caem todos
À segunda só cai quem quer
À terceira só mesmo os burros é que caem
A propósito desta aldrabice toda, alguém decidiu hoje anular o short selling para as ações espanholas e algumas italianas.
Temos a informar os nossos leitores que não temos nada contra o short selling.
Este é um negócio tão legítimo como outro qualquer, e como em qualquer transação, há alguém disposto a vender e alguém disposto a comprar o título. Parem de manipular os mercados e concentrem-se em atingir o défice ZERO. As lideranças esquecem-se que o short selling também promove subidas nos mercados de ações, através dos short squeezes, mas como alguém dizia: isso para agora não interessa nada.
Para quem tem dúvidas sobre o que é short selling, recomendamos procurarem no youtube e tirem as vossas próprias conclusões. Não confundir com naked short selling, aí a história é outra.
Há muitos filmes, pelo que deixamos aqui apenas um link que também informa os prós e contras, riscos, etc.
http://www.youtube.com/watch?v=fmAcDWZwTw4
Tiago Mestre
O Prejuízo que o Estado dá (Julho)
Caros leitores e leitoras, faz exatamente hoje um mês que o governo publicou a síntese orçamental de Junho, referente até 31 de Maio.
Escrevemos um post onde publicámos este gráfico e afirmámos o seguinte:
"A linha preta apresenta uma inclinação em Maio bem diferente da de 2011, certamente influenciada pela suspensão dos pagamentos dos subsídios de férias."
Recordamo-nos que na altura os economistas da praça vociferaram acerca da evolução negativa da despesa, sendo que, pior do que isso, só mesmo a quebra das receitas fiscais.
Se tivessem analisado este gráfico antes de falarem teriam certamente mais cautela, porque o gráfico que incorpora Junho e publicado hoje vem ao encontro das nossas espetativas:
A tendência da linha preta revelava que em Junho a queda não seria tão acentuada como fora em 2011. E foi exatamente o que aconteceu.
Caso as receitas não tivessem caído como caíram até agora as coisas estariam mais facilitadas.
Podem consultar o boletim da síntese orçamental aqui
Tiago Mestre
Escrevemos um post onde publicámos este gráfico e afirmámos o seguinte:
"A linha preta apresenta uma inclinação em Maio bem diferente da de 2011, certamente influenciada pela suspensão dos pagamentos dos subsídios de férias."
Recordamo-nos que na altura os economistas da praça vociferaram acerca da evolução negativa da despesa, sendo que, pior do que isso, só mesmo a quebra das receitas fiscais.
Se tivessem analisado este gráfico antes de falarem teriam certamente mais cautela, porque o gráfico que incorpora Junho e publicado hoje vem ao encontro das nossas espetativas:
A tendência da linha preta revelava que em Junho a queda não seria tão acentuada como fora em 2011. E foi exatamente o que aconteceu.
Caso as receitas não tivessem caído como caíram até agora as coisas estariam mais facilitadas.
Podem consultar o boletim da síntese orçamental aqui
Tiago Mestre
Bruxelas, tenemos un problema
Nos primeiros minutos após a abertura do mercado de obrigações em Londres, o sentimento para com tudo o que é espanhol é este: run and hide.
Tiago Mestre
Tiago Mestre
FMI desistiu de continuar a jogar o poker europeu. A Grécia é fortíssima
Finalmente temos uma organização com um acrónimo de 3 letras (FMI), responsável por ajudar a salvar tudo e todos quando estes lhe pedem ajuda, a dizer que em relação à Grécia: no more.
Parece que os séniores do FMI puseram a mão na consciência, e as conclusões mudaram 180 graus.
Agora só lhes resta manter a palavra até ao dia D, porque se for outra vez bluff e mentirinhas, então que tenham o que merecem.
Notícia aqui
Tiago Mestre
Parece que os séniores do FMI puseram a mão na consciência, e as conclusões mudaram 180 graus.
Agora só lhes resta manter a palavra até ao dia D, porque se for outra vez bluff e mentirinhas, então que tenham o que merecem.
Notícia aqui
Tiago Mestre
21 de julho de 2012
Lula da Silva ainda cá anda para nos cativar
Caro leitores e leitoras, sugerimos a visualização desta entrevista a Lula da Silva na RTP2:
http://www.rtp.pt/programa/tv/p28865/e8
Lula da Silva foi O líder do Brasil durante 8 anos, não porque era o mais letrado, o mais erudito, mas porque era o mais vivido.
Independentemente das concordâncias ou discordâncias ideológico-partidárias, um líder de um povo só se afirma como tal se tiver vivido de pé, e não sentado.
Lula da Silva quando fala para nós, fala da vida, do quotidiano e da paixão pela compreensão da sua e das outras culturas do planeta.
Como Lula da Silva, também Nélson Mandela e outros líderes mundiais ainda vivem, ainda cá estão para nos cativar. Cabe a nós abrir o espírito e deixar entrar o que de bom eles têm para nos ensinar.
Tiago Mestre
http://www.rtp.pt/programa/tv/p28865/e8
Lula da Silva foi O líder do Brasil durante 8 anos, não porque era o mais letrado, o mais erudito, mas porque era o mais vivido.
Independentemente das concordâncias ou discordâncias ideológico-partidárias, um líder de um povo só se afirma como tal se tiver vivido de pé, e não sentado.
Lula da Silva quando fala para nós, fala da vida, do quotidiano e da paixão pela compreensão da sua e das outras culturas do planeta.
Como Lula da Silva, também Nélson Mandela e outros líderes mundiais ainda vivem, ainda cá estão para nos cativar. Cabe a nós abrir o espírito e deixar entrar o que de bom eles têm para nos ensinar.
Tiago Mestre
José Hermano Saraiva - historiador, mas não só!
Caros leitores e leitoras, com a morte de José Hermano Saraiva, é indiscutível que perdemos um historiador que (ainda) cativava qualquer coisa.
A história portuguesa poderá atravessar agora um período de ainda maior amnésia na consciência dos portugueses, mas paciência.
José Hermano Saraiva não era só historiador.
Formou-se em ciências jurídicas e em ciências histórico-filosóficas, há 70 anos aproximadamente. Era portanto um advogado, tendo uma queda para a educação. Foi reitor de um liceu em Lisboa, mas como tinha o bichinho da política, envolveu-se nos meandros do Estado Novo. Foi deputado e ascendeu a Ministro da Educação.
Foi portanto um ministro de Marcello Caetano, do regime ditatorial do Estado Novo, e para aqueles que agora vivem no poder da democracia e que tanto anátema lançaram sobre o regime anterior, não nos parece nada coerente que elogiem a carreira de (apenas) historiador do professor Saraiva.
Não se façam de esquecidos do passado deste senhor, e acima de tudo, não façam os portugueses esquecerem-se de que gente com qualidade intelectual e pessoal passou pela cadeira do poder do Estado novo.
Veiga Simão, Adriano Moreira, Freitas do Amaral, Mota Amaral, Francisco Balsemão, Pedro Feytor Pinto e muitos outros eram já individualidades relevantes nos meandros do poder do Estado Novo, o tal regime fascista "diabólico" que nos governava desde 28 de Maio de 1926.
Tiago Mestre
A história portuguesa poderá atravessar agora um período de ainda maior amnésia na consciência dos portugueses, mas paciência.
José Hermano Saraiva não era só historiador.
Formou-se em ciências jurídicas e em ciências histórico-filosóficas, há 70 anos aproximadamente. Era portanto um advogado, tendo uma queda para a educação. Foi reitor de um liceu em Lisboa, mas como tinha o bichinho da política, envolveu-se nos meandros do Estado Novo. Foi deputado e ascendeu a Ministro da Educação.
Foi portanto um ministro de Marcello Caetano, do regime ditatorial do Estado Novo, e para aqueles que agora vivem no poder da democracia e que tanto anátema lançaram sobre o regime anterior, não nos parece nada coerente que elogiem a carreira de (apenas) historiador do professor Saraiva.
Não se façam de esquecidos do passado deste senhor, e acima de tudo, não façam os portugueses esquecerem-se de que gente com qualidade intelectual e pessoal passou pela cadeira do poder do Estado novo.
Veiga Simão, Adriano Moreira, Freitas do Amaral, Mota Amaral, Francisco Balsemão, Pedro Feytor Pinto e muitos outros eram já individualidades relevantes nos meandros do poder do Estado Novo, o tal regime fascista "diabólico" que nos governava desde 28 de Maio de 1926.
Tiago Mestre
19 de julho de 2012
20 anos de História do prémio de risco espanhol face ao alemão
Gráfico cortesia Zerohedge.
Comentários da nossa autoria
Spread das obrigações espanholas face às alemãs desde 1993
Comentários da nossa autoria
Spread das obrigações espanholas face às alemãs desde 1993
Espanha inicia travessia do deserto
Espanha volta a estar sob forte escrutínio, ou seja, mais investidores a querer vender do que a comprar.
Os leilões "exigentes" que Espanha promoveu hoje, com venda de dívida a 5, 6 e 7 anos é dura tarefa para quem anda na mira dos mercados há pelo menos 1 ano.
A coisa correu mal e os monitores começaram a disparar mensagens de alarme. O mercado secundário, que umas vezes anda a reboque, outras influencia diretamente os leilões primários, desta vez foi a reboque e a dívida a 10 anos já anda pelos 7% de juro novamente.
Mas surpreendentemente, hoje o ministro das finanças espanhol foi ao parlamento dizer umas verdades. Que espanto, que raridade num político. Podem ver aqui.
Os investidores, habituados a tanta mentira proferida pelo Sr. Rajoy e pelo Sr. Guindos nos últimos meses, ficaram confusos com este novo registo e não gostaram.
Se há uma semana Rajoy afirmava que a crise era bancária mas o reino estava bem e recomendava-se, hoje o ministro das finanças vem dizer o que é uma evidência para qualquer pessoa pragmática e honesta:
O Estado terá que reduzir despesa porque se não o fizer o défice mantêm-se e a dívida continuará a subir até ao colapso.
Uau! Parabéns sr. Montoro pela franqueza.
Já agora, informe também o parlamento e os espanhóis que as medidas de austeridade que o governo será forçado a tomar levarão o desemprego a subir dos 25% até aos 35%, e pelo meio a (R)ecessão transformar-se-á em (D)epressão.
Com tanta decisão difícil para tomar e com tanta mentira à mistura em tão pouco tempo, tememos pela vida da classe política espanhola, sobretudo dos ministros mais relevantes.
Culturalmente, Espanha NÃO É Portugal, e quando há revolta, é porrada a sério.
Preparem-se, caros espanhóis, porque a viagem vai ser atribulada, e encontrar um paralelo na vossa história só mesmo na década de 30, guerra civil incluída.
Nós aqui por terras lusas já iniciámos a travessia no deserto. Estamos agora a passar aquela fase da hesitação em que:
ou continuamos
ou voltamos para trás com MEDO
Tiago Mestre
Os leilões "exigentes" que Espanha promoveu hoje, com venda de dívida a 5, 6 e 7 anos é dura tarefa para quem anda na mira dos mercados há pelo menos 1 ano.
