Caros leitores e leitoras, muito temos discutido aqui no Contas sobre as políticas de expansão monetária, e por cada dia que passa vamos assistindo com INCREDULIDADE CRESCENTE ao aumento do chamamento de todos os cantos da sociedade MUNDIAL para que se IMPRIMA TODO O DINHEIRO QUE FOR PRECISO.
Sabíamos que a Alemanha estava a isolar-se em toda esta história porque estava a ir contra a natureza humana mais básica e irracional.
A Alemanha queria que "sofrêssemos" pelos erros que cometemos, que pagássemos o preço pelas nossas asneiras. Esta cultura "meritocrática" é hoje tão anacrónica nesta dita sociedade moderna que custa a acreditar que ainda haja uns "teimosos" que querem levar essa cultura de rigor e austeridade até ao fim.
Efectivamente os tempos mudaram, e mudaram de tal forma que hoje o erro é compensado, a asneira é perdoada, e quem provoca mal à sociedade é "levemente punido" para que não fique com cicatrizes psicológicas e assim consiga reintegrar-se novamente. O triste desta história é que ninguém prova que esta nova forma de gerir as sociedades é sustentável. Como é o que está agora na moda, vamos todos na corrente e depois logo se vê.
Esta cultura de "bandalheira" vê-se na educação que os pais dão aos filhos, nas facilidades e apoios que são concedidos aos alunos, em toda a espécie de subsídios que o Estado garante a gente que está perfeitamente apta para trabalhar, e mais recentemente o Estado a salvar instituições privadas da falência com dinheiro dos contribuintes com a razão do perigo de "risco sistémico". Esta última acção política é que realmente "parte a louça toda". É mau demais para ser verdade e demonstra bem a falta de coragem desta gente que hoje comanda os destinos do planeta Terra.
Hoje ficou acordado entre os principais líderes dos países do planeta de que os seus Bancos Centrais estarão todos de acordo em imprimir tanto dinheiro quanto for necessário para que as já falidas instituições bancárias e países insolventes, como Portugal, continuem a poder cometer os mesmos erros, as mesmas asneiras, apostar em produtos cada vez mais arriscados e de maior carácter especulativo.
Caso esta operação tenha sucesso, o capitalismo mundial e os mercados terão finalmente a sua sentença de morte, sobrando apenas especulação, manipulação, intervenção estatal e um mercado de derivados que chegará bem depressa aos mil triliões de dólares. Não esquecer que o PIB do planeta ronda os 65 triliões de dólares, significando que em caso de colapso destes "mercados", a impressão de dinheiro terá que ser tão massiva que instantaneamente se instala a hiper-inflação e as nossas notas de euro deixarão de possuir qualquer valor intrínseco.
Será de esperar nos próximos meses uma acalmia nos mercados da dívida soberana e as bolsas de acções verão dias mais coloridos mas... tudo isso será sol de pouca dura porque, o crescimento do PIB, que depende da meritocracia na sociedade e de energia barata e abundante ficar-se-á pelo caminho. Estamos com elevada espectativa para ver até onde é que o preço do barril de petróleo e da onça de ouro irão parar com toda esta facilidade na impressão de dinheiro. Não nos admiraríamos nada ver o petróleo a subir para valores acima dos 150-200 dólares e a onça de ouro a transaccionar bem acima dos 2500 dólares.
E quem é que se vai "lixar"? O mexilhão. O poder de compra continuará a cair e o desemprego manter-se-á em valores recorde, os patrões não quererão continuar a assumir riscos num ambiente em que a inflação e a volatilidade são reis e senhores, deixando o investimento pelo caminho e abrindo ainda mais portas para maior intervenção estatal e impressão de dinheiro.
Para quem possa estar ainda confuso, os países floresceram e enriqueceram nos últimos séculos devido ao talento do seu povo, com a meritocracia a impôr-se a qualquer outro sistema. A riqueza é criada quando as circunstâncias são tais em que alguém que sabe o que fazer possui a liberdade para o fazer. O Estado e a intervenção estatal nunca entraram nesta equação, apenas serviam de árbitros e não possuíam presença nenhuma na economia. Desde que o Estado assumiu muitas responsabilidades na economia que estas começaram a cair, a cair, e hoje vemos os países ocidentais sem agricultura, com pouca indústria, o Estado a pesar 50% do PIB e o sector terciário a valer 70 a 80% do PIB. Estamos todos à espera, e assim não prevalecem qualidades como o talento, a criatividade, a inovação, o investimento, a organização empresarial e o crescimento económico. Simplesmente é impossível.
Estamos realmente num período incrível da nossa história pelo que não queremos perder "pitada".
Tiago Mestre
30 de novembro de 2011
Ministro das Finanças apela aos consumidores para evitarem a evasão fiscal !
Caros leitores e leitoras, fomos hoje informados pelo Ministro das Finanças de que este apelou aos consumidores (quase 100% da população portuguesa) para que sejam mais exigentes no pedido da factura aquando da realização de uma despesa, mesmo de pequeno montante.
Esta ideia, que não é nova, se bem se lembram há uns anos da publicidade com o slogan "Pedir factura faz o país avançar", esbarra no "atoleiro" da realidade, a saber:
As pessoas fazem despesas todos os dias de pequena monta, como comprar um café ou comprar pão. Acumular os recibos ou as facturas de todas estas pequenas despesas é... anti-natural. As pessoas não gerem a sua vida pessoal como se gere uma empresa. Numa empresa o trabalho administrativo é essencial, e acima de tudo, fazer despesa e pedir factura significa abater o valor do IVA, pelo que o pedido de facturas aos fornecedores tem sempre este grande incentivo. Se tal não servisse para abater no IVA, provavelmente as empresas descurariam essa componente do trabalho administrativo, na medida em que não tiram nenhum benefício nessa operação burocrática.
Outro problema é este e de carácter mais complexo: a história económica e financeira dos países diz-nos que os políticos quando estão no governo possuem um apetite insaciável em distribuir dinheiro pela sociedade. Esta distribuição vem das receitas dos impostos, ou seja, o estado assume o papel de que é mais sábio a distribuir dinheiro pela sociedade do que a própria população, e como as receitas mesmo assim não são suficientes, chegam inclusivamente a pedir empréstimos aos bancos para distribuir ainda mais dinheiro pela sociedade, o chamado endividamento. Todas estas acções apenas significam uma coisa: quanto mais dinheiro colectam aos contribuintes, mais dinheiro querem , porque nunca é suficiente. O Estado em 1974 ocupava 13% da economia, hoje ocupa 50%.
Se bem interpretámos as palavras do Sr. Ministro das Finanças, o que este está a pedir é que entrem o máximo de receitas para o Estado devido aos compromisso incomportáveis que este irresponsavelmente assumiu ao longo de décadas. É uma pescadinha de rabo na boca, e quanto mais cedo invertermos este ciclo, mas depressa o Estado se disciplina e é obrigado a encolher.
Não estamos a sugerir que a população deva fugir aos impostos, apesar de que essa será a tendência natural devido às taxas elevadíssimas, mas consideramos que tudo aquilo que é anti-natural e fora do bom senso não deve ser exigido às populações, não só porque é imoral como é ineficaz e impossível de fiscalizar pelo Estado, resultando em mais uma lei (das muitas) que está escrita no papel mas que ninguém cumpre. Daqui também resulta numa descredibilização generalizada da legislação portuguesa, dos legisladores (Parlamento), das polícias e dos tribunais que têm a obrigação de fazer cumprir algo que ninguém quer saber "patavina".
Tiago Mestre
Esta ideia, que não é nova, se bem se lembram há uns anos da publicidade com o slogan "Pedir factura faz o país avançar", esbarra no "atoleiro" da realidade, a saber:
As pessoas fazem despesas todos os dias de pequena monta, como comprar um café ou comprar pão. Acumular os recibos ou as facturas de todas estas pequenas despesas é... anti-natural. As pessoas não gerem a sua vida pessoal como se gere uma empresa. Numa empresa o trabalho administrativo é essencial, e acima de tudo, fazer despesa e pedir factura significa abater o valor do IVA, pelo que o pedido de facturas aos fornecedores tem sempre este grande incentivo. Se tal não servisse para abater no IVA, provavelmente as empresas descurariam essa componente do trabalho administrativo, na medida em que não tiram nenhum benefício nessa operação burocrática.
Outro problema é este e de carácter mais complexo: a história económica e financeira dos países diz-nos que os políticos quando estão no governo possuem um apetite insaciável em distribuir dinheiro pela sociedade. Esta distribuição vem das receitas dos impostos, ou seja, o estado assume o papel de que é mais sábio a distribuir dinheiro pela sociedade do que a própria população, e como as receitas mesmo assim não são suficientes, chegam inclusivamente a pedir empréstimos aos bancos para distribuir ainda mais dinheiro pela sociedade, o chamado endividamento. Todas estas acções apenas significam uma coisa: quanto mais dinheiro colectam aos contribuintes, mais dinheiro querem , porque nunca é suficiente. O Estado em 1974 ocupava 13% da economia, hoje ocupa 50%.
Se bem interpretámos as palavras do Sr. Ministro das Finanças, o que este está a pedir é que entrem o máximo de receitas para o Estado devido aos compromisso incomportáveis que este irresponsavelmente assumiu ao longo de décadas. É uma pescadinha de rabo na boca, e quanto mais cedo invertermos este ciclo, mas depressa o Estado se disciplina e é obrigado a encolher.
Não estamos a sugerir que a população deva fugir aos impostos, apesar de que essa será a tendência natural devido às taxas elevadíssimas, mas consideramos que tudo aquilo que é anti-natural e fora do bom senso não deve ser exigido às populações, não só porque é imoral como é ineficaz e impossível de fiscalizar pelo Estado, resultando em mais uma lei (das muitas) que está escrita no papel mas que ninguém cumpre. Daqui também resulta numa descredibilização generalizada da legislação portuguesa, dos legisladores (Parlamento), das polícias e dos tribunais que têm a obrigação de fazer cumprir algo que ninguém quer saber "patavina".
Tiago Mestre
28 de novembro de 2011
FMI prepara uma mega-ajuda à Itália (Parte 3)
Caros leitores e leitoras, a euforia que se viveu hoje nos mercados europeus de acções só pode reflectir a esperança dos investidores na impressora americana (Reserva Federal)
É que a impressora europeia não tem funcionado a todo o vapor (BCE) devido à resistência da Alemanha, e portanto toda esta loucura só pode vir do outro lado do atlântico. O rumor já desmentido que o FMI se preparava para salvar a Itália foi o isco, e os investidores, desesperados por agarrar qualquer boa notícia, confiaram que "algo" se estava a passar nos bastidores americanos. E algo está realmente a passar-se, não sabemos é o quê.
É incrível que um país com os problemas financeiros como os EUA, que desde há 3 anos imprime dinheiro para socializar os prejuízos de instituições financeiras privadas sem chegar a nenhum crescimento económico, embarque agora nesta aventura de tentar salvar também a Europa. É difícil de acreditar que o eleitorado e o congresso norte-americano autorizem uma expedição com esta envergadura. A ideia de que se podem imprimir tantos dólares quantos sejam precisos revela a insanidade mental a que esta gente chegou, e quem mais irá ganhar com tudo isto serão outra vez as instituições bancárias mundiais com os empréstimos "vantajosos" que concederão aos países em apuros.
Lamentamos profundamente que sejam agora os contribuintes americanos, já de si profundamente castigados com todo o moral hazard dos seus governos, a terem que assumir parte da factura europeia. Oxalá se levantem e repudiem nas urnas em 2012 uma decisão ignominiosa como esta.
O cenário está montado para uma mega operação de impressão de dinheiro. Apesar de aqui no Contas sermos ideologicamente contra este tipo de operações financeiras, parece que a nossa voz, e a dos alemães que ainda resistem, não passe do típico "pregar no deserto".
Uma operação desta dimensão irá comprar muitos meses ou até anos à Europa, e em vez desta fazer hoje o que deveria ser feito: declarar bancarrota das dívidas insustentáveis e começar de novo, vai manter o seu status quo, e as dívidas públicas da maioria dos seus países facilmente superarão os 100% do PIB.
Triste destino o nosso, que nem nas nossas próprias mãos conseguimos decidir o destino das nossas vidas.
Quem ainda não tomou consciência da situação, é bom que não se atrase muito mais, porque se nada fizer para se preparar, assistirá impávido(a) a uma contínua redução dos salários, inflação no preço dos produtos e bens de primeira necessidade, redução do poder de compra, aumento do desemprego, dos impostos e mais miséria a perpetuar-se pelas ruas das cidades portuguesas.
Quanto mais impressão de dinheiro ocorrer, pior para os consumidores e melhor para os produtores. Ainda vão a tempo de plantar uns pés de morangos na vossa varanda.
Hoje, o dilema dos políticos é este:
Ou declaram hoje bancarrota, com consequências devastadoras no imediato, mas que permitirá começar de novo e ajudar a reconstruir as nações no médio prazo;
Ou não declaram bancarrota nenhuma e adiam as decisões difíceis para o futuro, não assumindo consequências nenhumas no imediato, salvando a face e o emprego, e depositando no futuro todas as esperanças de que as coisas se resolvam, sabendo que quanto mais adiam, mais a dívida cresce e piores as consequências quando tudo se desmoronar.
Não é difícil de adivinhar qual o caminho que os políticos tomarão. É por isso que a história dos povos está sempre a repetir-se. É que fazer asneiras para tentar resolver outras asneiras leva a conflitos, a guerras, à miséria e a todo o tipo de provações que a raça humana já tantas vezes saboreou.
Tiago Mestre
É que a impressora europeia não tem funcionado a todo o vapor (BCE) devido à resistência da Alemanha, e portanto toda esta loucura só pode vir do outro lado do atlântico. O rumor já desmentido que o FMI se preparava para salvar a Itália foi o isco, e os investidores, desesperados por agarrar qualquer boa notícia, confiaram que "algo" se estava a passar nos bastidores americanos. E algo está realmente a passar-se, não sabemos é o quê.
É incrível que um país com os problemas financeiros como os EUA, que desde há 3 anos imprime dinheiro para socializar os prejuízos de instituições financeiras privadas sem chegar a nenhum crescimento económico, embarque agora nesta aventura de tentar salvar também a Europa. É difícil de acreditar que o eleitorado e o congresso norte-americano autorizem uma expedição com esta envergadura. A ideia de que se podem imprimir tantos dólares quantos sejam precisos revela a insanidade mental a que esta gente chegou, e quem mais irá ganhar com tudo isto serão outra vez as instituições bancárias mundiais com os empréstimos "vantajosos" que concederão aos países em apuros.
Lamentamos profundamente que sejam agora os contribuintes americanos, já de si profundamente castigados com todo o moral hazard dos seus governos, a terem que assumir parte da factura europeia. Oxalá se levantem e repudiem nas urnas em 2012 uma decisão ignominiosa como esta.
O cenário está montado para uma mega operação de impressão de dinheiro. Apesar de aqui no Contas sermos ideologicamente contra este tipo de operações financeiras, parece que a nossa voz, e a dos alemães que ainda resistem, não passe do típico "pregar no deserto".
Uma operação desta dimensão irá comprar muitos meses ou até anos à Europa, e em vez desta fazer hoje o que deveria ser feito: declarar bancarrota das dívidas insustentáveis e começar de novo, vai manter o seu status quo, e as dívidas públicas da maioria dos seus países facilmente superarão os 100% do PIB.
Triste destino o nosso, que nem nas nossas próprias mãos conseguimos decidir o destino das nossas vidas.
Quem ainda não tomou consciência da situação, é bom que não se atrase muito mais, porque se nada fizer para se preparar, assistirá impávido(a) a uma contínua redução dos salários, inflação no preço dos produtos e bens de primeira necessidade, redução do poder de compra, aumento do desemprego, dos impostos e mais miséria a perpetuar-se pelas ruas das cidades portuguesas.
Quanto mais impressão de dinheiro ocorrer, pior para os consumidores e melhor para os produtores. Ainda vão a tempo de plantar uns pés de morangos na vossa varanda.
Hoje, o dilema dos políticos é este:
Ou declaram hoje bancarrota, com consequências devastadoras no imediato, mas que permitirá começar de novo e ajudar a reconstruir as nações no médio prazo;
Ou não declaram bancarrota nenhuma e adiam as decisões difíceis para o futuro, não assumindo consequências nenhumas no imediato, salvando a face e o emprego, e depositando no futuro todas as esperanças de que as coisas se resolvam, sabendo que quanto mais adiam, mais a dívida cresce e piores as consequências quando tudo se desmoronar.
Não é difícil de adivinhar qual o caminho que os políticos tomarão. É por isso que a história dos povos está sempre a repetir-se. É que fazer asneiras para tentar resolver outras asneiras leva a conflitos, a guerras, à miséria e a todo o tipo de provações que a raça humana já tantas vezes saboreou.
Tiago Mestre
FMI prepara uma mega-ajuda à Itália (Parte 2)
Caros leitores e leitoras, afinal o rumor de que o FMI se preparava para efectuar uma mega-ajuda à Itália já se esvaneceu.
A Bloomberg reporta que não há quaisquer conversações dentro do FMI para uma ajuda específica à Itália
Como suspeitávamos no post de ontem, foi mais uma "plantação" de noticia na véspera dos leilões de dívida que a Espanha e a Itália farão hoje, na tentativa de acalmar a malta e não afugentar tantos investidores. Veremos como correm os leilões.