A coisa correu mal e os monitores começaram a disparar mensagens de alarme. O mercado secundário, que umas vezes anda a reboque, outras influencia diretamente os leilões primários, desta vez foi a reboque e a dívida a 10 anos já anda pelos 7% de juro novamente.
Mas surpreendentemente, hoje o ministro das finanças espanhol foi ao parlamento dizer umas verdades. Que espanto, que raridade num político. Podem ver aqui.
Os investidores, habituados a tanta mentira proferida pelo Sr. Rajoy e pelo Sr. Guindos nos últimos meses, ficaram confusos com este novo registo e não gostaram.
Se há uma semana Rajoy afirmava que a crise era bancária mas o reino estava bem e recomendava-se, hoje o ministro das finanças vem dizer o que é uma evidência para qualquer pessoa pragmática e honesta:
O Estado terá que reduzir despesa porque se não o fizer o défice mantêm-se e a dívida continuará a subir até ao colapso.
Uau! Parabéns sr. Montoro pela franqueza.
Já agora, informe também o parlamento e os espanhóis que as medidas de austeridade que o governo será forçado a tomar levarão o desemprego a subir dos 25% até aos 35%, e pelo meio a (R)ecessão transformar-se-á em (D)epressão.
Com tanta decisão difícil para tomar e com tanta mentira à mistura em tão pouco tempo, tememos pela vida da classe política espanhola, sobretudo dos ministros mais relevantes.
Culturalmente, Espanha NÃO É Portugal, e quando há revolta, é porrada a sério.
Preparem-se, caros espanhóis, porque a viagem vai ser atribulada, e encontrar um paralelo na vossa história só mesmo na década de 30, guerra civil incluída.
Nós aqui por terras lusas já iniciámos a travessia no deserto. Estamos agora a passar aquela fase da hesitação em que:
ou continuamos
ou voltamos para trás com MEDO
Tiago Mestre
18 de julho de 2012
INE reforça dúvidas sobre o vigor das exportações
Caros leitores e leitoras, as nossas dúvidas e preocupações sobre a atividade industrial, particularmente a exportadora, em Portugal, tem sido objeto de recorrentes posts.
O INE lançou hoje uma síntese de conjuntura económica, e para além da já esperada quebra na procura interna, deu-nos a conhecer 2 gráficos sobre o setor industrial que achámos pertinente colocar à discussão:
Neste gráfico percebemos que em final de 2009 e até meados de 2011, o volume de negócios no setor industrial foi espetacular. Mas foi sol de pouca dura, porque a queda entre Outubro de 2011 e Maio de 2012 é consistente e pouco encorajadora.
Neste gráfico, ainda mais interessante, estão expressos os sentimentos e os negócios dos nossos maiores clientes, ou seja, como está a correr o negócio àqueles que nos compram coisas.
E aqui o problema é mais grave, porque a linha vermelha tracejada está a tocar em mínimos de 2002, à exceção da recessão de 2008/2009.
Em 2008 a queda foi abrupta, mas rapidamente se recuperou.
A queda que estamos agora a assistir parece-nos ser mais sustentável, ou seja, assente em variáveis mais profundas, como o excesso de endividamento, populações mais retraídas no consumo, recessão na Europa por causas próprias, petróleo muito mais caro, etc.
Fazendo uma leitura descomprometida destes gráficos é possível inferir que a força das exportações, e que tanta ajuda deu ao governo e ao país neste 3 últimos anos, pode começar a dar sinais de fadiga.
Esta é mais uma variável a ter em conta nas análises e estimativas do governo, pelo que sugerimos ao ministro Álvaro que use menos do seu tempo para cortar fitas nas empresas e se dedique mais ao estudo das consequências de um cenário desta natureza na economia portuguesa.
Os portugueses precisam de saber com o que podem contar no futuro próximo.
Tiago Mestre
O INE lançou hoje uma síntese de conjuntura económica, e para além da já esperada quebra na procura interna, deu-nos a conhecer 2 gráficos sobre o setor industrial que achámos pertinente colocar à discussão:
Neste gráfico percebemos que em final de 2009 e até meados de 2011, o volume de negócios no setor industrial foi espetacular. Mas foi sol de pouca dura, porque a queda entre Outubro de 2011 e Maio de 2012 é consistente e pouco encorajadora.
Neste gráfico, ainda mais interessante, estão expressos os sentimentos e os negócios dos nossos maiores clientes, ou seja, como está a correr o negócio àqueles que nos compram coisas.
E aqui o problema é mais grave, porque a linha vermelha tracejada está a tocar em mínimos de 2002, à exceção da recessão de 2008/2009.
Em 2008 a queda foi abrupta, mas rapidamente se recuperou.
A queda que estamos agora a assistir parece-nos ser mais sustentável, ou seja, assente em variáveis mais profundas, como o excesso de endividamento, populações mais retraídas no consumo, recessão na Europa por causas próprias, petróleo muito mais caro, etc.
Fazendo uma leitura descomprometida destes gráficos é possível inferir que a força das exportações, e que tanta ajuda deu ao governo e ao país neste 3 últimos anos, pode começar a dar sinais de fadiga.
Esta é mais uma variável a ter em conta nas análises e estimativas do governo, pelo que sugerimos ao ministro Álvaro que use menos do seu tempo para cortar fitas nas empresas e se dedique mais ao estudo das consequências de um cenário desta natureza na economia portuguesa.
Os portugueses precisam de saber com o que podem contar no futuro próximo.
Tiago Mestre
Ben Bernanke inspirou-se ontem (e bem) em Mario Draghi
Ben Bernanke voltou a adiar o que muitos imploravam: mais estímulos à economia americana.
Não sabemos bem os motivos: há quem diga que é para forçar os políticos a fazer qq coisa, ou então Ben já começa a chegar à conclusão que estimular já não tem o impacto de outrora.
Para os pupilos do sr. Ben, esta é uma desagradável surpresa. A paciência está a esgotar-se, mas esta é uma reação natural do filho que está habituado a obter o que deseja do pai até ao dia em que o pai diz NÃO.
Para os opositores das políticas expansionistas de Ben, esta é uma boa notícia, ou pelos menos um princípio de qualquer coisa de diferente.
Da mesma forma que elogiámos Draghi há um mês quando este se recusou a comprar mais dívida europeia quando todos imploravam para tal, também Bernanke merece o nosso apreço por não ir na conversa dos seus pupilos e refletir melhor sobre o que está realmente a acontecer.
Nunca é tarde para os políticos recuarem nas suas políticas e reconhecerem os erros. Mesmo que passem vergonhas, sejam demitidos e até provoquem alteração no status quo de milhões de cidadãos, poderão sempre viver de consciência tranquila e defender a maneira certa de fazer as coisas.
Há sempre um fim em tudo o que fazemos, nas profissões, nos relacionamentos e até mesmo com a nossa própria vida. A diferença reside na forma como cada um de nós abraça esse mesmo fim:
De pé,
Ou de joelhos.
Cada um que escolha
Tiago Mestre
Não sabemos bem os motivos: há quem diga que é para forçar os políticos a fazer qq coisa, ou então Ben já começa a chegar à conclusão que estimular já não tem o impacto de outrora.
Para os pupilos do sr. Ben, esta é uma desagradável surpresa. A paciência está a esgotar-se, mas esta é uma reação natural do filho que está habituado a obter o que deseja do pai até ao dia em que o pai diz NÃO.
Para os opositores das políticas expansionistas de Ben, esta é uma boa notícia, ou pelos menos um princípio de qualquer coisa de diferente.
Da mesma forma que elogiámos Draghi há um mês quando este se recusou a comprar mais dívida europeia quando todos imploravam para tal, também Bernanke merece o nosso apreço por não ir na conversa dos seus pupilos e refletir melhor sobre o que está realmente a acontecer.
Nunca é tarde para os políticos recuarem nas suas políticas e reconhecerem os erros. Mesmo que passem vergonhas, sejam demitidos e até provoquem alteração no status quo de milhões de cidadãos, poderão sempre viver de consciência tranquila e defender a maneira certa de fazer as coisas.
Há sempre um fim em tudo o que fazemos, nas profissões, nos relacionamentos e até mesmo com a nossa própria vida. A diferença reside na forma como cada um de nós abraça esse mesmo fim:
De pé,
Ou de joelhos.
Cada um que escolha
Tiago Mestre
Portugal no TOP3 mundial
Há algum tempo que procurávamos este gráfico. Zerohedge concedeu-nos esse privilégio:
Em função do seu PIB, Portugal encontra-se em 3º lugar no somatório de toda a dívida detida pelo público, privado e cidadãos.
À exceção da Irlanda, somos o único país que excede nas 3 rúbricas os 100% do PIB.
Para um país com o nosso PIB per capita, e sem a UE, o prémio de risco que os credores nos concederiam nunca nos permitiria exceder os 50 a 60% nas três rúbricas. Estaríamos ao nível de uma República Checa ou de uma Nova Zelândia, talvez.
Como foi então possível deteriorarmos tanto as nossas contas?
Podemos agradecer à UE e o €.
Foram estas 2 instituições que introduziram nos credores mundiais a falsa sensação de que emprestar a Portugal seria como emprestar à Alemanha. Aproveitámos a boleia, e de que maneira.
A Grécia, país com características económicas bastante semelhantes às nossas, parece um menino bem comportado se compararmos as dívidas do privado e dos cidadãos.
É por todo este acumular de asneiras, sempre com o patrocínio da UE, que ficamos na dúvida se não será melhor abandonar a UE e o €. As consequências seriam muito feias, mas a verdade é que há 15 anos substituímos o risco dos credores, que lá nos ia pondo alguma ordem, por um PAI que nos deixou fazer todas as asneiras e mais alguma sem acautelar as consequências no futuro.
Era preciso dinheiro? Os bancos da UE têm, patrocinados pelo BCE, claro.
A austeridade que a UE agora pede só apareceu porque os credores forçaram tal cenário. Não fosse assim e tudo continuaria a assobiar para o lado. É por isso que tenho as maiores reservas no sucesso destas operações políticas. Veja-se o caso da França: como não foi atacada pelos credores, por acaso ouvimos Durão Barroso vociferar contra as políticas de "crescimento" de Hollande, como revogar o aumento das reformas e do IVA que Sarkosy tinha já aprovado? Não, não ouvimos.
É por isso que quando vemos na televisão gente a pedir mais Europa, mais crédito às empresas, mais anos para fazer ajustamento nas contas públicas, menos austeridade, mais crescimento, menos desemprego, salta-nos a pergunta aos paladinos do crescimento e de mais Europa:
Quanta mais dívida então é que querem? Qual é o limite que vos deixa confortáveis?
Já estamos em 370% do PIB.
400% está bem?
500%?
Ei, porque não 1000% do PIB? Desde que a UE garanta que paga aos credores caso agente falhe, tá-se bem, não é?
Tudo somado deveríamos reduzir de 370% para 150% do PIB na pior das hipóteses, ou seja, diminuir a dívida de 629 mil milhões para 255 mil milhões. Aaauchh!
É só uma redução de 370 mil milhões de euros: 2 anos do PIB português.
Tiago Mestre
Em função do seu PIB, Portugal encontra-se em 3º lugar no somatório de toda a dívida detida pelo público, privado e cidadãos.
À exceção da Irlanda, somos o único país que excede nas 3 rúbricas os 100% do PIB.
Para um país com o nosso PIB per capita, e sem a UE, o prémio de risco que os credores nos concederiam nunca nos permitiria exceder os 50 a 60% nas três rúbricas. Estaríamos ao nível de uma República Checa ou de uma Nova Zelândia, talvez.
Como foi então possível deteriorarmos tanto as nossas contas?
Podemos agradecer à UE e o €.
Foram estas 2 instituições que introduziram nos credores mundiais a falsa sensação de que emprestar a Portugal seria como emprestar à Alemanha. Aproveitámos a boleia, e de que maneira.
A Grécia, país com características económicas bastante semelhantes às nossas, parece um menino bem comportado se compararmos as dívidas do privado e dos cidadãos.
É por todo este acumular de asneiras, sempre com o patrocínio da UE, que ficamos na dúvida se não será melhor abandonar a UE e o €. As consequências seriam muito feias, mas a verdade é que há 15 anos substituímos o risco dos credores, que lá nos ia pondo alguma ordem, por um PAI que nos deixou fazer todas as asneiras e mais alguma sem acautelar as consequências no futuro.
Era preciso dinheiro? Os bancos da UE têm, patrocinados pelo BCE, claro.
A austeridade que a UE agora pede só apareceu porque os credores forçaram tal cenário. Não fosse assim e tudo continuaria a assobiar para o lado. É por isso que tenho as maiores reservas no sucesso destas operações políticas. Veja-se o caso da França: como não foi atacada pelos credores, por acaso ouvimos Durão Barroso vociferar contra as políticas de "crescimento" de Hollande, como revogar o aumento das reformas e do IVA que Sarkosy tinha já aprovado? Não, não ouvimos.
É por isso que quando vemos na televisão gente a pedir mais Europa, mais crédito às empresas, mais anos para fazer ajustamento nas contas públicas, menos austeridade, mais crescimento, menos desemprego, salta-nos a pergunta aos paladinos do crescimento e de mais Europa:
Quanta mais dívida então é que querem? Qual é o limite que vos deixa confortáveis?
Já estamos em 370% do PIB.
400% está bem?
500%?
Ei, porque não 1000% do PIB? Desde que a UE garanta que paga aos credores caso agente falhe, tá-se bem, não é?
Tudo somado deveríamos reduzir de 370% para 150% do PIB na pior das hipóteses, ou seja, diminuir a dívida de 629 mil milhões para 255 mil milhões. Aaauchh!
É só uma redução de 370 mil milhões de euros: 2 anos do PIB português.
Tiago Mestre
Comissão Europeia continua a desafiar sem pudor as mais elementares leis da gravidade
Parece que continuamos no país das maravilhas.
Lemos na edição online do Jornal de Negócios que a Comissão Europeia reviu em alta a dívida pública em função do PIB para Portugal em 2013, subindo 3 pontos percentuais para:
118,5% do PIB
Motivos deste aumento?
Empréstimo às autarquias
PIB caiu mais do que se esperava
Até aqui, nada, mas as conclusões para 2014 e daí em adiante são a glória da quimera:
“O perfil de declínio de dívida a começar em 2014 parece robusto mesmo contra perspectivas de crescimento mais fracas”
Lemos na edição online do Jornal de Negócios que a Comissão Europeia reviu em alta a dívida pública em função do PIB para Portugal em 2013, subindo 3 pontos percentuais para:
118,5% do PIB
Motivos deste aumento?
Empréstimo às autarquias
PIB caiu mais do que se esperava
Até aqui, nada, mas as conclusões para 2014 e daí em adiante são a glória da quimera:
“O perfil de declínio de dívida a começar em 2014 parece robusto mesmo contra perspectivas de crescimento mais fracas”
Portanto perspetiva-se que em 2014 a dívida começará a baixar. E como? Só com défice ZERO, mas não é essa a receita da CE.
Segundo percebemos, esse desígnio começará dentro de ano e meio. Quando toda a gente implora pela desistência da austeridade, pedir mais 2 anos e sei lá que mais facilidades, acabar 2014 com menos dívida do que em 2013 só pode estar no domínio dos sonhos. E que sonhos.
É por estas estimativas mentirosas que as instituições e seus líderes morrem na praia, a meio caminho entre a solidez da terra e a total incerteza do mar.
No mesmo artigo a CE também nos "ensina" quais os critérios a utilizar para que a redução da dívida seja uma realidade:
- Crescimento real do PIB de 2% mais inflação de 2%
- Financiamento abaixo dos 5% (ao dia de hoje, e desde há um ano que anda pelos 10%)
- Superavit orçamental primário de 3%
É caso para dizer: assim também eu. Nestas condições já não é preciso défice ZERO, mas conseguirá Portugal atingir estes critérios?
Com um Estado a consumir quase 50% do PIB e em processo de austeridade, como poderá a economia crescer 2%? Crescemos 0,7% ao ano na última década. Por passo de magia iremos crescer 2% agora?
Financiamento a 5%? É preciso confiança. Para isso é preciso gente séria e credível.
Superavit orçamental de 3%. Era preciso austeridade a todo o vapor e não haver mais buracos.
Eis alguns buracos que estão à espera de serem destapados:
- Dívida da CP, Metro Lisboa e Metro Porto: 10 mil milhões euros, crescendo 600 a 700 milhões ao ano. São a jóia da coroa.
- Dívidas das empresas municipais: não se sabe, aparentemente, mas deve estar para lá dos mil milhões.
- Conflito entre Águas de Portugal e Municípios que não querem pagar a fatura que a AdP lhes apresenta por tratar das águas.
- Défice energético: não se sabe ao certo, mas ultrapassa os 2 mil milhões de euros. Cresce 500 milhões euros aproximadamente ao ano.
Grosso modo, podemos desde já antecipar a incorporação de 15 mil milhões de euros algures no futuro da dívida pública portuguesa. A CE não enfiou lá estas rúbricas com certeza, pelo que podemos desde já antecipar que da projeção de 118% subiremos para 126% do PIB, ou seja, de 200 mil milhões aprox para 215 mil milhões, falando em números.
Mas 118% ou 126% do PIB é quase indiferente, porque num caso ou noutro só aparece uma mensagem no ecrã dos credores:
GAME OVER
Onde é que esta malta estacionou a nave? Este irrealismo é confrangedor e lança o debate num plano totalmente alheio às leis da gravidade:
Tiago Mestre
17 de julho de 2012
Nélson Mandela agraciado hoje na RTP1
Hoje, pelas 21.00 horas, a RTP1 fará uma emissão sobre Nelson Mandela, comemorando os seus 94 anos.
Num período de tanta cobardia política, dissimulação e mentiras, pessoas como Nélson Mandela parecem de outra época histórica. Oxalá sirva de inspiração para os aspirantes a políticos.
Tiago Mestre
Num período de tanta cobardia política, dissimulação e mentiras, pessoas como Nélson Mandela parecem de outra época histórica. Oxalá sirva de inspiração para os aspirantes a políticos.
Tiago Mestre
O problema é civilizacional, porque é ético!
Declarações de D. Januário de Torgal à TVI24 a propósito da atuação do governo.
"Eu não acredito nestes tipos, e porquê?
Porque pressionam a comunicação social
Porque têm o seu clube
Porque lutam pelos seus interesses
Porque jogam atrás da cortina com habilidades
O Governo é profundamente corrupto. O problema é civilizacional, porque é ético."
Eis a frase chave de D. Januário Torgal.
Para se tomarem as medidas necessárias é preciso ter outra ética nos comportamentos. Como nós concordamos com ele.
Mas não deixamos de concordar com o caminho da austeridade que o governo delineou, deveria ser ainda muito mais como já tantas vezes explicámos aqui no Blog: mais corte de despesa e redução de impostos até chegar aos 30% do PIB. Défice ZERO
Mas o problema que se coloca agora é que, à luz da opinião pública, o governo perdeu o caráter, a credibilidade, e por culpa própria, nada mais.
É para nós uma total evidência de que comportamentos dissimulados, mentiras e incoerências até podem salvar o dia de hoje, mas hipotecam o de amanhã. A mentira tem sempre pernas curtas. Passos Coelho não teve a coragem de trazer a boa nova com receio das consequências. Esquivou-se, julgando que o futuro faria esquecer as mentirinhas do passado. Que ingenuidade.
E quando nos confrontamos com o caso degradante de Miguel Relvas, o pouco de credibilidade que ainda subsistia, cai por terra.
É mau de mais para ser verdade, e as consequências para Portugal não se farão esperar.
Era neste preciso momento que mais precisávamos de estadistas que puxassem pelos portugueses e pelas energias que ainda estão escondidas.
Ninguém irá aceitar mais medidas de austeridade vindas desta gente, todos tentarão esquivar-se.
Sugerimos ao governo que peça à troika mais 10 anos, e assim só será preciso cortar 0,5% ao ano no défice. Para políticos fraquinhos não poderemos exigir mais do que isto. Nem chega a ser austeridadezinha.
Tiago Mestre
"Eu não acredito nestes tipos, e porquê?
Porque pressionam a comunicação social
Porque têm o seu clube
Porque lutam pelos seus interesses
Porque jogam atrás da cortina com habilidades
O Governo é profundamente corrupto. O problema é civilizacional, porque é ético."
Eis a frase chave de D. Januário Torgal.
Para se tomarem as medidas necessárias é preciso ter outra ética nos comportamentos. Como nós concordamos com ele.
Mas não deixamos de concordar com o caminho da austeridade que o governo delineou, deveria ser ainda muito mais como já tantas vezes explicámos aqui no Blog: mais corte de despesa e redução de impostos até chegar aos 30% do PIB. Défice ZERO
Mas o problema que se coloca agora é que, à luz da opinião pública, o governo perdeu o caráter, a credibilidade, e por culpa própria, nada mais.
É para nós uma total evidência de que comportamentos dissimulados, mentiras e incoerências até podem salvar o dia de hoje, mas hipotecam o de amanhã. A mentira tem sempre pernas curtas. Passos Coelho não teve a coragem de trazer a boa nova com receio das consequências. Esquivou-se, julgando que o futuro faria esquecer as mentirinhas do passado. Que ingenuidade.
E quando nos confrontamos com o caso degradante de Miguel Relvas, o pouco de credibilidade que ainda subsistia, cai por terra.
É mau de mais para ser verdade, e as consequências para Portugal não se farão esperar.
Era neste preciso momento que mais precisávamos de estadistas que puxassem pelos portugueses e pelas energias que ainda estão escondidas.
Ninguém irá aceitar mais medidas de austeridade vindas desta gente, todos tentarão esquivar-se.