Tiago Mestre
A Bloomberg reporta que não há quaisquer conversações dentro do FMI para uma ajuda específica à Itália
Como suspeitávamos no post de ontem, foi mais uma "plantação" de noticia na véspera dos leilões de dívida que a Espanha e a Itália farão hoje, na tentativa de acalmar a malta e não afugentar tantos investidores. Veremos como correm os leilões.
Tiago Mestre
27 de novembro de 2011
O Fundo (EFSF) que angaria dinheiro para emprestar a Portugal está a ficar mais caro!
Caros leitores e leitoras, com a cortesia do site ZeroHedge mostramos um gráfico abaixo que nos indica as taxas de juro praticadas no mercado secundário para as obrigações do fundo (EFSF) que financia Portugal, Irlanda e a Grécia.
O gráfico mostra de forma contundente que a linha preta que representa a curva dos juros do EFSF atingiu os 4% na maturidade a 10 anos.. Há muito pouco tempo o EFSF conseguia financiar-se a 3% ou menos na mesma maturidade.
Esta subida reflecte a desconfiança que os investidores têm vindo a demonstrar no "produto financeiro" criado pela UE que se chama EFSF. É que toda a gente sabe que estes empréstimos são para financiar dívidas problemáticas e são garantidos pelos países "ricos" da UE que possuem notação AAA mas que têm vindo a perder credibilidade junto dos mercados. Tanto a França como a Áustria e a Bélgica estão a ser ameaçadas de descida de notação pelas agências de notação financeira, criando ainda mais pressão na Alemanha. A prova disso mesmo foi a falta de investidores no leilão que a Alemanha realizou na semana que passou.
O EFSF poderá tentar contornar este agravamento das taxas de juro emitindo dívida com maturidades mais curtas. Mas as consequências desta decisão significam que terá que ir ao mercado mais vezes fazer o rollover da dívida e dará um péssimo sinal aos mercados de que está a tentar esquivar-se das altas taxas de juro. Os mercados serão impiedosos com este tipo de esquemas.
Tudo isto são más notícias para Portugal, já que se as condições do EFSF se agravarem, os juros que Portugal terá que pagar serão superiores ao que estava estipulado com a troika, colocando ainda mais dificuldades na execução do orçamento do Estado para os próximos anos. É importante todos percebermos que se Portugal ficar "à deriva", sem crédito, nesse mesmo mês haverá muitos salários públicos que não serão pagos, e por arrasto, muitos no privado. Portugal encontrar-se-á finalmente com a sua verdade, doa a quem doer.
Tiago Mestre
O gráfico mostra de forma contundente que a linha preta que representa a curva dos juros do EFSF atingiu os 4% na maturidade a 10 anos.. Há muito pouco tempo o EFSF conseguia financiar-se a 3% ou menos na mesma maturidade.
Esta subida reflecte a desconfiança que os investidores têm vindo a demonstrar no "produto financeiro" criado pela UE que se chama EFSF. É que toda a gente sabe que estes empréstimos são para financiar dívidas problemáticas e são garantidos pelos países "ricos" da UE que possuem notação AAA mas que têm vindo a perder credibilidade junto dos mercados. Tanto a França como a Áustria e a Bélgica estão a ser ameaçadas de descida de notação pelas agências de notação financeira, criando ainda mais pressão na Alemanha. A prova disso mesmo foi a falta de investidores no leilão que a Alemanha realizou na semana que passou.
O EFSF poderá tentar contornar este agravamento das taxas de juro emitindo dívida com maturidades mais curtas. Mas as consequências desta decisão significam que terá que ir ao mercado mais vezes fazer o rollover da dívida e dará um péssimo sinal aos mercados de que está a tentar esquivar-se das altas taxas de juro. Os mercados serão impiedosos com este tipo de esquemas.
Tudo isto são más notícias para Portugal, já que se as condições do EFSF se agravarem, os juros que Portugal terá que pagar serão superiores ao que estava estipulado com a troika, colocando ainda mais dificuldades na execução do orçamento do Estado para os próximos anos. É importante todos percebermos que se Portugal ficar "à deriva", sem crédito, nesse mesmo mês haverá muitos salários públicos que não serão pagos, e por arrasto, muitos no privado. Portugal encontrar-se-á finalmente com a sua verdade, doa a quem doer.
Tiago Mestre
FMI prepara uma mega-ajuda à Itália (Parte 1)
Caros leitores e leitoras, pelos vistos ainda temos mais uma instituição que está disposta a pedir emprestado a "alguém" para poder emprestar muito dinheiro à Itália: o Fundo Monetário Internacional.
Segundo uma notícia na edição online do jornal Expresso, o FMI prepara-se para arranjar umas centenas de milhares de milhões de euros para acudir à aflita Itália.
Mais uma vez entramos nesta espiral de criar dívida para liquidar dívida. O FMI terá que pedir emprestado aos seus sócios: os maiores bancos privados mundiais e os países que contribuem para o Fundo, para depois entregar à Itália a uma taxa de juro mais elevada para que ganhem algum dinheiro com o processo. Como a "malta" está à rasca para arranjar dinheiro, parece-me que este é mais um mecanismo indirecto para envolver a Reserva Federal na impressão de dinheiro à escala mundial, fazendo by-pass à relutância alemã em permitir que o BCE imprima euros indiscriminadamente.
Recordamos que em Outubro de 2008 a Reserva Federal e o Congresso norte-americano actuaram desta forma, através da lei TARP (Trouble Assets Relief Program), em que foram concedidos empréstimos ilimitados a instituições financeiras e foram adquiridos investimentos tóxicos que essas mesmas instituições possuíam nos seus activos, transitando esse lixo "tóxico" do sector privado para os contribuintes americanos. Bancos gigantes europeus como o Barclays ou o Deustsche Bank foram resgatados com estes dólares impressos à pressa.
Sendo os Estados Unidos o maior contribuinte do FMI, e estando este país à beira de um ataque de nervos com a sua economia rastejante e as suas dívidas e défices galopantes, duvidamos que o eleitorado americano aprove decisões "tão mãos largas" como esta.
Aguardamos mais detalhes sobre esta notícia, que mais uma vez comprova o desespero da liderança política mundial em "arranjar" uma solução provisória para salvar o dia.
Mesmo que o FMI reúna os capitais necessários, algo que nós duvidamos, uma solução destas comprará apenas alguns meses à classe política europeia, pouco mais.
Ou então tudo isto não passa de uma "plantação" de uma notícia para acalmar os mercados, já que os países europeus irão pedir uma quantidade enorme de dinheiro aos investidores esta semana, e se eles não estiverem do lado de lá do leilão, poderemos assistir já esta semana a algo de catastrófico no projecto da moeda única europeia.
Tiago Mestre
Segundo uma notícia na edição online do jornal Expresso, o FMI prepara-se para arranjar umas centenas de milhares de milhões de euros para acudir à aflita Itália.
Mais uma vez entramos nesta espiral de criar dívida para liquidar dívida. O FMI terá que pedir emprestado aos seus sócios: os maiores bancos privados mundiais e os países que contribuem para o Fundo, para depois entregar à Itália a uma taxa de juro mais elevada para que ganhem algum dinheiro com o processo. Como a "malta" está à rasca para arranjar dinheiro, parece-me que este é mais um mecanismo indirecto para envolver a Reserva Federal na impressão de dinheiro à escala mundial, fazendo by-pass à relutância alemã em permitir que o BCE imprima euros indiscriminadamente.
Recordamos que em Outubro de 2008 a Reserva Federal e o Congresso norte-americano actuaram desta forma, através da lei TARP (Trouble Assets Relief Program), em que foram concedidos empréstimos ilimitados a instituições financeiras e foram adquiridos investimentos tóxicos que essas mesmas instituições possuíam nos seus activos, transitando esse lixo "tóxico" do sector privado para os contribuintes americanos. Bancos gigantes europeus como o Barclays ou o Deustsche Bank foram resgatados com estes dólares impressos à pressa.
Sendo os Estados Unidos o maior contribuinte do FMI, e estando este país à beira de um ataque de nervos com a sua economia rastejante e as suas dívidas e défices galopantes, duvidamos que o eleitorado americano aprove decisões "tão mãos largas" como esta.
Aguardamos mais detalhes sobre esta notícia, que mais uma vez comprova o desespero da liderança política mundial em "arranjar" uma solução provisória para salvar o dia.
Mesmo que o FMI reúna os capitais necessários, algo que nós duvidamos, uma solução destas comprará apenas alguns meses à classe política europeia, pouco mais.
Ou então tudo isto não passa de uma "plantação" de uma notícia para acalmar os mercados, já que os países europeus irão pedir uma quantidade enorme de dinheiro aos investidores esta semana, e se eles não estiverem do lado de lá do leilão, poderemos assistir já esta semana a algo de catastrófico no projecto da moeda única europeia.
Tiago Mestre
26 de novembro de 2011
Ó euro, pagas-me as dívidas?
Caros leitores e leitoras, à excepção de um encontro entre Sarkozy, Merkel e Monti em Estrasburgo nesta semana, a liderança europeia perdeu totalmente "o pio". Perante o descalabro das obrigações belgas, austríacas, espanholas alemãs e italianas, que no prazo de 10 anos já ultrapassaram uma taxa de juro de 8%!, a liderança europeia pouco fala para "acalmar" os mercados. Já percebeu que pregar no deserto de nada adianta.
O silêncio reflecte o desespero e a incapacidade dos líderes europeus. Eles sempre foram incapazes, mas o tempo ainda os ia ajudando. Caso consigam convencer a Sra. Merkel para imprimir mais euros, comprarão apenas mais alguns meses, apenas isso, até o euro ficar morto e bem enterrado.
É preciso recordar que nas últimas décadas os políticos apaixonaram-se pela distribuição de dinheiro... dos contribuintes. Mas como não era suficiente para os seus desejos, pediram emprestado para distribuir ainda mais dinheiro pela sociedade. O dinheiro esgotou-se mas a dívida ficou e como não há dinheiro para a pagar, vamos espoliar o último recurso que ainda existe: a moeda euro. Imprimir significa isto mesmo: esvaziar o último bastião de riqueza que ainda existe.
A Europa exige aos mesmos políticos que se apaixonaram pelo dinheiro fácil para que adoptem políticas que são exactamente a sua antítese. Não cremos que tal seja possível, e suspeitamos que a "teimosia" da senhora Merkel em não permitir a impressão tenha os dias contados. A Sra. Merkel acabará por ceder, porque é da natureza dos políticos fazerem cedências já que a sua ascensão nos partidos faz-se dessa forma, mesmo num país como a Alemanha.
Aqui no Contas é nosso profundo desejo que a classe política não ceda à tentação de carregar nas teclas "Ctrl-P", mas o coro de vozes que hoje se levanta para recorrer à impressão é muito grande, indo ao encontro dos nossos piores receios.
E já agora, quando se carrega muitas vezes nas teclas "Ctrl-P" acontece isto:
Tiago Mestre
O silêncio reflecte o desespero e a incapacidade dos líderes europeus. Eles sempre foram incapazes, mas o tempo ainda os ia ajudando. Caso consigam convencer a Sra. Merkel para imprimir mais euros, comprarão apenas mais alguns meses, apenas isso, até o euro ficar morto e bem enterrado.
É preciso recordar que nas últimas décadas os políticos apaixonaram-se pela distribuição de dinheiro... dos contribuintes. Mas como não era suficiente para os seus desejos, pediram emprestado para distribuir ainda mais dinheiro pela sociedade. O dinheiro esgotou-se mas a dívida ficou e como não há dinheiro para a pagar, vamos espoliar o último recurso que ainda existe: a moeda euro. Imprimir significa isto mesmo: esvaziar o último bastião de riqueza que ainda existe.
A Europa exige aos mesmos políticos que se apaixonaram pelo dinheiro fácil para que adoptem políticas que são exactamente a sua antítese. Não cremos que tal seja possível, e suspeitamos que a "teimosia" da senhora Merkel em não permitir a impressão tenha os dias contados. A Sra. Merkel acabará por ceder, porque é da natureza dos políticos fazerem cedências já que a sua ascensão nos partidos faz-se dessa forma, mesmo num país como a Alemanha.
Aqui no Contas é nosso profundo desejo que a classe política não ceda à tentação de carregar nas teclas "Ctrl-P", mas o coro de vozes que hoje se levanta para recorrer à impressão é muito grande, indo ao encontro dos nossos piores receios.
E já agora, quando se carrega muitas vezes nas teclas "Ctrl-P" acontece isto:
Tiago Mestre
24 de novembro de 2011
O Bom, o Mau e a Vilã
Caros leitores e leitoras, somos diariamente surpreendidos com novos recordes na escala do ridículo da política europeia. Em boa verdade já nada nos surpreende, mas parece que o céu é o limite.
Do lado do Bom temos Durão Barroso, o cachorrinho que ladra... mas que nem dentes tem para morder.
Do lado do Mau temos o Sr. Sarkozy, que sem olhar a meios exige à Alemanha que lhe salve o dia... e a reeleição já agora.
Do lado da vilã, eis a Sra. Merkel, essa criatura teimosa que não quer fazer a vontade nem ao Bom nem ao Mau.
Mau demais para acreditar, e no entretanto o pânico já se instalou nos investidores que possuíam obrigações... alemãs! Também eles querem salvar o seu dia e perder o menos dinheiro possível. Quem não quer? É o salve-se quem puder.
Tiago Mestre
Do lado do Bom temos Durão Barroso, o cachorrinho que ladra... mas que nem dentes tem para morder.
Do lado do Mau temos o Sr. Sarkozy, que sem olhar a meios exige à Alemanha que lhe salve o dia... e a reeleição já agora.
Do lado da vilã, eis a Sra. Merkel, essa criatura teimosa que não quer fazer a vontade nem ao Bom nem ao Mau.
Mau demais para acreditar, e no entretanto o pânico já se instalou nos investidores que possuíam obrigações... alemãs! Também eles querem salvar o seu dia e perder o menos dinheiro possível. Quem não quer? É o salve-se quem puder.
Tiago Mestre
Dia de greve - dia de produção
Caros leitores e leitoras, em dia de greve nada melhor do que... trabalhar.
Para conseguirmos ajudar o país a sobreviver às provações a que será sujeito nas próximas décadas, comecemos a produzir já hoje qualquer coisa, evitando assim importações de bens para os quais vamos deixar de ter crédito para os adquirir num futuro bem próximo.
Em dia de greve pouca adianta ir a manifestações nos centros de Lisboa ou do Porto. Gasta-se dinheiro e pouco ou nenhum benefício se tira dali.
A nossa sugestão de plantar pés de morango em casa ou no quintal está referida no post de ontem. Não custa nada, e o país agradece.
Tiago Mestre
Para conseguirmos ajudar o país a sobreviver às provações a que será sujeito nas próximas décadas, comecemos a produzir já hoje qualquer coisa, evitando assim importações de bens para os quais vamos deixar de ter crédito para os adquirir num futuro bem próximo.
Em dia de greve pouca adianta ir a manifestações nos centros de Lisboa ou do Porto. Gasta-se dinheiro e pouco ou nenhum benefício se tira dali.
A nossa sugestão de plantar pés de morango em casa ou no quintal está referida no post de ontem. Não custa nada, e o país agradece.
Tiago Mestre
23 de novembro de 2011
Produtores, uni-vos! - Sugestão de hoje - micro-produção caseira de morangos
Caros leitores e leitoras, conforme explicámos no post de há 2 dias, é importante para todos nós percebermos que quando o crédito bancário internacional se extinguir para Portugal, ficaremos entregues à nossa sorte. Até lá, fenómenos como inflação acelerada e redução brutal do poder de compra tornar-se-ão comuns no nosso dia-a-dia.
Existem produtos financeiros que protegem os investidores deste tipo de cenários adversos, como são o caso da aquisição de metais preciosos, investir em Credit Default Swaps, apostar short nas dívidas soberanas de países como o Japão e até os Estados Unidos ou até adquirir acções de empresas mineiras ou produtoras de bens alimentares. Mas estes produtos são sofisticados e sempre arriscados, ficando quase reservados para quem estuda e trabalha neste sector há muito tempo.
Para o cidadão comum que tenha um mínimo de fundo de maneio, sugerimos que apostem em formação nas seguintes áreas::
1. Produção de bens alimentares em pequena escala
2. Produção de bens industriais de pequena dimensão com enorme utilidade e
3. Possuir conhecimentos na reparação e beneficiação de máquinas e equipamentos.
Sugestão de hoje:
PLANTAÇÃO DE MORANGOS em vasos de plástico, em caixas de esferovite ou em garrafas de água de 5 litros. Basta encher com terra e regar manualmente caso não seja possível com água da chuva. Esta operação pode ser realizada no quintal, na varanda do prédio ou junto a uma janela com maior exposição solar. Este é o mês indicado para a plantação. É possível adquirir pés de morango num qualquer mercado de rua, sendo que os da província serão os mais adequados. Entre Abril e Agosto verão os frutos desta aposta quase sem custos.
Tiago Mestre
Existem produtos financeiros que protegem os investidores deste tipo de cenários adversos, como são o caso da aquisição de metais preciosos, investir em Credit Default Swaps, apostar short nas dívidas soberanas de países como o Japão e até os Estados Unidos ou até adquirir acções de empresas mineiras ou produtoras de bens alimentares. Mas estes produtos são sofisticados e sempre arriscados, ficando quase reservados para quem estuda e trabalha neste sector há muito tempo.
Para o cidadão comum que tenha um mínimo de fundo de maneio, sugerimos que apostem em formação nas seguintes áreas::
1. Produção de bens alimentares em pequena escala
2. Produção de bens industriais de pequena dimensão com enorme utilidade e
3. Possuir conhecimentos na reparação e beneficiação de máquinas e equipamentos.
Sugestão de hoje:
PLANTAÇÃO DE MORANGOS em vasos de plástico, em caixas de esferovite ou em garrafas de água de 5 litros. Basta encher com terra e regar manualmente caso não seja possível com água da chuva. Esta operação pode ser realizada no quintal, na varanda do prédio ou junto a uma janela com maior exposição solar. Este é o mês indicado para a plantação. É possível adquirir pés de morango num qualquer mercado de rua, sendo que os da província serão os mais adequados. Entre Abril e Agosto verão os frutos desta aposta quase sem custos.
Tiago Mestre
21 de novembro de 2011
... sobre a velocidade dos acontecimentos
Caros leitores e leitoras, de tempos a tempos tentamos distanciarmo-nos do frenesim diário das notícias e perspectivar os acontecimentos de forma mais cronológica. Como tem havido menos notícias sobre a Europa nos últimos dias, talvez seja esta a oportunidade para esta rápida análise retrospectiva.
O que nos salta logo à vista é a velocidade com que os acontecimentos têm ocorrido desde Janeiro de 2010.
A história europeia enriqueceu neste ano e meio talvez tanto como nos 10 anos anteriores. Já assistimos ao resgate da Grécia, de Irlanda e de Portugal, o contágio passou entretanto para a Itália, a Espanha e França.
A liderança europeia desdobrou-se em inúmeras operações políticas para tentar inverter a desconfiança dos investidores, mas quanto mais fala na imprensa, mais a desconfiança se instala.
A rápida sucessão de eventos faz-nos pensar que o processo já está em marcha por si mesmo e não sujeito a travagens, ou seja, já não vale a pena gastar tempo e dinheiro a tentar salvar o que na sua essência não pode ser salvo. Os fenómenos que hoje ocorrem já são uma consequência do que aconteceu ontem, renovando-se o processo a cada dia que passa.
Portugal, pela sua exposição e dependência que tem da Europa terá as maiores dificuldades em sobreviver num contexto económico e social que se degrada cada vez mais rapidamente.
Portugal importa 70% dos produtos alimentares que consome e necessita de pedir empréstimos ao exterior para financiar essas mesmas compras, aumentando as suas dívidas ano após ano.
Portugal sem financiamento externo terá que igualar o seu consumo à sua produção. O sector primário e secundário (produção) pouco excedem 20% do PIB sendo os restantes 80% serviços (consumo).
Já estão a imaginar a correcção que terá que ser feita:
se a nossa produção ronda os 35 mil milhões de euros (20% do PIB), os serviços terão que cair para valores semelhantes, ou seja, dos actuais 136 mil milhões (80% do PIB) para 35 mil milhões!! É só uma contracção de 100 MIL MILHÕES DE EUROS. É simplesmente surreal, e só poderá ser aliviada se a produção aumentar a sua quota.
Haverá um momento em que o estrangeiro não mais nos fornecerá bens essenciais por não termos dinheiro para os adquirir. Uma decisão desta natureza trará escassez na oferta de produtos, desequilibrando a lei da oferta e da procura. Serão muitos consumidores a desesperar por poucos produtos, criando as condições para um aumento generalizado da inflação. Essa inflação será agravada se o Banco Central Europeu iniciar compra de dívida em larga escala ou se abandonarmos o euro. Os produtores serão os únicos beneficiários de toda esta distorção.
Pelas razões acima expostas acreditamos que num futuro muito próximo a produção de bens agrícolas e industriais de primeira necessidade serão um negócio bastante rentável em Portugal, sendo esta conclusão talvez um dos melhores conselhos que poderemos dar aos nossos leitores. Ainda vão a tempo de se tornarem produtores... de alfaces, batatas ou de qualquer outra coisa.
Tiago Mestre
O que nos salta logo à vista é a velocidade com que os acontecimentos têm ocorrido desde Janeiro de 2010.
A história europeia enriqueceu neste ano e meio talvez tanto como nos 10 anos anteriores. Já assistimos ao resgate da Grécia, de Irlanda e de Portugal, o contágio passou entretanto para a Itália, a Espanha e França.
A liderança europeia desdobrou-se em inúmeras operações políticas para tentar inverter a desconfiança dos investidores, mas quanto mais fala na imprensa, mais a desconfiança se instala.
A rápida sucessão de eventos faz-nos pensar que o processo já está em marcha por si mesmo e não sujeito a travagens, ou seja, já não vale a pena gastar tempo e dinheiro a tentar salvar o que na sua essência não pode ser salvo. Os fenómenos que hoje ocorrem já são uma consequência do que aconteceu ontem, renovando-se o processo a cada dia que passa.
Portugal, pela sua exposição e dependência que tem da Europa terá as maiores dificuldades em sobreviver num contexto económico e social que se degrada cada vez mais rapidamente.
Portugal importa 70% dos produtos alimentares que consome e necessita de pedir empréstimos ao exterior para financiar essas mesmas compras, aumentando as suas dívidas ano após ano.
Portugal sem financiamento externo terá que igualar o seu consumo à sua produção. O sector primário e secundário (produção) pouco excedem 20% do PIB sendo os restantes 80% serviços (consumo).
Já estão a imaginar a correcção que terá que ser feita:
se a nossa produção ronda os 35 mil milhões de euros (20% do PIB), os serviços terão que cair para valores semelhantes, ou seja, dos actuais 136 mil milhões (80% do PIB) para 35 mil milhões!! É só uma contracção de 100 MIL MILHÕES DE EUROS. É simplesmente surreal, e só poderá ser aliviada se a produção aumentar a sua quota.
Haverá um momento em que o estrangeiro não mais nos fornecerá bens essenciais por não termos dinheiro para os adquirir. Uma decisão desta natureza trará escassez na oferta de produtos, desequilibrando a lei da oferta e da procura. Serão muitos consumidores a desesperar por poucos produtos, criando as condições para um aumento generalizado da inflação. Essa inflação será agravada se o Banco Central Europeu iniciar compra de dívida em larga escala ou se abandonarmos o euro. Os produtores serão os únicos beneficiários de toda esta distorção.
Pelas razões acima expostas acreditamos que num futuro muito próximo a produção de bens agrícolas e industriais de primeira necessidade serão um negócio bastante rentável em Portugal, sendo esta conclusão talvez um dos melhores conselhos que poderemos dar aos nossos leitores. Ainda vão a tempo de se tornarem produtores... de alfaces, batatas ou de qualquer outra coisa.
Tiago Mestre
Uma visão própria sobre a Europa e... o Japão
Caros leitores e leitoras, é sempre interessante ver perspectivas de gente que se preocupa com a Europa, porque investe nela.
Neste caso, o investidor norte-americano do Texas, Kyle Bass, define com clareza porque teve de optar por produtos financeiros que apostavam na queda da Grécia, e que acabaram por gerar muito dinheiro para os seus clientes. Também refere os problemas do défice público do Japão e de como essa fragilidade pode provocar um terramoto financeiro do outro lado do mundo.
Neste caso, o investidor norte-americano do Texas, Kyle Bass, define com clareza porque teve de optar por produtos financeiros que apostavam na queda da Grécia, e que acabaram por gerar muito dinheiro para os seus clientes. Também refere os problemas do défice público do Japão e de como essa fragilidade pode provocar um terramoto financeiro do outro lado do mundo.
Tiago Mestre
18 de novembro de 2011
GAME OVER (Parte 2)
Caros leitores e leitoras, a 9 de Novembro colocámos um post a referir que era nossa convicção de que a Alemanha preferiria sair do euro em vez de expulsar os restantes membros da moeda única. Contudo a Reuters avançava uma notícia diferente: de que a Alemanha e a França estariam em segredo a negociar uma expulsão forçada dos países mais "fracos", contrariando a nossa convicção.
Demos a mão à palmatória porque acreditámos que a notícia era verdadeira. Mas já passou mais de uma semana e não encontrámos indícios adicionais de que tal cenário era plausível, o que nos leva à conclusão de que a notícia foi efémera ou até mesmo uma "plantação" de notícia.
A ser verdade esta versão dos factos, continuamos confiantes de que a solução que a Alemanha tomará será a da sua saída unilateral, e os recentes desenvolvimentos reforçam a nossa convicção, a saber:
1. Os juros de países como a França, Áustria, Itália, Espanha e Bélgica subiram para valores nunca antes vistos, isolando-os cada vez mais do núcleo seguro que constitui os países credíveis da União Europeia
2. Os juros do Mecanismo de Estabilização EFSF também atingiram novos recordes, reflectindo a desconfiança dos investidores e tornando-o um mecanismo de endividamento pouco interessante para a própria União Europeia.
3. O Banco Central Europeu está a ser "assediado" por toda a gente para que inicie o descontrolo monetário, imprimindo dinheiro para pagar dívidas de países sem acautelar o seu balanço e destruindo paulatinamente a credibilidade da moeda euro.
A Alemanha não conseguirá inverter esta situação porque são os próprios mercados já em desespero a boicotar compras de obrigações à espera que o BCE intervenha. A liquidez eclipsará dos mercados de obrigações e o BCE ficará cada vez mais entre a espada e a parede.
No momento que este inicie a impressão de moeda de forma descontrolada para salvar os países e pedir à Alemanha para o recapitalizar (senão a falência do BCE é inevitável, como tantas vezes escrevemos aqui no Contas) a Alemanha dirá basta, retomará o marco alemão e deixará o euro à sua sorte. A França também não quererá manter-se no euro sem a robustez da Alemanha e a moeda ficará sem credibilidade. É o adeus ao projecto euro.
Tiago Mestre
Demos a mão à palmatória porque acreditámos que a notícia era verdadeira. Mas já passou mais de uma semana e não encontrámos indícios adicionais de que tal cenário era plausível, o que nos leva à conclusão de que a notícia foi efémera ou até mesmo uma "plantação" de notícia.
A ser verdade esta versão dos factos, continuamos confiantes de que a solução que a Alemanha tomará será a da sua saída unilateral, e os recentes desenvolvimentos reforçam a nossa convicção, a saber:
1. Os juros de países como a França, Áustria, Itália, Espanha e Bélgica subiram para valores nunca antes vistos, isolando-os cada vez mais do núcleo seguro que constitui os países credíveis da União Europeia
2. Os juros do Mecanismo de Estabilização EFSF também atingiram novos recordes, reflectindo a desconfiança dos investidores e tornando-o um mecanismo de endividamento pouco interessante para a própria União Europeia.
3. O Banco Central Europeu está a ser "assediado" por toda a gente para que inicie o descontrolo monetário, imprimindo dinheiro para pagar dívidas de países sem acautelar o seu balanço e destruindo paulatinamente a credibilidade da moeda euro.
A Alemanha não conseguirá inverter esta situação porque são os próprios mercados já em desespero a boicotar compras de obrigações à espera que o BCE intervenha. A liquidez eclipsará dos mercados de obrigações e o BCE ficará cada vez mais entre a espada e a parede.
No momento que este inicie a impressão de moeda de forma descontrolada para salvar os países e pedir à Alemanha para o recapitalizar (senão a falência do BCE é inevitável, como tantas vezes escrevemos aqui no Contas) a Alemanha dirá basta, retomará o marco alemão e deixará o euro à sua sorte. A França também não quererá manter-se no euro sem a robustez da Alemanha e a moeda ficará sem credibilidade. É o adeus ao projecto euro.
Tiago Mestre
17 de novembro de 2011
Muita desgraça, poucas declarações!
Caros leitores e leitoras, o péssimo leilão que a Itália realizou no início desta semana, acompanhado com o aumento do spread do EFSF no mercado secundário, e a somar a tudo isto outro péssimo leilão que a Espanha realizou hoje, se tudo isto fosse há 1 mês, seria objecto de múltiplas declarações na imprensa dos líderes políticos europeus. Nestes dias pouco se tem falado e tal comportamento não é costume. Significa que a toalha já foi atirada ao chão? Se sim, o que é que andam a cozinhar nos bastidores?
Presumimos que em breve seremos brindados com declarações fortíssimas de Merkel ou Sarkozy. Aguardamos cenas dos próximos capítulos..
A propósito, o BCE voltou hoje às compras no mercado secundário, e em força, adquirindo obrigações italianas e espanholas. Veremos quantas horas é que o BCE consegue levitar o preço destas obrigações. Com estas aquisições certamente que o BCE já possui no seu portfolio mais de 200 mil milhões de obrigações "tóxicas". Bastará assumir perdas de 3% deste valor, que resulta num prejuízo para o BCE de 6 mil milhões, eclipsando o capital próprio do banco e tornando-o insolvente. Super Mario está a agir da maneira que nos aqui no Contas mais temíamos: comprar à maluca sem ter dinheiro e colocando o BCE cada vez mais como um banco falido. Parabéns pela boa gestão durante 2 semanas de direcção.
Tiago Mestre
Presumimos que em breve seremos brindados com declarações fortíssimas de Merkel ou Sarkozy. Aguardamos cenas dos próximos capítulos..
A propósito, o BCE voltou hoje às compras no mercado secundário, e em força, adquirindo obrigações italianas e espanholas. Veremos quantas horas é que o BCE consegue levitar o preço destas obrigações. Com estas aquisições certamente que o BCE já possui no seu portfolio mais de 200 mil milhões de obrigações "tóxicas". Bastará assumir perdas de 3% deste valor, que resulta num prejuízo para o BCE de 6 mil milhões, eclipsando o capital próprio do banco e tornando-o insolvente. Super Mario está a agir da maneira que nos aqui no Contas mais temíamos: comprar à maluca sem ter dinheiro e colocando o BCE cada vez mais como um banco falido. Parabéns pela boa gestão durante 2 semanas de direcção.
Tiago Mestre
15 de novembro de 2011
A manipulação agrava-se na União Europeia
Caros leitores e leitoras, a Comissão Europeia anunciou hoje um conjunto de medidas para restringir a liberdade de acção das agências de notação financeira.
Esta decisão, segundo a comissão, baseia-se no pressuposto de que a queda dos ratings das dívidas de alguns países agravou a sua crise de dívida, arrastando-os ainda mais para uma espiral de dificuldades.
Ora, este pressuposto é típico de gente que não quer reconhecer os erros cometidos e prefere arranjar um bode expiatório em quem pode descarregar as culpas. É verdade que as agências de rating aceleraram a espiral de dificuldades, mas essa é uma consequência inevitável das suas acções. Sendo instituições credíveis (que nem sempre o são), os investidores baseiam-se nas suas avaliações para decidir onde investir o seu dinheiro.
E no que respeita aos países europeus, é mais do que merecida a descida de rating. Foram os políticos, alguns deles agora nas instituições em Bruxelas, que ajudaram os seus países a tornarem-se totalmente insolventes. Não nos esqueçamos que:
1. Os países do euro violaram sistematicamente o Plano de Estabilidade e Crescimento durante a década que passou;
2. As despesas sociais foram sempre crescendo sem atender à respectiva cabimentação;
3. Os orçamentos públicos foram sucessivamente "estropiados" com a externalização de despesas e dívidas: a chamada desorçamentação;
3. No final de 2008 a Comissão Europeia, pela mão de Durão Barroso, sugeriu aos governos que se endividassem sem precedentes para tentarem sair da recessão o mais brevemente possível.
Foram cometidos erros monstruosos, uns atrás dos outros. Pena é que as agências de rating não tenham percebido antes da farsa que estava a acontecer. Chegaram tarde à festa e quiseram dar um grande impacto.
E agora temos uns tecnocratas não eleitos em Bruxelas a pedir que a liberdade de acção das mesmas seja restringida, certamente na tentativa de abafar os erros que a classe política tem feito durante todos estes anos. Chegou-se ao ponto de sugerirem uma suspensão temporária da notação de um país, caso esta ameaçasse a estabilidade do sistema financeiro da União Europeia ! Uma clausula destas daria a maior das liberdades aos líderes políticos.
A manipulação parece não ter limites na Europa, e quanto mais a classe política for criando estas regras para enganar os investidores, mais estes desconfiam das suas intenções. Os vigilantes das obrigações atacaram hoje a Espanha, a Itália, a França, a Aústria e a Bélgica. Ui, e como nós os compreendemos: quanto mais os enganamos, mais eles se vingam. " Não é com vinagre que se apanham moscas. "
A manipulação paga-se cara, mas há quem insista em repetir os mesmos erros até à naúsea.
Tiago Mestre
Esta decisão, segundo a comissão, baseia-se no pressuposto de que a queda dos ratings das dívidas de alguns países agravou a sua crise de dívida, arrastando-os ainda mais para uma espiral de dificuldades.
Ora, este pressuposto é típico de gente que não quer reconhecer os erros cometidos e prefere arranjar um bode expiatório em quem pode descarregar as culpas. É verdade que as agências de rating aceleraram a espiral de dificuldades, mas essa é uma consequência inevitável das suas acções. Sendo instituições credíveis (que nem sempre o são), os investidores baseiam-se nas suas avaliações para decidir onde investir o seu dinheiro.