Sugerimos ao governo que peça à troika mais 10 anos, e assim só será preciso cortar 0,5% ao ano no défice. Para políticos fraquinhos não poderemos exigir mais do que isto. Nem chega a ser austeridadezinha.
Tiago Mestre
Está tudo à espera...
Aguardamos, tal como os restantes 500 milhões de cidadãos europeus e muitos milhares de investidores espalhados pelo planeta, pelas respostas às seguintes perguntas:
1. ESM servirá para recapitalizar diretamente os bancos? Ou não?
As contradições dos líderes europeus são tão grandes nestas semanas que procederam a cimeira, que nem nós já percebemos bem as conclusões da mesma.
2. Tribunal constitucional alemão aprova ou não aprova o ESM?
Para já adiou a decisão 3 meses devido à complexidade do mesmo, mas devido ao desespero de Juncker, veio ontem dizer que antecipará para 2 meses, ou seja, lá para Setembro se verá. Conjugar a leitura e interpretação deste instrumento à luz da constituição alemã com as férias já escalonadas e pagas não deve ser fácil. Supostamente era para entrar em funcionamento a 1 Julho. Merkel tem estado em silêncio sobre esta questão: enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, só pode ser.
3. Último relatório da troika sobre a Grécia! Conclusões?
Sabemos que não será bonito de se ver, mas tanto segredo só pode significar que em período de férias, a ninguém lhe apetece pegar na vaca fria.
Quando há um resquício de boa notícia sobre as reformas de um qualquer país ou de uma qualquer conclusão de uma cimeira, a UE amplifica até ao infinito para ver se "acalma" os mercados, como se estes não percebessem. Isso tem-se passado ultimamente com Portugal e com as não-conclusões das últimas 17 cimeiras europeias.
Como nada se disse sobre a Grécia, suspeitamos que estará tudo por fazer. Mais dia menos dia será preciso desbloquear mais uma tranche aos gregos. Quem assumirá a responsabilidade?
Tiago Mestre
1. ESM servirá para recapitalizar diretamente os bancos? Ou não?
As contradições dos líderes europeus são tão grandes nestas semanas que procederam a cimeira, que nem nós já percebemos bem as conclusões da mesma.
2. Tribunal constitucional alemão aprova ou não aprova o ESM?
Para já adiou a decisão 3 meses devido à complexidade do mesmo, mas devido ao desespero de Juncker, veio ontem dizer que antecipará para 2 meses, ou seja, lá para Setembro se verá. Conjugar a leitura e interpretação deste instrumento à luz da constituição alemã com as férias já escalonadas e pagas não deve ser fácil. Supostamente era para entrar em funcionamento a 1 Julho. Merkel tem estado em silêncio sobre esta questão: enquanto o pau vai e vem, folgam as costas, só pode ser.
3. Último relatório da troika sobre a Grécia! Conclusões?
Sabemos que não será bonito de se ver, mas tanto segredo só pode significar que em período de férias, a ninguém lhe apetece pegar na vaca fria.
Quando há um resquício de boa notícia sobre as reformas de um qualquer país ou de uma qualquer conclusão de uma cimeira, a UE amplifica até ao infinito para ver se "acalma" os mercados, como se estes não percebessem. Isso tem-se passado ultimamente com Portugal e com as não-conclusões das últimas 17 cimeiras europeias.
Como nada se disse sobre a Grécia, suspeitamos que estará tudo por fazer. Mais dia menos dia será preciso desbloquear mais uma tranche aos gregos. Quem assumirá a responsabilidade?
Tiago Mestre
16 de julho de 2012
Indústria do calçado concede graça aos seus clientes internacionais
Tivemos conhecimento recentemente de que as empresas do setor do calçado estão a ganhar vigor nas exportações recorrendo a um expediente:
Vendem a crédito em vez de recorrerem ao recebimento antes da emissão da encomenda.
Não temos nada contra esta opção, contudo, como em tudo na vida, o meu passivo é o teu ativo, ou seja, transferir risco do lado do comprador para o lado do vendedor pode tornar-se uma dor de cabeça na posterior cobrança.
Da nossa experiência (que é pouca), há uma cultura internacional muito forte na venda contra pagamento, ou seja, não sai nada do armazém sem o dinheiro estar do lado de cá.
Por outro lado, é importante perceber se as indústrias portuguesas que concedem esta graça comercial possuem "arcaboiço" financeiro para o fazer.
Vão elas buscar o dinheiro aos resultados acumulados da empresa ou recorrem ao expediente do costume: Pedir dinheiro emprestado ao banco.
Acerca da primeira hipótese nada temos a objetar, na medida em que o empresário conscientemente abdica dis resultados para investir na sustentabilidade da empresa.
Se recorrer ao crédito, ou recorrendo à banca privada ou a programas estatais tipo PME Invest, não esquecer que os juros e o capital são para amortizar, e não para perdurar no balanço da empresa ad eternum, recorrendo a dívida nova para liquidar dívida velha.
Tiago Mestre
Vendem a crédito em vez de recorrerem ao recebimento antes da emissão da encomenda.
Não temos nada contra esta opção, contudo, como em tudo na vida, o meu passivo é o teu ativo, ou seja, transferir risco do lado do comprador para o lado do vendedor pode tornar-se uma dor de cabeça na posterior cobrança.
Da nossa experiência (que é pouca), há uma cultura internacional muito forte na venda contra pagamento, ou seja, não sai nada do armazém sem o dinheiro estar do lado de cá.
Por outro lado, é importante perceber se as indústrias portuguesas que concedem esta graça comercial possuem "arcaboiço" financeiro para o fazer.
Vão elas buscar o dinheiro aos resultados acumulados da empresa ou recorrem ao expediente do costume: Pedir dinheiro emprestado ao banco.
Acerca da primeira hipótese nada temos a objetar, na medida em que o empresário conscientemente abdica dis resultados para investir na sustentabilidade da empresa.
Se recorrer ao crédito, ou recorrendo à banca privada ou a programas estatais tipo PME Invest, não esquecer que os juros e o capital são para amortizar, e não para perdurar no balanço da empresa ad eternum, recorrendo a dívida nova para liquidar dívida velha.
Tiago Mestre
Radiohead cortou a respiração a Algés
Tal como Fernando Dacosta afirma na entrevista de que falámos na Antena1, há certas pessoas que vieram do futuro para nos ajudar a compreender esse mesmo futuro. Pessoas que dificilmente são ouvidas, e pior ainda, compreendidas na abrangência da sua mensagem.
Fernando Dacosta dá-nos o exemplo de Agostinho da Silva e Natália Correia.
Atrevemo-nos a acrescentar Fernando Pessoa e Zeca Afonso.
Mas ontem, em pleno festival Optimus Alive em Algés, outro mensageiro do futuro entrou em cena:
Thom Yorke, vocalista e mentor dos Radiohead.
Também este senhor, pela obra artística, e independentemente dos gostos musicais de cada um, tenta-nos transmitir algo que não sabemos muito bem o que é.
Tiago Mestre
Fernando Dacosta dá-nos o exemplo de Agostinho da Silva e Natália Correia.
Atrevemo-nos a acrescentar Fernando Pessoa e Zeca Afonso.
Mas ontem, em pleno festival Optimus Alive em Algés, outro mensageiro do futuro entrou em cena:
Thom Yorke, vocalista e mentor dos Radiohead.
Também este senhor, pela obra artística, e independentemente dos gostos musicais de cada um, tenta-nos transmitir algo que não sabemos muito bem o que é.
Tiago Mestre
14 de julho de 2012
Troika foi à Grécia, e...?
Aguardamos pelo próximo relatório da troika sobre as contas públicas e as políticas já implementadas na Grécia nos últimos meses a troco dos empréstimos concedidos.
Segundo consta, e num artigo bem giro do Testosterone Pit, as coisas não vão ser bonitas de se ver.
Aguardamos para ver se, com mais este desaire grego, os federalistas e paladinos de mais integração europeia com todos os 27 colocam finalmente a mão na testa e reconhecem a asneira monumental.
Bom, mas podem sempre alegar que a saída da Grécia seria catastrófica para todos e por conseguinte tudo deve continuar tal e qual como esteve até aqui. Seria catastrófica sem dúvida, mas por culpa deles mesmos que deixaram arrastar a situação até este ponto ridículo. E não digam que não foram avisados.
Esta é uma tática recorrente dos ideólogos que ao início defendem a beleza do princípio ideológico, mas depois de tanta asneira, e esquecendo a moral dos meios a aplicar, a meio do caminho já só defendem o fim como forma de repudiar a catástrofe que seria se abdicássemos do que há e do que ainda julgam que de positivo estará por vir.
Sim, porque ainda ouvimos dirigentes europeus referir que esta crise tornará a Europa mais forte, que os passos certos estão a ser dados, bla, bla, bla!
Tiago Mestre
Segundo consta, e num artigo bem giro do Testosterone Pit, as coisas não vão ser bonitas de se ver.
Aguardamos para ver se, com mais este desaire grego, os federalistas e paladinos de mais integração europeia com todos os 27 colocam finalmente a mão na testa e reconhecem a asneira monumental.
Bom, mas podem sempre alegar que a saída da Grécia seria catastrófica para todos e por conseguinte tudo deve continuar tal e qual como esteve até aqui. Seria catastrófica sem dúvida, mas por culpa deles mesmos que deixaram arrastar a situação até este ponto ridículo. E não digam que não foram avisados.
Esta é uma tática recorrente dos ideólogos que ao início defendem a beleza do princípio ideológico, mas depois de tanta asneira, e esquecendo a moral dos meios a aplicar, a meio do caminho já só defendem o fim como forma de repudiar a catástrofe que seria se abdicássemos do que há e do que ainda julgam que de positivo estará por vir.
Sim, porque ainda ouvimos dirigentes europeus referir que esta crise tornará a Europa mais forte, que os passos certos estão a ser dados, bla, bla, bla!
Tiago Mestre
Profissão de enfermeiro... (parte 2)
Decidi escrever este comentário num novo post em resposta aos comentários publicados no anterior: Profissão de enfermeiro fica sujeita à lei da oferta e da procura
Caro anónimo,
Se há instituições de saúde a exigir 90 horas aos seus funcionários quando deveriam ser apenas 40, denunciem. Se tal fosse efetivado, mais enfermeiros seriam necessários para efetuar o mesmo serviço. Teriam a lei da oferta e da procura a vosso favor. Mas se transigem e se deixam levar pelo medo de perder o posto de trabalho (que eu percebo isso muito bem nos dias que correm), haverá um preço a pagar mais cedo ou mais tarde. Por favor, sejam coerentes nas ideias e nos atos, e não se queixem da situação.
Sobre a ARSLVT aceitar preços de 10€ quando a empresa paga 4,95€ aos enfermeiros:
Presumo, porque não sei, que a estes 4,95€ é preciso adicionar 23,75% de TSU, 11% de SS, 12% de IRS.