E no que respeita aos países europeus, é mais do que merecida a descida de rating. Foram os políticos, alguns deles agora nas instituições em Bruxelas, que ajudaram os seus países a tornarem-se totalmente insolventes. Não nos esqueçamos que:
1. Os países do euro violaram sistematicamente o Plano de Estabilidade e Crescimento durante a década que passou;
2. As despesas sociais foram sempre crescendo sem atender à respectiva cabimentação;
3. Os orçamentos públicos foram sucessivamente "estropiados" com a externalização de despesas e dívidas: a chamada desorçamentação;
3. No final de 2008 a Comissão Europeia, pela mão de Durão Barroso, sugeriu aos governos que se endividassem sem precedentes para tentarem sair da recessão o mais brevemente possível.
Foram cometidos erros monstruosos, uns atrás dos outros. Pena é que as agências de rating não tenham percebido antes da farsa que estava a acontecer. Chegaram tarde à festa e quiseram dar um grande impacto.
E agora temos uns tecnocratas não eleitos em Bruxelas a pedir que a liberdade de acção das mesmas seja restringida, certamente na tentativa de abafar os erros que a classe política tem feito durante todos estes anos. Chegou-se ao ponto de sugerirem uma suspensão temporária da notação de um país, caso esta ameaçasse a estabilidade do sistema financeiro da União Europeia ! Uma clausula destas daria a maior das liberdades aos líderes políticos.
A manipulação parece não ter limites na Europa, e quanto mais a classe política for criando estas regras para enganar os investidores, mais estes desconfiam das suas intenções. Os vigilantes das obrigações atacaram hoje a Espanha, a Itália, a França, a Aústria e a Bélgica. Ui, e como nós os compreendemos: quanto mais os enganamos, mais eles se vingam. " Não é com vinagre que se apanham moscas. "
A manipulação paga-se cara, mas há quem insista em repetir os mesmos erros até à naúsea.
Tiago Mestre
14 de novembro de 2011
BCE - Banco "mãos largas", mas com "bolsos vazios" (Parte5)
Caros leitores e leitoras, aqui no Contas temos dado bastante atenção a ideologias "baratas" que alguns políticos não se cansam de referir, na tentativa de refutá-las e esclarecer melhor os leitores.
A cabal esclarecimento da impressão ou não de moeda pelo BCE para salvar as dívidas problemáticas é da maior importância para nós, e para todos os apologistas desta opção política, temos mais dois gráficos para exemplificar como tal operação não é eficaz, cortesia do site zerohedge:
Neste gráfico comparamos o balanço da Reserva Federal com o balanço do Banco Central Europeu. Aqui, mais uma vez verificamos que o BCE não tem sido tímido em aumentar o seu balanço. A Reserva Federal tomou a dianteira em 2008 com os múltiplos resgates que efectuou e sabemos que a economia e as contas públicas americanas continuam em muito má forma, bem pior do que antes de 2008.
Em conclusão: com políticas de impressão massiva de dinheiro não é possível afirmar que o défice baixa, que a dívida cai e que a economia e o emprego florescem. A realidade não nos transmite isso, bem antes pelo contrário, toda essa impressão de dinheiro serve para alimentar bancos de investimento que depois apostam na aquisição de petróleo, metais preciosos, metais para a indústria, bens alimentares, gerando a tal inflação que acabará por afectar o cidadão comum mais cedo ou mais tarde.
Tiago Mestre
A cabal esclarecimento da impressão ou não de moeda pelo BCE para salvar as dívidas problemáticas é da maior importância para nós, e para todos os apologistas desta opção política, temos mais dois gráficos para exemplificar como tal operação não é eficaz, cortesia do site zerohedge:
Neste gráfico fica bem evidente que a aquisição de dívida problemática pelo BCE não é de agora. O 3º trimestre de 2011 foi particularmente intenso na compra de obrigações, totalizando já 200 mil milhões de obrigações "tóxicas" no portfolio do BCE. Para aqueles que afirmam que o BCE deve adquirir dívida problemática para "salvar" os países já chegam tarde à festa, porque essa opção há muito que foi posta em prática e resultados... muito poucos, à excepção de que se vai adiando inevitável, um dia após o outro.
Em conclusão: com políticas de impressão massiva de dinheiro não é possível afirmar que o défice baixa, que a dívida cai e que a economia e o emprego florescem. A realidade não nos transmite isso, bem antes pelo contrário, toda essa impressão de dinheiro serve para alimentar bancos de investimento que depois apostam na aquisição de petróleo, metais preciosos, metais para a indústria, bens alimentares, gerando a tal inflação que acabará por afectar o cidadão comum mais cedo ou mais tarde.
Tiago Mestre
Evolução pouco natural no preço do petróleo
Caros leitores e leitoras, o preço do petróleo, sobretudo do crude transaccionado nos Estados Unidos, tem subido de valor de forma bastante acentuada no mês que passou e até ao dia de hoje. Passou de mínimos de 76 dólares para estar actualmente a transaccionar quase a 100 dólares o barril. Há algo de esquisito nesta história. Os indicadores macro-económicos mantêm-se pessimistas quanto ao crescimento das economias e nenhuma notícia do lado do abastecimento de petróleo indiciou que algum problema estaria no horizonte.
Deduzimos que a única força capaz de fazer subir o preço desta maneira seja a questão do Irão e do seu programa nuclear, com a possibilidade de eclodir algum tipo de conflito militar. Aguardamos cenas dos próximos capítulos.
Tiago Mestre
Deduzimos que a única força capaz de fazer subir o preço desta maneira seja a questão do Irão e do seu programa nuclear, com a possibilidade de eclodir algum tipo de conflito militar. Aguardamos cenas dos próximos capítulos.
Tiago Mestre
13 de novembro de 2011
Mario Monti - a cleptocracia deseja-te
Caros leitores e leitoras, é oficial:
Mario Monti, ex-conselheiro do banco Goldman Sachs e ex-comissário da União Europeia foi indigitado como primeiro ministro de Itália. Pelo povo? Não, isso dava muito trabalho e ponha os mercados novamente à beira de um ataque de nervos. Foi indigitado pelos seus pares.
Nada melhor para a democracia italiana do que alguém que tem no seu "cadastro" uma grande aprendizagem das artimanhas financeiras da Goldman Sachs e da instituição talvez menos democrática no espaço europeu: a comissão europeia.
Tiago Mestre
Mario Monti, ex-conselheiro do banco Goldman Sachs e ex-comissário da União Europeia foi indigitado como primeiro ministro de Itália. Pelo povo? Não, isso dava muito trabalho e ponha os mercados novamente à beira de um ataque de nervos. Foi indigitado pelos seus pares.
Nada melhor para a democracia italiana do que alguém que tem no seu "cadastro" uma grande aprendizagem das artimanhas financeiras da Goldman Sachs e da instituição talvez menos democrática no espaço europeu: a comissão europeia.
Tiago Mestre
BCE - Banco "mãos largas", mas com "bolsos vazios" (Parte4)
Caros leitores e leitoras, é com desprazer que informamos que o clube dos "mãos largas" com "bolsos vazios" tem mais um membro: Dr. José Seguro.
Numa notícia da edição online do Diário Económico, Seguro afirma o seu apoio à impressão de moeda, sendo certo para este o único problema chama-se inflação, e portanto um aumento da inflação é um justo preço a pagar pelo "salvamento" de Portugal.
Infelizmente para Seguro, nem a inflação é coisa de menor importância nem a compra de dívida salvará um qualquer país. É pena que líderes com esta importância venham dizer estas coisas para o público, porque a ideologia é errada, as consequências da aplicação deste tipo de políticas também são erradas e imprime nas populações a ideia de que o BCE podia facilitar, dar um "jeitinho" a Portugal, mas só não o faz porque quer agradar à Sra. Merkel.
O plano infantil em que a discussão é colocada pelos políticos nos media sobre assuntos tão sérios e tão complexos é confrangedor, não beneficiando em nada o devido esclarecimento e trazendo mais ruído à discussão.
A verdade é que não existe um único caso na história dos países em que a impressão de moeda tenha resolvido os problemas estruturais de que padeciam. Não equilibra o orçamento nem reduz a dívida mas destrói a moeda, descredibiliza o país, retrai investimento, aumenta os preços de bens e energia e reduz o poder de compra. No fundo, a inflação é um imposto sobre as transacções, uma espécie de aumento "encapotado" do IVA.
Pedimos aos leitores que relativizem estas sugestões fáceis do líder do Partido Socialista. Os problemas que temos nunca se resolveriam com este passo de magia.
Tiago Mestre
Numa notícia da edição online do Diário Económico, Seguro afirma o seu apoio à impressão de moeda, sendo certo para este o único problema chama-se inflação, e portanto um aumento da inflação é um justo preço a pagar pelo "salvamento" de Portugal.
Infelizmente para Seguro, nem a inflação é coisa de menor importância nem a compra de dívida salvará um qualquer país. É pena que líderes com esta importância venham dizer estas coisas para o público, porque a ideologia é errada, as consequências da aplicação deste tipo de políticas também são erradas e imprime nas populações a ideia de que o BCE podia facilitar, dar um "jeitinho" a Portugal, mas só não o faz porque quer agradar à Sra. Merkel.
O plano infantil em que a discussão é colocada pelos políticos nos media sobre assuntos tão sérios e tão complexos é confrangedor, não beneficiando em nada o devido esclarecimento e trazendo mais ruído à discussão.
A verdade é que não existe um único caso na história dos países em que a impressão de moeda tenha resolvido os problemas estruturais de que padeciam. Não equilibra o orçamento nem reduz a dívida mas destrói a moeda, descredibiliza o país, retrai investimento, aumenta os preços de bens e energia e reduz o poder de compra. No fundo, a inflação é um imposto sobre as transacções, uma espécie de aumento "encapotado" do IVA.
Pedimos aos leitores que relativizem estas sugestões fáceis do líder do Partido Socialista. Os problemas que temos nunca se resolveriam com este passo de magia.
Tiago Mestre
12 de novembro de 2011
Berlusconi - a cleptocracia não te quis
Caros leitores e leitoras, caso a Europa se tenha esquecido, é só para lembar que o Sr. Berlusconi foi eleito em sufrágio democrático, após um ano e meio de (não) governação da coligação de esquerda, liderada pelo Sr. Romano Prodi, esse grande líder europeu. Durante esse ano e meio a Itália parou, bloqueou politicamente, nada era decidido, nada era executado. Foi assim que Berlusconi voltou ao poder, porque a oportunidade que foi dada à coligação de esquerda colapsou.
Com isto não queremos mostrar o nosso apoio a Berlusconi, mas sim à democracia. Com todas estas tergiversações em Itália, a democracia foi mais uma vez deitada para o caixote do lixo, e em nome do quê? Supostamente dos mercados, que têm que acalmar. Mas alguém acredita que a saída do indivíduo Berlusconi trará alguma mudança para melhor, mesmo no contexto actual em que vivemos? Nós aqui no contas não acreditamos.
Esta foi mais uma operação de aniquilação da democracia italiana, que já de si estava em coma devido à dívida massiva que os políticos italianos impuseram ao seu país. Quando um país está excessivamente endividado e nãso consegue inverter essa espiral torna-se cada vez menos credível aos olhos de quem lhes empresta dinheiro. Esta forte dependência deixa a democracia em suspenso e abre portas à cleptocracia. Foi assim com a Grécia, Irlanda e Portugal e não escapará a Itália, depois a Espanha, a França, o Reino Unido os Estados Unidos, etc, etc. A lista é enorme.
Tiago Mestre
Com isto não queremos mostrar o nosso apoio a Berlusconi, mas sim à democracia. Com todas estas tergiversações em Itália, a democracia foi mais uma vez deitada para o caixote do lixo, e em nome do quê? Supostamente dos mercados, que têm que acalmar. Mas alguém acredita que a saída do indivíduo Berlusconi trará alguma mudança para melhor, mesmo no contexto actual em que vivemos? Nós aqui no contas não acreditamos.
Esta foi mais uma operação de aniquilação da democracia italiana, que já de si estava em coma devido à dívida massiva que os políticos italianos impuseram ao seu país. Quando um país está excessivamente endividado e nãso consegue inverter essa espiral torna-se cada vez menos credível aos olhos de quem lhes empresta dinheiro. Esta forte dependência deixa a democracia em suspenso e abre portas à cleptocracia. Foi assim com a Grécia, Irlanda e Portugal e não escapará a Itália, depois a Espanha, a França, o Reino Unido os Estados Unidos, etc, etc. A lista é enorme.
Tiago Mestre
11 de novembro de 2011
BCE - Banco "mãos largas", mas com "bolsos vazios" (Parte3)
Caros leitores e leitoras, após se terem esgotado todos os remédios que havia para curar uma pneumonia chamada Crise na União Europeia que temia em agravar-se todos os dias, recebemos notícias de que mais e mais personalidades se juntam à equipa dos que defendem uma impressão ilimitada de euros, custo o que custar.
Ainda hoje ouvimos Durão Barroso a pedir ao BCE para que seja mais activo em resgatar as dívidas de países. Humm, mas não foi Durão Barroso que promoveu e aprovou o Tratado de Lisboa? É que lá está escrito preto no branco que o BCE não pode adquirir dívida soberana, nem mesmo "às escondidas" como andam a fazer desde 2010.
Depois foi Cavaco Silva, esse grande economista da nossa praça. Se pouca credibilidade possuía, com afirmações destas significa que perdeu o pouco que restava, tendo há muito vendido a alma ao diabo. Ele sabe melhor que ninguém as consequências de imprimir moeda, mas as circunstâncias obrigam-no a esquecer-se dos princípios e dos meios utilizados para ver se atinge um qualquer fim.
E para fechar, o maior fã planetário de impressão de moeda também falou hoje: o laureado economista Paul Krugman. Este senhor é de longe a individualidade que mais aprecia este tipo de operação monetária. Infelizmente ainda não se deu ao trabalho de correlacionar as desastrosas consequências da economia americana na actualidade com este tipo de políticas. E parece que quer aplicar a mesma receita à Europa.
Desafio os leitores a referir um caso, num país ou grupo de países, que na sua história tenha implementado políticas de expansão monetária para liquidar dívidas e resgatar bancos e que tenha resolvido os seus problemas estruturais, retomando um caminho de equilíbrio orçamental e crescimento de economia.
Com casos de insucesso está a história recheada: Jugoslávia no final da década de 90, Zimbabwe há poucos anos, Alemanha em 1923, etc.
A verdade é que este tipo de política representa a política do facilitismo, de tapar um erro com outro erro, de adiar o inevitável mais um dia, na esperança que um milagre apareça e resolva tudo por magia. Basicamente, é uma política de gente incompetente. Lamentamos que a ideia esteja a pegar como um "meme". Nós aqui no Contas tudo faremos para contrabalançar esta avalanche de incompetência e má moral.
Tiago Mestre
Ainda hoje ouvimos Durão Barroso a pedir ao BCE para que seja mais activo em resgatar as dívidas de países. Humm, mas não foi Durão Barroso que promoveu e aprovou o Tratado de Lisboa? É que lá está escrito preto no branco que o BCE não pode adquirir dívida soberana, nem mesmo "às escondidas" como andam a fazer desde 2010.
Depois foi Cavaco Silva, esse grande economista da nossa praça. Se pouca credibilidade possuía, com afirmações destas significa que perdeu o pouco que restava, tendo há muito vendido a alma ao diabo. Ele sabe melhor que ninguém as consequências de imprimir moeda, mas as circunstâncias obrigam-no a esquecer-se dos princípios e dos meios utilizados para ver se atinge um qualquer fim.
E para fechar, o maior fã planetário de impressão de moeda também falou hoje: o laureado economista Paul Krugman. Este senhor é de longe a individualidade que mais aprecia este tipo de operação monetária. Infelizmente ainda não se deu ao trabalho de correlacionar as desastrosas consequências da economia americana na actualidade com este tipo de políticas. E parece que quer aplicar a mesma receita à Europa.
Desafio os leitores a referir um caso, num país ou grupo de países, que na sua história tenha implementado políticas de expansão monetária para liquidar dívidas e resgatar bancos e que tenha resolvido os seus problemas estruturais, retomando um caminho de equilíbrio orçamental e crescimento de economia.
Com casos de insucesso está a história recheada: Jugoslávia no final da década de 90, Zimbabwe há poucos anos, Alemanha em 1923, etc.
A verdade é que este tipo de política representa a política do facilitismo, de tapar um erro com outro erro, de adiar o inevitável mais um dia, na esperança que um milagre apareça e resolva tudo por magia. Basicamente, é uma política de gente incompetente. Lamentamos que a ideia esteja a pegar como um "meme". Nós aqui no Contas tudo faremos para contrabalançar esta avalanche de incompetência e má moral.
Tiago Mestre
10 de novembro de 2011
Capitalismo - o bode espiatório do socialismo
Caros leitores e leitoras, com todas as pressões que se estão a acumular pelo mundo inteiro de que o sistema está na iminência de falhar e que poderemos ter um desastre sistémico mundial, as vozes dos apologistas das impressoras de dinheiro começam a fazer-se a ouvir com cada vez mais intensidade.
Cremos aqui no Contas que o ser humano, neste tipo de encruzilhada, se deixará levar pelo peso das circunstâncias e colocará os princípios e a ética bem guardados no guarda-fatos. A 7 de Outubro já tínhamos escrito que as coisas encaminham-se para uma impressão massiva de moeda, tanto pelos países ocidentais como pelos emergentes, já que estes não vêm outra alternativa senão continuar a acompanhar a desvalorização do dólar.
É que à medida que as dívidas soberanas forem colapsando, bancos e instituições financeiras falirem em catadupa e os mercados de acções verem dias negros sucessivos, a tentação dos políticos em aplicar a "bomba atómica" será cada vez maior. É verdade que nos últimos 4 anos já muito dinheiro se imprimiu para resgatar variadíssimas instituições, mas os problemas apenas se adiaram e nada ficou resolvido. Não havendo outra solução no horizonte, iremos continuar a utilizar a mesma, que não é solução nenhuma. Cremos que os políticos ainda acreditam que há muitos países que podem importar alguma da inflação que está a ser provocada nos EUA e na Europa e portanto imprimir mais alguns biliões não fará muita mossa interna.
Esta tem sido a política dos bancos centrais ocidentais porque a globalização lhes permite esta "exportação" de moeda para outros países, e enquanto a globalização os acomodar nesta viagem e a inflação não atacar fortemente os seus próprios países, continua-se a fazer asneira.
Assistimos na imprensa em geral a uma "demonização" do capitalismo e da sua falta de regulação, mas estamos em crer que o problema está a ser visto pela perspectiva errada. Quem está a deixar o capitalismo muito mal é o socialismo praticado por políticos que se apoiam em teorias económicas "keynesianas". Então vejamos:
Quem é que permitiu que governos criassem défices sistematicamente ano após ano? A classe política.
Quem é que promoveu planos de acção social, como subsídios, apoios a desfavorecidos e outros sem ter as receitas suficientes da economia privada? A classe política.
Quem criou esquemas de remuneração de reformas que não podem ser financiadas com os descontos que todos nós fazemos obrigatoriamente? A classe política.
Quem é que se apoiou em endividamento para financiar todas estas extravagâncias? A classe política.
Quem é que ajudou a que os bancos se tornassem instituições de vital importância para os Estados soberanos, tornando-os profundamente dependentes? A classe política.
Quem é que permitiu aos banqueiros jogar com os políticos como se estes fossem meros pedintes? A classe política.
Quem é que baixou as taxas de juro dos bancos centrais para "estimular" a economia? A classe política.
Quem é que emprestou dinheiro sem critério a bancos, tornando-os entidades gigantescas? A classe política.
Quem permitiu que os bancos de investimento se fundissem com os bancos de retalho onde as pessoas guardam os seus depósitos? A classe política.
Quem promoveu políticas para que se emprestasse dinheiro a pessoas sem condições de o pagar? A classe política.
Quem permitiu que se abrisse o comércio a países que tinham condições laborais totalmente dispares das praticadas no mundo ocidental, não salvaguardando que as regras do jogo fossem iguais para todos? A classe política.
Quem criou as condições para que os investidores se deslocalizassem de países com custos laborais mais caros para outros mais baratos? A classe política.
Quem é que resgatou as instituições financeiras quando estas estavam falidas? A classe política.
Quem é responsável por deixar os lucros no privado e socializar os prejuízos quando os alguns privados se vêm em apuros? A classe política.
Quem tem o poder de imprimir dinheiro e financiar quem bem lhe apetece, às custas dos contribuintes? A classe política.
Quem permite que as off-shore e os paraísos fiscais se mantenham no activo, violando as regras do jogo capitalista? A classe política.
A lista continua...
Se o capitalismo for interrompido no ocidente, arrastando as democracias com ele, o seu carrasco terá sido o pior dos socialismos, o falso socialismo que julga que o Estado sabe conduzir melhor o destino dos dinheiros amealhados pelos que empreendem, que investem, que arriscam e que geram riqueza, entregando-os a quem julgam que não sabe trabalhar e que não sabe gerar riqueza.
No fim das contas teremos os contribuintes a odiar fazer descontos para o estado e os beneficiários a adorar viver do estado sem se preocupar com horários e responsabilidades. Esta transferência de riqueza é imoral, insustentável e cria as condições para que os ricos escondam todo o seu património para evitar tributação e os pobres exponham toda a sua miséria, sobretudo a falsa, para receber subsídio.
Tiago Mestre
Cremos aqui no Contas que o ser humano, neste tipo de encruzilhada, se deixará levar pelo peso das circunstâncias e colocará os princípios e a ética bem guardados no guarda-fatos. A 7 de Outubro já tínhamos escrito que as coisas encaminham-se para uma impressão massiva de moeda, tanto pelos países ocidentais como pelos emergentes, já que estes não vêm outra alternativa senão continuar a acompanhar a desvalorização do dólar.
É que à medida que as dívidas soberanas forem colapsando, bancos e instituições financeiras falirem em catadupa e os mercados de acções verem dias negros sucessivos, a tentação dos políticos em aplicar a "bomba atómica" será cada vez maior. É verdade que nos últimos 4 anos já muito dinheiro se imprimiu para resgatar variadíssimas instituições, mas os problemas apenas se adiaram e nada ficou resolvido. Não havendo outra solução no horizonte, iremos continuar a utilizar a mesma, que não é solução nenhuma. Cremos que os políticos ainda acreditam que há muitos países que podem importar alguma da inflação que está a ser provocada nos EUA e na Europa e portanto imprimir mais alguns biliões não fará muita mossa interna.
Esta tem sido a política dos bancos centrais ocidentais porque a globalização lhes permite esta "exportação" de moeda para outros países, e enquanto a globalização os acomodar nesta viagem e a inflação não atacar fortemente os seus próprios países, continua-se a fazer asneira.
Assistimos na imprensa em geral a uma "demonização" do capitalismo e da sua falta de regulação, mas estamos em crer que o problema está a ser visto pela perspectiva errada. Quem está a deixar o capitalismo muito mal é o socialismo praticado por políticos que se apoiam em teorias económicas "keynesianas". Então vejamos:
Quem é que permitiu que governos criassem défices sistematicamente ano após ano? A classe política.
Quem é que promoveu planos de acção social, como subsídios, apoios a desfavorecidos e outros sem ter as receitas suficientes da economia privada? A classe política.
Quem criou esquemas de remuneração de reformas que não podem ser financiadas com os descontos que todos nós fazemos obrigatoriamente? A classe política.
Quem é que se apoiou em endividamento para financiar todas estas extravagâncias? A classe política.
Quem é que ajudou a que os bancos se tornassem instituições de vital importância para os Estados soberanos, tornando-os profundamente dependentes? A classe política.
Quem é que permitiu aos banqueiros jogar com os políticos como se estes fossem meros pedintes? A classe política.
Quem é que baixou as taxas de juro dos bancos centrais para "estimular" a economia? A classe política.
Quem é que emprestou dinheiro sem critério a bancos, tornando-os entidades gigantescas? A classe política.
Quem permitiu que os bancos de investimento se fundissem com os bancos de retalho onde as pessoas guardam os seus depósitos? A classe política.
Quem promoveu políticas para que se emprestasse dinheiro a pessoas sem condições de o pagar? A classe política.
Quem permitiu que se abrisse o comércio a países que tinham condições laborais totalmente dispares das praticadas no mundo ocidental, não salvaguardando que as regras do jogo fossem iguais para todos? A classe política.
Quem criou as condições para que os investidores se deslocalizassem de países com custos laborais mais caros para outros mais baratos? A classe política.
Quem é que resgatou as instituições financeiras quando estas estavam falidas? A classe política.
Quem é responsável por deixar os lucros no privado e socializar os prejuízos quando os alguns privados se vêm em apuros? A classe política.
Quem tem o poder de imprimir dinheiro e financiar quem bem lhe apetece, às custas dos contribuintes? A classe política.
Quem permite que as off-shore e os paraísos fiscais se mantenham no activo, violando as regras do jogo capitalista? A classe política.
A lista continua...
Se o capitalismo for interrompido no ocidente, arrastando as democracias com ele, o seu carrasco terá sido o pior dos socialismos, o falso socialismo que julga que o Estado sabe conduzir melhor o destino dos dinheiros amealhados pelos que empreendem, que investem, que arriscam e que geram riqueza, entregando-os a quem julgam que não sabe trabalhar e que não sabe gerar riqueza.
No fim das contas teremos os contribuintes a odiar fazer descontos para o estado e os beneficiários a adorar viver do estado sem se preocupar com horários e responsabilidades. Esta transferência de riqueza é imoral, insustentável e cria as condições para que os ricos escondam todo o seu património para evitar tributação e os pobres exponham toda a sua miséria, sobretudo a falsa, para receber subsídio.
Tiago Mestre
9 de novembro de 2011
GAME OVER
Caros leitores e leitoras, há meses que aqui no Contas andávamos a aguardar pela primeira declaração política a referir uma separação de países dentro do euro. Tínhamos a profunda convicção de que seria inevitável, e as opções são basicamente duas: ou os países mais fortes forçam ou mais países mais fracos a abandonarem o euro, ou então os países mais fortes saem do euro e deixam a moeda à sorte dos países mais fracos.
A nossa inclinação sempre foi mais para a segunda opção, mas não, segundo uma notícia da Reuters, Angela Merkel e Sarkozy estão a pensar na primeira hipótese: expulsar os países mais fracos e tornar o euro uma moeda apenas reservada a um núcleo duro de países europeus.
Na imprensa internacional, muitos opinion makers desesperam, referindo que o Banco Central Europeu deve intervir em força asap. Oxalá Super Mario do BCE não lhes dê ouvidos e talvez o euro ainda sobreviva. Relembramos aos nossos leitores que num sistema capitalista os lucros são privados e os prejuízos também são privados. Não podemos privatizar os lucros e socializar os prejuízos, colocando o fardo em cima dos contribuintes. Contudo nos próximos dias teremos o mundo a vociferar para que Super Mario faça alguma coisa, já que se esgotaram todas as outras opções. Sugerimos a Super Mario e a Vítor Constâncio que não o façam porque... podem acabar na cadeia. O artigo 123º do Tratado de Lisboa proíbe explicitamente o resgate de países pelo BCE.
O escudo, o dracma, a peseta, a lira e outras moedas poderão muito bem estar de volta no curto prazo.
Portugal sofrerá consequência gravíssimas, tornando a recessão actual num mero passeio pelo parque. O país e as populações não estão preparados para isto.
URGE PENSAR NUM PLANO NACIONAL QUE CONTEMPLE:
1. A SAÍDA DE PORTUGAL DO EURO;
2. COLOCAR A MOEDA ESCUDO NOVAMENTE EM CIRCULAÇÃO;
3. IMPOR AOS CREDORES UM INCUMPRIMENTO GENERALIZADO DA DÍVIDA SOBERANA, TANTO DA TROIKA COMO DE INVESTIDORES PRIVADOS;
4. GARANTIR FORNECIMENTO DE BENS ALIMENTARES E ENERGIA;
5. MANTER AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS ESSENCIAIS À TONA DE ÁGUA COM O MÍNIMO DE FINANCIAMENTO, NOMEADAMENTE POLÍCIA, TRIBUNAIS E ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS.
Tiago Mestre
A nossa inclinação sempre foi mais para a segunda opção, mas não, segundo uma notícia da Reuters, Angela Merkel e Sarkozy estão a pensar na primeira hipótese: expulsar os países mais fracos e tornar o euro uma moeda apenas reservada a um núcleo duro de países europeus.
Na imprensa internacional, muitos opinion makers desesperam, referindo que o Banco Central Europeu deve intervir em força asap. Oxalá Super Mario do BCE não lhes dê ouvidos e talvez o euro ainda sobreviva. Relembramos aos nossos leitores que num sistema capitalista os lucros são privados e os prejuízos também são privados. Não podemos privatizar os lucros e socializar os prejuízos, colocando o fardo em cima dos contribuintes. Contudo nos próximos dias teremos o mundo a vociferar para que Super Mario faça alguma coisa, já que se esgotaram todas as outras opções. Sugerimos a Super Mario e a Vítor Constâncio que não o façam porque... podem acabar na cadeia. O artigo 123º do Tratado de Lisboa proíbe explicitamente o resgate de países pelo BCE.
O escudo, o dracma, a peseta, a lira e outras moedas poderão muito bem estar de volta no curto prazo.
Portugal sofrerá consequência gravíssimas, tornando a recessão actual num mero passeio pelo parque. O país e as populações não estão preparados para isto.
URGE PENSAR NUM PLANO NACIONAL QUE CONTEMPLE:
1. A SAÍDA DE PORTUGAL DO EURO;
2. COLOCAR A MOEDA ESCUDO NOVAMENTE EM CIRCULAÇÃO;
3. IMPOR AOS CREDORES UM INCUMPRIMENTO GENERALIZADO DA DÍVIDA SOBERANA, TANTO DA TROIKA COMO DE INVESTIDORES PRIVADOS;
4. GARANTIR FORNECIMENTO DE BENS ALIMENTARES E ENERGIA;
5. MANTER AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS ESSENCIAIS À TONA DE ÁGUA COM O MÍNIMO DE FINANCIAMENTO, NOMEADAMENTE POLÍCIA, TRIBUNAIS E ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS.
Tiago Mestre
E na dança das cadeiras europeias, a seguir à Itália quem será?... a França
Caros leitores e leitoras, as obrigações italianas continuam a ser despejadas a toda a velocidade pelos investidores que ainda as possuem. Ninguém hoje quer esse lixo "tóxico".
Não nos surpreende, e até achamos que esta seria a tendência natural após os resultados da cimeira europeia de 27 Outubro em que se pediu aos bancos que perdoassem 50% da dívida grega sem lhes oferecer nada em troca. A somar a esta medida tivemos a confusão grega na semana seguinte e o fracasso da cimeira do G20. Com tudo somado criaram-se as condições para os investidores entram no modo pânico e quererem vender as obrigações italianas a qualquer preço. A taxa de juro a 10 anos já ultrapassa os 7% e nenhum investidor quer ficar até ao fim para ver os seus investimentos evaporarem. Não há dinheiro para salvar uma dívida desta dimensão e só nos resta esperar por um incumprimento generalizado dos países com dívidas em apuros, mas o filme ainda não termina aqui. A seguir à Itália quem estará na fila de espera? A França, conforme os gráficos abaixo nos fazem crer, cortesia do site Zerohedge:
O gráfico abaixo mostra a evolução da diferença de spread entre as obrigações francesas e alemãs num espaço de 6 horas. Quanto maior for a diferença, mais "perigosas" se tornam as obrigações francesas. Actualmente rondam os 147 pontos base. Quando este indicador subir para perto dos 350 a 400 pontos base de diferença, também estas obrigações se tornarão alvo de despejo, arrastando a segunda maior economia do euro para a bancarrota. Nada a fazer, tarde de mais!
Tiago Mestre
Não nos surpreende, e até achamos que esta seria a tendência natural após os resultados da cimeira europeia de 27 Outubro em que se pediu aos bancos que perdoassem 50% da dívida grega sem lhes oferecer nada em troca. A somar a esta medida tivemos a confusão grega na semana seguinte e o fracasso da cimeira do G20. Com tudo somado criaram-se as condições para os investidores entram no modo pânico e quererem vender as obrigações italianas a qualquer preço. A taxa de juro a 10 anos já ultrapassa os 7% e nenhum investidor quer ficar até ao fim para ver os seus investimentos evaporarem. Não há dinheiro para salvar uma dívida desta dimensão e só nos resta esperar por um incumprimento generalizado dos países com dívidas em apuros, mas o filme ainda não termina aqui. A seguir à Itália quem estará na fila de espera? A França, conforme os gráficos abaixo nos fazem crer, cortesia do site Zerohedge:
Tiago Mestre
Se a Grécia sai do euro... Portugal terá que seguir os seus passos
Caros leitores e leitoras, desde há 2 semanas que os líderes políticos decidiram soltar a sua honestidade e começaram a abrir o jogo. Pela primeira vez colocou-se a hipótese da Grécia sair do euro, de forma frontal e directa. Tais declarações seriam consideradas um sacrilégio há apenas 1 ano, mas ganham agora cada vez mais força. Neste momento, e da forma como estão as coisas, parece-nos inevitável que tal ocorra, mas fica a questão: e Portugal?
Bom, Portugal não terá outro remédio senão sair também do euro. Este fenómeno de contágio entre países tem sido uma constante muito estável no desenvolvimento dos acontecimentos, e não há motivos para inferir o contrário.
Mas a grande razão pela qual Portugal terá que sair do euro é porque a Grécia é um grande competidor de Portugal no ... turismo. A Grécia regressando ao dracma verá uma forte desvalorização deste, tornando-se mais atractiva como destino turístico. Portugal, também fortemente dependente do turismo na sua economia terá que lhe seguir os passos. Aliás, os próprios investidores e os economistas da nossa praça rapidamente perceberão que se Portugal não lhe seguir os passos será altamente prejudicado por se manter numa moeda sobrevalorizada face ao dolar. Analisando os prós e contras desta opção, será preferível entrar em bancarrota na dívida denominada em euros desde que a economia do turismo (e outras, já agora) sobrevivam.
Aguardamos cenas dos próximos capítulos.
Tiago Mestre
Bom, Portugal não terá outro remédio senão sair também do euro. Este fenómeno de contágio entre países tem sido uma constante muito estável no desenvolvimento dos acontecimentos, e não há motivos para inferir o contrário.
Mas a grande razão pela qual Portugal terá que sair do euro é porque a Grécia é um grande competidor de Portugal no ... turismo. A Grécia regressando ao dracma verá uma forte desvalorização deste, tornando-se mais atractiva como destino turístico. Portugal, também fortemente dependente do turismo na sua economia terá que lhe seguir os passos. Aliás, os próprios investidores e os economistas da nossa praça rapidamente perceberão que se Portugal não lhe seguir os passos será altamente prejudicado por se manter numa moeda sobrevalorizada face ao dolar. Analisando os prós e contras desta opção, será preferível entrar em bancarrota na dívida denominada em euros desde que a economia do turismo (e outras, já agora) sobrevivam.