Sendo uma empresa, e não um vão de escada, necessita de arrendar imóvel. Tendo a ISO9000, precisa de diretor de qualidade. Por cada grupo de enfermeiros são necessários diretores operacionais que supervisionam a ação dos seus funcionários nas várias instituições de saúde por onde estão espalhados. 1 diretor remunera-se de forma superior aos funcionários produtivos, precisa de carro e outros meios para visitar as instituições, falar com os seus enfermeiros, perceber os seus problemas e falar com o cliente para resolver pendentes e novas sugestões.
É necessário pessoal administrativo para gerir faturas, pagar salários, gerir compras e controlar a empresa nos seus processos administrativos. É preciso serviços de consultoria, e que não são nada baratos, para verificar contratos, legalidade, cláusulas, etc.
A gerência/administração também terá que ser remunerada pelas responsabilidades operacionais e estratégicas da empresa. Remuneram-se acima dos diretores.
Tendo a empresa dívidas e créditos, o que é comum, é necessário amortizar capital e pagar juros.
Sendo os enfermeiros quadros da empresa privada e não a recibos, é necessário garantir que estes recebam 14 meses de salário e produzam 11 meses para ter 1 mês de férias aprox. Torna-se necessário incluir no preço final ao cliente o 12º mês de férias do pessoal, o pagamento a outros profissionais para cobrir férias e incorporar os 2 subsídios que são de lei, tanto quanto ainda julgo saber.
Paralelamente, a empresa deve assegurar um fundo que garanta os pagamentos de indemnizações em caso de despedimento (isto quase ninguém faz) porque como custa dinheiro, ninguém quer incorporar este acréscimo no preço final ou retirar dos lucros da empresa.
Caso os clientes se atrasem a pagar (que é o costume), é preciso avançar com o dinheiro para pagar salários. Não podendo os sócios entrar com a totalidade do capital para esta rúbrica, torna-se necessário obter financiamento (dívida flutuante), recorrendo-se às contas caucionadas que, pela sua natureza financeira, cobram juros bem acima das dívidas estruturadas com maturidades mais elevadas. Toca de elevar mais uns cêntimos no preço final. Em toda e qualquer fatura passada ao cliente, é preciso sobrecarregar com 23% de IVA o valor final. Caso a empresa compre pouca coisa e tenha todos os funcionários como contratados, pouco ou nada conseguirá ir buscar ao IVA das compras. Ou seja:
IVA deduzido (que a empresa pode ir buscar) = ao IVA das vendas - o IVA das compras.
Caso a empresa tenha lucro no final do ano, e oxalá que sim, esse não deve ser inferior a 5% das receitas totais por questões de sustentabilidade da empresa (isso ficaria para outro post). Se faturar um milhão €, teria lucro de 50.000€. Terá que pagar ao Estado 25 a 30% deste valor em IRC mais a derrama municipal. Caso os sócios/acionistas queiram retirar dividendos, têm que pagar 25% desse valor em IRS (já nem sei bem quanto é porque está sempre a mudar)
E às vezes ainda é preciso satisfazer caprichos e devaneios da administração (corrupção, gastos sumptuosos), ineficiências da direção (falta de liderança e de gestão) e falta de produtividade dos produtivos (desmotivação, faltas ao trabalho, esquivam-se ao que é chato), resultando em perdas operacionais e de rentabilidade que, a se generalizarem, somos todos nós que pagamos porque compramos um serviço de saúde mais caro do que aquele que poderia ser.
Tudo somado, termos um trabalhador a ganhar 4,95% e a empresa a vender a 10€ não me parece ato de proxenetismo, mas sim das condições reais que temos no país. Não é uma questão de concordar ou não concordar com o nosso leitor enfermeiro. É a radiografia do que é o país, e essa é que manda para toda e qualquer extração de opinião.
Por experiência própria vos digo que na minha empresa os trabalhadores produtivos ganham à hora por volta dos 4,75€. No fundo depois ganham mais porque recebem mais 2 meses e vão de férias 1. Pela natureza do trabalho em si não costumam faturar mais do que 5 horas diárias.
Por tudo isto vendo o valor hora desse mesmo serviço entre os 25 e 27€/hora ao cliente. 5 vezes mais!!
E na empresa está tudo contado ao milímetro. O teto dos salários não excede os 1100€ líquidos. Carros da gerência e direção, 1 está pago os outros quase. Nenhum custou mais de 20.000€.
Tudo decisões minhas e do meu sócio porque prezamos a sustentabilidade da empresa e queremos salvaguardar o seu futuro.
Mas perdemos diariamente clientes porque aparecem sempre chicos-espertos a vender serviços de 17€/hora. O cliente não está preocupado se aquele valor é sustentável. É mais barato e pronto. Até ao dia em que se chateiam, ou vai à falência, ou o técnico magoou-se e foi para o "estaleiro" e a empresa não tem mais ninguém para o substituir. Mais cedo ou mais tarde, o cliente volta-nos a pedir, mas tem que aceitar as nossa condições de preço. A tradição diz-nos isto. Até ver tem corrido bem, apesar de que a economia interna está mesmo a bater mal e o futuro é uma grande incógnita.
É preciso compreender os custos de contexto, os riscos enormes que se correm e de tudo quanto é preciso numa empresa a operar em Portugal para que ela entregue um serviço ou produto ao cliente.
Oxalá que para eu ter 10% de lucro na empresa não tivesse que subir o preço final do serviço 4 ou 5 vezes face ao custo da respetiva mão de obra, mas os custos de contexto são os que temos e não aqueles que gostaríamos de ter. Muitos fogem aos custos de contexto prevaricando: exigem mais aos trabalhadores sem remunerar, não pagam ao Estado, não entregam a TSU, o IRS, o IVA e ficam com ela, Compram carros e bens incompatíveis com os rendimentos da empresa, etc, etc. A lista é tão grande.
Quando eu escrevo aqui no Contas que é preciso baixar a despesa pública e a receita, através da diminuição dos impostos, não superando os 30% do PIB, não é porque me apetece. É porque reconheço que o que temos é totalmente insustentável. Não obstante reconheço que essa transição será de tal forma dolorosa para a sociedade, sobretudo para aqueles que dependem do Estado, que duvido da sua eficaz implementação.
Espero que com este pequeno exemplo pessoal o nosso leitor enfermeiro reconsidere a sua opinião, e aceite humildemente que as ideias expressas nos posts que escrevo derivam de alguma experiência no terreno e na paixão de querer compreender o que somos enquanto povo e como isso se reflete no quotidiano da nossa economia e da nossa sociedade. Não me levará certamente a mal este reparo.
E por favor, não se deixe influenciar pelas notícias que vêm a público do ordenado do Catroga e de outros ex-ministros, e das corrupções para aqui e para acolá que nos levam os milhões.
Oxalá que não fosse assim e fosse de outra maneira, mas é o que temos, e devemos, tanto quanto possível, dar as condições à opinião pública para que saiba refletir serenamente sobre estes casos e evitar que se repitam no futuro. Não estou certo que isso possa acontecer, mas pelo menos tentamos. Só a justiça tem a capacidade de decidir judicialmente sobre atos passados. Nós, cidadãos anónimos, por muito que barafustemos, pouco influenciamos a decisão dos juízes, a não ser que a opinião pública martele forte e feio. Mas até nisso há perversidade, porque o juiz deve aplicar a lei com o mínimo de ruído, mas enfim.
Quanto muito, podemos tentar influenciar o futuro, percebendo a sociedade, a nossa história e escrutinando o presente, mas não muito mais do que isso.
Tudo dependerá da nossa formação moral e ética que nos impele, como cidadãos de corpo inteiro, na tomada de decisão do dia-a-dia.
Se algum dia estivermos na cadeira do poder, aí é que veremos se transigimos ou se intransigimos, e perceberemos melhor as dificuldades dos políticos que agora lá estão.
Se dizemos NÃO por convicção quando todos à nossa volta nos pedem SIM ou se promulgamos leis que beneficiam o país mas que sabemos que irão prejudicar amigos ou às vezes até família.; É nesses momentos raros que vemos a fibra de que somos feitos.
Isto já foi um à parte, claro.
Tiago Mestre
13 de julho de 2012
Cem Anos Portugueses (2ª série)
Caros leitores e leitoras, há sensivelmente ano e meio tive o maior dos prazeres em acompanhar semanalmente o programa da Antena1, Cem Anos Portugueses, com o jornalista Fernando Dacosta.
O último programa desta série foi aquele que mais me tocou, reforçando as convicções que fui criando ao longo dos anos acerca do regime do Estado Novo e mais recentemente a nossa adesão à CEE em democracia.
Fernando Dacosta privou de forma bastante íntima com Amália, Natália Correia, Miguel Torga, Franco nogueira, Agostinho da Silva e outros, mantendo vivas até hoje as memórias do que de melhor e pior registou da personalidade e da inteligência destes seres maiores de Portugal.
Não mais consegui ouvir o programa no sítio da Antena1, mas por razões que só posso atribuir ao divino, decidiram criar uma 2ª série, agraciando os ouvintes no primeiro programa com o último da série anterior, a tal que tanto me marcou e que não mais irei esquecer.
Não preciso de vos "pedir" para ouvirem estes 47 minutos das memórias de Fernando Dacosta, que por mim podiam ser horas, dias ou até semanas.
Apenas vos digo que nunca tinha ouvido ninguém falar da história recente portuguesa como o faz Dacosta, e com ele mais ainda me apaixonei por este período da nossa nação.
Oxalá vos cative tanto como me cativou a mim.
http://www.rtp.pt/play/p909/e86420/cem-anos-portugueses-2-serie
Tiago Mestre
Escrevo este post na 1ª pessoa porque momentos como este que vivi são tão raros que não hesitei em agarrá-lo com as duas mãos, deixando-me levar por um sentimento tão sublime que não arranjo palavras para o descrever.
O último programa desta série foi aquele que mais me tocou, reforçando as convicções que fui criando ao longo dos anos acerca do regime do Estado Novo e mais recentemente a nossa adesão à CEE em democracia.
Fernando Dacosta privou de forma bastante íntima com Amália, Natália Correia, Miguel Torga, Franco nogueira, Agostinho da Silva e outros, mantendo vivas até hoje as memórias do que de melhor e pior registou da personalidade e da inteligência destes seres maiores de Portugal.
Não mais consegui ouvir o programa no sítio da Antena1, mas por razões que só posso atribuir ao divino, decidiram criar uma 2ª série, agraciando os ouvintes no primeiro programa com o último da série anterior, a tal que tanto me marcou e que não mais irei esquecer.
Não preciso de vos "pedir" para ouvirem estes 47 minutos das memórias de Fernando Dacosta, que por mim podiam ser horas, dias ou até semanas.
Apenas vos digo que nunca tinha ouvido ninguém falar da história recente portuguesa como o faz Dacosta, e com ele mais ainda me apaixonei por este período da nossa nação.
Oxalá vos cative tanto como me cativou a mim.
http://www.rtp.pt/play/p909/e86420/cem-anos-portugueses-2-serie
Tiago Mestre
Escrevo este post na 1ª pessoa porque momentos como este que vivi são tão raros que não hesitei em agarrá-lo com as duas mãos, deixando-me levar por um sentimento tão sublime que não arranjo palavras para o descrever.