Aguardamos cenas dos próximos capítulos.
Tiago Mestre
8 de novembro de 2011
... sobre a eliminação dos subsídios de Natal e de Férias
Caros leitores e leitoras, uma das medidas inscritas para o orçamento de estado de 2012 obrigará à supressão dos 2 subsídios (Natal e Férias) aos funcionários públicos e aposentados.
Contudo, cedo se percebeu que várias personalidades políticas discordavam da medida porque esta apenas se cingia aos funcionários públicos e aposentados, quando deveria abranger também os trabalhadores do privado.
Esta ideia tem ganho voz na imprensa, e provavelmente veremos algum tipo de alteração no Orçamento de Estado para acomodar estas sugestões, contudo, achamos aqui no Contas que tal cenário não responde aos problemas com que nos deparamos, a saber:
O principal problema do Estado actualmente é que possui uma diferença entre receitas e despesas de 15 mil milhões de euros, ano após ano. Esta diferença tem obrigatoriamente que ser encurtada para próximo de 0, e para tal o estado toma e tomará um conjunto de medidas que tentarão ir nesse sentido. É discutível se as medidas são as correctas ou se poderiam ser diferentes, mas a questão de abranger os trabalhadores do privado neste corte dos subsídios significaria que o Estado na prática estaria a aumentar novamente os impostos, porque o que se trata aqui é de um imposto de 100% sobre estes rendimentos dos trabalhadores privados.
Ora, tanto quanto sabemos, o Estado tem um problema de excesso de despesa, e não de impostos baixos, ou seja, o problema não se resolverá com o aumento dos impostos porque o Estado já possui uma presença de 50% na economia, mas sim na redução da sua despesa, que actualmente se cifra nos 80 mil milhões de euros anuais e deverá descer para valores entre os 55 a 60 mil milhões, isto no curto prazo. Porque no longo prazo a despesa do Estado deverá descer ainda mais, para que não exceda os 30 a 35% do PIB.
É portanto uma obrigação do Estado baixar a sua despesa porque é esse o seu problema, e se para tal decide a supressão dos subsídios dos "seus" trabalhadores, essa é uma decisão sua.
Quem quer imputar essa responsabilidade à generalidade dos trabalhadores só porque é mais "justo" e mais equitativo, penso que está a fazer um mau uso do termo justiça, porque esta deseja garantir igualdade entre cidadãos, na medida em que cada um deve respeitar um conjunto de leis, e no caso de as quebrar terá que se lhe fazer "justiça" para que a convivência entre cidadãos tenda para a igualdade entre estes, ou por outras palavras, a justiça deve garantir que o que é me é devido será dado, e o que não me é devido não me será dado.
Em função desta definição, se é o Estado que tem que resolver o seu problema de excesso de despesa face às receitas, é na despesa que deve sobretudo actuar, e não deve extravasar o seu âmbito de actuação para o aumento generalizado de impostos ao sector privado só porque estes devem "levar pela mesma tabela" dos do sector público.
Até compreendemos que se tenham de aumentar alguns impostos para que o esforço não seja todo do lado da despesa, mas essas medidas devem ser de carácter geral (tentar afectar todos por igual, como por exemplo no aumento do IVA ou IRS), mas devem existir apenas de forma temporária e transitória para não afundar ainda mais a economia no futuro.
Aumentar de forma definitiva os impostos, ano após ano, conduz à nacionalização da economia por via fiscal, e esse sistema ficará sempre muito mais próximo de um regime puramente fascista, em que o Estado controla todo o capital, do que num regime capitalista e tendencialmente democrático, em que a presença do Estado é mínima e o poder do povo se exerce na economia privada.
Tiago Mestre
Contudo, cedo se percebeu que várias personalidades políticas discordavam da medida porque esta apenas se cingia aos funcionários públicos e aposentados, quando deveria abranger também os trabalhadores do privado.
Esta ideia tem ganho voz na imprensa, e provavelmente veremos algum tipo de alteração no Orçamento de Estado para acomodar estas sugestões, contudo, achamos aqui no Contas que tal cenário não responde aos problemas com que nos deparamos, a saber:
O principal problema do Estado actualmente é que possui uma diferença entre receitas e despesas de 15 mil milhões de euros, ano após ano. Esta diferença tem obrigatoriamente que ser encurtada para próximo de 0, e para tal o estado toma e tomará um conjunto de medidas que tentarão ir nesse sentido. É discutível se as medidas são as correctas ou se poderiam ser diferentes, mas a questão de abranger os trabalhadores do privado neste corte dos subsídios significaria que o Estado na prática estaria a aumentar novamente os impostos, porque o que se trata aqui é de um imposto de 100% sobre estes rendimentos dos trabalhadores privados.
Ora, tanto quanto sabemos, o Estado tem um problema de excesso de despesa, e não de impostos baixos, ou seja, o problema não se resolverá com o aumento dos impostos porque o Estado já possui uma presença de 50% na economia, mas sim na redução da sua despesa, que actualmente se cifra nos 80 mil milhões de euros anuais e deverá descer para valores entre os 55 a 60 mil milhões, isto no curto prazo. Porque no longo prazo a despesa do Estado deverá descer ainda mais, para que não exceda os 30 a 35% do PIB.
É portanto uma obrigação do Estado baixar a sua despesa porque é esse o seu problema, e se para tal decide a supressão dos subsídios dos "seus" trabalhadores, essa é uma decisão sua.
Quem quer imputar essa responsabilidade à generalidade dos trabalhadores só porque é mais "justo" e mais equitativo, penso que está a fazer um mau uso do termo justiça, porque esta deseja garantir igualdade entre cidadãos, na medida em que cada um deve respeitar um conjunto de leis, e no caso de as quebrar terá que se lhe fazer "justiça" para que a convivência entre cidadãos tenda para a igualdade entre estes, ou por outras palavras, a justiça deve garantir que o que é me é devido será dado, e o que não me é devido não me será dado.
Em função desta definição, se é o Estado que tem que resolver o seu problema de excesso de despesa face às receitas, é na despesa que deve sobretudo actuar, e não deve extravasar o seu âmbito de actuação para o aumento generalizado de impostos ao sector privado só porque estes devem "levar pela mesma tabela" dos do sector público.
Até compreendemos que se tenham de aumentar alguns impostos para que o esforço não seja todo do lado da despesa, mas essas medidas devem ser de carácter geral (tentar afectar todos por igual, como por exemplo no aumento do IVA ou IRS), mas devem existir apenas de forma temporária e transitória para não afundar ainda mais a economia no futuro.
Aumentar de forma definitiva os impostos, ano após ano, conduz à nacionalização da economia por via fiscal, e esse sistema ficará sempre muito mais próximo de um regime puramente fascista, em que o Estado controla todo o capital, do que num regime capitalista e tendencialmente democrático, em que a presença do Estado é mínima e o poder do povo se exerce na economia privada.
Tiago Mestre
7 de novembro de 2011
BCE - Banco "mãos largas", mas com "bolsos vazios" (Parte2)
Caros leitores e leitoras, as nossas suspeitas sobre a conduta do Sr. Mario Draghi na liderança do BCE confirmaram-se, e logo na primeira semana. Suspeitaramos aqui e aqui que um homem de origem italiana teria dificuldades em afirmar-se como um independente e lutar pela credibilidade da instituição a que agora preside. Sabemos agora que na semana que passou o BCE comprou quase todos os dias obrigações italianas para que o preço destas não colapsasse, e de que valeu? Nada, à excepção de enterrar ainda mais a credibilidade do BCE.
Hoje, as obrigações a 10 anos já ultrapassaram os 6,6%, e só não subiram mais porque o BCE andou a comprar durante o dia. Actualmente, o BCE detém mais de 100 mil milhões de euros de obrigações italianas, uma barbaridade. Isto significa que imprimiu a mesma quantia em euros a partir do nada, e se um dia as quiser vender terá que o fazer por um preço mais baixo, já que estas perdem valor todos os dias no mercado.
Bastará o preço descer 10% (não deve faltar muito) para que o BCE tenha que registar perdas na ordem dos 10 mil milhões de euros só nas obrigações italianas. A este valor teremos que acrescentar as perdas das obrigações gregas, irlandesas, portuguesas e espanholas que o BCE também andou a comprar. Tudo somado já ultrapassará o capital próprio + reservas do BCE, que rondará os 6 mil milhões de euros, tornando a instituição insolvente. Apesar do BCE ter poder ilimitado para imprimir euros, a sua credibilidade reside na forma como gere as suas contas, e nessa área tudo tem feito para se afundar na tentativa de "salvar" uns quantos países da "ira" dos investidores. Não se salva país nenhum e destrói-se a moeda euro.
Bem nos parecia que colocar um italiano a gerir o BCE poderia criar... conflitos de interesse! Do português nem vale a pena comentar. Agora é tarde de mais.
Tiago Mestre
Hoje, as obrigações a 10 anos já ultrapassaram os 6,6%, e só não subiram mais porque o BCE andou a comprar durante o dia. Actualmente, o BCE detém mais de 100 mil milhões de euros de obrigações italianas, uma barbaridade. Isto significa que imprimiu a mesma quantia em euros a partir do nada, e se um dia as quiser vender terá que o fazer por um preço mais baixo, já que estas perdem valor todos os dias no mercado.
Bastará o preço descer 10% (não deve faltar muito) para que o BCE tenha que registar perdas na ordem dos 10 mil milhões de euros só nas obrigações italianas. A este valor teremos que acrescentar as perdas das obrigações gregas, irlandesas, portuguesas e espanholas que o BCE também andou a comprar. Tudo somado já ultrapassará o capital próprio + reservas do BCE, que rondará os 6 mil milhões de euros, tornando a instituição insolvente. Apesar do BCE ter poder ilimitado para imprimir euros, a sua credibilidade reside na forma como gere as suas contas, e nessa área tudo tem feito para se afundar na tentativa de "salvar" uns quantos países da "ira" dos investidores. Não se salva país nenhum e destrói-se a moeda euro.
Bem nos parecia que colocar um italiano a gerir o BCE poderia criar... conflitos de interesse! Do português nem vale a pena comentar. Agora é tarde de mais.
Tiago Mestre
Cimeira do G20 - EFSF chumbado
Caros leitores e leitoras, o EFSF foi oficialmente chumbado pelos países a quem a Europa estendeu a mão a pedir ajuda na cimeira do G20 que se realizou.
Não é de estranhar. Várias vezes aqui no Contas abordámos as falhas que este Fundo tinha, tanto como instrumento financeiro altamente duvidoso como pouco credível em termos políticos. Toda a gente sabe que o Fundo servirá para financiar a dívida de países em quem o mercado não acredita, e as garantias dadas pelos países europeus com notação AAA não são suficientes para convencer os investidores. Além disso, o montante do fundo, que tentaram que fosse alavancado com instrumentos financeiros exóticos, é insuficiente para proteger uma dívida gigantesca como a italiana, por exemplo.
É que já ninguém acredita nas pseudo-soluções que saem das cimeiras europeias;
Já ninguém acredita nas sucessivas declarações cor-de-rosa dos líderes europeus;
Já ninguém acredita que a dívida italiana se possa auto-financiar, o que até é verdade se se analisar o ritmo de crescimento do PIB e o ritmo de crescimento da dívida;
Já ninguém acredita que as dívidas dos países europeus problemáticos são para honrar, como se percebeu com o pedido da UE aos credores para perdoarem 50% da dívida grega.
Não nos cansamos de referir aqui no Contas de que urge à UE pensar num plano de desintegração do projecto da moeda única e dum incumprimento generalizado das dívidas dos países europeus. O plano servirá apenas para evitar o pior, sendo que o mau já irá acontecer. É preciso encarar a realidade com "realismo" e deixarmo-nos de fantasias ou quimeras. A matemática diz-nos que é tarde demais para compor a situação, só nos resta agora evitar o pior.
Tiago Mestre
Não é de estranhar. Várias vezes aqui no Contas abordámos as falhas que este Fundo tinha, tanto como instrumento financeiro altamente duvidoso como pouco credível em termos políticos. Toda a gente sabe que o Fundo servirá para financiar a dívida de países em quem o mercado não acredita, e as garantias dadas pelos países europeus com notação AAA não são suficientes para convencer os investidores. Além disso, o montante do fundo, que tentaram que fosse alavancado com instrumentos financeiros exóticos, é insuficiente para proteger uma dívida gigantesca como a italiana, por exemplo.
É que já ninguém acredita nas pseudo-soluções que saem das cimeiras europeias;
Já ninguém acredita nas sucessivas declarações cor-de-rosa dos líderes europeus;
Já ninguém acredita que a dívida italiana se possa auto-financiar, o que até é verdade se se analisar o ritmo de crescimento do PIB e o ritmo de crescimento da dívida;
Já ninguém acredita que as dívidas dos países europeus problemáticos são para honrar, como se percebeu com o pedido da UE aos credores para perdoarem 50% da dívida grega.
Não nos cansamos de referir aqui no Contas de que urge à UE pensar num plano de desintegração do projecto da moeda única e dum incumprimento generalizado das dívidas dos países europeus. O plano servirá apenas para evitar o pior, sendo que o mau já irá acontecer. É preciso encarar a realidade com "realismo" e deixarmo-nos de fantasias ou quimeras. A matemática diz-nos que é tarde demais para compor a situação, só nos resta agora evitar o pior.
Tiago Mestre
Mais um "mãos largas" - Professor Paul de Growe
Caros leitores e leitoras, a ânsia de salvar a todo o custo o projecto da moeda única teve hoje mais um episódio. Foi a vez do professor Paul de Growe, economista reconhecido e professor de economia da Universidade de Leuven vir defender em público a solução mais do que "evidente" para os problemas da Europa, e já agora, acrescentamos nós, da humanidade em geral: pôr o BCE a imprimir dinheiro, comprar dívida dos países em barda e manipular o mercado tanto quanto puder. A notícia vem na edição online do Diário Económico de hoje, e por ser extensa escusamo-nos a transcrevê-la.
Em síntese, Paul de Growe afirma que se o BCE não actuar, a zona euro morre porque nenhum país consegue suportar o aumento de juros das suas dívidas. Somos levados a concordar com a análise do problema, mas da solução já discordamos, porque a entrada do BCE não é solução nenhuma, apenas adia o inevitável. Não existe na história nenhum país que tenha aplicado a solução de imprimir dinheiro e que tenha resolvido a longo prazo os seus problemas estruturais. E não é por acaso do destino ou por incompetência na aplicação da solução; é porque a solução na sua essência trás mais desvantagens do que vantagens. É verdade que imprimir dinheiro no curto prazo livra-nos do peso de não conseguir obter financiamento para pagar as despesas, mas logo que os mercados tomam conhecimento desta operação, a destruição da credibilidade da moeda entra em acção e toda a gente quererá desfazer-se das suas notas e moedas. Qualquer pessoa quererá trocar as suas notas por bens hoje, em vez de o fazer amanhã, com receio de que o preço do bem suba significativamente.
Estamos longe deste cenário porque a impressão de dinheiro na UE tem sido tímida em comparação com a Reserva Federal dos Estados Unidos, que com a sua política de impressão massiva de moeda desde 2007 tem desvalorizado o dólar a uma velocidade difícil de acompanhar, gerando fenómenos de inflação planetários, como se viu em 2010 e 2011 com o preço do petróleo e de produtos alimentares. Contudo, o mundo ocidental depara-se com níveis de crescimento rastejantes, obrigando à estagnação de salários e por essa via limitando o aumento da inflação. Este fenómeno designa-se por "estagflação", ocorrendo em simultâneo um aumento do preço de bens e matérias primas e uma diminuição dos salários e do rendimento do trabalho.
Imprimir mais dinheiro não resolverá o problema de base que é a decadência das economias do ocidente, apenas adia o incumprimento dos países com dívidas problemáticas. Esta opção não se pode considerar como solução, é tão só tapar o sol com a peneira e não querer atacar os verdadeiros problemas que estão na base das economias ocidentais.
Se há dívidas de alguns países que são insustentáveis, é dever do mercado marcá-las como indesejáveis e torná-las desinteressantes para os investidores. Só assim se pune quem abusou e premeia quem fez o seu trabalho de casa. Portugal abusou muito, para nossa infelicidade, logo terá que entrar em incumprimento com os seus credores, obrigando-os a assumirem o prejuízo. O capitalismo é isso mesmo, uma busca permanente pelo mercado de um equilíbrio entre comprador e vendedor que induza confiança entre as partes.
Tiago Mestre
Em síntese, Paul de Growe afirma que se o BCE não actuar, a zona euro morre porque nenhum país consegue suportar o aumento de juros das suas dívidas. Somos levados a concordar com a análise do problema, mas da solução já discordamos, porque a entrada do BCE não é solução nenhuma, apenas adia o inevitável. Não existe na história nenhum país que tenha aplicado a solução de imprimir dinheiro e que tenha resolvido a longo prazo os seus problemas estruturais. E não é por acaso do destino ou por incompetência na aplicação da solução; é porque a solução na sua essência trás mais desvantagens do que vantagens. É verdade que imprimir dinheiro no curto prazo livra-nos do peso de não conseguir obter financiamento para pagar as despesas, mas logo que os mercados tomam conhecimento desta operação, a destruição da credibilidade da moeda entra em acção e toda a gente quererá desfazer-se das suas notas e moedas. Qualquer pessoa quererá trocar as suas notas por bens hoje, em vez de o fazer amanhã, com receio de que o preço do bem suba significativamente.
Estamos longe deste cenário porque a impressão de dinheiro na UE tem sido tímida em comparação com a Reserva Federal dos Estados Unidos, que com a sua política de impressão massiva de moeda desde 2007 tem desvalorizado o dólar a uma velocidade difícil de acompanhar, gerando fenómenos de inflação planetários, como se viu em 2010 e 2011 com o preço do petróleo e de produtos alimentares. Contudo, o mundo ocidental depara-se com níveis de crescimento rastejantes, obrigando à estagnação de salários e por essa via limitando o aumento da inflação. Este fenómeno designa-se por "estagflação", ocorrendo em simultâneo um aumento do preço de bens e matérias primas e uma diminuição dos salários e do rendimento do trabalho.
Imprimir mais dinheiro não resolverá o problema de base que é a decadência das economias do ocidente, apenas adia o incumprimento dos países com dívidas problemáticas. Esta opção não se pode considerar como solução, é tão só tapar o sol com a peneira e não querer atacar os verdadeiros problemas que estão na base das economias ocidentais.
Se há dívidas de alguns países que são insustentáveis, é dever do mercado marcá-las como indesejáveis e torná-las desinteressantes para os investidores. Só assim se pune quem abusou e premeia quem fez o seu trabalho de casa. Portugal abusou muito, para nossa infelicidade, logo terá que entrar em incumprimento com os seus credores, obrigando-os a assumirem o prejuízo. O capitalismo é isso mesmo, uma busca permanente pelo mercado de um equilíbrio entre comprador e vendedor que induza confiança entre as partes.
Tiago Mestre
4 de novembro de 2011
EFSF - O fundo sem fundo
Caros leitores e leitoras, apesar de aqui no Contas sermos descrentes acerca das políticas europeias que temos assistido pelas elites, ainda acreditávamos que na cimeira do G20 a Sra. Merkel e o Sr. Sarkozy conseguissem convencer potenciais parceiros para se envolverem na aquisição de obrigações do EFSF. Não é que acreditemos neste mecanismo de geração de dívida para liquidar dívida, mas pensávamos que pelo menos algum líder pesasse os prós e contras e percebesse que seria menos mau investir do que não investir.
Pelos vistos, mesmo pesando os prós e contras, ninguém quer "enterrar" dinheiro no EFSF, mesmo com a supervisão do FMI. E como nós os compreendemos.
O EFSF é um mecanismo que ainda ninguém sabe ao certo o que é. O que conhecemos do EFSF é a última versão que corre na imprensa da especialidade: um instrumento que actua como um seguro em caso do investidor perder até 20% do valor de uma obrigação que detenha. Ou seja, se eu comprar uma obrigação de um país a 10 euros e passado 1 mês o mercado secundário esteja a transaccioná-la a 8 euros, significando uma perda de 20%, o EFSF paga ao investidor a diferença: 2 euros. Mas se a obrigação descer abaixo dos 8 euros, a partir daí o EFSF já não se responsabiliza pelas perdas subsequentes. Este mecanismo é muito semelhante aos contratos de Credit Default Swaps (CDS), que servem como um seguro no caso do bem segurado perder valor. E não deixa de ser uma tremenda ironia que há 2 semanas que a UE decidiu banir a realização de novos contratos CDS sobre activos europeus. Suspeitamos que a UE não deseja competição nesta área de negócio!
Como se pode perceber, este mecanismo é duvidoso e cheio de rasteiras porque não se baseia em liquidez, mas sim numa promessa de que os países com notação AAA se chegarão à frente no caso das obrigações perderem o seu valor. Paralelamente, na cimeira de 27 de Outubro ficou decidido que os investidores que possuem obrigações da Grécia deverão, voluntariamente, declarar 50% desse valor como prejuízo, porque a UE não tem intenção de o pagar. A UE solicitou que esta operação fosse voluntária, e não obrigatória, porque assim esquiva-se à denúncia dos contratos CDS que falámos atrás, ou seja, como é voluntário, o investidor não pode accionar o seguro CDS. Este jogo é demasiado ambicioso e não acreditamos que consigam levar a sua avante, e porquê?
Porque os banqueiros e gestores de fundos sabem que a UE necessita deles para se financiar, e portanto não irão na conversa. Poderão pela frente dizer que concordam com a operação, mas por detrás não vemos vontade dessa malta em começar a registar perdas desta magnitude. Além disso, sentem-se encurralados porque não podem accionar os CDS, o que lhes permitia obter algum encaixe, em vez de ser só prejuízo. Suspeitamos que não irão registar as perdas, como não registaram quando se lhes pediu 21% de perdão em Julho da dívida grega. Preferem antes vendê-las ao desbarato, pelo menos não se perde tudo.
Os líderes europeus têm imenso medo das consequências no mercado de uma denúncia massiva dos contratos CDS. A memória ainda é fresca sobre o que se passou em 2008 com a seguradora AIG, que fez contratos CDS em larga escala, e que depois quando começaram a ser resgatados pelos investidores, a AIG viu-se, da noite para o dia, em falência.
Paralelamente, este acordo sobre o incumprimento de 50% da dívida grega cria um grande precedente que é a noção de que se hoje perdoam à Grécia, amanhã perdoarão à Itália, e depois de amanhã à Espanha, a Portugal e à Irlanda. Nenhum investidor quererá manter no seu portefolio obrigações destes países porque ninguém quer ficar na fila à espera que lhe digam que o seu investimento se evaporou. O BCE acaba por apoiar este sentimento, já que toda a gente sabe que este tem estado activamente a comprar no mercado secundário este "lixo" obrigacionista, manipulando todo o mercado, só para que o preço das mesmas não colapse num espaço de poucos dias. Na óptica do investidor, este é o melhor momento para vender obrigações. O BCE amanhã poderá lá não estar para as comprar, logo o melhor é vendê-las hoje. Este é o cenário que irá acontecer, mais cedo ou mais tarde, já não temos dúvidas.
No final da semana passada e durante toda esta semana vimos o BCE a adquirir massivamente obrigações italianas, que são as que estão agora na fila de espera para serem despejadas. Amanhã serão as espanholas, depois as belgas, as portuguesas, as irlandesas e depois as francesas, não necessariamente por esta ordem.
Mário Draghi, ou carinhosamente, Super Mario, não conseguirá suportar o preço das obrigações do seu país de origem, por muito que queira, e quanto mais manipula, mais falido fica o BCE e a moeda que o suporta.
Para todos os comentadores que aparecem na televisão portuguesa defendendo que o BCE deve activamente adquirir as dívidas dos países em problemas, oxalá leiam alguns posts aqui do Contas e comecem a ponderar melhor, porque essa ideia peregrina do BCE salvar tudo e todos é uma ilusão, quanto muito vai adiando o inevitável. O mercado sairá vencedor mais uma vez e os incumprimentos terão que ser generalizados, em larga escala, com as perdas subsequentes para todos, sobretudo pare os cidadãos que pouco ou nada têm a ver com estas questões.
Tiago Mestre
Pelos vistos, mesmo pesando os prós e contras, ninguém quer "enterrar" dinheiro no EFSF, mesmo com a supervisão do FMI. E como nós os compreendemos.
O EFSF é um mecanismo que ainda ninguém sabe ao certo o que é. O que conhecemos do EFSF é a última versão que corre na imprensa da especialidade: um instrumento que actua como um seguro em caso do investidor perder até 20% do valor de uma obrigação que detenha. Ou seja, se eu comprar uma obrigação de um país a 10 euros e passado 1 mês o mercado secundário esteja a transaccioná-la a 8 euros, significando uma perda de 20%, o EFSF paga ao investidor a diferença: 2 euros. Mas se a obrigação descer abaixo dos 8 euros, a partir daí o EFSF já não se responsabiliza pelas perdas subsequentes. Este mecanismo é muito semelhante aos contratos de Credit Default Swaps (CDS), que servem como um seguro no caso do bem segurado perder valor. E não deixa de ser uma tremenda ironia que há 2 semanas que a UE decidiu banir a realização de novos contratos CDS sobre activos europeus. Suspeitamos que a UE não deseja competição nesta área de negócio!
Como se pode perceber, este mecanismo é duvidoso e cheio de rasteiras porque não se baseia em liquidez, mas sim numa promessa de que os países com notação AAA se chegarão à frente no caso das obrigações perderem o seu valor. Paralelamente, na cimeira de 27 de Outubro ficou decidido que os investidores que possuem obrigações da Grécia deverão, voluntariamente, declarar 50% desse valor como prejuízo, porque a UE não tem intenção de o pagar. A UE solicitou que esta operação fosse voluntária, e não obrigatória, porque assim esquiva-se à denúncia dos contratos CDS que falámos atrás, ou seja, como é voluntário, o investidor não pode accionar o seguro CDS. Este jogo é demasiado ambicioso e não acreditamos que consigam levar a sua avante, e porquê?
Porque os banqueiros e gestores de fundos sabem que a UE necessita deles para se financiar, e portanto não irão na conversa. Poderão pela frente dizer que concordam com a operação, mas por detrás não vemos vontade dessa malta em começar a registar perdas desta magnitude. Além disso, sentem-se encurralados porque não podem accionar os CDS, o que lhes permitia obter algum encaixe, em vez de ser só prejuízo. Suspeitamos que não irão registar as perdas, como não registaram quando se lhes pediu 21% de perdão em Julho da dívida grega. Preferem antes vendê-las ao desbarato, pelo menos não se perde tudo.
Os líderes europeus têm imenso medo das consequências no mercado de uma denúncia massiva dos contratos CDS. A memória ainda é fresca sobre o que se passou em 2008 com a seguradora AIG, que fez contratos CDS em larga escala, e que depois quando começaram a ser resgatados pelos investidores, a AIG viu-se, da noite para o dia, em falência.
Paralelamente, este acordo sobre o incumprimento de 50% da dívida grega cria um grande precedente que é a noção de que se hoje perdoam à Grécia, amanhã perdoarão à Itália, e depois de amanhã à Espanha, a Portugal e à Irlanda. Nenhum investidor quererá manter no seu portefolio obrigações destes países porque ninguém quer ficar na fila à espera que lhe digam que o seu investimento se evaporou. O BCE acaba por apoiar este sentimento, já que toda a gente sabe que este tem estado activamente a comprar no mercado secundário este "lixo" obrigacionista, manipulando todo o mercado, só para que o preço das mesmas não colapse num espaço de poucos dias. Na óptica do investidor, este é o melhor momento para vender obrigações. O BCE amanhã poderá lá não estar para as comprar, logo o melhor é vendê-las hoje. Este é o cenário que irá acontecer, mais cedo ou mais tarde, já não temos dúvidas.
No final da semana passada e durante toda esta semana vimos o BCE a adquirir massivamente obrigações italianas, que são as que estão agora na fila de espera para serem despejadas. Amanhã serão as espanholas, depois as belgas, as portuguesas, as irlandesas e depois as francesas, não necessariamente por esta ordem.
Mário Draghi, ou carinhosamente, Super Mario, não conseguirá suportar o preço das obrigações do seu país de origem, por muito que queira, e quanto mais manipula, mais falido fica o BCE e a moeda que o suporta.
Para todos os comentadores que aparecem na televisão portuguesa defendendo que o BCE deve activamente adquirir as dívidas dos países em problemas, oxalá leiam alguns posts aqui do Contas e comecem a ponderar melhor, porque essa ideia peregrina do BCE salvar tudo e todos é uma ilusão, quanto muito vai adiando o inevitável. O mercado sairá vencedor mais uma vez e os incumprimentos terão que ser generalizados, em larga escala, com as perdas subsequentes para todos, sobretudo pare os cidadãos que pouco ou nada têm a ver com estas questões.
Tiago Mestre
3 de novembro de 2011
Referendo na Grécia: Campanha vigorosa a explicar as vantagens do SIM e os horrores do NÃO (Parte 2)
Caros leitores e leitoras, O Sr. Papandreou é um grande maroto, alguém que gosta muito de brincar com o fogo e que por isso não merece a confiança dos cidadãos gregos.
Escrevemos na terça-feira, quando se soube do referendo, o seguinte:
"...renegam tudo o que disseram e fizeram no passado recente e subitamente dá-lhes um ataque de acção democrática? É esquisito."
Realmente era muito esquisito. A democracia não é para defender às terças e renegar às quintas!
Caso se confirme que o Sr. Papandreou retira o referendo, isso prova que o próprio referendo era meramente um instrumento, um mecanismo que serviria propósitos e intentos do Sr. Papandreou que nós desconhecemos. Mas uma coisa sabemos: o referendo não era para servir a democracia.
E se o Sr. Papandreou acreditava tanto na força democrática do referendo, só teria que se demitir caso alguém lhe obstruísse o cumprimento desse desígnio, mas pelos vistos continua no cargo. Foi tudo bluff, e assim se chega à triste conclusão de que quem deu a democracia com uma mão pode muito bem tirá-la com a outra!
Mas há mais, porque este golpe "democrático" nunca passaria impune pela burocratocracia europeia, e assim, as chamadas lideranças europeias, também elas profundamente alérgicas em dar a palavra ao povo, estiveram ontem à tarde a demover o Sr. Papandreou deste súbito ataque.
Paralelamente, alguns deputados e ministros gregos mostraram-se contra a realização do referendo, mas desconhecemos os seus motivos. O bluff ficou sem pernas para andar.
O jogo mafioso do sr. Papandreou desta vez não teve sucesso porque beliscava interesses dum jogo muito maior e muito mais poderoso que se chama União Europeia.
A perpetuação no poder destes personagens é um horror para a democracia, para o capitalismo e para a própria liberdade dos cidadãos europeus. O melhor mesmo é iniciarem o plano de desconstrução da UE, porque apesar da ideia ser inspiradora, a sua aplicação é de fugir. No passado, muitos outros regimes/impérios começaram também com ideias inspiradoras, mas acabaram nas mãos de tiranos.
Reiteramos a afirmação que já várias vezes fizemos no passado: a união europeia, sem os líderes se aperceberem, está a tornar-se numa plutocracia que exige aos governos da cada país que sejam cleptocráticos com o seu povo.
Há pelo menos uma consequência positiva nesta anulação do referendo: desaparecerá da imprensa a demagogia e a intimidação dos líderes europeus sobre o sentido de voto no referendo.
E ainda bem, porque seria insuportável assistir a um mês inteiro de tretas, insinuações, tergiversações, ameaças, etc.
Terminamos por aqui este ex-futuro ciclo de posts sobre as peripécias do referendo grego.
Tiago Mestre
Escrevemos na terça-feira, quando se soube do referendo, o seguinte:
"...renegam tudo o que disseram e fizeram no passado recente e subitamente dá-lhes um ataque de acção democrática? É esquisito."
Realmente era muito esquisito. A democracia não é para defender às terças e renegar às quintas!
Caso se confirme que o Sr. Papandreou retira o referendo, isso prova que o próprio referendo era meramente um instrumento, um mecanismo que serviria propósitos e intentos do Sr. Papandreou que nós desconhecemos. Mas uma coisa sabemos: o referendo não era para servir a democracia.
E se o Sr. Papandreou acreditava tanto na força democrática do referendo, só teria que se demitir caso alguém lhe obstruísse o cumprimento desse desígnio, mas pelos vistos continua no cargo. Foi tudo bluff, e assim se chega à triste conclusão de que quem deu a democracia com uma mão pode muito bem tirá-la com a outra!
Mas há mais, porque este golpe "democrático" nunca passaria impune pela burocratocracia europeia, e assim, as chamadas lideranças europeias, também elas profundamente alérgicas em dar a palavra ao povo, estiveram ontem à tarde a demover o Sr. Papandreou deste súbito ataque.
Paralelamente, alguns deputados e ministros gregos mostraram-se contra a realização do referendo, mas desconhecemos os seus motivos. O bluff ficou sem pernas para andar.
O jogo mafioso do sr. Papandreou desta vez não teve sucesso porque beliscava interesses dum jogo muito maior e muito mais poderoso que se chama União Europeia.
A perpetuação no poder destes personagens é um horror para a democracia, para o capitalismo e para a própria liberdade dos cidadãos europeus. O melhor mesmo é iniciarem o plano de desconstrução da UE, porque apesar da ideia ser inspiradora, a sua aplicação é de fugir. No passado, muitos outros regimes/impérios começaram também com ideias inspiradoras, mas acabaram nas mãos de tiranos.
Reiteramos a afirmação que já várias vezes fizemos no passado: a união europeia, sem os líderes se aperceberem, está a tornar-se numa plutocracia que exige aos governos da cada país que sejam cleptocráticos com o seu povo.
Há pelo menos uma consequência positiva nesta anulação do referendo: desaparecerá da imprensa a demagogia e a intimidação dos líderes europeus sobre o sentido de voto no referendo.
E ainda bem, porque seria insuportável assistir a um mês inteiro de tretas, insinuações, tergiversações, ameaças, etc.
Terminamos por aqui este ex-futuro ciclo de posts sobre as peripécias do referendo grego.
Tiago Mestre
2 de novembro de 2011
Referendo na Grécia: Campanha vigorosa a explicar as vantagens do SIM e os horrores do NÃO (Parte 1)
Caros leitores e leitoras, já sabemos quem irá fazer a campanha eleitoral a favor do SIM no referendo:
Merkel, Sarkozy, Barroso, Juncker, Rehn, Rompuy, Lagarde, Obama, Zoelick, Coelho, Berlusconi, Geitner, Bernanke, enfim, os do costume.