Profissão de enfermeiro fica finalmente sujeita à lei da oferta e da procura
Há enfermeiros que não esperam que a lei do mercado lhes caia em cima, sobretudo porque não tiveram culpa de terem sido falsamente conduzidos para um curso com excesso de numerus clausus e limitados a uma carreira que desembocaria no funcionalismo público que, se outrora se recomendava, hoje é de fugir.
Também o Estado ao gerar défices criou uma bolha: a bolha estatal. Prometeu postos de trabalho, criou serviços, gerou licenciados para os executar, e afinal, era quase tudo baseado em dívida, em dinheiro que mais cedo ou mais tarde deixaria de se insuflar.
Como diz Peter Schiff, a bolha foi a doença, o rebentamento será a cura.
Mas é uma cura dolorosa, imposta, muito desagradável.
Aos enfermeiros que querem ficar por Portugal, agradeçam àqueles que estão de saída, porque na lei da oferta e da procura, quanto menos concorrerem, melhor.
Para que fique registado, 4,95€/hora é o preço de hoje. Oxalá fosse 10, 20, 30€, mas não: é 4,95€, e não é porque eu quero, é porque milhares de pessoas o querem, tanto do lado da oferta como do lado da procura.
Agradeçam ao mercado por este ter iluminado todos os enfermeiros que outrora se deixaram enganar pelo cinzentismo do planeamento centralizado durante anos e anos, levados pela bebedeira das políticas de emprego a qualquer custo.
Notícia Expresso
Tiago Mestre
Também o Estado ao gerar défices criou uma bolha: a bolha estatal. Prometeu postos de trabalho, criou serviços, gerou licenciados para os executar, e afinal, era quase tudo baseado em dívida, em dinheiro que mais cedo ou mais tarde deixaria de se insuflar.
Como diz Peter Schiff, a bolha foi a doença, o rebentamento será a cura.
Mas é uma cura dolorosa, imposta, muito desagradável.
Aos enfermeiros que querem ficar por Portugal, agradeçam àqueles que estão de saída, porque na lei da oferta e da procura, quanto menos concorrerem, melhor.
Para que fique registado, 4,95€/hora é o preço de hoje. Oxalá fosse 10, 20, 30€, mas não: é 4,95€, e não é porque eu quero, é porque milhares de pessoas o querem, tanto do lado da oferta como do lado da procura.
Agradeçam ao mercado por este ter iluminado todos os enfermeiros que outrora se deixaram enganar pelo cinzentismo do planeamento centralizado durante anos e anos, levados pela bebedeira das políticas de emprego a qualquer custo.
Notícia Expresso
Tiago Mestre
Portugal, a Califórnia da Europa
Como termo de comparação é sempre interessante olharmos para o que se passa noutras partes do mundo, e confrontar as decisões dos políticos de lá com os de cá.
Baseado num artigo, cortesia Testosterone Pit
A Califórnia é a região dos EUA que mais contribui para o PIB nacional: 2 Biliões de dólares, semelhante a Itália.
Há anos que ouvimos notícias daquele lado do planeta referindo a insustentabilidade das contas públicas e das decisões pouco claras da sua classe política.
Mais recentemente esteve em debate o financiamento da construção de uma linha ferroviária de alta velocidade com extensão de 160 milhas. Houve polémica, contudo o projeto já foi votado favoravelmente. E qual foi a grande razão para se fazer?
O governo federal subsidia em 3,3 mil milhões de dólares a construção deste projeto, pelo que seria um desperdício não "deitar as mãos" a este dinheiro.
A Califórnia terá que encontrar os restantes 4,6 mil milhões de dólares que perfazem a totalidade do investimento. E como? Vendendo obrigações aos credores que se apresentem nos leilões.
Encontram alguma semelhança com o que se passou em Portugal há MUITO pouco tempo?
O orçamento da Califórnia segue com um défice de 19 mil milhões de euros ao mês de Junho. (1% do PIB - até é bastante pouco)
A Segurança Social apresenta uma conta para pagar de 109 mil milhões de dólares no futuro próximo sem ter cabimento para tal.
Faz-vos lembrar algo mais?
É verdade que o ponto de partida do Estado californiano é bem mais simpático do que o de Portugal na atualidade. A dívida deles não excede os 20% do PIB e o défice de 1% do PIB é uma miragem para nós. É antes a natureza dos comportamentos que se assemelha, e as consequências disso a longo prazo.
Em 2011 aprovaram um orçamento "equilibrado" para 2011-2012 (a começar a 1 de Julho de 2012) em que previam um encaixe de impostos extraordinários de 9 mil milhões com o IPO do Facebook. Nem mil milhões chegaram a receber. A estratégia de aumentar impostos para que não resultou.
Para 2012-2013 voltaram a "enfiar" no orçamento um incremento nas receitas fiscais de mais 9 mil milhões de dólares, que se perspetiva obter através do aumento de impostos.
Onde é que já vimos este filme?
Onde reside a diferença?
No patrocínio leonino das agências de rating norte-americanas que, aplicando dois pesos e duas medidas em comparação com a Europa, ainda deixam estes meninos fazerem o que bem lhes apetece. Mas o mal é deles e não nosso, porque no dia em que acordarem, verão que é tarde de mais. Já houve 2 ou 3 cidades californianas que pediram insolvência. A mais recente foi San Bernardino.
Bastou-se abrir o precedente uma vez e cairão que nem moscas.
Pagar dívidas astronómicas e sempre em crescendo é desmoralizante para qualquer político, mesmo para aqueles que a criaram e a ajudaram a crescer.
Tiago Mestre
12 de julho de 2012
Indústria Automóvel ajuda-nos a compreender o sentimento económico dos europeus
Com a quebra nas vendas de automóveis um pouco por toda a Europa, continuávamos a achar estranho que não houvesse notícias sobre problemas nas indústrias deste setor.
A falta de crescimento económico nos países europeus há muito que já afetava as vendas de automóveis, mas talvez por ainda haver mercados que compensavam as quebras verificadas no Sul da Europa, as coisas ainda se iam compondo. Agora que a crise se instalou no centro da Europa, aquisições de bens duradouros como os automóveis são as primeiras a serem adiadas.
O crédito barato e fácil que ainda perdura por toda a Europa é que tem adiado o encontro com a nossa verdade, mas também esse já atingiu o seu apogeu. A energia que se pediu ao futuro em tempos idos está agora a chegar para ser liquidada, e as dívidas acumuladas não dão margem de manobra para novos créditos. Não dá para adiar muito mais.
Hoje soubemos pelos media que o grupo PSA dará início ao processo de encerramentos em França, anunciando que em 2014 uma das fábricas nos arredores de Paris irá fechar portas.
Quem não exporta para a China e para o Médio Oriente vê-se hoje confrontado com a necessidade de encerramentos e despedimentos. O grupo PSA está muito implantado na Europa mas pouco no continente asiático. A Renault e a Opel também não serão poupadas, julgamos nós.
A Fiat, pela participação que tem na Chrysler norte-americana, talvez consiga minimizar alguns impactos negativos, mas duas empresas insolventes não darão uma solvente.
Este fenómeno deu início talvez em final de 2011, mas será uma evidência em 2012 e 2013 será o ano de velocidade cruzeiro nos despedimentos do setor. Para a Europa isto é terrível, na medida em que a indústria automóvel é e sempre foi muito importante no mercado europeu, dando trabalho a uma infinidade de empresas e indústrias que suportam todo o negócio.
Todos este anúncios serão um "murro no estômago" para muitos cidadãos e sobretudo para políticos que andam há anos a prometer que tudo se irá resolver com uns dinheiritos extorquidos aqui e acolá. A farsa começa a evidenciar-se na sua plenitude.
Em Portugal existem muitas indústrias que dão apoio ao setor automóvel, desde o setor dos moldes, dos plásticos, algumas indústrias de cablagens e estofos.
A Auto-Europa, tanto quanto julgamos saber, deve exportar bastante para a China, pelo que o núcleo automóvel de Palmela ainda subsistirá mais uns tempos. Infelizmente já tivémos uma baixa: a Schenellecke, indústria multinacional que servia a Auto-Europa, e que anunciou enecerramento já para 2012.
Acreditamos que indústrias multinacionais que dão apoio à VW Palmela, como a Vanpro, a Benteler, a Faurecia, a Webasto e outras, continuem a laboral bem. Oxalá que sim!
Tiago Mestre
A falta de crescimento económico nos países europeus há muito que já afetava as vendas de automóveis, mas talvez por ainda haver mercados que compensavam as quebras verificadas no Sul da Europa, as coisas ainda se iam compondo. Agora que a crise se instalou no centro da Europa, aquisições de bens duradouros como os automóveis são as primeiras a serem adiadas.
O crédito barato e fácil que ainda perdura por toda a Europa é que tem adiado o encontro com a nossa verdade, mas também esse já atingiu o seu apogeu. A energia que se pediu ao futuro em tempos idos está agora a chegar para ser liquidada, e as dívidas acumuladas não dão margem de manobra para novos créditos. Não dá para adiar muito mais.
Hoje soubemos pelos media que o grupo PSA dará início ao processo de encerramentos em França, anunciando que em 2014 uma das fábricas nos arredores de Paris irá fechar portas.
Quem não exporta para a China e para o Médio Oriente vê-se hoje confrontado com a necessidade de encerramentos e despedimentos. O grupo PSA está muito implantado na Europa mas pouco no continente asiático. A Renault e a Opel também não serão poupadas, julgamos nós.
A Fiat, pela participação que tem na Chrysler norte-americana, talvez consiga minimizar alguns impactos negativos, mas duas empresas insolventes não darão uma solvente.
Este fenómeno deu início talvez em final de 2011, mas será uma evidência em 2012 e 2013 será o ano de velocidade cruzeiro nos despedimentos do setor. Para a Europa isto é terrível, na medida em que a indústria automóvel é e sempre foi muito importante no mercado europeu, dando trabalho a uma infinidade de empresas e indústrias que suportam todo o negócio.
Todos este anúncios serão um "murro no estômago" para muitos cidadãos e sobretudo para políticos que andam há anos a prometer que tudo se irá resolver com uns dinheiritos extorquidos aqui e acolá. A farsa começa a evidenciar-se na sua plenitude.
Em Portugal existem muitas indústrias que dão apoio ao setor automóvel, desde o setor dos moldes, dos plásticos, algumas indústrias de cablagens e estofos.
A Auto-Europa, tanto quanto julgamos saber, deve exportar bastante para a China, pelo que o núcleo automóvel de Palmela ainda subsistirá mais uns tempos. Infelizmente já tivémos uma baixa: a Schenellecke, indústria multinacional que servia a Auto-Europa, e que anunciou enecerramento já para 2012.
Acreditamos que indústrias multinacionais que dão apoio à VW Palmela, como a Vanpro, a Benteler, a Faurecia, a Webasto e outras, continuem a laboral bem. Oxalá que sim!
Tiago Mestre
11 de julho de 2012
Ainda sobre o OE2012...
Ainda sobre algumas rúbricas no Orçamento de Estado 2012 que dão que pensar:
Ministério Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território
- Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (antigo IFADAP): Mil milhões de euros !
Acreditamos que este valor corresponde sobretudo aos fundos que vêm da Europa, e portanto o contribuinte português pouco gasta neste organismo. Mas o caricato é que a agricultura e pescas em Portugal representam 4 a 5 mil milhões de euros por ano. Ou seja, a dotação do IFAP para apoios corresponde a 25 - 20% de toda a produção na agricultura e pescas!! O que nos leva a outra conclusão: sem fundos comunitários o setor primário leva um tombo gigante. É demasiada dependência do exterior.
- Fundo Português do Carbono: 58 milhões de euros
É no que dá sermos mais papistas do que o Papa. A China polui como bem lhe apetece e os pseudo ricos da Europa acham que devem gastar dinheiro para não poluir. O princípio até pode está correto, mas se a globalização é para umas coisas, convêm que também seja para outras.
- Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e Instituto da Vinha e do Vinho: 20,5 milhões de euros
Será que o que produzimos e exportamos em vinho justifica a existência de um organismo público destes? Não seria melhor deixar isto para os privados? Ou o vinho é um bem estratégico para a soberania portuguesa?
Ministério da Defesa
- Arsenal do Alfeite: 26,7 milhões de euros
O âmbito de atuação desta empresa é claramente privado. Pontualmente faz serviços para a Marinha, mas de resto os clientes são privados. Não creio que o Estado tenha que continuar a meter a mão aqui.
Ministério da Finanças
- Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público: 30 milhões de euros
Se não houvesse dívida pública poupavam-se 30 milhões as evitar gerir... dívida.
Presidência do Conselho de Ministros
- Fundo de Fomento Cultural: 24 milhões de euros
Desconheço
- ACIDI - Gestor do Programa Escolhas: 10 milhões de euros
Idem
Encargos Gerais do Estado
- Assembleia da República: 83 milhões de euros
- Presidência da República: 16 milhões de euros
Ministério Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território
- Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (antigo IFADAP): Mil milhões de euros !
Acreditamos que este valor corresponde sobretudo aos fundos que vêm da Europa, e portanto o contribuinte português pouco gasta neste organismo. Mas o caricato é que a agricultura e pescas em Portugal representam 4 a 5 mil milhões de euros por ano. Ou seja, a dotação do IFAP para apoios corresponde a 25 - 20% de toda a produção na agricultura e pescas!! O que nos leva a outra conclusão: sem fundos comunitários o setor primário leva um tombo gigante. É demasiada dependência do exterior.
- Fundo Português do Carbono: 58 milhões de euros
É no que dá sermos mais papistas do que o Papa. A China polui como bem lhe apetece e os pseudo ricos da Europa acham que devem gastar dinheiro para não poluir. O princípio até pode está correto, mas se a globalização é para umas coisas, convêm que também seja para outras.
- Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e Instituto da Vinha e do Vinho: 20,5 milhões de euros
Será que o que produzimos e exportamos em vinho justifica a existência de um organismo público destes? Não seria melhor deixar isto para os privados? Ou o vinho é um bem estratégico para a soberania portuguesa?
Ministério da Defesa
- Arsenal do Alfeite: 26,7 milhões de euros
O âmbito de atuação desta empresa é claramente privado. Pontualmente faz serviços para a Marinha, mas de resto os clientes são privados. Não creio que o Estado tenha que continuar a meter a mão aqui.
Ministério da Finanças
- Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público: 30 milhões de euros
Se não houvesse dívida pública poupavam-se 30 milhões as evitar gerir... dívida.
Presidência do Conselho de Ministros
- Fundo de Fomento Cultural: 24 milhões de euros
Desconheço
- ACIDI - Gestor do Programa Escolhas: 10 milhões de euros
Idem
Encargos Gerais do Estado
- Assembleia da República: 83 milhões de euros
- Presidência da República: 16 milhões de euros
Rajoy copia fielmente Passos Coelho
Parece que estudaram todos pelo mesmo livro:
1. Enquanto estão na oposição, tudo o que o governo faz não presta, e se fossem eles a mandar tudo seria diferente.
2. Nas eleições prometem pouca dor e muitos resultados, e ganham maiorias absolutas em todo o lado.
3. Chegados ao poder logo as promessas são goradas, a realidade impõe-se e os sacrifícios
Num artigo do El Pais, o autor descreve o sentimento de se sentir enganado com Rajoy;
Algo que nós já partilhámos várias vezes aqui no Contas com os comportamentos de Passos Coelho.
O ilustre autor termina o artigo com a seguinte frase:
"Das duas uma: ou Rajoy enganou os eleitores ou então não tinha a menor ideia do que deveria fazer. Nesta fase do campeonato não sabemos qual das duas é pior."
Daqui a um ano já saberemos como estará a credibilidade de Rajoy.
Tiago Mestre
1. Enquanto estão na oposição, tudo o que o governo faz não presta, e se fossem eles a mandar tudo seria diferente.
2. Nas eleições prometem pouca dor e muitos resultados, e ganham maiorias absolutas em todo o lado.
3. Chegados ao poder logo as promessas são goradas, a realidade impõe-se e os sacrifícios
Num artigo do El Pais, o autor descreve o sentimento de se sentir enganado com Rajoy;
Algo que nós já partilhámos várias vezes aqui no Contas com os comportamentos de Passos Coelho.
O ilustre autor termina o artigo com a seguinte frase:
"Das duas uma: ou Rajoy enganou os eleitores ou então não tinha a menor ideia do que deveria fazer. Nesta fase do campeonato não sabemos qual das duas é pior."
Daqui a um ano já saberemos como estará a credibilidade de Rajoy.
Tiago Mestre
Ensino Superior - O antes e o depois...
Há 2 dias publicámos o post onde identificámos os custos das universidades para 2012.
A criação dos Institutos Politécnicos foi do tempo de Marcelo Caetano, e no seu livro Depoimento, elucida-nos mais uma vez como decorreu o processo. Achamos que vale a pena partilhar as ideias mais relevantes e os pormenores mais curiosos, páginas 158, 159 e 160:
"Aquando da discussão da reforma do sistema educativo surgiram, macaqueando aliás críticas análogas noutros países, os impugnadores da validade da existência das escolas técnicas a par dos liceus. Tratar-se-ia de um ensino destinado a sancionar e agravar a distinção de classes, pois enquanto o filho do burguês procuraria o liceu, a escola técnica era destinada aos filhos dos operários para que operários continuassem a ser.
Não era verdade. Nem havia nenhum obstáculo a que o filho do operário frequentasse o liceu (como tantos faziam), nem das escolas técnicas estavam excluídos os filhos dos burgueses, muitos dos quais as procuravam. E aliás como o ensino técnico elementar dava acesso ao médio e este ao superior, o estudante da escola industrial podia prosseguir estudos até ser engenheiro saindo assim, se fosse caso disso, da condição operária - que nada tinha de envergonhar os que a ostentavam. Mas o ataque, desenvolvido a partir daí com esses e outros argumentos, impressionou os projetistas da reforma e o próprio ministro. Concluíram - e parece que é a moda na China - que em todo o ensino devia iniciação profissional- E competiria aos orientadores de cada escola secundária - sempre do mesmo tipo, ou seja o do liceu - encaminhar os alunos para cursos mais ou menos profissionais.
Foi, porém, no capítulo do ensino superior que a reforma provocou maior excitação no País. Assentáramos em que, para evitar o gigantismo ingovernável das Universidades existentes, se deveria criar novas universidades e procurar diversificar fora delas o ensino superior. Assim, a par das universidades seriam criadas escolas normais superiores para formação de professores do ensino preparatório, e institutos politécnicos que, em vez do ensino técnico médio, facilitassem a preparação profissional no grau correspondente à primeira qualificação universitária (bacharel).
Não houve cidade de província que se não habilitasse logo a centro universitário; e não o podendo ser, a sede de outra escola superior. Conhecido o feitio acomodatício do Ministro, era um perigo deixar-lhe liberdade da escolha da localização. Mas, quanto às universidades, ele próprio se defendeu dos assaltos das localidades e regiões, encarregando o computador de responder à pergunta sobre os sítios mais indicados para as colocar, de acordo com determinados elementos. Assim nasceram as novas universidades do Minho (Braga Guimarães, sendo esta dispersão uma concessão feita à rivalidade entre as duas cidades), Aveiro e Lisboa (Universidade Nova). O computador rejeitou Évora, onde havia um Instituto de Estudos Económicos e Sociais e que tinha no governo influentes ministros ligados à cidade. E foi ingrato para o chefe do governo ter de manter inflexivelmente o princípio de que onde o computador não dissesse, não haveria universidade. A transigir-se num caso como resistir depois a outras prementes solicitações? Então Évora ficou apenas com um Instituto Universitário, germe, segundo espero, da almejada restauração da Universidade que já teve.
Quanto às escolas normais superiores o Ministério pensou, e creio que bem, ser conveniente localizá-las em regiões predominantemente rurais, onde fosse fácil recrutar candidatos ao professorado que, depois de feito o curso, não tivessem relutância em viver na província.
Ao contrário, os politécnicos deveriam ser criados em áreas industriais ou em via de industrialização. [...] Previu-se que dessem o grau de bacharel e abrissem caminho para a licenciatura universitária. É um dos nossos males, esse, de ninguém se sentir feliz sem ser doutor. De modo que nos arriscamos a continuar sem os tais técnicos formados, não para teorizar, mas para executar.
[...]
Não está nas nossas tradições o numerus clausus: mas sob pena de deixar de ter qualquer seriedade o ensino, tínhamos de o adotar. A massificação da frequência das escolas destrói toda a possibilidade de formação universitária digna desse nome.
[...]
A democratização do ensino não pode ser sinónimo de aviltamento dele. Erro enorme será não selecionar entre os mais capazes os que devem aceder aos cursos superiores, procurando fazer um criterioso trabalho de orientação profissional que dirija cada um para a atividade onde mais facilmente e com maior proveito para a coletividade possa dar boa conta de si."
As conclusões ficam para o leitor e para a leitora
Tiago Mestre
A criação dos Institutos Politécnicos foi do tempo de Marcelo Caetano, e no seu livro Depoimento, elucida-nos mais uma vez como decorreu o processo. Achamos que vale a pena partilhar as ideias mais relevantes e os pormenores mais curiosos, páginas 158, 159 e 160:
"Aquando da discussão da reforma do sistema educativo surgiram, macaqueando aliás críticas análogas noutros países, os impugnadores da validade da existência das escolas técnicas a par dos liceus. Tratar-se-ia de um ensino destinado a sancionar e agravar a distinção de classes, pois enquanto o filho do burguês procuraria o liceu, a escola técnica era destinada aos filhos dos operários para que operários continuassem a ser.