Barroso quis antecipar-se a todos os outros, exasperava pela oportunidade, sentia que algo dentro de si tinha que ser sair cá para fora, e à chegada a Cannes soltou o seu apelo aos arruaceiros dos gregos. Citando a edição online do DN:
Merkel, Sarkozy, Barroso, Juncker, Rehn, Rompuy, Lagarde, Obama, Zoelick, Coelho, Berlusconi, Geitner, Bernanke, enfim, os do costume.
Barroso quis antecipar-se a todos os outros, exasperava pela oportunidade, sentia que algo dentro de si tinha que ser sair cá para fora, e à chegada a Cannes soltou o seu apelo aos arruaceiros dos gregos. Citando a edição online do DN:
Numa declaração feita à chegada a Cannes (França), palco de uma reunião do G20, e divulgada em Bruxelas, José Manuel Durão Barroso aponta que o pacote de medidas abrangentes acordadas no seio da União Europeia para apoiar a Grécia só pode ser implementado se houver estabilidade no país.
"Sem o aval da Grécia ao programa da União Europeia e do FMI, as condições para os cidadãos gregos tornar-se-iam muito mais dolorosas, em particular para os mais vulneráveis. As consequências seriam impossíveis de prever", adverte o presidente do executivo comunitário.
Barroso já sabe que se o NÃO ganhar, gregos terão dias muito dolorosos, em particular os mais vulneráveis!
Quer dizer, um líder que tem errado todas as previsões desde há vários anos, está sempre atrás dos acontecimentos, nunca se antecipa, mas já sabe o que acontecerá aos gregos se a votação for ao contrário do que ele deseja. E o que acontecerá aos mais vulneráveis? Ui, as misérias e horrores que esperam a esta franja da população grega, que actualmente deve ser para aí 98%, mas enfim.
A campanha está em marcha, o palco está pronto e os actores já chegaram.
Ficamos a aguardar se aparece alguém para defender o NÃO.
Tiago Mestre
Barroso já sabe que se o NÃO ganhar, gregos terão dias muito dolorosos, em particular os mais vulneráveis!
Quer dizer, um líder que tem errado todas as previsões desde há vários anos, está sempre atrás dos acontecimentos, nunca se antecipa, mas já sabe o que acontecerá aos gregos se a votação for ao contrário do que ele deseja. E o que acontecerá aos mais vulneráveis? Ui, as misérias e horrores que esperam a esta franja da população grega, que actualmente deve ser para aí 98%, mas enfim.
A campanha está em marcha, o palco está pronto e os actores já chegaram.
Ficamos a aguardar se aparece alguém para defender o NÃO.
Tiago Mestre
A realidade nem chegou a instalar-se e já se entrou no modo de pânico (Parte 3)
Caros leitores e leitoras, pedir ao povo grego que seja soberano no que respeita ao futuro do seu país, quando os acordos europeus já estavam aprovados e postos em marcha é ser desleal e nada democrático, e porquê?
Porque se os acordos estavam firmados eram para cumprir. Se o Sr. Papandreou discordava deles ou achava que deveria ser o povo a decidir, teria convocado o referendo antes da aprovação em Bruxelas, e não depois. Ir a referendo significará que tudo o que se acordou em Bruxelas é posto em causa, com as consequências que daí advirão, mas mais, o pior é colocar o povo grego numa situação em que a sua escolha é altamente condicionada. Se quiser votar no Sim sabe que o que lhe espera é mau, mas ao menos sabe com o que conta. Se quiser votar no Não, terá dúvidas sobre o que acontecerá a seguir porque ninguém lhes explicará. Montar-se-á uma campanha vigorosa a explicar as vantagens do Sim e os horrores do Não.
Não há na sociedade europeia filósofos, sociológos e economistas livres e intelectualmente aptos em número suficiente e com espaço mediático para explicar às populações quais as reais consequências de se optar pelo Sim ou pelo Não.
A nossa aposta é que o Sim ganhará, legitimando Papandreou e a sua política de fio da navalha, caucionando os gregos por mais algum tempo às suas atitudes mafiosas de deixar os outros líderes falarem, decidirem, e depois de estarem vinculados aos acordos espeta-lhes com as "bandarilhas" nas costas, tornando-os ainda mais reféns das decisões que tomaram. No fundo, este é o jogo que ao Sr. Papandreou mais lhe convêm jogar, porque conseguiu desviar o centro das decisões de Atenas para Bruxelas, com a cortesia dos restantes líderes europeus que sempre quiseram assumir o resgate e a salvação da Grécia para manter vivo o projecto europeu, mesmo sem terem dinheiro para o fazer. A responsabilidade é também destes líderes europeus, que não souberam dizer Não em Maio de 2010 à Grécia, mentiram sistematicamente dizendo que tudo se resolveria, decidiram em nome do povo coisas que o povo não quer e agora têm mais 5 países nas suas costas. É claro que não aguentam tanto peso. Não há dinheiro para todas estas extravagâncias políticas e os supostos parceiros mundiais que poderiam emprestar dinheiro ao fundo de resgate EFSF já suspeitam da boa gestão que se fará do mesmo. É realmente de fugir.
As consequências não se fizeram esperar:
1. A China já afirmou que não está interessada em financiar (para já) o fundo EFSF;
2. O EFSF tinha marcado para hoje uma emissão de dívida de 3 mil milhões mas adiou devido a "questões de mercado". Sabemos o que isto significa: suspeita-se que não haverá compradores suficientes, e para não haver humilhação mundial, adia-se para outro altura;
3. O grupo que representa os banqueiros nas negociações do incumprimento de 50% da Grécia suspendeu unilateralmente o acordo que tinham alcancado com a UE na cimeira de quarta-feira passada.
O que se passará nas bolsas de acções nos próximos 2 dias será algo parecido como uma viagem na montanha russa:
1. Hoje haverá reunião entre Papandreou e restantes líderes europeus em Cannes, que culminará com algum tipo de conferência de imprensa a dizer que tudo se resolverá;
2. A Reserva Federal irá dizer qualquer coisa para ver se acalma também os mercados;
3. Amanhã e sexta haverá mil e uma declarações na cimeira do G20, referindo que está tudo bem e sob controlo, e que os mercados só devem olhar é para o céu, e nunca para o inferno.
Que mais é preciso acontecer para que os políticos desçam ao planeta Terra e percebam que não vale a pena estragar mais? Deixem os bancos falir, deixem os países falir também, deixem cair o Euro, mas façam tudo isto com um plano, minimamente pensado, para que o colapso não seja tão desordenado e caótico como se prevê.
Para o cidadão português normal sugerimos que desconfie cada vez mais das instituições bancárias que detêm depósitos e da moeda Euro em si.
Investir em terra e na agricultura poderá ser uma forma de diversificação e de se preparar para eventuais rupturas no futuro. Investir em moedas de prata e de ouro poderá ser também um bom negócio na perspectiva de garantir algum "pé de meia" que queira ter para um futuro profundamente incerto - somos particularmente fãs da moeda de 1 onça de prata da Filarmónica Austríaca.
De uma coisa temos a certeza: quando precisarmos do Estado, este não estará lá para nos ajudar.
Tiago Mestre
Porque se os acordos estavam firmados eram para cumprir. Se o Sr. Papandreou discordava deles ou achava que deveria ser o povo a decidir, teria convocado o referendo antes da aprovação em Bruxelas, e não depois. Ir a referendo significará que tudo o que se acordou em Bruxelas é posto em causa, com as consequências que daí advirão, mas mais, o pior é colocar o povo grego numa situação em que a sua escolha é altamente condicionada. Se quiser votar no Sim sabe que o que lhe espera é mau, mas ao menos sabe com o que conta. Se quiser votar no Não, terá dúvidas sobre o que acontecerá a seguir porque ninguém lhes explicará. Montar-se-á uma campanha vigorosa a explicar as vantagens do Sim e os horrores do Não.
Não há na sociedade europeia filósofos, sociológos e economistas livres e intelectualmente aptos em número suficiente e com espaço mediático para explicar às populações quais as reais consequências de se optar pelo Sim ou pelo Não.
A nossa aposta é que o Sim ganhará, legitimando Papandreou e a sua política de fio da navalha, caucionando os gregos por mais algum tempo às suas atitudes mafiosas de deixar os outros líderes falarem, decidirem, e depois de estarem vinculados aos acordos espeta-lhes com as "bandarilhas" nas costas, tornando-os ainda mais reféns das decisões que tomaram. No fundo, este é o jogo que ao Sr. Papandreou mais lhe convêm jogar, porque conseguiu desviar o centro das decisões de Atenas para Bruxelas, com a cortesia dos restantes líderes europeus que sempre quiseram assumir o resgate e a salvação da Grécia para manter vivo o projecto europeu, mesmo sem terem dinheiro para o fazer. A responsabilidade é também destes líderes europeus, que não souberam dizer Não em Maio de 2010 à Grécia, mentiram sistematicamente dizendo que tudo se resolveria, decidiram em nome do povo coisas que o povo não quer e agora têm mais 5 países nas suas costas. É claro que não aguentam tanto peso. Não há dinheiro para todas estas extravagâncias políticas e os supostos parceiros mundiais que poderiam emprestar dinheiro ao fundo de resgate EFSF já suspeitam da boa gestão que se fará do mesmo. É realmente de fugir.
As consequências não se fizeram esperar:
1. A China já afirmou que não está interessada em financiar (para já) o fundo EFSF;
2. O EFSF tinha marcado para hoje uma emissão de dívida de 3 mil milhões mas adiou devido a "questões de mercado". Sabemos o que isto significa: suspeita-se que não haverá compradores suficientes, e para não haver humilhação mundial, adia-se para outro altura;
3. O grupo que representa os banqueiros nas negociações do incumprimento de 50% da Grécia suspendeu unilateralmente o acordo que tinham alcancado com a UE na cimeira de quarta-feira passada.
O que se passará nas bolsas de acções nos próximos 2 dias será algo parecido como uma viagem na montanha russa:
1. Hoje haverá reunião entre Papandreou e restantes líderes europeus em Cannes, que culminará com algum tipo de conferência de imprensa a dizer que tudo se resolverá;
2. A Reserva Federal irá dizer qualquer coisa para ver se acalma também os mercados;
3. Amanhã e sexta haverá mil e uma declarações na cimeira do G20, referindo que está tudo bem e sob controlo, e que os mercados só devem olhar é para o céu, e nunca para o inferno.
Que mais é preciso acontecer para que os políticos desçam ao planeta Terra e percebam que não vale a pena estragar mais? Deixem os bancos falir, deixem os países falir também, deixem cair o Euro, mas façam tudo isto com um plano, minimamente pensado, para que o colapso não seja tão desordenado e caótico como se prevê.
Para o cidadão português normal sugerimos que desconfie cada vez mais das instituições bancárias que detêm depósitos e da moeda Euro em si.
Investir em terra e na agricultura poderá ser uma forma de diversificação e de se preparar para eventuais rupturas no futuro. Investir em moedas de prata e de ouro poderá ser também um bom negócio na perspectiva de garantir algum "pé de meia" que queira ter para um futuro profundamente incerto - somos particularmente fãs da moeda de 1 onça de prata da Filarmónica Austríaca.
De uma coisa temos a certeza: quando precisarmos do Estado, este não estará lá para nos ajudar.
Tiago Mestre
1 de novembro de 2011
A realidade nem chegou a instalar-se e já se entrou no modo de pânico (Parte 2)
Caros leitores e leitoras, estávamos impacientes aqui no Contas a aguardar pela primeira declaração oficial da UE. E aí está ela, segundo a agência Lusa, vinda dos ilustres líderes-europeus-não-eleitos-pelo-povo: Mr. Barroso e Mr. Van Rompuy.
Citando: " [Barroso e Rompuy estão] plenamente confiantes no cumprimento, pela Grécia, dos seus compromissos com Zona Euro e a comunidade internacional".
O que é que isto quer dizer? Nada. Absolutamente nada. É meramente ruído para tentar inverter a espiral negativa que hoje se presenciou nos mercados e nos meios de comunicação social europeus. Estes dois senhores não possuem nem poder nem meios para alterar a realidade, apenas a vão tentando adiar, um dia de cada vez.
Tiago Mestre
Citando: " [Barroso e Rompuy estão] plenamente confiantes no cumprimento, pela Grécia, dos seus compromissos com Zona Euro e a comunidade internacional".
O que é que isto quer dizer? Nada. Absolutamente nada. É meramente ruído para tentar inverter a espiral negativa que hoje se presenciou nos mercados e nos meios de comunicação social europeus. Estes dois senhores não possuem nem poder nem meios para alterar a realidade, apenas a vão tentando adiar, um dia de cada vez.
Tiago Mestre
O horror, o horror
Caros leitores e leitoras, apesar da compra massiva pelo BCE das obrigações italianas, o preço das mesmas não pára de cair. Cortesia do site zero hedge, eis a evolução dos preços das obrigações a 10 anos:
E já agora, a bolsa de acções russa está temporariamente encerrada pelo facto das quedas serem abruptas. É um costume dos "capitalistas" que gerem as bolsas em todo o mundo. Quando as acções sobem está tudo bem, mas quando descem já não gostam e inventam estes mecanismos.
Em Itália também é recorrente suspenderem as acções dos bancos que mais costumam cair - neste momento estão 2 bancos com as acções suspensas.
Tiago Mestre
E já agora, a bolsa de acções russa está temporariamente encerrada pelo facto das quedas serem abruptas. É um costume dos "capitalistas" que gerem as bolsas em todo o mundo. Quando as acções sobem está tudo bem, mas quando descem já não gostam e inventam estes mecanismos.
Em Itália também é recorrente suspenderem as acções dos bancos que mais costumam cair - neste momento estão 2 bancos com as acções suspensas.
Tiago Mestre
A realidade nem chegou a instalar-se e já se entrou no modo de pânico
Caros leitores e leitoras, se na semana passada ouve uma euforia em torno dos mercados de acções, a transição para o pânico foi tão rápida que mal deu tempo para a realidade se impor pelo menos durante alguns dias. Nos mercados de acções assiste-se hoje ao esvaziamento da bolha que ocorreu nos últimos dias com a tal euforia que tomou os mercados após a cimeira. As acções dos bancos registam hoje perdas bem acima dos 5%, com grandes bancos franceses a perderem 10%. Isto é o que acontece quando os investidores se baseiam na manipulação política sobre as pseudo-soluções que são apresentadas em cimeiras, em conferências de imprensa, em declarações públicas e até em declarações de rua.
Não culpo os investidores, na medida em que estão cá para ganhar dinheiro e tentar enriquecer, como qualquer cidadão, mas os políticos, esses, não dá para perdoar. É muita aldrabice compactada em tão pouco espaço de tempo.
A juntar a tudo isto temos o anúncio de que o governo grego quer realizar um referendo acerca do novo plano de resgate/austeridade !
Mais uma vez parece-nos que tudo isto trás água no bico, na medida em que este resgate foi negociado em Bruxelas com um pacote de austeridade agarrado, houve aprovações nos parlamentos dos países da UE para custear esse resgate, ocorreu a cimeira da semana passada que aprovou esse mesmo plano de resgate/austeridade e em que se decidiu também que a dívida grega terá que ser perdoada em 50%. Paralelamente, o governo grego desmultiplicou-se em declarações à imprensa e ao seu parlamento de que este era o caminho a seguir, a bem da Grécia e da Europa... e agora? renegam tudo o que disseram e fizeram no passado recente e subitamente dá-lhes um ataque de acção democrática? É esquisito.
Última nota: no mercado de crédito (obrigações) a euforia nunca chegou a ser exuberante e a realidade rapidamente tomou conta dos investidores logo após a cimeira. Os preços das obrigações começaram logo a descer na sexta-feira, dando os motivos aos políticos para que o BCE adquira obrigações no mercado secundário das dívidas mais problemáticas.
Veremos como corre o resto do dia das Bruxas na Europa
.
E já agora vamos ficar a contar o tempo até vir algum líder europeu dizer qualquer coisa para ver se acalma os mercados.
Tiago Mestre
Não culpo os investidores, na medida em que estão cá para ganhar dinheiro e tentar enriquecer, como qualquer cidadão, mas os políticos, esses, não dá para perdoar. É muita aldrabice compactada em tão pouco espaço de tempo.
A juntar a tudo isto temos o anúncio de que o governo grego quer realizar um referendo acerca do novo plano de resgate/austeridade !
Mais uma vez parece-nos que tudo isto trás água no bico, na medida em que este resgate foi negociado em Bruxelas com um pacote de austeridade agarrado, houve aprovações nos parlamentos dos países da UE para custear esse resgate, ocorreu a cimeira da semana passada que aprovou esse mesmo plano de resgate/austeridade e em que se decidiu também que a dívida grega terá que ser perdoada em 50%. Paralelamente, o governo grego desmultiplicou-se em declarações à imprensa e ao seu parlamento de que este era o caminho a seguir, a bem da Grécia e da Europa... e agora? renegam tudo o que disseram e fizeram no passado recente e subitamente dá-lhes um ataque de acção democrática? É esquisito.
Última nota: no mercado de crédito (obrigações) a euforia nunca chegou a ser exuberante e a realidade rapidamente tomou conta dos investidores logo após a cimeira. Os preços das obrigações começaram logo a descer na sexta-feira, dando os motivos aos políticos para que o BCE adquira obrigações no mercado secundário das dívidas mais problemáticas.
Veremos como corre o resto do dia das Bruxas na Europa
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E já agora vamos ficar a contar o tempo até vir algum líder europeu dizer qualquer coisa para ver se acalma os mercados.
Tiago Mestre
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