Não era verdade. Nem havia nenhum obstáculo a que o filho do operário frequentasse o liceu (como tantos faziam), nem das escolas técnicas estavam excluídos os filhos dos burgueses, muitos dos quais as procuravam. E aliás como o ensino técnico elementar dava acesso ao médio e este ao superior, o estudante da escola industrial podia prosseguir estudos até ser engenheiro saindo assim, se fosse caso disso, da condição operária - que nada tinha de envergonhar os que a ostentavam. Mas o ataque, desenvolvido a partir daí com esses e outros argumentos, impressionou os projetistas da reforma e o próprio ministro. Concluíram - e parece que é a moda na China - que em todo o ensino devia iniciação profissional- E competiria aos orientadores de cada escola secundária - sempre do mesmo tipo, ou seja o do liceu - encaminhar os alunos para cursos mais ou menos profissionais.
Foi, porém, no capítulo do ensino superior que a reforma provocou maior excitação no País. Assentáramos em que, para evitar o gigantismo ingovernável das Universidades existentes, se deveria criar novas universidades e procurar diversificar fora delas o ensino superior. Assim, a par das universidades seriam criadas escolas normais superiores para formação de professores do ensino preparatório, e institutos politécnicos que, em vez do ensino técnico médio, facilitassem a preparação profissional no grau correspondente à primeira qualificação universitária (bacharel).
Não houve cidade de província que se não habilitasse logo a centro universitário; e não o podendo ser, a sede de outra escola superior. Conhecido o feitio acomodatício do Ministro, era um perigo deixar-lhe liberdade da escolha da localização. Mas, quanto às universidades, ele próprio se defendeu dos assaltos das localidades e regiões, encarregando o computador de responder à pergunta sobre os sítios mais indicados para as colocar, de acordo com determinados elementos. Assim nasceram as novas universidades do Minho (Braga Guimarães, sendo esta dispersão uma concessão feita à rivalidade entre as duas cidades), Aveiro e Lisboa (Universidade Nova). O computador rejeitou Évora, onde havia um Instituto de Estudos Económicos e Sociais e que tinha no governo influentes ministros ligados à cidade. E foi ingrato para o chefe do governo ter de manter inflexivelmente o princípio de que onde o computador não dissesse, não haveria universidade. A transigir-se num caso como resistir depois a outras prementes solicitações? Então Évora ficou apenas com um Instituto Universitário, germe, segundo espero, da almejada restauração da Universidade que já teve.
Quanto às escolas normais superiores o Ministério pensou, e creio que bem, ser conveniente localizá-las em regiões predominantemente rurais, onde fosse fácil recrutar candidatos ao professorado que, depois de feito o curso, não tivessem relutância em viver na província.
Ao contrário, os politécnicos deveriam ser criados em áreas industriais ou em via de industrialização. [...] Previu-se que dessem o grau de bacharel e abrissem caminho para a licenciatura universitária. É um dos nossos males, esse, de ninguém se sentir feliz sem ser doutor. De modo que nos arriscamos a continuar sem os tais técnicos formados, não para teorizar, mas para executar.
[...]
Não está nas nossas tradições o numerus clausus: mas sob pena de deixar de ter qualquer seriedade o ensino, tínhamos de o adotar. A massificação da frequência das escolas destrói toda a possibilidade de formação universitária digna desse nome.
[...]
A democratização do ensino não pode ser sinónimo de aviltamento dele. Erro enorme será não selecionar entre os mais capazes os que devem aceder aos cursos superiores, procurando fazer um criterioso trabalho de orientação profissional que dirija cada um para a atividade onde mais facilmente e com maior proveito para a coletividade possa dar boa conta de si."
As conclusões ficam para o leitor e para a leitora
Tiago Mestre
CP - O antes e o depois...
A 7 de Junho de 2012 apresentámos aqui no blog as contas da CP e manifestámos a nossa preocupação para com a fragilidade financeira a que esta empresa está submetida diariamente.
Prejuízos permanentes, endividamento galopante e capitais próprios cada vez mais negativos não são um bom indicador para ninguém.
Já todos percebemos quem são os responsáveis pelo agravar desta situação, mas melhor do que identificar é comparar ideias e formas de estar na vida de políticos em diferentes gerações.
Transcrevemos abaixo uns parágrafos do livro Depoimento, de Marcelo Caetano, em 1974, pág. 111 sobre a política do Estado para com a CP:
"No setor dos transportes cai sobre o Estado a responsabilidade inteira dos caminhos de ferro, embora subsista a CP com a aparência de sociedade anónima. A verdade é que há muito o estado cobre integralmente os deficits de exploração ferroviária e proporciona os capitais necessários para investir na renovação da via e do material circulante. Por isso em 1973 se fez a revisão do regime jurídico deste tipo de transporte e do contrato de concessão à CP, para que ficasse bem claro que o Estado chamava a si os encargos de subsistência do serviço público e da empresa cuja administração, de facto, totalmente dele depende. Para manter a CP o Estado despende em subsídios anuais à roda de um milhão de contos: e cada vez que havia um aumento de salários, era o Estado que tinha de suportar o maior peso dele, dado ser inconveniente agravar demasiadamente as tarifas"
Palavras para quê.
Se os nossos democratas não fossem tão soberbos e tão orgulhosos, MUITO teriam a aprender com o que de bom se fazia em política económica e financeira em Portugal no tempo do Estado Novo.
Tiago Mestre
Prejuízos permanentes, endividamento galopante e capitais próprios cada vez mais negativos não são um bom indicador para ninguém.
Já todos percebemos quem são os responsáveis pelo agravar desta situação, mas melhor do que identificar é comparar ideias e formas de estar na vida de políticos em diferentes gerações.
Transcrevemos abaixo uns parágrafos do livro Depoimento, de Marcelo Caetano, em 1974, pág. 111 sobre a política do Estado para com a CP:
"No setor dos transportes cai sobre o Estado a responsabilidade inteira dos caminhos de ferro, embora subsista a CP com a aparência de sociedade anónima. A verdade é que há muito o estado cobre integralmente os deficits de exploração ferroviária e proporciona os capitais necessários para investir na renovação da via e do material circulante. Por isso em 1973 se fez a revisão do regime jurídico deste tipo de transporte e do contrato de concessão à CP, para que ficasse bem claro que o Estado chamava a si os encargos de subsistência do serviço público e da empresa cuja administração, de facto, totalmente dele depende. Para manter a CP o Estado despende em subsídios anuais à roda de um milhão de contos: e cada vez que havia um aumento de salários, era o Estado que tinha de suportar o maior peso dele, dado ser inconveniente agravar demasiadamente as tarifas"
Palavras para quê.
Se os nossos democratas não fossem tão soberbos e tão orgulhosos, MUITO teriam a aprender com o que de bom se fazia em política económica e financeira em Portugal no tempo do Estado Novo.
Tiago Mestre
Cronologia de uma (Des)união Europeia (Parte 2)
Em 11 de Outubro de 2011 decidimos escrever um post com uma pequena cronologia dos eventos mais importantes da construção europeia nos últimos anos:
2005 - Referendo na Holanda sobre a nova Constituição Europeia: "NÃO" ganhou
2005 - Referendo em França sobre a nova Constituição Europeia: "NÃO" ganhou
2007 - Substituição da Constituição Europeia pelo Tratado de Lisboa
2008 - Referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa: "NÃO" ganhou
2008 - Países da UE ratificam o Tratado nas Assembleias Nacionais, evitando referendos que perspectivavam o chumbo do Tratado
2009 - 2º Referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa: "SIM" ganhou
2009 - A 1 de Dezembro o Tratado de Lisboa entra em vigor (...porreiro, pá...)
2010 - Resgate financeiro à Grécia, violando o Artigo 125º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2010 - Banco Central Europeu adquire dívida no Mercado Secundário de Países com problemas em se financiarem, violando Artigo 123º e 124º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2010 - Resgate Financeiro à Irlanda, violando o Artigo 125º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2011 - Resgate Financeiro a Portugal, violando o Artigo 125º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2011 - Cimeira de 21 Julho - Acordo para a expansão do Fundo de Resgate, conferindo novas ferramentas ao mesmo, violando os Artigos 123º, 124º e 125º (é a nossa interpretação)
2011 - Aprovação nos Parlamentos nacionais do acordado na cimeira
Atualização...
2012 - Injeção de 1 bilião de euros pelo BCE aos bancos (LTRO)
2012 - Aprovação do mecanismo permanente europeu de resgate ESM
2012 - Aprovação do resgate financeiro ao setor bancário espanhol
Agosto ou Setembro 2012 - Decisão do Tribunal Constitucional Alemão sobre a constitucionalidade do ESM
Será o Tribunal Alemão a decidir se a farsa europeia continua ou não.
Como no passado recente já aprovou o EFSF, provavelmente aprovará o ESM também, na medida em que a essência jurídica dos dois não deve ser muito diferente: ambos pedem dinheiro emprestado ao planeta com garantias dos Estados Membros.
Tiago Mestre
2005 - Referendo na Holanda sobre a nova Constituição Europeia: "NÃO" ganhou
2005 - Referendo em França sobre a nova Constituição Europeia: "NÃO" ganhou
2007 - Substituição da Constituição Europeia pelo Tratado de Lisboa
2008 - Referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa: "NÃO" ganhou
2008 - Países da UE ratificam o Tratado nas Assembleias Nacionais, evitando referendos que perspectivavam o chumbo do Tratado
2009 - 2º Referendo na Irlanda sobre o Tratado de Lisboa: "SIM" ganhou
2009 - A 1 de Dezembro o Tratado de Lisboa entra em vigor (...porreiro, pá...)
2010 - Resgate financeiro à Grécia, violando o Artigo 125º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2010 - Banco Central Europeu adquire dívida no Mercado Secundário de Países com problemas em se financiarem, violando Artigo 123º e 124º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2010 - Resgate Financeiro à Irlanda, violando o Artigo 125º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2011 - Resgate Financeiro a Portugal, violando o Artigo 125º do Tratado de Lisboa (é a nossa interpretação)
2011 - Cimeira de 21 Julho - Acordo para a expansão do Fundo de Resgate, conferindo novas ferramentas ao mesmo, violando os Artigos 123º, 124º e 125º (é a nossa interpretação)
2011 - Aprovação nos Parlamentos nacionais do acordado na cimeira
Atualização...
2012 - Injeção de 1 bilião de euros pelo BCE aos bancos (LTRO)
2012 - Aprovação do mecanismo permanente europeu de resgate ESM
2012 - Aprovação do resgate financeiro ao setor bancário espanhol
Agosto ou Setembro 2012 - Decisão do Tribunal Constitucional Alemão sobre a constitucionalidade do ESM
Será o Tribunal Alemão a decidir se a farsa europeia continua ou não.
Como no passado recente já aprovou o EFSF, provavelmente aprovará o ESM também, na medida em que a essência jurídica dos dois não deve ser muito diferente: ambos pedem dinheiro emprestado ao planeta com garantias dos Estados Membros.
Tiago Mestre
Subscrever:
Mensagens (Atom)